Ano
6*** Porto Alegre ***Edição 2072
Esta
blogada vem na esteira das duas edições anteriores, onde Mario Alberto Cozzuol trouxe sólidos
argumentos contrários ao Design Inteligente, definido, também como “um
Criacionismo vestido com um smoking velho e mal feito”. Hoje quero trazer ainda
algo acerca de evolução, refletindo especialmente quando/como eu aprendi sobre
evolução. Esta reflexão é catalisada pelo agradecimento com que aprendi com o
texto do Mario.
Quando ensino algo, neste blogue que
tem a pretensão de fazer alfabetização cientifica ou em sala de aula, gosto de revisar
onde/como aprendi o que estou ensinando e, especialmente, quem me ensinou. É usual,
que fique sem respostas, salvo em casos específicos. A minha formação não foi/é
muito escolar, ou pelo menos, não de sala de aula formal. Penso que isto é
quase universal para um significativo número de profissionais, de uma maneira
mais particular daqueles que prezam uma formação continuada, e dentre estes os
professores deveriam pontear.
Assim não sei onde/quando ‘tive
aulas’ de evolucionismo, algo que me
encanta falar quando discuto a História e Filosofia da Ciência e mesmo aqui,
muitas vezes fiz assunto. É natural que não tenha no Ginásio em Montenegro 1954/57.
No científico no Julinho em Porto Alegre (1950/60), tive excelentes professores
de “História Natural” como se chamava então o ensino de Biologia. Um era exímio
desenhista que com gizes (acho que escrevo/digo esta palavra no plural pela
primeira vez) de diversas cores. Encantava-me com seus desenhos de células com núcleo
e membrana citoplasmática: todavia acredito que nunca falou que, por exemplo, o
núcleo era esférico e não a circunferência que eu enxergava. Para mim, todos
tecidos eram de espessura fílmica. Mas, acho que nunca ouvi falar em Darwin
minha escolarização anterior à Universidade. Talvez em Mendel, em um incipiente
ensino de genético.
Na UFRGS, quando da licenciatura em Química
(1962/65), com uma proposta muito disciplinar, nunca ouvi nada sobre evolução. Quando
nos anos 1960/70 fui professor de ‘cursinho’ recordo que tomava conhecimento
lateral das aulas do professor Clóvis Duarte, lendo os ‘polígrafos’ que ele
usava, com os alunos para os quais eu ensinava Química. Então, os estudos de
genética eram muito mais densos que aqueles que eu tinha aprendido.
No Mestrado (1972/74) e no Doutorado
(1991/94), ambos na UFRGS, não ouvi nada acerca de evolução. Os dois cursos
eram muito focados em Educação. Por exemplo, Marx, quando fiz mestrado no
período da ditadura, só vim a conhecer no doutorado. Meu orientador, Prof.
Laetus Veit, em suas aulas de Filosofia da Educação ensinava Marxismo.
Quando em 1993, escrevi A ciência através dos tempos estudei
bastante o tema, mas o assunto recebeu ampliação na revisão da edição de 2009. Então,
já participava, como agora, do Grupo Interdisciplinar de História e Filosofia
da Ciência na UFRGS e ali tenho dois interlocutores que têm expertise no tema:
Anna Carolina Regner, ex-aluna de Feyerabend, cuja tese de doutorado é sobre os
diários de Darwin e Aldo Melender Araujo, um eminente geneticista, que quando o
Bernardo nasceu (1968) estava no hospital entrevistando acerca de sua
especialidade e que foi quem por primeiro ouvi falar de Theodosius Dobzhansky.
Como vimos ontem neste blogue Dobzhansky,
uma pessoa muito religiosa foi um dos mais destacados proponentes da chamada Teoria Sintética da Evolução, quem
cunhou a frase celebre “Nothing in Biology makes sense except in the light of
Evolution” (Nada em Biologia tem sentido a não ser à luz da evolução). Em um momento ele e a Teoria Sintética da Evolução
serão assunto de uma blogada especial.
