Porto Alegre Ano 5 # 1474 |
E já inauguramos hoje a segunda metade de agosto. A temperatura tem sido a usual nestes dias (em torno de 10ºC). Já começamos a terceira semana letiva de 2010/2. Esta tarde, tenho o meu momento acadêmico semanal privilegiado com aulas na UAM - Universidade do Adulto Maior.
Mais uma vez trago numa blogada a parceria de Marcelo Gleiser, professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "Criação Imperfeita". Edito aqui seu texto publicado na Folha de S. Paulo de ontem. Quando o li com a Gelsa, ela teve a avaliação que eu me fizera: é algo muito semelhante ao que tens dito em algumas de tuas falas. Após comparar religião e ciência – dois dos diferentes mentefatos culturais para vermos o mundo – com exigências da fé para crer e da razão para entender, trago o que qualifico como:
Talvez uma utopia... pois, não se prognostica um choque entre o racionalismo científico e a autoridade da fé.
Ao contrário:
à Ciência estaria reservado o papel de explicar e transformar o mundo
às religiões estaria destinado garantir que essas transformações sejam para melhor.
Isto está mais detalhes no A Ciência é Masculina? É, sim senhora! (2003). Usualmente o apelo de Sir James Lovelock (*1919) na ratificação de meus apelos pelo zelo à saúde do Planeta: "Temos que ter em mente o assustador ritmo da mudança e nos darmos conta de quão pouco tempo resta para agir, e então cada comunidade e nação deve achar o melhor uso dos recursos que possui para sustentar a civilização o máximo de tempo que puderem". http://www.ecolo.org/lovelock
Confiram, assim, o bem posto Uma ecologia espiritual de Marcelo Gleiser
Está na hora de irmos em frente e deixar para trás o desgastado embate entre a ciência e a religião, que já não rende nada. É preciso encontrarmos um novo rumo, ir além da polarização linear que vem caracterizando as discussões do papel da fé e da razão na vida das pessoas por mais de cem anos. A ciência não se propõe a roubar Deus das pessoas, e nem toda prática religiosa é anticientífica. Existe uma outra dimensão a ser explorada, ortogonal a esse eixo em torno do qual giram os argumentos mais comuns.
Um caminho possível é explorar valores morais de caráter universal que desafiem a linearidade do cabo de guerra entre a ciência e a religião.
Bem sei que, para muita gente, a proposta de encontrar valores morais universais representa já um beco sem saída. Relativistas culturais, por exemplo, argumentarão que esses valores universais não existem, que o que é certo para um pode ser errado para outro. Por exemplo, culturas nas quais a poligamia é aceita.
Para encontrar valores morais universais, precisamos ir mais fundo. Não podem ser valores que variem de cultura para cultura ou em épocas diferentes, como a ideia do casamento. Sugiro que o valor mais efetivo que podemos explorar vem da única certeza universal que temos: a morte.
A morte não é recebida com prazer em nenhuma cultura. Claro, alguns veem a morte como uma transição para uma nova vida, ou um mero aspecto de uma existência sem fim. Outros podem até vê-la como um ato heroico de martírio. Mas, tirando fundamentalistas radicais, ninguém em boa saúde física e mental escolhe morrer. Portanto, de todos os valores morais que podemos imaginar, proponho que o mais universal seja a preservação da vida.
Não me refiro apenas à vida humana. Quando percebemos o quanto nossas vidas dependem do planeta que habitamos, damos-nos conta de que precisamos agir para preservar todas as formas de vida. É óbvio que temos que garantir nossa existência, e que isso requer que consumamos alimentos. Mas esse consumo não precisa ser predatório. Pode ser planejado para que mantenha um equilíbrio saudável entre o que é produzido e o que é consumido.
Quanto mais saudável o planeta, mais saudável a economia. Isso pode não ser óbvio a curto prazo, mas em intervalos de décadas é. Este é o século em que finalmente iremos entender que precisamos estabelecer uma relação simbiótica com a Terra. Talvez essa seja a lição mais importante que a ciência moderna tem a ensinar.
O respeito à vida como moral universal leva a uma ecologia espiritual na qual nós, como espécie dominante do planeta, agimos como guardiões da vida. Com isso, a dimensão espiritual que nos é tão importante ganha expressão na devoção ao planeta e às suas formas de vida.
