Porto Alegre Ano 5 # 1479 |
Não sei se a blogada de ontem deixou algum leitor seduzido para ter um Leitor de livros digitais ou um e-Reader. Eu, ainda, não. Mesmo que use computador desde 1989 e que seja um inveterado bloguista diário, tenho minhas dificuldades com as novas tecnologias. Estas foram particularmente madrastas (na acepção preconceituosa da palavra!) comigo. Tive diversos problemas com computador e com internet. O ápice foi mais uma vez com pendrives, que ao serem inseridos em sistema com vírus, na noite de ontem, geraram dificuldades na palestra que tinha para uma turma do Curso de Ciências Biológicas.
Registrei no meu diário de 24DEZ04, algo que espero que a Clarissa não veja agora aqui: “dos presentes que ganhei hoje, há um que quisera não ter ganho foi aquele que me deram a Clarissa e o Carlos”. O telefone celular presenteado carinhosamente então, fui usar a primeira vez em agosto. Hoje, sinto-me desprotegido quando saio sem minha coleirinha eletrônica (e memória auxiliar: não sou capaz de evocar 10 entre as centenas registros de números telefônicos). Mesmo que do mesmo faço uso limitado (não uso como despertador, agenda de compromissos, câmera ou outros quetais). Também trago surpresas a alguns por não ter twiter. Penso que há que limitar certos usos. Sou limitado com multiplicidade de plataformas. Há dias alguém contou que acompanha futebol por, rádio, televisão, MSN e twiter. Para mim isto é inexequível.
Meu não encantamento – pelo menos por ora – por um Leitor de livros digitais não foi necessariamente reforçado pelo “Não contem com o fim do livro” onde Umberto Eco e Jean Claude-Carrière, apresentam uma discussão sobre a história e o futuro dos livros. Ao percorrerem cinco mil anos de existência dos impressos, os autores defendem a imortalidade do objeto como o conhecemos, apesar dos e-readers e da internet. Ontem a Professora Dra. Cristhiane Flôr, da UFJF, escrevia “Já li ‘não contem com o fim do livro’ e é realmente interessante. A forma de escrita, uma conversa entre os autores, nos convida a participar... excelente leitura!” Assim ter anunciado previamente a dica de leitura me trouxe um facilitador: inicio que referendo de uma leitora.
O livro não faz apologia do livro em suporte papel, como também não exorciza os Leitores digitais de livros. Na trazida da ficha bibliográfica há um detalhe: nomes tão díspares no Brasil e Portugal. O Original francês é N’espérez pás vous débarrasser des livres. A tradução brasileira, parece ser mais coerente. À portuguesa, não encontro explicações.
CARRIERE, Jean-Claude; ECO, Umberto não contem com o fim do livro Tradutor: TELLES, André Rio de Janeiro: Record, 2010. 272p 21 x 14 cm Brochura 1ª Edição - 2010ISBN: 9788501088536
CARRIERE, Jean-Claude; ECO, Umberto
A obsessão do fogo: conversas conduzidas por Jean-Philippe de Tonnac Lisboa: Difel, 2009. 305, [11] p. 23 cm. Brochura ISBN 978-972-29-0964-8
O livro é um dialogo mediado por Jean-Philippe de Tonnac, ensaísta e jornalista, autor de uma enciclopédia de conhecimentos e crenças sobre a morte e a imortalidade. Os dois entrevistados são por demais conhecidos:
ECO, UMBERTO
Nascido em Alexandria, Umberto Eco fez Doutorado na Universidade de Turim aos 22 anos. É conhecido como semiólogo, crítico literário e novelista, e obteve fama internacional com o livro ''O Nome da Rosa''. Ampliou o uso da semiótica até a ficção, combinando vários gêneros, teoria literária, estudos medievais e exegese bíblica. É autor de vários livros.
CARRIERE, JEAN-CLAUDE
Jean-Claude Carrière nasceu em Colombières-sur-Orb, na França, em 1931. Publicou seu primeiro romance em 1957. Em 1961, tornou-se diretor de cinema, mas se celebrizou como roteirista, parceiro dos cineastas Luis Buñuel, Jean-Louis Barrault, Jacques Tati, Peter Brook, Andrzej Wajda, Milos Forman, Louis Malle e Jean-Luc Goddard. Carrière assina os roteiros de grandes filmes, como A bela da tarde (1967), O discreto charme da burguesia (1972), Esse obscuro objeto do desejo (1977) e A insustentável leveza do ser (1988). Em 1962, ganhou um Oscar de melhor curta-metragem. Sua carreira de dramaturgo se iniciou em 1968. Sete anos depois, começou a escrever para televisão.
O livro, que recebi de presente da Gelsa, estimula bate-papo inteligente, instigado com sagacidade por Jean-Philippe de Tonnac entre Eco e Carrière que debatem o futuro dos volumes impressos na era moderna. O texto é tão instigante, que pode se abrir o livro ao acaso, e se entra em um papo de dois intelectuais, que prende a atenção.
Trago um texto sobre o mesmo de Bia Abramo, publicado na Folha de S. Paulo de 12JUN2010:
Depois de ler "Não Contem com o Fim do Livro", pode-se ficar convencido da afirmação contida no título e que é repetida, argumentada e explicada por Umberto Eco e Jean-Claude Carrière ao longo de 272 páginas. Ou não.
O vaticínio sobre o futuro dos livros, ou ainda, do livro como o suporte privilegiado da informação, entretanto, é apenas o ponto de partida para uma interessantíssima rodada de conversas entre os dois intelectuais.