Mas voltando aos que
foi proposta desta edição: hoje tenho em minha biblioteca mais de uma dezena de
títulos de livros de e sobre Darwin, dentre os quais duas edições de “A Origem
das espécies”. Tenho também alguns filmes sobre Darwin. Em 2009, quando do ano
darwiniano, fiz mais de uma dezena de falas correlacionadas com obra de Darwin.
MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL, LONDRES, 2008 Concluo vibrando com as
cada vez maiores possibilidades que temos de uma Educação continuada. Embalados
pela curiosidade temos chances de ir um pouco mais além.
Caro Chassot,
ResponderExcluiracho que essa é uma regra: no ensino disciplinar os assuntos são herméticos e focados exclusivamente em determinada visão, a do professor, sobre a especificidade de sua 'matéria'. Mesmo agora, quando busco argumentos e ilustrações de outros campos disciplinares em sala de aula, fico me perguntando se não estou fugindo da 'matéria' que deveria apresentar. Essa formação disciplinar ainda está muito arraigada.
Um abraço,
Garin
Meu caro Mestre Chassot! Tambem quando ensino hoje em sala de aula, muitas vezes me pergunto onde aprendi aquilo que ensino. É muito interessante e intrigante tentar rememorar de onde saiu este conhecimento que hoje repassamos. Tambem observo que poucas coisas aprendi em sala de aula. Ou ainda, muitas delas quando me foi ensinado, talvez nao tinha a enfase ou meu interesse naquele momento. Quando citas o teu colega Clovis Duarte no IPV, creio que algumas das coisas significativas em matéria de Biologia, eu tenha aprendido com ele naquele momento. Mas tive um professor no Ensino Médio do Colegio Espirito Santo, professor Antenor de Matematica, que me ensinou a importância de ser autodidata. E talvez essa tenha sido a maior contribuiçao que recebi de um mestre. Um bom feriado. Abraço do JB
ResponderExcluirCaro Chassot,
ResponderExcluirNão tenho experiência didática a não ser seis meses que dei aulas de física e matemática num cursinho pré vestibular. No entanto, sou acurado observador de professores, os quais, na minha avaliação parcial coloco na categoria de "Bons" e "Ruins" de acordo com a capacidade de cada um de "vender o peixe" como costumo dizer. Ainda mais, sou da opinião que bons professores não são aqueles que apenas "dominam a matéria" a qual lecionam, mas sim aqueles que têm cultura geral e conseguem ilustrar e rechear suas aulas com variadas opiniões e pontos de vista discordantes. Além disso, não é nenhum pecado professores conhecerem outras áreas que não a sua, não é mesmo? Bem, essa é minha opinião meio arrevesada. Abraços didáticos, JAIR.
Prezado Mestre,
ResponderExcluiro mito da criação do gênesis marcou e ainda marca tanto as mentes de nossa sociedade que meus alunos do ensino fundamental e médio têm muita dificuldade em procurar compreender a teoria da evolução.Alguns afirmam categoricamente que são criacionistas, como se esta fosse uma teoria científica, dizem ainda "como o homem veio do macaco?".Mas, é uma luta diária e árdua, que deve começar nos primeiros anos escolares, com ensino da anatomia e fisiologia comparadas. No entanto são raros os livros didáticos que não apresentam a divisão: animais num ano, corpo humano em outro...
Abraços,
Malu.
Prezado Mestre,
ResponderExcluiro mito da criação do gênesis marcou e ainda marca tanto as mentes de nossa sociedade que meus alunos do ensino fundamental e médio têm muita dificuldade em procurar compreender a teoria da evolução.Alguns afirmam categoricamente que são criacionistas, como se esta fosse uma teoria científica, dizem ainda "como o homem veio do macaco?".Mas, é uma luta diária e árdua, que deve começar nos primeiros anos escolares, com ensino da anatomia e fisiologia comparadas. No entanto são raros os livros didáticos que não apresentam a divisão: animais num ano, corpo humano em outro...
Abraços,
Malu.
