ANO
8
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Livraria Virtual em
www.professorchassot.pro.br
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EDIÇÃO
2518
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Abro a edição
com o recordar que, em tempo não tão distante, o 15 de agosto era feriado (=dia
santo): assunção de Maria, dogma
católico. Mas, hoje, honro o dia laboral, com a edição hebdômada. Devo referir,
que no interstício entre estas duas quintas-feiras, houve cinco edições extras,
algumas momentosas. É meu incorrigível apego há tempos que este blogue era
diário.
Quase a cada
dia, tentam-nos seduzir com novas quinquilharias em parafernália de novidades
eletrônica. Eis uma que não conhecia — e antecipo — não caiu nas graças de meus
desejos de consumo.
Uma empresa
alemã desenvolveu um protótipo de uma caneta que, enquanto se escreve, detecta
erros ortográficos. Lernstift é uma
caneta digital que, além da tinta, contém um pequeno computador que alerta os
utilizadores para os erros.
Daniel
Kaesmacher, sócio fundador da Lernstift, disse que «basicamente há duas funções: o
modo-caligrafia que ajuda a corrigir letras individuais e o modo-ortografia que
corrige, por vibração, palavras mal escritas».
O pequeno
computador Linux, com pilhas AAA, inclui um dispositivo de vibração e um leitor
que reconhece movimentos específicos e formas das letras e palavras.
A caneta é
constituída por diversos sensores, como o giroscópio para medir a orientação, o
acelerômetro para calcular a propulsão e um magnetômetro para medir a força e
direção dos campos magnéticos.
O produto foi
inventado por Falk Wolsky, que teve a ideia depois de observar diversos
momentos de frustração da sua mulher com os erros do filho, um deles
verbalizado com a questão «Porque é que as canetas não podem automaticamente avisar
os erros?» Segundo o inventor, as canetas vão, inicialmente, trabalhar com
inglês e alemão, mas haverá outras línguas aplicadas ao dispositivo.
O anúncio
deste novo petrecho, mesmo não me seduzindo, convida-me a olhar em diferentes tempos
os artefatos que envolveram/envolvem meu escrever. Quando me refiro que sou um
escrevinhador da ‘idade da pedra’, ratifico que não estou usando o sentido
metafórico. Comecei minha alfabetização numa lousa [Lâmina de ardósia enquadrada em madeira
para nela se escrever ou desenhar com ponteiros ou estiletes da mesma pedra].
Depois passei a escrever a lápis e com pena de aço [Pequena lâmina de metal, terminada em
ponta, que, adaptada a um suporte, serve para escrever ou desenhar. (Pena XII)].
Aqui, vale
recordar a ritualística que havia no levar a caneta ao tinteiro e na volta para
o papel — quanto tempo de reflexão havia no escrever de então, se comparado com
o leve teclar de agora —; e neste tempo de reflexão sobre o que se escrevia havia
o secar a página com um mata-borrão.
O significativo
sucesso posterior foram as canetas-tinteiros, com seus depósitos de borracha
que se enchia com uma pequena alavanca metálica. Estas, em geral causavam
muitos borrões, que acarretavam fazer novamente os temas ou lembrados castigos.
A revolução na
tecnologia de escrever para mim aconteceu em 1954, quando ganhei a minha
primeira caneta esferográfica, invento ainda tão presente em nossas escritas,
quase sessenta anos depois. Mesmo tendo comprado uma Remington, com um dos meus
primeiros salários de professor, em 1961, nunca fui um aficionado da máquina de
escrever, e quando fiz mestrado em 1977, minha dissertação foi datilografada por
outros. Já a tese de doutorando, em 1992, não apenas a digitei, como a imprimi.
