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sábado, 2 de junho de 2012

02.- UMA DICA DE LEITURA PARA CINÉFILOS



Ano 6*** www.professorchassot.pro.br ***Edição 2131
A sugestão de estreia das dicas de leituras juninas-2012 é catalisada pela momentosa blogada FOGUEIRA HÁ UM MILHÃO DE ANOS da última quarta-feira que amealhou mais de 25 comentários. Então, uma vez mais. um fundamentalista religioso trouxe posicionamentos tacanhos. Afortunadamente, dois paleontólogos se assemelharam a T.H. Huxley — o buldogue de Darwin — e trouxeram argumentos com os quais não tenho estatura de argumentação.
Como referira lateralmente o filme “Guerra do Fogo’’ do qual Vândiner Ribeiro e eu escrevemos um capitulo de um livro já há cinco anos, a proposta de hoje é comentar este livro. Faço publica promessa, de em outro momento fazer uma edição sobre o filme. Já que faço acenos, a figura de T. H. Huxley merecerá uma blogada.
Os filmes são um ótimo material para análise da cultura e também para a compreensão da história da ciência. Em História da Ciência no Cinema 2: O retorno temos análises de 12 filmes que podem ser excelentes presenças em sala de aula em diferentes níveis de escolarização e também em espaços náo-escolares em que se faça Educação.
OLIVEIRA, Bernardo Jefferson de. História da Ciência no Cinema 2: O retorno. Belo Horizonte: Argvmentvm, 2007, 216 p. ISBN 978-85-98885-13-1
Já afirmei aqui e também enquanto resenhista do £eia £ivro, que obras organizadas e que reúnem vários autores são usualmente mais difíceis de resenhar. Hoje trago uma exceção: História da Ciência no Cinema 2: O retorno é um livro fácil de trazer a apreciação, pois sua leitura se dá como se tivéssemos em uma sala de espetáculos onde assistíssemos o trailer de grandes filmes apresentados em 12 capítulos independentes que envolvem diferentes tessituras da história da construção do conhecimento e ficamos indecisos por qual deles vamos nos beberar por primeiro.
Esse volume, lançado em Belo Horizonte em 2007, é o segundo volume acerca de filmes ligados à História da Ciência que a Editora Argvmentvm apresenta, como mais uma produção do Scientia: Grupo de Teoria e História da Ciência da Universidade Federal de Minas Gerais. O Prof. Dr. Bernardo Jefferson de Oliveira, organizador das duas coletâneas e dos autores dizia na apresentação do primeiro volume da série em 2005: “além de instrumento científico, o cinema foi um grande vínculo de divulgação dos avanços da ciência e formação de uma audiência que entrevia nas telas o ilimitado de possibilidades. [...] Isso faz dos filmes um ótimo material para análise da cultura e também para a compreensão da história da ciência. Seja através da reconstrução do passado ou do futuro preterido, os filmes nos permitem visitar os eventos ocorridos ou imaginados. [...] Embora menos evidente, os filmes nos possibilitam também entender a época e as perspectivas daqueles que reconstruíram em imagens cinematográficas as histórias ocorridas ou imaginadas”.
Ratificando o que está num dos capítulos do volume agora resenhado, pudéssemos nos atrever e ampliar a afirmação: “os filmes nos permitem visitar os eventos ocorridos ou imaginados” e também, em muitas situações nos levam a ver o antes inimaginável. Parece que a maioria das cenas que presenciamos em ‘A guerra do fogo’ – um dos filmes presentes na coletânea – não teria sido por nós imaginadas, não fosse o talento e a criatividade de Jean Jacques Arnaud e sua equipe.
Comentários similares se poderiam fazer acerca outros épicos presentes nesse segundo tomo como ‘O Planeta dos macacos’ quando se cria ponto de vista externo para avaliar os terráqueos ou para o instigante “O ponto de Mutação’ que traz a questão da transformação dos paradigmas e a superação de nossa percepção limitada.
Se dos três filmes citados viajamos a passados e futuros fora de nossas realidades há aqueles que nos fazem uma cruenta chamada ao nosso quase presente como ‘Amém’ que nos conclama como cientista a assumir nossa condição de cidadão e lutar para ter voz na busca de uma sociedade onde a Paz supere a Guerra ou ‘Quase deuses’ que ilustra a medicina fazendo criações que nos obrigam a refletir sobre nossos cada vez mais exigentes compromissos éticos ou, a trazida da secular tentativa de superar a dicotomia entre fé e razão que é descortinada em ‘Contatos’.
Há dois filmes que mostram a Ciência sendo usada como um óculo mais amplo: fazer a leitura do mundo natural: um é o brasileiro ‘Policarpo Quaresma – Herói do Brasil’ e outro o estadunidense ‘O inglês que subiu a colina e desceu a montanha’
Mesmo que defendamos que a Ciência se faz mais por homens e mulheres anônimos não se pode sonegar a presença de titãs e três deles pela excepcional contribuição legada à humanidade mereceram filmes quase biográficos que são destacados nos três primeiros capítulos de História da Ciência no Cinema 2: O retorno: ‘A história de Louis Pasteur’, “Freud, alem da alma’ e ‘Madame Curie’; permito-me loas ao terceiro último, um filme de 1943, que traz uma das mais comoventes e árduas história daquela que foi, talvez, a mais genial cientista.
Cada dos filmes citados merece um capítulo que traz uma análise crítica não de cineastas, mas de cinéfilos que com expertise trazem discussões que no mínimo nos aguçam a (re)ver cada dos filmes. Há também, ao final do capítulo, uma muito detalhada ficha técnica do filme.
Há um capitulo diferente – ‘Ciência, sociedade, câmara... ação!’ que traz resultado de uma pesquisa acerca da imagem de cientista veiculada pelo cinema e apresenta as possibilidades do uso de filmes e sala de aula e o faz pela ‘projeção’ de três quase clássicos que saíram das salas de cinemas para mostrar a ação na Escola: ‘Síndrome da China’, Narradores de Javé’ e ‘Gattaca’.
Nas limitações de extensão de uma blogada sabatina, limitei-me a não muito mais que a menção dos títulos dos filmes. Cada um doze capítulos mais a apresentação do organizador mereceriam uma resenha especial, mas esses breves trailers que trouxe querem servir para recomendar entusiasmado aos leitores e às leitores deste blogue História da Ciência no Cinema 2: O retorno e convidá-los a fruir com a leitura do livro a dar asas a imaginação superando as emoções que depois poderão ser prelibadas na assistência aos filmes.
Ainda um recado, cada um dos filmes aqui referidos será ainda melhor, ou pelo menos mais instigante depois de ler esse livro. Palavra de que já viu a ‘Guerra do Fogo’ — por dever de ofício — pelo menos uma dezena de vezes e a undécima, depois do artigo que compõe essa coletânea, foi muito diferente.