Tenho lindo muito em outro blogs sobre o "Desing Inteligente". De fato, as críticas são imensas, até para quem é cristão. Encontrei dois blogs interessantes, de cristãos filósofos, renomados em seu país, Portugal. De fato, muitos cristãos se preocupam com o "problema do desing" e sua filosofia, bem como, poderam sobre a ciência. Como o Dr. Miguel Oliveira Panão, que transcreve alguns artigos sobre o tema. Peço licença para trancrever algo que li no blog dele, pertinente a esse assunto:
ResponderExcluir"a ciência e a teologia representam diferentes campos do conhecimento, análise e interpretação. O incorrecto cruzamento destes campos tem causado confusão e controvérsias ideológicas (…). [Importa] … reconciliar o pensar “Criação” com o pensar “Evolução” sem tornar o primeiro numa teoria científica ou reduzir o segundo a um dogma. (dos objectivos da conferência) (...)
design inteligente: do ponto de vista de uma adequada teologia da criação e rigorosa ciência natural, a teoria do “design inteligente” que argumenta a necessidade de uma inserção ou intervenção de um designer em “sistemas de complexidade irredutível” é tanto má ciência, como má teologia."
Visto isso, ainda há de se ressaltar que, tanto a ciência (feita com honestidade, que penso não ser o caso de Dawkins), quanto as religião (transmitida e vivenciada com igual honestidade, penso não ser o caso de muitas "igrejas" e visões fundamentalistas), assim como a própria humanidade "evoluem" (engraçado essa palavra, retiramos aqui a do sentido biológico, para cá cultural). A própria Biblia "evoluiu" com o novo testamento, que veio dissipar inúmeras questões do velho testamento. O próprio Cristo fez as religiões da época "evoluirem", mesmo que algumas nem tenham se tornado cristãs. Sem dúvidas, a teologia tem muito a crescer com as contribuições ciêntíficas dadas a humanidade, de fato, muitos filósofos religiosos (pessoas realmente doutas e cultas, sem interesses políticos), como o caso do portugues Alfredo Dinis, colocam que não há contracenso, há aprendizagem e troca necessárias. Somente, alguem que não vive reflexões espirituais, não consegue perceber que sim, muitos dogmas religiosos, são constantemente rompidos, idéias ventiladas. Não por que existe o abandono do ensinamento de Cristo (por exemplo), mas porque existe a reflexão que tal dogma religioso (criado pelos homens) não correspondem a ensinamentos máximos, cristão nos meu caso. Então discordo do texto acima, quando ele reflete que as religiões são fechadas, isso é uma generalização precipitada, apesar de o texto ser belamente argumentativo, sem aquelas milhões de referencias que Deus é um problema para humanidade, ou ainda que religiosos são tolos, burros e preconceituosos. Nesse sentido, um texto assim, só tem a enriquecer.
As religões não serão extintas, pq esse ou aquele novo profetizador falso científico quer. Ambos buscam a verdade, religião e ciência, (os honestos) só que de forma diferente, com aspirações diferentes. O choque só existe, quando ele é propositalmente fomentado, como no caso dos ultradireitistas religiosos americanos e Dawkins (que observo claros indícios de extrema direita nele também, como a forte tendencia ao darwinismo social, o que tão tragico sociologicamente). O problema não é ser Ateu ou ser religioso, o problema é querer impor como verdade absoluta, o que é na realidade uma descoberta íntima (no caso da fé em Deus). Então, posso falar sobre minha descoberta, mas não tentar impo-la. Nem ateus, podem tentar impor sob argumentações questionáveis que crentes são ignorantes. E sim, assim como as religiões crescem com a ciência, e devem estar aberta para recebe-la, não se pode também ter na ciência a religião, posto que fé não pode caber aqui, o que deve caber é constante questionamento (por exemplo, para mim, e muitos cientistas também,e até mesmo a wikipédia, o entendimento que Dawkins dá ao gene memes é argumentativamente falacioso e deplorável, principalmente do ponto de vista ciêntífico e argumentativo, parecendo ser meramente fé).
