Porto Alegre Ano 4 # 1380
De novo em Porto Alegre depois de uma quinta-feira maratonística. Esta começou no hotel, fazendo algo que usualmente em casa não faço: assistindo televisão. Encanta-me/revolta-me assistir os pregadores eletrônicos. Foi impressionante ver um pastor com algo assemelhado a uma guitarra fazer dançar e cantar um auditório com milhares de pessoas. Mas houve outro mega-pastor muito categorizado, mas que não tem o carisma de seu antecessor: Bento 16, celebrando missa em Fátima e evocando-me uma das melodias marianas que mais cantei em minha infância:
A treze de maio na cova da iria No céu aparece a Virgem Maria Ave, Ave, Ave Maria! Ave, Ave, Ave Maria! Os três pastorzinhos cercados de luz Recebem a visita da Mãe de Jesus | Um susto tiveram, ao verem tal luz. Mas logo a Senhora da Paz os conduz Então perguntaram que nome era o seu A virgem responde: Maria de Deus Vivamos sem mancha, cristãos sem labéu. Que a Virgem nos guiem a todos pro céu. |
Quanta ingenuidade (ainda hoje). Quantos ritos que evocavam um filme medievo na parafernália das vestes sacras.
Ao café com a Prof. Dra. Cláudia Glavan Duarte alinhávamos nossa mesa-redonda. Ela se dizia nervosa, pois temia falar, segundo suas exageradas palavras ‘ao lodo de uma de suas bibliografias. Do hotel fomos ao Campus Carreiros com a Prof. Dr. Paula Regina Costa Ribeiro, coordenadora do Programa de Pós Graduação em Educação em Ciências. Ela como boa papa-areia, no trajeto nos mostrou belezas de sua Rio Grande natal, situada a 180 km do ponto mais meridional do Brasil: Chuí, nas continuadas referências que aprendemos nas aulas de Corografia: Do Oiapoque ao Chuí.
Na mesa redonda presidida pela Paula Ribeiro. Primeiro falou a Cláudia, trazendo aportes teóricos de Wittgenstein mostrou ‘fissuras que têm as Matemáticas’ (e esse plural é significativo). Essa teorização foi enriquecida com vários exemplos esclarecedores.
Em seguida eu trouxe considerações. Minha fala assumiu o título proposto para a mesa: “Educação em Ciências para além das disciplinas’, Nos debates emocionou-me uma declaração lateral da Cláudia: “Quando no doutorado, as aulas do Chassot eram aquelas que faziam-me, fumante inveterada que sou, esquecer de sair para dar uma roubadinha para ir fumar.” Depois da mesa-redonda ainda tive a alegria de autografar alguns exemplares de meus livros.
Logo depois da mesa-redonda a Paula Hennig, com a Cláudia, levou-me â rodoviária para tomar o ônibus das 12h. Mesmo que me deixasse com um sanduíche para um almoço, a Paula por ser uma pelotense que se aquerencie em Rio Grande, ainda não conhece detalhes locais, Deixa-me na plataforma de desembarque e por pouco não perco o ônibus, que quase partia de outro local. Foi bom na rodoviária encontrar minha ex-colega do IPA Luciana Coronel, que ora trabalha na FURG.
No retorno um atraso, pois uma passageira teve um mal súbito e teve que ser transferida a uma ambulância. Chegado à Porto Alegre, tomei um taxi e fui direto ao Centro Universitário Metodista - IPA, onde às 17h tinha uma reunião.
Nas duas longas viagens insones Porto Alegre/Rio Grande /Porto Alegre terminei de ler: O Retorno, que será a dica de leitura de amanhã. Trata-se de uma obra de ficção ancorada em fato histórica que merece mais meus estudos: O golpe militar liderado pelo general Francisco Franco em julho de 1936 na Espanha pretendia ser rápido e decisivo. Em vez disso, levou a uma guerra civil que durou três anos e devastou o país. Meio milhão de pessoas morreu e um número equivalente foi para o exílio, do qual alguns nunca voltaram. Depois de 1939, centenas de milhares republicanos ainda definhavam na prisão, e muitos enfrentaram pelotões de fuzilamento e foram enterrados em sepulturas sem identificação. Os que lutaram contra Franco viveram anos de repressão e, mesmo quando o ditador morreu, em 1975, muitas pessoas na Espanha continuaram a manter silêncio sobre suas experiências.
Sob o governo do primeiro-ministro socialista José Luis Rodrígues Zapatero, cujo avo foi executado por franquistas, uma nova Lei da Memória Histórica foi aprovada em outubro de 2007. A lei formalmente condena a rebelião e a ditadura de Franco, proíbe o us de simbplos e referência ao regime em espaços públicos e determina a remoção o de monumentos em honra de Franco.Também declara ilegais os julgamento políticos de adversários de Franco durante a ditadura e obriga as prefeituras a auxiliar na exumação de corpos dos que foram enterrado em sepultura sem identificação. O ‘pacto de olvido’ o pacto do esquecimento, esta finalmente sendo quebrado.
Hoje, tenho um dos pontos de agenda que sempre me encanta e me faz curtir a espera da sexta-feira: almoço com meu trio ABC.
À tarde assisto, às 14h, à palestra: As observações astronômicas de Galileu em 1609 e A Mensagem das Estrelas (1610), tendo como palestrante: Prof. Dr.Fernando Lang da Silveira, no Auditório do ILEA – Campus do Vale – UFRGS. Todos são convidados.
O Prof. Fernando Silveira desta que quando Galileu apontou o seu “óculo astronômico” ou “perspicillium” em 1609 para os céus, a hipótese heliocêntrica padecia de inúmeras e graves objeções mecânicas e astronômicas (além das objeções religiosas das igrejas cristãs). As observações astronômicas de 1609, comprometidas a priori com a ‘tremenda’ premissa metafísica neoplatônica-copernicana que colocava o Sol no centro do universo, permitiram que o grande cientista construísse novos argumentos a favor do heliocentrismo. Essas observações foram relatadas em 1610 no livro A Mensagem das Estrelas. Toda a produção intelectual subseqüente de Galileu, até a sua condenação em 1633 pela Inquisição, esteve a serviço da hipótese copernicana e de uma nova cosmovisão, opositora da metafísica cristã aristotélica-tomista.
Com esse convite meus votos de uma muito boa sexta-feira, no gostoso fruir da espera do fim de semana. A dica de leitura de amanhã está mais que anunciada.
Mestre! Bastante agitada tua jornada riograndina. Tambem pude perceer ex-colegas de Mestrado em tua trajetória. Grande abraço à Paula. Mas deixar o convidado na Plataforma de Desembarque? Quem sabe nao desejasse ela tua despedida. Abraço do JB.
ResponderExcluirMeu caro Jairo,
ResponderExcluirobrigado por teu comentário e também pela tua leitura generosa (que ela não queria que eu partisse) acerca do local onde me deixou a Paula. Minha leitura é mais pragmática. A rivalidade pelotense X papa-areia não permite que ela como de Pelotas se integre a Rio Grande. Mando cópia dessa mensagem para ela.
Quando já é shabath desejo-te um bom fim de semana e convido ao historiador para ler a dica de leitura de amanhã aditando teus conhecimentos acerca do assunto
attico chassot