O respeito à vida como verdade universal leva a um estado em que agimos como os guardiões dela
Esse senso de conexão espiritual com a natureza é celebrado tanto na ciência quanto na religião. De Einstein a Santa Teresa de Ávila (grato a Frei Betto, por me chamar atenção para esta obra), o mundo é festejado como sacro. As palavras variam, mesmo a motivação pode variar; mas, em sua essência, a mensagem é a mesma. Acho difícil encontrar uma moral universal mais básica do que o respeito à vida e ao planeta que a abriga de forma tão generosa. Ao menos, é um começo.
Uma muito boa segunda-feira. Uma excelente semana, uma frutuosa segunda quinzena de agosto, este mês do bom gosto. Até amanhã.
Bom dia Professor!
ResponderExcluirO friozinho aí do sul tem se aproximado daqui de Goiás, hehehe!Desde ontem o dia tem amanhecido mais frio e ameno.
=]
Hummm...quanto a postagem do dia do senhor, acho que,'a Ciência é a religião dos dias de hoje', se é que o senhor me entende.Digamos que para as pessoas atualmente, se foi provado cientificamente, então é verdade.
Não é exatamente o que eu acredito, mas é o que vejo.
=/
Um convite aos 5 anos do QUIMILOKOS:
http://quimilokos.blogspot.com/2010/08/5-anos-de-quimilokos-concurso.html
Abraços, e um ótimo início de semana!
Querido mestre,
ResponderExcluirexecelente postem hoje! Sou fa tambem do Marcelo.
Abracos Carla
Muito querida colega Thaiza,
ResponderExcluirtalvez valesse em uma mais harmônica convivência entre religião e ciência como a blogada de hoje utopicamente propõem. Vou visitar o QUIMILOKOS e deixar uma mensagem pelo 5º aniversario de um dos sítios de Alfabetização científica que tenho como mais importante.
Curta o frizinho.
Um afago do
attico chassot
Carla muito querida,
ResponderExcluirQue bom que te agradou a postagem de hoje.
Tenho muita identificação com este texto do Marcel Gleiser que trouxe.
Um afago do
attico chassot
Querido Prof. Chassot!
ResponderExcluirQue linda mensagem a de hoje. Amei! Penso exatamente assim, que devemos lutar para viver e viver sempre melhor.
Que frio em Curitiba!!!
Só debaixo do edredon... rsrsrsrs.....Affffff!
Abraço gordo!
Estimada colega Neusa,
ResponderExcluirrealmente as discussões entre Religião e Ciência têm histórias memoráveis e cruentas. A proposta trazida hoje pode ser utópica mas não é inviável.
Desejo-te uma curtida do frio curitibano.
Um afago carinhoso,
attico chassot
POR UM PROBLEMA TÉCNICO O CAMENTÁRIO QUE SEGUE NÃO FOI PUBLICADO:
ResponderExcluir...Mar... deixou um novo comentário sobre a sua postagem "16- Religião/Ciência = Fé/Razão":
oh, Prof, ontem-hoje foi-é (escrevendo hoje sobre o de ontem!)o dia do Filósofo... Escreve uma linha para seus queridos eternos alunos ai... ^^
A Vida como bem maior as vezes é tão grrrande que alguns não a conseguem carregar.
abraço e agora vou ao post de hoje
EIS MINHA RESPOSTA
Muito querida filósofa Marília,
ontem soube pelo serviço de Relações Públicas do Centro Universitário Metodista - IPA que era dia do Filósofo. ¿Por que ontem?
Pensei que a instituição que me avisava, pelo que fizera com seu curso de Filosofia, devia era prantear a data.
A teu pedido, redimo-me e conto uma historieta, que narrei na minha aula de sexta-feira.
Quando construíram a grande represa de Assuam, reuniram os expertos das mais diversas áreas, Então alguém (não recordo agora quem) reclamou que faltava um egiptólogo e um filósofo comissão. Ao ser perguntado acerca do porque da necessidade do filósofo respondeu: Para ele dizer que faltava um egiptólogo.
Penso que a trazida desta passagem se faz em minha homenagem;
e adito um afago para querida filósofa Marília
attico chassot