ResponderExcluirEnfim, acho que sim, Desing Inteligente não é, nem nunca foi algo aceito por mim, pois ao que parece que o construtor é alguem que nos supre o próprio livre arbítrio, o que de fato nada contribui, nem para a ciência, nem para religião.
Em desses dois blogs, escrito por cristãos, encontrei coisas que concordo, outras não estou de acordo, tal como nesse escrito por um ateu. Mas lí algo que me fez pensar: "Não entrei argumentos científicos para ser ateu, nem teológicos para não ser cristão". Num primeiro momento, achei que casava com o que eu penso, depois refleti que não espero argumentos científicos para a minha descoberta espiritual, até mesmo porque cabalmente seriam impossíveis (apesar de muitos professarem, porém os agnósticos professam de forma, penso EU, mais adequanda, mas isso é apenas um pensamento meu). Não espero que a ciência me diga que é errado amar a Deus sobre todas as coisas e meu próximo como a mim mesmo. Não espero por isso, porque a frase assima é infinitamente dificil de cumprir, mesmo que só a sua segunda parte. E segundo, por que naqueles que "conheci" que amaram o próximo como a si mesmo, de maneira verdadeira, são meus verdadeiros ídolos, e encontro neles a verdade da vida (São Francisco de Assis, Jesus Cristo, Bezerra de Menezes, Chico Xavier, Madre Tereza...).
Quanto ao ensino de ciências e teologia, acho que há algo perfeitamente errado nos educadores e pais quando passam essas questões. Teologia não é catequeze, teologia é um ramo do conhecimento que estuda as religiões, todas. É um elemento fundamental para entender o mundo que vivemos, visto que nele, tanto a história quanto a religião existem e as pessoas que possuem um conhecimento teológico diversificado, não estão dispostas a cair nas armadilhas do mau judeu, do terrorista islâmico, do católico inquisidor, bem como não iriam cair no pensamento da ciencia pecadora, ou do ser humano genéticamente puro. Um estudo não catequizador de teologia ventila pensamentos, acho que é importante, tb para a compreensão da diversidade cultural, e derrubada de preconceitos. Mas, deve ser bem dado, assim como ciências. Me espanta essa colocações de alunos, sempre fui crente e nunca tive problemas existenciais em aprender ciências.
ResponderExcluirblogs q citei: http://companhiadosfilosofos.blogspot.com.br/search/label/ci%C3%AAncia%20e%20religi%C3%A3o
(alfredo diniz)
http://cienciareligiao.blogspot.com.br
(Miguel Panão)
Grande abraço e reverência
Eunice Gomes
Por favor, erros terriveis de digitação como "assima" devem ser ignorados! horrivel, fiquei com vergonha, mas juro que sei que é acima. heheheheh
ResponderExcluirEunice
Sei que estou monopolizando aqui, mas queria dar um testemunho de algo que me foi dado a refletir quando ensinado religião em casa.
ResponderExcluirMeu pai, quando eu era pequena, lia uma biblia para crianças para nós (assim como lia o Sítio do Pica Pau Amarelo, Guliver, e outros). Certa vez, ele leu uma passagem que relatava o encontro de um grupo com homens que não eram homens, mas assim pareciam, mas ao chegar perto não eram, pareciam "demonios". Nunca vou lembrar que passagem era essa. Fiquei assustada. Naquele exato momento, meu querido pai, explicou sobre a idade do texto bíblico, e sobre a extensa tradição oral, antes que viesse a ser escrito. E que tudo indicava para ele que se tratava do encontro de 2 duas espécies humanas diferentes. Homens que parecem homens, parecia estar-se falando de Neandertais. Só que passado pelos anos e anos de forma oral, além de ter enfatizado o possível choque que os sapien poderiam ter tido ao encontrarem neandertais (aquele grupo em especial). além disso, ele pegou um mapa e mostrou o local aproximado do evento, e na enciclopédia, vimos o Neandertal e as localizações dos achados em sitios arqueológicos.
