17.- Mel & Fel

Porto Alegre Ano 5 # 1474

Tinha pautado hoje trazer algo acerca das avaliações do livro didático. Talvez amanhã. Outros assuntos se sobrepuseram. Poderia fazer a clássica brincadeira: duas notícias uma boa, outra ruim. Digo diferente dois temas, um agradável, outro chato. Primeiro o agradável.

Ontem recebi uma mensagem de um ex-orientando. Ainda, há não muito, comentava: há alguns que parecem continuo sempre orientando: “Neste semestre vou dar a disciplina... o que tu achas?” ou “O que te parece eu fazer uma disciplina como ouvinte, antes de me candidatar a uma vaga no mestrado? Outros há que te esquecem e nunca mais te dão notícias. Tu não sabes nem onde andam... Há outro que pelo menos uma vez ao mês almoça comigo. Há um que de uma maneira muito constante me manda uma domingueira, contando novidades.

Pois, este ontem optou por me enviar algo na segunda-feira. Permito-me repartir com meus leitores a sua mensagem.

De: Antonio Valmor de Campos [mailto:prof.antoniocampos@gmail.com]
Enviada em: segunda-feira, 16 de agosto de 2010 08:58
Para: Attico Chassot
Assunto: Primeiro dia

Caro prof. Chassot,

não poderia deixar de registrar este momento, que silencioso representa um recomeço na minha vida, estar na Universidade Federal. Na primeira mensagem aqui da UFFS.

Quando vinha para cá de Maravilha, sentido o frio ainda persistente, refletindo no branco da geada que cobria todos os espaços, lembrava de tantos momentos de intenso frio que passei quando criança, de ir para a escola com chinelo de borracha, aberto, uma única blusa já bastante desfiada nos braços, que não chegava até a mão.

Este recomeçar tem um "tempero" de muitas mãos, em especial da sua, pois os aprendizados e o seu exemplo de dedicação foram grandes motivadores deste momento, que ainda não sei como será, mas que sei ser significativo e importante para várias coisas na minha vida.

Sou muito grato por sua imensa contribuição na minha vida, como costumo dizer, aqueles pessoas que pousam de anjo bom para os outros.

Sempre estou na torcida de muito sucesso e felicidade.

Abraços, Antonio

Claro que fiquei muito emocionado com a distinção que me conferia o Antônio

Valmor de Campos, reservando-me sua primeira mensagem de seu novo lócus de trabalho, qunado deixava a Coordenação Estadual do SINTE (Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina). O ex-Vereador em Maravilha (2001/04) É Professor do Curso de Especialização em Ciências Ambientais - Ênfase em Conservação da Biodiversidade da Uri de Federico Westphalen. Assim, escrevi:

De: Attico Chassot [mailto:achassot@gmail.com]
Enviada em: segunda-feira, 16 de agosto de 2010 10:00
Para: 'Antonio Valmor de Campos'
Assunto: RES: Primeiro dia

Meu muito querido Antonio,

recebo emocionado tua mensagem. Sinto-me um privilegiado por ser eu o destinatário de tua primeira mensagem desde a Universidade Federal da Fronteira Sul, onde hoje vives teu primeiro dia como professor.

Uma longa e árdua caminhada marcou tua chegada a este momento. Sei – e tu me ratificas em tua mensagem – que os caminhos não foram fáceis.

Sei que também houve renúncias. Houve rupturas dolorosas: talvez a mais cruenta foi a militância, durante 27 anos, nas diferentes frentes das quais participaste foi sofrida. Recentemente, mais uma vez havias sido eleito para a Coordenação sindical na defesa de professoras e professores estaduais de Santa Catarina. Isto precisou ser renunciado, não sem madura discussão com tuas bases políticas. Tu mesmo dizes: Estou me propondo a continuar na luta em todos os momentos importantes desta categoria que respeito e admiro. Quero ser parceiro em tudo que não implique em intervenção ou inconveniência. Este foi o compromisso que assumiste na tua carta de despedida. Sei que a este não faltarás.

Na UFFS, assumes a disciplina Política Educacional e Legislação Educacional. Assim muda apenas o tom de teus fazeres. Estes são os mesmos: formar educadores cada vez mais críticos.

Eu, com muita frequência, em diferentes cenários (ainda recentemente aí em Chapecó, tua nova base profissional), tenho destacado a tua dissertação, como aquela das mais significativas entre os 19 mestres e quatro doutores que orientei.