A propósito de
máquinas de escrever, elas têm sido assuntadas nos últimos dias. No dia 16 de
julho, neste blogue dizia da ‘ressureição’ das mesmas. No domingo, na Folha de
S. Paulo, Marcelo Tas escrevia acerca da entrada dos computadores nas redações de
jornais, quando “uns profetizavam
que a chegada das ‘máquinas silenciosas com monitores parecidos com os de TV’
era um sinal do fim do jornalismo. Outros se agarravam nostálgicos às suas
Olivettis como náufragos diante de uma boia no convés do Titanic.”
No mesmo dia e no mesmo jornal Tom Hanks, em um texto
memorístico elenca três razões que, na sua visão, tornam as velhas e robustas maquinas
de escrever superiores a laptops e iPads de última geração e conta como estas
são objetos de seu colecionismo.
Uso o
computador desde 1989. E nestes quase um quarto de século, devo creditar muito
de minha produção escrita a este meio de registro, que, para mim, só não
desbancou ainda a caneta esferográfica, na elaboração de meu diário, talvez
porque para isto o suporte papel, seja mais passível de receber as emoções de
um dia de vida. Hoje uso iPad, fisicamente parecido com a lousa de ardósia e
tenho um smartfone; este pode ser usado também para telefonar.
Este registro,
sobre minha história com ferramentais de escrever está aqui, catalisado pela
novidade tecnológica recém anunciada. Muito provavelmente há especulações para
o assunto voltar em futuras edições, para fruição intelectual.
Mestre Chassot!
ResponderExcluirÉ fantástico inaugurar um novo dia lendo, uma vez mais, seu blog sempre cheio de saberes.
Obrigado por suas continuadas aulas,
Malu Manauara
Limerique
ResponderExcluirNo princípio eram pecinhas de barro
Meio arcaico e um tanto bizarro
Depois lousa de ardósia
Da qual tablete é sósia
Agora teclado, ao qual me amarro.
Limerique
ResponderExcluirDa tábua de argila primordial
Ardósia, caneta e lápis de pau
À datilografia
Que bem escrevia
Já temos a caneta gramatical.
E curioso observar com esses avancos tambem trazem retrocessos. Agora por exemplo posto essa do smart, presente de meus filhos, e com o qual ainda nao sei acentuar, resultado uma tragedia contra a boa ortografia. Agora, nosso artefato vibratorio, quando na versao brasileira, devera vir com uma corrente para ser preso as maos pois facilmente saltara pulando tamanha vibracao.
ResponderExcluirOlá Professor Áttico.
ResponderExcluirApós longo tempo, um Chronos furioso que me furta, consigo um tempo para me atualizar nas leituras do blog. É sempre gostoso vir ao blog e saborear-se com a vida que contagia a escrita dos post.
Inspirado na leitura do post, lembrei de um ensaio que fiz há algum tempo e compartilho com todos aqui:
Das conexões que nascem no e do olhar
Nas conexões que fizemos
links de emoção estabelecemos.
A vida pulsa em novos territórios,
a cor dos olhos,
pixels aos milhões,
as imagens constituem.
A vida na tela,
e as telas da vida.
Tudo se virtualiza.
No entanto,
mesmo no florescer da cibernética
é o calor do olhar,
que aquece os corações.
Que em educação
possamos a vida fazer pulsar,
numa eterna experiência
de se encantar com um sorriso puro,
um toque, um olhar,
sensibilidade
é isso que a virtualidade pode e deve fomentar,
aos poucos nesse solo cibernético,
nossos pés analógicos,
começam a tocar.
(Luís C. Z. Dhein)
Forte Abraço.
Meu caríssimo Luís,
ResponderExcluirhá um tempo Cronos tem me furtado de tua presença aqui. Hoje, Cairós com a generosidade me brinda com teu agradável retorno. Muito bom isso.
Tuas reflexões são uma elegia àquilo que sonhamos. Uma Educação que façam mulheres e homens mais cidadãos que não só são competentes para ler o mundo que vivem, mas o ajudam transformar para melhor.
Quando rejubilo-me com teu retorno, convido para conhecer uma postura acerca de alfabetização científica que será assuntada na blogada de amanhã.
Com continuada admiração
attico chassot