Ambos são bibliófilos, bibliômanos, colecionadores obsessivos, mas, sobretudo, conversadores privilegiados. O humor e um enorme apego por histórias e anedotas habitam os diálogos, realizados nas casas de Carrière, em Paris, e de Eco, em Monte Cerignone (Itália), com mediação do jornalista Jean-Phillipe de Tonnac.
Além de partilhar a mania por livros e o gosto pela conversa, Eco e Carrière são da mesma geração (ambos nasceram no início da década de 30) e atravessaram boa parte da história intelectual do século 20, Eco estudando semiologia, comunicação e história medieval e escrevendo romances; Carrière, fazendo roteiros para vários diretores, entre eles Luis Buñuel, Jacques Tati e Peter Brook.
CONHECIMENTO
Portanto a conversa entre os dois, mesmo que o mote seja um clichê (acabam-se os livros, diante das novas tecnologias?), é, ao mesmo tempo, um sobrevoo divertido sobre as aventuras da história do conhecimento humano mas também uma rara ocasião de privar da companhia de dois intelectuais com uma possibilidade de construir uma erudição diversificada e, uau, gigantesca.
Generosos, neles a erudição não é pretexto para discussões impenetráveis, mas serve para iluminar um raciocínio provocador com histórias divertidas como a do linguista sueco que dedicou a escrever nada menos que 3.000 páginas a fim de demonstrar que o sueco era a língua original de Adão.
Ou com observações sobre a natureza do colecionador, exemplificada com uma passagem relatada por Carrière a respeito do enorme esforço despendido por José Mindlin para obter um exemplar da primeira edição de "O Guarani" e a indiferença que lhe causou a leitura do volume... No meio de tantas histórias divertidas e fascinantes sobre como a humanidade vem produzindo e armazenando informação, a questão inicial empalidece de tal forma que já não importa mais.
O que importa de fato é garantir, para o futuro, a continuidade do conhecimento e da capacidade de rir de si mesmo. O resto é detalhe.
Acreditando, que a dica de leitura desta blogada sabática tenha seduzido meus leitores desejo o melhor sábado a cada uma e cada um.
Olá! professor...aproveitando mais uma aula da pós-graduação e para variar me lembro de suas aulas " ai que falta me faz as nossas rodinhas!!" o tema da aula de hoje é o projeto de lei para o ingresso no ensino fundamental para 5 anos (isso sem mencionar que ainda nem conseguimos garantir a qualidade com os alunos ingressando aos 6 anos que irá aos 5anos - já sinto pena de meus filhos, sem ainda os te-los).
ResponderExcluirFaltou ao deputado Joaquim Beltrão (PMDB-AL), relator na Câmara e do projeto assistir a algumas de nossas aulas de Politicas da Educação!!!!
AAAAHHH! apesar de trabalhar com tecnologias e usa-las constantemente, faço parte do seu grupo os livros para mim nunca terão fim!!!
aaa esqueci de mencionar meu nome no comentário anterior...mas o senhor com certeza já deve saber quem é heheheh Janice Pacheco (janice_pacheco@hotmail.com)
ResponderExcluirMuito querida Janice,
ResponderExcluirprimeiro obrigado por em mensagem suplementar me fazeres ciente da assinante deste querido e pertinente comentário.
Uma admirável coincidência: quando me escrevias conversava com minha filha Ana Lúcia acerca da data de corte para ingresso no 1º ano: 31 de março. Meu neto Guilherme faz seis anos no dia 8 de abril. Portanto não entra no 1º ano por uma semana. A Ana Lúcia (e ela tem adesão da Gelsa e minha) não está nem um pouco preocupada com a situação legal. Mesmo que saibamos que talvez a perda maior seja a ‘da turma’, pois muitos ‘progridem’ e aos que ficam pode parecer serem menos.
Vibro que estejas envolvida nesta Pós-graduação falando acerca de Educação. Eu tenho uma imensa saudade da turma de vocês (como não recordar sempre uma turma tão querida, que inclusive recebi na minha casa), especialmente diante do que se fez esse ano com a Filosofia do Centro Universitário Metodista - IPA.
Claro... que viva o livro suporte papel!
Um afago carinhoso e prenhe de saudade,
attico chassot
Querido Chassot,
ResponderExcluirSe falava de você em minhas aulas, agora então, que estou utilizando três referências sua: A ciência através dos tempos, sete escritos sobre educação e ciência e a ciência é masculina, é sim senhora. Os(as) alunos(as) estão discutindo e participando muito das aulas, mas tuas escritas, me ajudam e muito.
Apreciei bastante a dica da leitura de hoje. Um excelente sábado para você.
Querida colega Joelia,
ResponderExcluiré muito bom estar em tuas aulas na querida Jequié.
Um muito bom sábado.
Um afago carinhoso do
attico chassot
na minha humilde opinião,O Livro (com páginas, encadernado, em espiral, devidamente impresso)permanecerá como suporte básico à leitura, sem mudanças quanto a sua estrutura, convivendo com estes outros suportes tecnológicos, que se aperfeiçoarão e alterarão suas estruturas rapidamente. Bom, mas para não correr riscos,vamos acomodar bem os que já foram editados e garantir a sua vida longa!
ResponderExcluirbom final de semana!
Muito querida Marília,
ResponderExcluirconcordo contigo. Cuidemos de nossos livros, mas seus conteúdos estão menos sujeito à perdas que aquilo que guardamos em pendrives e assemelhados.
Um bom resto de domingo,
com um afago do
attico chassot