Quando refiro tua dissertação sempre destaco as três teses que soubestes demonstrar: 1) o quanto agricultores que cultivam milho crioulo são pesquisadores; 2) o quanto estes agricultores agregam valores as sementes que modificam; e 3) por esta razão detêm propriedade intelectual sobre as sementes melhoram.

Meu muito querido Antônio! Foi dada a partida para um novo capítulo de teu ser Educador. Toca em frente! Tu és um vencedor.

Obrigado por me fazeres partícipe de teus fazeres. Eu vibro com eles.

Um afago com continuada admiração, attico chassot

Anunciava que, depois compartilhar com meus leitores as emoções do Antônio e as minhas, com a estreia dele como professor em uma Universidade Federal teria algo chato. Na verdade são dois os assuntos que trago para encerrar essa blogada.

O primeiro é do tipo destas mensagens que recebemos às pencas. Ontem estive conversando com a gerente de minha agência bancária. Ela ratificou-me com todas as letras: Os bancos no Brasil não conferem mais assinaturas de cheques menores de mil reais. Tive folhas de cheques roubados. Eram destas que se destacam para não se usar, pois são automaticamente transformadas em empréstimo parcelado. Usava-as, inocentemente como papeletas de agenda, para algumas anotações, pois me causava dó desperdiçar papel de altíssima qualidade. Pois duas destas folhas (na cópia de uma delas, reconheci minhas anotações de datas de reuniões) foram usadas cada uma no valor de R$ 990,00 – vejam que o ladrão tinha ciência do valor limite para conferência de assinatura –. A assinatura era o meu nome grosseiramente escrito, inclusive com Inácio por extenso, algo que nunca usei na assinatura. O banco pagou. E creditou na minha conta R$ 1980,00 que começou descontar mensalmente, acrescido de juros. Tive ressarcido tudo pelo banco que nem se interessou em buscar o fraudador. Os lucros dos bancos são tão fabulosos, que não vale a pena conferir a assinatura de ‘pequeno’ (para eles) valores. Faço esse inusual registro de furto aqui para alertar meus leitores destas práticas dos bancos. Quando um colega contou-me desse procedimento, não quis crer. Agora sei que ele existe.

O segundo registro é uma confissão pública. Sei que o pecado de inveja é grave. Mas ontem, ao ler jornais fui invejoso ao ler notícia que segue: O domingo – segundo dia da Bienal do Livro em São Paulo – foi marcado pelo tumulto nos corredores principais do Pavilhão do Anhembi. Apesar da presença de best-sellers, como Azar Nafisi ("Lendo Lolita em Teerã") e Jostein Gaarder ("O Mundo de Sofia"), eles não foram os responsáveis pelas maiores filas de leitores. Quem causou o tumulto foi o padre Marcelo Rossi. Ele foi ao evento participar de uma mesa de autógrafos do seu mais recente livro, "Ágape", da Editora Globo. Foi preciso muita fé para encarar a fila, que atravessava o Pavilhão do Anhembi. Alguns madrugaram na rua para conseguir um livro assinado no início da sessão, às 10h. Os organizadores do estande interromperam as vendas e a distribuição de senhas, por medida de segurança. Cerca de mil exemplares da obra foram vendidos até as 16h. O meu A Ciência através dos tempos, em 16 anos de circulação vendeu cerca deste valor e eu me considero bem sucedido com esse livro. O padre Marcelo vendeu isso em menos de meio dia. Não é difícil pecar por inveja numa situação destas.

ERRATA PUBLICADA ÀS 15h30min: Minha inveja era tanta que li ao invés de mil livros (como em realidade) que fantasiei 100 mil e por tal a comparação inadequada com A Ciência através dos tempos. O invejoso sempre agranda as posses do outro. Isto aumenta ainda mais o meu pecado.

Contando com a absolvição de meus leitores, um convite para um encontro amanhã. Espero que não comprem “Ágape”. Prefiram A Ciência através dos tempos. Desejo uma excelente terça-feira. Esta para mim terá como ponto de destaque, às 21h, o seminário: O que é Ciência afinal? Para alunos do 6º semestre de Ciências Biológicas do Centro Universitário Metodista – IPA sob a direção da Professora Isabel Gravato.