23.- UM
CONVITE, MUITAS EVOCAÇÕES E DICA DE LEITURA.
Ano
6*** www.professorchassot.pro.br ***Edição 2152
Mais uma
blogada sabatina. Ela se faz numa data prenhe de evocações. Hoje é vigília de
são João. Abro com um convite para meus leitores das redondezas.
Vivemos hoje o dia da noite maior do ano
no Hemisfério Sul. A partir de amanhã, porque os deuses aceitaram nossas
festas, conseguimos ‘amarrar o sol’ e este volta a se aproximar da terra e
começará a diminuir a noite (= escurece mais tarde e clareia mais cedo).
Quisera
trazer aqui evocações de minha infância misturadas com rituais de fertilidade,
que marcavam os solstícios de inverno e de verão, presentes em culturas como a
dos incas e assimiladas sincreticamente pela Igreja cristã para assinalar as
festas natalinas e juninas. Talvez mais bem posto seria dizer: apropriadas pela
Igreja.
Na minha infância
e adolescência era a noite das fogueiras e a noite de soltar balões. Um e outro
folguedo junino estão quase em extinção, pelo menos na geografia sulina.
Em 2005,
quando estive em Jequié, na Bahia e vivi, pela
primeira vez, a tradição de festas juninas do Nordeste, surpreendeu-me ver
pirâmides de lenha armadas para serem transformadas em fogueiras, vendidas nas
ruas como aqui se oferece pinheirinhos na época de natal. Deveria louvar
aqui o quase abandono destas três práticas antiecológicas: soltar balões, fazer
fogueiras e cortar pinheirinhos (mesmo que se alegue que estes são plantados
para corte natalino).
Como
vivi uma parte significativa de minha vida em Montenegro, onde o orago é São
João Batista e a cidade é inserida em região marcada pela colonização alemã, a
data era celebrada com os kerbes (algo que mereceria uma blogada especial) os
bailes e as cucas me atiçam saudades.
Alertado que hoje é sábado,
devo acautelar-me para não espraiar-me em diletantes divagações. Cumpro assim a
agenda sabática e trago a usual dica de leitura.
Esta, nesta semana, que tanto
nos envolvemos no cuidado do planeta quer ser preito de gratidão àquele que no
nosso século 20, de maneira mais veemente e original nos chamou atenção à
necessidade de cuidar do Planeta: James
Lovelock e a dica de leitura é sua autobiografia.
LOVELOCK, James. Homenaje a Gaia: La vida de un científico independendiente.
[Titulo original:
Homage to Gaia. The life of an Independent Scientist. Tradução desta edição Aristu José
Luis Gil] Pamplona, España, Laetoli/México, DF, México: Oceano. 549 p,
230x159x028mm. 2005. ISBN 070-777-124-0
James Ephraim Lovelock (Hertfordshire, 26 de julho de 1919) é um pesquisador
independente e ambientalista que vive na Cornualha (oeste da Inglaterra). A
hipótese de Gaia foi sugerida por Lovelock, com base nos estudos de Lynn
Margulis, para explicar o comportamento sistêmico do planeta Terra. A Terra é
vista, nesta teoria, como um superorganismo.
Após estudar
química e matemática na University of Manchester obteve um cargo no Medical
Research Council do Institute for Medical Research em Londres. Em 1948 obteve
um Ph.D. em medicina no London School of Hygiene and Tropical Medicine.
Lovelock
inventou muitos instrumentos científicos utilizados pela NASA para análise de
atmosferas extraterrestres e superfície de planetas. Para Lovelock o contraste
entre o equilíbrio estático da atmosfera de marte (muito dióxido de carbono com
pouquíssimo oxigênio, metano e hidrogênio) e a mistura dinâmica da atmosfera da
Terra é forte indicio da ausência de vida naquele planeta.
Em 1958
inventou o Detector de Captura de Elétrons, que auxiliou nas descobertas sobre
a persistência do CFC e seu papel no empobrecimento da camada de ozônio.
Abro o
comentário acerca da obra trazendo o que está na quarta capa: “James Lovelock
tem mais de 40 anos dedicados ao cultivo da ciência desde sua casa em uma
aldeia inglesa. Sua famosa teoria Gaia
mudou a nossa maneira de pensar sobre a terra e estabeleceu as bases do
movimento verde. Este cientista incomum narra neste livro sua infância,
aprendizagem e desenvolvimento de suas ideias numerosas e influentes,
especialmente sua revolucionária hipótese
Gaia: a visão da Terra (Gaia era o nome da deusa grega da Terra), como a
vida, que altera e regula a si mesmo. Esta autobiografia é o testemunho pessoal
de um homem que levou uma vida extraordinária e é, sem dúvida, um dos
principais cientistas, criativos, influentes e controversos do nosso tempo.”
A edição que possuo é a que está no box. Não
conheço uma versão como Homenagem
a Gaia. A vida de um cientista independente.
Esta que
apresento hoje é uma extraordinária autobiografia, publicada pela Oxford
University Press em 2000 (Homenagem a Gaia), o grande cientista Inglês James
Lovelock, particularmente conhecido pela sua hipótese de Gaia. Seu trabalho é a
base da criação do movimento ambiental e sua hipótese de Gaia famoso mudou a
maneira como pensamos sobre o nosso planeta. Este livro é um testemunho pessoal
caloroso de um homem que levou uma vida extraordinária. Lovelock é um dos
principais pensadores, criativos e influentes do século 20.
Eis algumas
referências da imprensa: Não há autobiografia de um cientista moderno
para competir com este (The Observer). Um
livro lúcido, inteligente e, muitas vezes muito bem humorado ... Lovelock
escreve tão bem como sempre (New
Statesman). Um livro que qualquer pessoa interessada em ciência deve ler (The Times Higher Education Supplement).
A frase que
está aditada à foto do nonagenário cientista, ainda em ação, que muito já usei em
palestras, é a ratificação da recomendação que faço neste sábado junino. Espero
que este seja agradável a cada uma e cada um.
Muito justa a homenagem a Lovelock, o conceito de "gaia" hoje em dia assumiu até conotação poética inspirando as mais variadas manifestações, cito um dos mais recentes o filme "Avatar".
ResponderExcluirQuanto ao "café filosófico" apaziguo minha inveja dos que puderem participar no aguardo da visita do mestre aqui pelas bandas do Rio de Janeiro.
Antonio Jorge
Caro Chassot,
ResponderExcluirJá li e leio James Lovelock e respeito muito suas opiniões. Contudo, em "A vingança de Gaia" ele meio que se perde um pouco, prega a adoção de energia nuclear, em detrimento de energia eólica e solar, para geração de eletricidade. Diz textualmente que aceitaria até um gerador nuclear em sua propriedade numa zona rural da Inglaterra. Sei que é um cientista respeitado e deve ser ouvido, mas parece que, desta vez, escorregou ma maionese. Abraços e parabéns pela dica de hoje, embora me pareça que já existe esse livro em português, JAIR.
Caro Chassot,
ResponderExcluirtambém para mim, essas lembranças de fogueiras me são muito caras; São João era esperado com muita ansiedade, pois representava um momento de alegria, comilanças e muita festa. Vivi uma festa junina especial quando visitei, num junho distante, os meus primos em Caxias do Sul. Saíamos de fogueira em fogueira participando do melhor que cada festa oferecia.
Um abraço,
Garin