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quinta-feira, 19 de abril de 2012

19.- AINDA COM GOSTO DE FUMAÇA DE HÁ MAIS DE 60 ANOS



Ano 6*** Porto Alegre / Uruguaiana ***Edição 2087
Mais uma edição cuja postagem ocorre em trânsito. Esta edição entra em circulação quando já estou viajando 1,5 hora de um total de oito. Meu destino é Uruguaiana que está a cerca de 650 km de Porto Alegre, meu ponto de partida.
A estada de 16 horas — à noite, inicio a viagem de volta — na fronteira Brasil/Argentina tem duas dimensões: uma que poderia qualificar como sentimental, outra profissional.
Estou voltando hoje à Uruguaiana depois de uma memorável viagem, cuja data mais precisa não consigo recuperar, mas certamente faz já 60 anos. Então, vim pela primeira (e única) vez a esta fronteira do Brasil.
Como filho de ferroviário, tínhamos durante o período de férias de meu pai passe livre. Nos demais períodos, tínhamos 75% de desconto no preço das passagens. Numa destas férias, talvez na metade dos anos de 1950, minha mãe, meu irmão Sirne (1940-2002) e eu deixamos Montenegro em um trem misto e fomos até Barreto e ali fizemos baldeação e tomamos o noturno que fazia Porto Alegre/ Santa Maria/ Uruguaiana. Tudo isto em trens tracionados por maria-fumaça. Não sei falar em tempos de viagem e nem se houve baldeação em Santa Maria. Certamente trouxemos a bordo a tradicional galinha com farofa que minha mãe sempre preparava para estas ocasiões.
A meta da viagem era para Argentina, mais especificamente a fronteiriça cidade de Paso de los Libres, ou Libres como dizíamos e ainda dizem hoje os uruguaianenses, que é uma cidade Argentina da província de Corrientes, na fronteira com o Brasil, na margem ocidental do Rio Uruguai. Foi a primeira vez que um menino — que depois já esteve em 39 países — pisou fora do Brasil.
Lembro pouco da sedução das compras ali: farinha de trigo, óleo de oliva, tecidos de lã e artefatos de couro. O que tenho mais presente era a minha habilidade em fazer conversão de preços. Recordo que tinha que multiplicar por 1,8. Eu multiplicava por 2 e subtraia a décima parte do resultado. Assim se algo custava 15 pesos na hora eu sabia ser 27 cruzeiros (15 X 2 = 30 / 30 -3 = 27).
Recordo também que na viagem de volta, certamente no mesmo dia, pois não teríamos com pagar uma pensão, o Sirne teve uma congestão alimentar diagnosticada como ‘nó nas tripas’ certamente catalisado pelo cheiro de fumaça que impregnava nossas roupas e também nossas almas. Esta impregnação, resultante das fumarentas viagens com marias-fumaças sou capaz de sentir até hoje.
Esta manhã, graças à fidalguia de minha muito atenciosa anfitriã local, professora Diana Paula Salomão de Freitas, Universidade Federal do Pampa - UNIPAMPA - Campus Uruguaiana faço um retorno sentimental à Libres
As razões profissionais que me trazem aqui têm dois momentos: à tarde uma roda de conversa com professores da Educação Básica sobre alfabetização científica da região, tendo também interligado o Campus de Bagé e à noite, aula magna da UNIPANPA para tentar responder, na aula magna: “O que é Ciência afinal?”.
Para os dois eventos o Licenciando em Ciências da Natureza, Carlos Augusto Riella de Melo (Guto), editor do diariosdeharveydent. blogspot.com preparou dois produtos de divulgação que reproduzo aqui.
Uma nota de pé-de-página, mas extremamente significativa. Nesta terça-feira recebi exemplares do livro Memórias de um professor: hologramas desde um trem misto — já disponível em www.professorchassot.pro.br ~livraria virtual e objeto da blogada do próximo sábado — que terá lançamento aqui em Uruguaiana hoje.

6 comentários:

  1. Caro Attico,

    parabéns pelo lançamento de teu livro. Certamente ele foi (e é) muito aguardado não só por você, mas por todos que te acompanham.

    E o tema da viagem à Uruguaiana é bastante interessante, recordando-me o título de um livro do Poincaré.

    Estive em Curitiba por esses dias, sem muito acesso à internet. Daí ainda estou reatualizando (em internetês, fazendo update) as informações destes dias.

    Grande abraço,

    PAULO MARCELO

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  2. Caro Chassot,
    deixando de lado tua fumarenta viagem da década de 1950 que certamente passou pelo 'buraco' de Libres (local de compras baratas), tomo lugar no vagão do outro trem para vibrar com o lançamento do "Memórias de um professor...". Parabéns!

    Bom retorno!

    Garin

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  3. Olá!!!! Alegres por este dia e embarcadas em um trem que nos levará bem juntinho do Sr., lhe oferecemos dois fortes, ternos e agradecidos abraços... Professor Chassot.
    Ane e Sandra

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  4. Caro Chassot,
    Como você, também fui passageiro de trens no tempo da fumaça das Marias. Por motivo bem prosaico (não tínhamos dinheiro para pagar ônibus) viajávamos de Palmeira para Curitiba por quatro horas de trem para uma distância que era de oitenta quilômetros por via rodoviária. Dizia-se que as linhas de trens haviam sido contratadas por quilômetros construídos, daí as inúmeras voltas desnecessárias que encompridava o percurso. Bons tempos. Abraços ferroviários, JAIR.

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  5. Querido Attico: FELICITACIONES por ese libro y gracias por compartir con nosotros tan lindos recuerdos del hijo de un ferroviario.
    Un abrazo
    Loreto

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  6. Olá amigo,
    Meus parabéns por mais esse "filho". Tenho certeza que será uma bela leitura. Quando li aqui, logo fui familiarizada com um nome, de uma pessoa que nunca conheci: Sirne. Minha madrasta, ou boadrasta, como preferir, também é de Montenegro, família grande lá parece ser lugar comum (heheheheh) a dela também é. Mas enfim, mesmo antes de conhecer o seu sobrinho, já tinha ouvido falar com muito carinho do seu irmão. A Maria Vera (minha madrasta) tinha muito carinho por ele na juventude. Estranho como são as coisas, não é?
    (já em casa no meu computador, não mais no telefone, podendo responder aqui)
    Um grande abraço
    Eunice

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