Lembro-me que fiquei fascinada por neandertais, hahahaha, queria saber tudo sobre eles, li e tinha livros até a adolescência sobre neandertais. O ultimo foi "O colar do Neandertal". Enfim, tudo foi passado de forma histórica, geográfica, cientifica e religiosa também, e é claro, por uma pessoa inteligente, culta, honesta. Então, não houve qualquer choque, não existia o medo da "criação de adão e eva" em confronto com a teoria evolutiva. Acho que o que falta é um amplo conhecimento aos que ensinam religião e também ciências, deve-se ensinar ciência e religião junto com história e antropologia, história com teologia, política, geografia e sociologia. E todos com filosofia. Enfim, acho que o real mal do mundo é o ensino compatimentado e não instigador.
Abraço
Eunice
Muito querida Eunice,
ResponderExcluirprimeiro dizer que vibro com tua presença aqui. Não é sempre que tenho chance de responder-te, pois ando muito na corrida. De mais a mais não é fácil contestar tuas densas reflexões. Temos muitos pontos convergentes. Algumas divergências.
Eu não canonizaria, por exemplo Madre Tereza de Calcutá que passou a vida impedindo que mulheres pobres não pudessem ter a concepção como opção e não marcada pelos desígnios divinos. ~
Sempre me surpreende como tu, uma profissional da área da saúde competente e esclarecida fiques, as vezes, mais: raras vezes, tolhida por (in)decisões religiosas.
Não sei se me leste na última sexta-feira, dia 30 de março. Naquela narrativa, te vejo mais como a professora de Biologia que como a de História.
Agradeço tuas reflexões. Quero dizer que as li com atenção.
Já te disse que admiro Richard Dawkins como biólogo e escritor. Se pudesse tiraria um mês de féria e só leria as obras dele que tenho. Ele, enquanto ateu militante, me dessagra profundamente. Ele é um fundamentalista.
Saramago, dos intelectuais que mais admiro, me entristeceu profundamente em seu livro Caim, pois zombou do Deus de meus pais.
Eunice querida, obrigado por comentares aqui, conferindo prestígio a este blogue.
Um afago com saudades
attico chassot
Eunice querida,
ResponderExcluiresta postagem com a emocionante evocação de teu pai a li depois de meu comentário as postagens anteriores;
Com esta linda história paterna entendo mais a mulher co, tão densas reflexões que és.
Uma vez mais obrigado
attico chassot
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirRealmente ainda estamos presos, vivendo dentro da caverna. (de acordo com o mito da caverna).
ResponderExcluirUm abraço
Mateus
Não, não canonizaria ela também (Madre Tereza), contudo é inegável o desprendimento de sua própria vida em relação aos que pobres, talvez, a relação com a sexualidade fosse uma questão complicada, mas, embora não sendo a mesma que a minha, entendo posição dela, afinal a idéia dela era o de um casamento e somente com uma pessoa, com muito pouco sexo (diga-se). Não acho que ela tenha privado as mulheres de escolher contraconceptivos, isso por que seguir ou não seus preceitos seria uma escolha, pois não escravizava mulheres, e ter 10 e 1 filho ou nenhum é uma escolha ou uma situação. Por outro lado, poderiamos dizer que essas mulheres não receberiam ajuda dela, então deveriam se sujeitar. Contudo, se a mulher escolhesse não seguir ou receber ajuda da Madre, iria cair também na impossibilidade da contraconcepção, visto que o mundo social daquela realidade não fornece amparo estudo e medicamentos. Então, não estava nela realmente a impossibilidade da contraconcepção e sim nas realidades miseráveis produzidas por esse tão injusto mundo, que muitos ignoravam por completo, e ela deu sua vida para ajudar, acho que aí repousa a diferença.
ResponderExcluirEu não dei apenas exemplos de santos, ou de Jesus, minha visão é um pouco mais ampliada que a católica. Bezerra de Menezes eu tenho como um homem único, sua vida, sua inteligência, médico renomado, cientista com trabalhos científicos publicados, morreu muito pobre simplesmente por entender que a caridade é o caminho que todos deveríamos trilhar. Acrescentaria na minha lista, Tolstoi (que eu simplesmente adoro, tenho como um amigo querido conselheiro, separado de mim pelo tempo), Gandhi, Rabindranath Tagore, e nossa tantos outros, cristãos, não cristãos, que viam que a verdade era amar o proximo como a si proprio, mas o quao dificil é, eles pelo menos tentaram de verdade. Contudo muito dificil.
