Ano
6*** www.professorchassot.pro.br ***Edição 2156
Havia um assunto pautado para
quarta-feira: Cronos e Kairós, uma reflexão acerca da maneira
como somos geridos por estes dois deuses. Esta fica postergada para próxima sexta-feira,
pois algo se sobrepôs.
Só na tarde de ontem, recebi uma
mensagem: Muy atento Profesor Chassot, con
pena le participo esta noticia: el solitario George, el último de su especie en
las Islas Galápagos, falleció este domingo. Un saludo cordial, MS
Agradeço a Michel Salinas, leitor
bissexto deste blogue, que me alertou para notícia; esta — que me colheu de
surpresa — já estava presente na imprensa brasileira desde a noite de domingo. O
assunto esteve presente na aula de História e Filosofia da Ciência, quando coincidentemente,
tínhamos na noite de ontem a terceira sessão acerca da revolução darwiniana. Praticamente
todos os alunos já conheciam as imagens que levei.
O luto invade
Galápagos. A maioria das pessoas está chocada com a morte de George Solitário, com 100 anos, no
último domingo. O apelido Solitário se
deve a negação de intercurso sexual às continuadas tentativas de acasalamento
do tartaruga George com fêmeas selecionadas na tentativa de perpetuação da
espécie.
A
tartaruga-das-galápagos-de-pinta (Chelonoidis nigra abingdoni) é uma subespécie
extinta de tartaruga terrestre endêmica da ilha de Pinta, nas ilhas Galápago.
O último
indivíduo conhecido foi um macho denominado "Lonesome George"
("George Solitário", em português) que morreu no dia 24 de junho de
2012. Em seus últimos anos, foi considerado a criatura mais rara do mundo, e é
tido como um forte símbolo para os esforços de conservação ambiental nas
Galápagos e internacionalmente.
George foi
visto pela primeira vez na ilha de Pinta em 1 de dezembro de 1971 pelo biólogo
americano Joseph Vagvolgyi. A vegetação da ilha havia sido dizimada por cabras
selvagens, e a população indígena de C. n. abingdoni foi reduzida a um único
indivíduo. Remanejado, por sua própria segurança, para a Estação Científica
Charles Darwin, George compartilhou o mesmo ambiente com duas fêmeas de
subespécies diferentes, porém embora o acasalamento tenha ocorrido e ovos
tenham sido produzidos, nenhum foi chocado com sucesso.
Estimava-se
que George tinha entre 60 e 90 anos de idade, e estava gozando de boa saúde. Um
esforço mais intenso para exterminar as cabras introduzidas na ilha foi
terminado, e a vegetação de Pinta está começando a retornar a seu estado anterior.
A presença de
tartarugas descendentes de espécies mistas em torno do Vulcão Lobo, na vizinha
ilha Isabela, sugere a presença recente de pelo menos um indivíduo da
tartaruga-de-pinta em torno do vulcão. Um possível candidato a
"puro-sangue" pinta, do sexo masculino e chamado de "Tony",
vive num zoológico de Praga.
Existe
atualmente uma recompensa de 10 000 dólares para a descoberta de uma fêmea de tartaruga-das-galápagos-de-pinta.
Em 24 de junho
de 2012, Edwin Naula, diretor do Parque Nacional das Galápagos, anunciou que
"George Solitário" tinha sido encontrado morto. Suspeita-se que as
causas da morte tenham sido naturais, devido a idade avançada, mas uma
necropsia divulgada na tarde de ontem, descartou a primeira hipótese de acidente
cardíaco, confirmando-se morte natural.
Morte de
George significa a perda da segunda espécie de 15 existentes nas diferentes
ilhas. As tartarugas gigantes podem atingir até 1,50 metros de comprimento e é
a maioria da população vive nas ilhas de Isabela e Santa Cruz. Nesta última, no
topo, se podem ver colônias de vários indivíduos, tais como pastores em um
potreiro.
