Ano
6*** www.professorchassot.pro.br ***Edição 2150
Ontem falei aqui, quase em
escorregadela, em narcisismo. Isto me aguçou curiosidades. Li algumas
narrativas mitológicas do personagem que se encantava com sua beleza. Eis uma
dela, eleita por ser a mais concisa.
A ninfa Liríope passeava tranquila
junto ao rio Cefiso, em cujas margens ninfa alguma podia passar incólume,
quando subitamente o rio a enlaçou, e a ela se uniu. Dessa união indesejável
nasceu Narciso.
Ao nascer a criança, porém, a mãe
rejubilou-se pois era um menino dotado de imensa formosura que certamente seria
amado por mortais e imortais. Liríope consultou então o cego adivinho Tirésias
para saber o futuro da criança. O sábio respondeu que viveria muitos anos se
ele não se conhecesse. O rapaz foi alvo de inúmeras paixões mas permanecia
insensível ao amor.
Eco, ninfa das montanhas, que tinha
sido privada da fala por Hera e condenada a repetir as últimas sílabas das
palavras, apaixonou-se pelo rapaz, mas como não podia declarar-lhe seu amor se
limitava a segui-lo. Como Narciso a desprezasse, a ninfa, cheia de tristeza,
começou a definhar até que um dia morreu. Nêmesis, deusa da Justiça, foi
chamada pelas demais ninfas, que revoltadas clamavam por punição para a frieza
do rapaz. A deusa condenou Narciso a viver um amor impossível.
E foi para cumprir-se a maldição que
certo dia, ao se aproximar da fonte de Tespias para se refrescar, o belo rapaz
viu sua imagem refletida nas águas. Seduzido por sua própria beleza,
apaixonou-se por si próprio, permaneceu ali até morrer. Quando foram em busca
do rapaz encontraram tão somente uma singela flor à beira da fonte: um narciso.
[FONTE: www.algosobre.com.br/mitologia/narciso.html]
Há uma fundada acusação: ‘os bloguistas são narcísicos! E, ¿quem
não é? Eu sou; tu és; ele é; ela é; nós somos... Claro que nos blogues se busca
visibilidade. Escrevemos para sermos lido. Aliás, até mesmo um intimo diário tem
como destinatário leitor(es), nem que seja um neto ou bisneto quando já estivermos
longe.
Ao divulgar nossos blogar, seguimos
recomendação evangélica: “Não se acende
uma luz para colocá-la debaixo de um caixote, mas sim para colocá-la sobre o
candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em casa” (Mateus, 5,
15). Interessa-nos o número de
leitores e, especialmente, seus comentários (favoráveis, é claro!).
Recordo quando recebíamos
orientação de vida, a recomendação que fôssemos como a violeta que produzia a
sua floração às escondidas, diferente do vistoso narciso.
Aqui se faz necessário uma nota
lateral botânica: Aprendo que o grupo das violáceas inclui cerca de 800
espécies em 21 géneros, em particular as flores conhecidas como violetas (gênero
Viola) das quais recebe o nome.
Lembro-me de minha infância —
antes de se cultivar entre nós a violeta-africana (Saintpaulia) que não pertence
à família das violetas — de uma variedade cujo pé era uma touceira que dava
umas florinhas que se escondiam entre folhas redondas da touceira. Dai serem
apresentadas como exemplo de ‘humildade’ ou ‘modéstia’ em oposição ao narciso.
Assim, mesmo sendo narcísicos—
como a figura mitológica e como a flor —, acredita que por nos conhecermos tão
limitados temos tudo para sermos também humildes como as violetas. Logo o binômio
não é violeta versus narciso e sim violetaónarciso.
O que é desenvolvimento sustentável?
A
definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento
capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade
de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não
esgota os recursos para o futuro.
Esta
definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.
Caro Chassot,
ResponderExcluirapenas um reparo, nem todos são narcisistas. Eu, por exemplo não me considero narcisista, embora seja o mais belo dos homens. Sou a pessoa mais humilde modesto que existe sobre a face da terra. Cumprimentos ao teólogo dos blogares, agora se revelando também biblista.
Um abraçou ao outro narciso.
Garin
Caro mestre Chassot acredito que no caso em tela( olha eu já falando como causídico) não se trata de narcisismo, e sim de qualidade inerente aos sábios, que é disseminar seus conhecimentos. Aproveito para lembrar a tambem citação bíblica "Ide e pregai por toda parte". Infeliz daquele que ao adquirir algum conhecimento "se fecha em copas" negando a todos o que acha saber. Na realidade nada sabe. Da interação humana nasce a evolução.
ResponderExcluirabraços
Antonio Jorge
Caro Chassot,
ResponderExcluirCreio que essa dicotomia narciso = violeta se aplica a grande dos blogueiros e frequentadores das redes sociais, contudo devo dizer que, no meu caso, sou tímido e totalmente contrário a ideia de me expor, por isso, acho, que escolhi escrever somente, desse modo fico atrás das palavras e não apareço. Talvez isso não seja modéstia, sej apenas timidez mesmo. Abraços, JAIR.
Pai
ResponderExcluirMuito bom !
Bernardo
Pai
ResponderExcluirMuito bom !
Bernardo
Chassot,
ResponderExcluiro pai tem um lindo canteiro de narcisos no Museu, floresce sempre em agosto.
Já o narcisismo, tanto o meu quanto o dele, são perenes.
Saudoso abraço,
Guy.
[adoro estas telas dos pré-Rafaelitas]
ResponderExcluirSr. Chassot:
ResponderExcluirNunca li um texto tão bem elaborado quanto o que o Senhor escreveu sobre Narciso e, olha que eu pensava que a figura de Narciso se coloca bem aos frequentadores de academia ou aos que cultuam o corpo ,mas como o Senhor diz: nós blogueiros somos narcísicos e quem não é.
Parabéns mesmo.