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quarta-feira, 19 de maio de 2010

19* Cidadania / florestania: algo a ajudar a construir

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Porto Alegre Ano 4 # 1385

O dia começa com notícias de vítimas das chuvas intensas em várias regiões do Rio Grande do Sul. Ontem por aqui choveu o dia inteiro. Se fiz que um ciclone continua estacionado no sul do país.

Esta manhã, atendo a convite do Professor José Luís Corrêa Novaes presidente da comissão organizadora do IX Simpósio Sulbrasileiro de Filosofia, que se realiza no Centro Universitário Metodista - IPA para ser o debatedor do Philo-Cine sobre ensino de Filosofia apresentando o filme ÁGORA. Usarei o mesmo material que apresentei aqui na edição do segundo sábado deste mês 08* Hipácia na Ágora

Ontem conversava com um colega acerca dos diferentes assuntos que tenho trazido aqui na tentativa de fazer alfabetização científica. Ele me assegurava que entendia que minha proposta de alfabetização científica – saber a linguagem que está escrito o mundo natural –mas observava o quanto meus discursos acerca da alfabetização científica parecem se espraiando cada vez mais.

Disse-me, parece que tu rompes fronteiras e chega a propor, sem fazê-lo de maneira explicita, que alfabetização científica é algo bem mais amplo que explicar o nosso mundo natural. Concordei com ele e disse que sim, pois trazer a leitura de Saramago sobre o juiz Baltazar Garzón ou comentar o término do caderno Mais! também é fazer alfabetização científica, pois trata-se de entender acerca de nosso estar no mundo.

Esse nosso estar no mundo, exige envolver-se de maneira crítica nos diferentes cenários e considerar o quanto diferentes mutações atingem (e aqui busquei uma ação verbal que pode também significar ferir) nossa cidadania ou nossa florestania. A palavra ‘florestania’ é usada como homóloga a cidadania. Os povos das florestas entendem que "não podem aceitar o conceito de cidadania, pois isso lembra cidade, coisa urbana. Nós somos um povo da floresta e defendemos a florestania, que é a cidadania do ponto de vista de quem vive na região amazônica. Florestania é felicidade, respeito ao meio ambiente, ganhar dinheiro com a floresta, sem destruí-la."

A referência a espraiando fez que meu amigo me perguntasse se já havia referido, no blogue, a catastrófica tragédia que segue ocorrendo no golfo do México. Agradeci e disse que me trouxera uma dica para uma blogada.

Eis o assunto antes silenciado aqui. Mesmo assunto sendo extenso, complexo e dramático, cale um breve comentário. Há alguns dias, ocorreu uma explosão em uma plataforma de exploração de petróleo da empresa BP, localizada no Golfo do México, a cerca de 83 quilômetros da costa da Louisiana, Estados Unidos. O acidente causou a morte de 11 pessoas e provocou um enorme vazamento. Calcula-se que cerca de 500 barris de petróleo cru estejam sendo despejados diariamente no oceano.

Eis quem é a BP: British Petroleum, é uma empresa multinacional sediada no Reino Unido que opera no setor de energia, sobretudo de petróleo e gás. Fez parte do cartel conhecido como Sete Irmãs, formado pelas maiores empresas exploradoras, refinadoras e distribuidoras de petróleo e gás do Planeta, as quais, após fusões e incorporações, reduziram-se a quatro: ExxonMobil, Chevron, Shell, além da própria BP.

Quando o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, visitou a área e afirmou que a BP é a única responsável pelo problema e pela limpeza, questões mais importantes começaram a surgir. É possível solucionar este desastre com consequências mínimas?

Trata-se de um desastre ecológico com poucos precedentes que, que pelas

dificuldades de controlado, supera ao maior derramamento de todos os tempos: o do Exxon Valdez, na costa do Alasca, em 1989.

A imprensa tem trazido artigos interessantes que exploram alternativas existentes para se controlar e “limpar” um derramamento de petróleo. Como o petróleo não se mistura com a água e desliza sobre ela, espalhando-se rapidamente, conter a mancha é uma das ações mais importantes. O problema é que o vazamento ocorre em águas profundas e não na superfície, e por isso não se sabe exatamente como lidar com ele.

Neste caso, “mangueiras” absorventes tentam criar uma barreira para frear a expansão da mancha, mas elas têm se mostrado ineficientes e o vento e as ondas não estão ajudando. Botes que filtram a água e armadilhas para absorver o petróleo também estão sendo utilizados.
Outros produtos usados são agentes dispersantes e bioremediadores. Os primeiros alteram as propriedades químicas e físicas do óleo cru, convertendo-o em “gotas” que podem se dissolver na água. O problema é que, apesar de salvar as aves por remover o petróleo da superfície, eles podem ameaçar peixes e camarões. Os segundos são microorganismos capazes de decompor o petróleo, mas ainda não há testes suficientes e não se sabe se causam danos às espécies marinhas.

Concluindo, as “soluções” adotadas são experimentais e sem eficácia garantida. No entanto, se é que há uma forma positiva de olhar para o desastre, podemos destacar o fato de ainda não ter chegado à costa, onde os danos poderiam ser muito maiores.

No momento, como demonstrou o Exxon Valdez, pouco se pode fazer pelas aves e animais que ficaram embebidos em petróleo. Não há como removê-lo de suas plumas e tentar fazê-lo só causaria mais sofrimento.

Qual será o desfecho? Dependerá da rapidez das equipes de conservação e das ações rápidas da empresa. Continuaremos a acompanhar a evolução da situação.

Sonhando que aprendamos com os continuados alertas que o Planeta nos oferece, votos de uma muito boa quarta-feira. Amanhã poderemos voltar a nos encontrar aqui.

2 comentários:

  1. Querido Chassot,
    Todos estamos muito tristes com estes acidentes que trazem tantas consequências ruins!
    O seu blog é uma forma maravilhosa que vejo para se fazer alfabetização científica! Eu mesma, aprendo tanto com ele!
    Abraços com saudades!!!!

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  2. Muito querida colega Joélia,
    obrigado por teu tão precioso comentário.
    Fazer alfabetização científica a cada dia é um desafio que consigo também graças a meus leitores.
    Tu és uma deles.

    attico chassot

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