Abaixo algumas
informações de George e características morfológicas de outras espécies de
tartarugas e o habitat das mesmas nas diversas ilhas do arquipélago. Fonte:
http://www.eluniverso.com/2012/06/26/1/1447/muerto-george-13-especies-tortugas-gigantes-hay-islas.html
Caro Chassot,
ResponderExcluiré lamentável que esse último espécime tenha desaparecido deixando nosso planeta um pouco mais pobre. Ainda ontem estava lendo sobre a possibilidade de nova inversão do polo magnético da Terra, o que causaria uma série de transtornos para a vida sobre o planeta.
Um abraço,
Garin
É com tristeza que recebemos esta notícia, mas afinal o que é uma espécie para um capitalismo selvagem que extermina até a própria especie nos seus propósitos mercantis?
ResponderExcluirAntonio Jorge
Caro Chassot,
ResponderExcluirGeorge, mais um troféu para a sala de suvenires de caça do bípede imbecil, Homo sapiens. Na sala que já tem o último Dodô das Ilhas Mauricio, o último Tilacino (lobo da Tasmânia) da Austrália, o último Moa da Nova Zelândia; a última Ararinha Azul do Cerrado, do Brasil e milhares de outros mamíferos, peixes, insetos, aves e répteis. O extermínio das espécies só acabará no dia em que o último Homo sapiens empalhado estiver na sala de troféus de algum alienígena que tiver visitado a Terra. Abraços ecológicos, JAIR.
Boa tarde, Professor..
ResponderExcluirPôxa...realmente quanto pesar nesta notícia...
Sabe que quando 'criança pequena' meu animal preferido era tartaruga?!
Minha mãe nunca entendeu o porque, rsss, mas de alguma forma, elas me encantam!
Mas, como disse Antonio Jorge logo aí acima: "o que é uma espécie para um capitalismo selvagem" no qual vivemos...
Triste...
Tenha um bom entardecer.
Caro Attico,
ResponderExcluircertamente o Solitário George é um exemplo do que o puro descaso pode fazer no nosso meio. Além disso, essas tartarugas das ilhas Galápagos tem uma significação especial por seu papel na concepção da teoria da seleção natural (embora o passo de Darwin pelas ilhas tenha sido um pouco sobrevalorizado pelos historiadores inciais).
Mas se o Solitário George é um ícone, a diversidade, sobre tudo em termos taxonômicos e genéticos) que se perde com a sua morte é relativamente pequena. Especialmente se o comparamos com alguns outros organismos que podemos encontrar aqui mesmo no Brasil. Por exemplo, nas florestas do Acre vive um roedor, o segundo em tamanho depois da capivara, que é a última espécie viva de uma linhagem evolutiva de mais de 15 milhões de anos, que inclui os maiores roedores que habitaram o planeta (chegando a uma tonelada de peso, tamanho de um búfalo grande) e que foi exclusiva da América do Sul.
Ou a toninha, ou franciscana, um pequeno golfinho que só vive na costa sul do Brasil, do Uruguai e da costa norte da Argentina, cuja população esta fortemente ameaçada pela pesca comercial. Este animal é o último de uma linhagem de golfinhos que viveram desde o Atlântico Norte até o Pacífico sul-oriental e que se conhece ha uns oito milhões de anos.
Ou, ainda, a samambaia arborescente, um relicto de antigas florestas anteriores à expansão das plantas com sementes e flores, que esta sendo levada a extinção para fazer potes de xaxim para plantas.
A desaparição de qualquer uma dessas (e de muitas outras, do Brasil e de outros lugares do mundo), levará junto uma grande parte da informação genética única e de diversidade evolutiva irrecuperável. Suas histórias serão perdidas para sempre.
Por isso acho que temos que procurar nossos próprios "Solitários Georges", aqueles que mesmo sendo menos icônicos, estão perto de nos e, sobre tudo, ainda estão entre nos.
Abraços