Porto Alegre Ano 5 # 1476 |
Primeiro transcrevo uma errata que apensei à edição de ontem, publicada quando nesta já ocorrera 50 visitas [43 do Brasil e mais 7 de cinco outros países (Às 23h55min – desde 00h – estes números eram: 98 visitas, 89 do Brasil e mais 9 de seis outros países )]:
ERRATA PUBLICADA ÀS 15h30min: Minha inveja era tanta que ao invés de mil livros (como em realidade) fantasiei para 100 mil e por tal a comparação que fizera com A Ciência através dos tempos. O invejoso sempre agranda as posses do outro. Veja que não fui diferente. Isto aumenta ainda mais o meu pecado.
Um registro da noite de ontem. O primeiro dos quatro encontros com alunos de Ciências Biológicas, da Professora Isabel Gravato foi um sucesso. Eram cerca de 40 estudantes para os quais procurei responder: O que é Ciências afinal?
Na última edição da coluna dominical de Elio Gaspari, publicada em vários jornais, tinha esta chamada: Enfim, chuçaram o vespeiro do livro didático. Não sei para quantos leitores isso era claro. Para mim não. Afortunadamente, no mundo digital os dicionários não só são mais fáceis de consultar como estão mais acessíveis. Esta alternativa tem pelo menos uma desvantagem: não viajamos mais por verbetes que nem sequer sonhávamos buscar, nos perdendo, às vezes, divagações, algumas, na adolescência, até licenciosas.
Agora, digita-se, por exemplo, chuçar e fica-se sabendo que este verbo significa: usar a chuça ou estimular vigorosamente; aguilhoar, incitar. Logo se pode aprender que chuça ou chuço ou chucho ou ainda choupa é uma vara armada de ferro pontiagudo. Está explicado porque sempre defendo que devamos escrever com dicionários.
Recomendo particularmente o dicionário ‘Priberan’ – www.priberam.pt – que é de Portugal, de uma riqueza e uma praticidade (e é grátis) muito grande. Por exemplo, vejam o substantivo chuço quanta alternativas tem no Priberan: 1. Pau armado de ponta aguda de ferro. 2.
Então, sem termos chuçado ninguém, voltamos ao texto de Élio Gaspari e lemos que:
Enfim, chuçaram o vespeiro do livro didático
Finalmente alguém chuçou o vespeiro da indústria e comércio de livros didáticos brasileiros. Com uma tiragem de 2.000 exemplares, está chegando às livrarias "Com a Palavra, o Autor", dos professores Francisco Azevedo de Arruda Sampaio e Aloma Fernandes de Carvalho, da editora Sarandi. Trata-se de um verdadeiro curso para se conhecer o funcionamento do Programa Nacional do Livro Didático, administrado pelo MEC. Em tamanho (115 milhões de livros), ele só perde para o da China. Em custo (R$ 900 milhões), consome 2% do orçamento do MEC. De cada três livros vendidos no Brasil, um é comprado pelo governo.
Os dois professores tiveram uma coleção, "Caminho da Ciência", recomendada pelo PNLD em 2001, 2004 e 2007 e encaminhada a 12 milhões de alunos. Foram reprovados em 2010 e decidiram confrontar seus avaliadores. Habitualmente, quando uma editora é reprovada, fica quieta, para não contaminar suas vendas na rede de ensino privada. Nessa experiência, meteram-se com a Santa Inquisição.
De saída, souberam que podiam recorrer, mas isso de pouco adiantaria. Mais: o recurso foi submetido aos mesmos avaliadores que haviam reprovado a coleção. Finalmente, aprende-se que o nome dos avaliadores fica sob sigilo.
Os dois professores louvam o PNLD, reconhecem que ele moralizou o mercado, acabando-se o tempo em que divulgadores de editoras sorteavam máquinas de pão para quem indicasse seus livros nas escolas. Em 432 páginas, publicam todos os documentos relacionados com o caso, inclusive, pela primeira vez desde que o PNLD existe, os pareceres que os reprovaram. O que eles pedem é o elementar: o debate aberto e a imputabilidade de avaliadores e educatecas que fazem coisas erradas.
Se todas as avaliações dos livros oferecidos ao MEC puderem ser consultadas pela patuleia, todo mundo ganha. Os autores incapazes serão expostos. Os avaliadores levianos serão responsabilizados, e o PNLD não será mais comparado com a Santa Inquisição.
Realmente, há ainda uma máfia na escolha dos livros didáticos. Aqueles autores aquinhoados com a escolha podem, às vezes, se transformar em novos senhores feudais. Os rejeitados talvez terminem amargando um degredo. Nada mais a acrescentar a não ser desejar uma frutuosa quarta-feira a cada uma e cada um.
Parabéns para Francisco Azevedo de Arruda Sampaio e Aloma Fernandes de Carvalho!!!
ResponderExcluirMeu caro Emerson,
ResponderExcluirprimeiro obrigado pela visitação a este blogue.
Realmente a avaliação dos livros didáticos no Brasil é algo que transcende a qualidade do livro em si, pois representa fortunas ganhas ou perdidas em consequência dos resultados;
O texto de Élio Gaspari é realmente um chuçar no PNLD.
Com admiração um afago do
attico chassot