8 comentários:

  1. Caro Chassot,
    valeu a dica. Como gosto muito de filmes, a dica de hoje é preciosa. Parabéns!
    Um abraço,

    Garin

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  2. Caro Chassot,
    Como sempre, tua dica sabática, além de prazerosa de ser lida, nos dá uma dica que não devemos deixar de levar em conta. Anotado. Abraços livrescos, JAIR.

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  3. Grato, Attico amigo, pela sugestão de leitura! Sou um aspirante à cinéfilo. Procurarei lê-lo assim que o tempo se tornar menos escasso!

    Muita paz!

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  4. Caro Mestre, ótimas dicas!
    Fiz uma cópia para referência.
    Abraços!

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  5. Caro Attico,
    mirar algo de ângulo privilegiado,são sensações que poucos tem chance de experimentar,quero adquirir esta habilidade e proporciona-la há meus futuros alunos,gracias Mestre,pela aula!

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  6. Caro Attico,
    como já falei particularmente, não tenho "cacife" para sequer me comparar com T.H. Huxley, mas agradeço muito teu elogio. Lembrei, sim, daquela modesta ajuda no texto teu e da Vândiner sobre o Guerra do Fogo. O filme, certamente maravilhoso e com um rigor raro de se ver. Embora seja de 1981, não tem perdido nada da sua genialidade e volta e meia o assisto de novo.

    Permito-me te sugerir um filme que eu acho excelente, embora alguns colegas não gostaram muito, mas que para mim coloca muita coisa em perspectiva sobre a "gênese" a teoria evolutiva. É o "Ceration", de 2009, com Paul Bettany e Jennifer Connelly como protagonistas.

    Trata do período imediatamente anterior à publicação de A Origem das Espécies, logo depois da morte da filha Anne, que precipitou a perda total da fé em Darwin. A história baseia-se no achado numa caixinha que pertencia a Anne pelo bisneto de Darwin, Randal Keynes, no ano 2000 e que o levou a escrever o livro "Annie's box" que serviu de base para o filme.

    Eu o vejo como uma janela para um homem torturado, dividido entre sua sociedade, sua família, o amor da sua esposa e a paixão pela ciência. Se não tiveste a oportunidade de assisti-lo, recomendo muito. Na época passou muito rápido nos cinemas por conta de lobies de grupos evangélicos e taé hoje nunca passou, que eu saiba, na tv aberta ou paga.

    Grande abraço!

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  7. Esqueci de colar um par de links interessantes:
    http://www.imdb.com/title/tt0974014/
    http://en.wikipedia.org/wiki/Creation_(2009_film)
    http://en.wikipedia.org/wiki/Anne_Darwin

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