Não tenho indecisões religiosas, hehehehe, eu creio em Deus, e isso não é uma indecisão, é uma escolha livre e esclarecida. Nada realmente me forçou a isso. Meu pai é católico, acho que por tradição, pois é uma enciclopédia ambulante, sabe recitar alcorão, os Vedas, Bhaghavat Gita, e ao mesmo tempo um homem com fortes aspirações comunistas, enfim livre em suas crenças, não escravo de uma só concepção de mundo. Meu irmão é agnóstico. Eu creio em Deus e sou cristã, em sentido amplo, tb vejo verdades em outras concepções, sou livre em minha crença. É claro que fui muito influenciada pelo meu pai, mas não acho que ele tenha me tencionado em relação a crença, afinal foi com o apoio (e dinheiro) dele que cursei Biologia, Enfermagem e Direito, e conheci bem antes da escola a teoria da evolução e o proprio Darwin, tal como Marx. Quanto a passagem biblica, lembrei o que eles tinham visto aqueles outros homens, eles eram muito robustos apesar de serem mais baixos. Não seria mais belo o mundo se o conhecimento não fosse compartimentado e as escolhas fossem baseadas na amplitudes de conhecimentos, pois na vida nada se vê em separado. O nosso fundamental problema está no ensino que mostra mas não faz confrontar idéias (inteligência não seria isso? confronto de idéias a fim de criar o novo), para que a criança, quando adulta tenha reais bases, não amparadas em uma só posição compartimentada, seja teológica, seja ciêntifica, seja sociologica ou historica, mas amparada em todas elas, e poder ser realmente livre de pensamentos.
Muitíssimo brigada pelos afagos, sou realmente incisiva as vezes. As vezes mal interpretada por isso. Mas enfim, sou apaixonada por idéias... Hummm, Dawkins... que (in)decisão (hehehehe) forte ideológico do "darwinismo social", parece uma contradição pelo conheço do senhor (não estou falando de ciência, mas postura social e política)
Grande abraço
Eunice
Ola Prof. Dr. Chassot
ResponderExcluirCom essa tematica o senhor me fez recordar das aulas em que tive que apresentar a concepção evolucionista do Universo, assim como algumas ideiais sobre o processo evolucionista dos seres vivos, obviamente é natural entrar em choque com a predominancia do ingenuo pensamento idealista dogmatico de muitos de nossos alunos, cultivado muito das vezes por discursos religiosos já ultrapassados, em que as pessoas admitem a verdade do conhecimento pelo criterio da autoridade. Sou cristao e meu lado religioso basicamente anda em paz com meu lado científico, e sei que deve-se respeitar (e respeito) o posicionamento da fé de cada um, porém nosso papel é de divulgar concepção científica da natureza, e no limiar dela prórpia pode se encontrar boas razões da existencia de uma grande maestro a reger essa grande sinfonia cosmica, com isso, penso que é necessário que o professor justifique a concepção cientifica frente algumas ideias reacionárias do idealismo religioso com o que a ciência tem de mais valioso: 'os fatos e evidências' que todos esses eventos fenomenologicos deixam para a ciência investigar.
Com os melhores cumprimentos.
Marcel Bruno - Coimbra - 05.04.2012
Agora li o do dia 30. Caro amigo, por vezes referencio história e a falta de vontade em lembra-la quando as pessoas falam em religião, ou assuntos religiosos da atualidade. De fato, discordo naquele ponto sobre que as universidades devem ser ventiladas apenas por ideais científicos, acredito no ensino multiconhecimento, e que em algumas vezes devemos nos apoiar mais na ciência, outras em outros campos do conhecimento. A ciência não traz a verdade em si mesma, apenas. De fato, não sei se me leu no comentário do "não há cura para quem não está doente". Mas, a ciência da psiquiatria argumentava até 1987 que com base ciêtífica (pq no diciário de doenças mentais, diz-se formado com bases unicamente científicas) que homosexualismo era doença! depois, as bases científicas mudaram, mas o incosiente de muitas pessoas ficou a doença, caso fosse só a base "religiosa" seria tratado apenas como pecado, certo? Então, ciência sem a abordagem histórico, política e sociológica fica sensível a levar-se por poderes não cientificos. O quanto os cientista já não rechaçaram cientistas pois alguns mudariam estruturas de poder sólidas do "mundo científico". E porteriormente veio a ser observar que a nova teoria estava correta! Podemos falar aqui também do aquecimento global, que possuem cientistas financiados por empresas petrolíferas, encontrando dados científicos. Dessa forma, as verdades cientificas são em inumeros casos também tendencionadas, é preciso calma, é preciso argumentar quais os valores políticos que reguardam tal questão, para ser possivel identificar a idoniedade da ciencia também! O mundo não é compartimentado, a ciencia não está imune ao contágios fatais dos proprios homens. Quanto a historiadora, ela também não está imune ao contágio de suas proprias crenças. Em fato, tudo pode ser tendencionado! É preciso muito cuidado, não existe um cientista puro ou historiador puro. Em direito isso é muito debatido em relação a hermeneutica, as questões íntimas dos julgadores, qual o modo hermeneutico mais válido, mas em nenhum é possivel tirar o elemento humano. E somos todos homens! É preciso argumentar sim, com todos os campos do conhecimento humano. A ciencia não é pura pq sofre a influencia do homem e todas as suas contradições, incluso a vaidade.
ResponderExcluirDesta feita, quanto mais a ciencia, ou melhor, os cientistas argumentarem suas posições mais próximo de uma pureza cientifica se alcançará. Não existe pureza cientifica criada por homens, mas pode se chegar mais próximo da verdade se for debatida por vários campos do conhecimento humano.
ResponderExcluirEu sempre caio no Dawkins, nesse ponto eu me refiro, ele tem aspirações fortemente de direita e graves inclinações ao darwinismo social, além de não reconhecer em outros campos da vida e do conhecimento humano alguma sabedoria (penso q de forma intencional). Não tem-se como separar o homem: agora serei só cientista e produzirei a ciencia pura descobrindo verdades, da pessoa com as inclinações preconceituosas e fundamentalistas, além de aspirações de extrema direita. Não há como não contaminar, e chegar a pureza cientifica. Vejo na ciencia dele essas aspirações, o que joga para longe a proximidade da verdade. Somente, se ele fosse uma pessoa com extremo debate em outros campos de conhecimento, poderia chegar mais próximo. Principalmente, por que ele não produz apenas ciencia em seus livros, se a pessoa não consegue ver o conteúdo social e político, bem como ideológico, está fadada ao engano (penso eu). Não estamos falando de uma ciencia matemática, estamos falando de teorias de criação do universo e da vida. Mesmo q com big bag, nada cresce do nada, nada explode do nada, isso está muito mais para a filosofia que a matemática (a mais proxima da pureza). Então, o rechaço dele a outros conhecimentos e posturas tão extremadas são inexoravelmente encontradas na ciencia que diz produzir. Não há como separar o homem do cientista, o contágio do homem refletirá na abordagem filosófica da sua ciencia. E pretensamente, ele coloca sua ciencia com algo puro, mas não é! Não tem como ser, diante de interesses tão fortes e de posições tão extremas! Não há como vender uma pureza científica, somente se alcançariamos se muito debate e reflexões de diversas áreas. Mas isso demoraria muito, muitos achados demorariam, mas veja ele é um cientista teórico, não experimental. Então, a demora é necessária, para não se alcançar o sofisma em vez da verdade. Juro que por hoje deu de escrever! hahahahahahha Sou apaixonada por idéias, não adianta, hj vou dormir pensando nessas coisas.
Bjus
Eunice