Ano
6*** Porto Alegre ***Edição 2071
Esta edição apresenta a segunda parte do texto do paleontólogo argentino Mario Alberto Cozzuol, professor e
pesquisador do Departamento de Zoologia da UFMG. Aos leitores que não tiveram o
privilégio de acompanhar a edição de ontem, há uma recomendação: conheçam a
primeira parte deste texto, logo a seguir na edição 2070 (anterior).
Ontem, no ‘alerta
ao blogue’ diário que faço no Facebook escrevia: A edição desta segunda-feira traz um assunto
polêmico: DESIGN INTELIGENTE. ¿É uma maneira de mascarar o criacionismo ou é ‘uma
outra leitura’ do evolucionismo? Espero que nesta segunda parte ampliem-se
esclarecimentos. Adito votos de frutuosas reflexões acerca do DESIGN
INTELIGENTE que admite que "certas características do universo e dos
seres vivos são mais bem explicadas por uma causa inteligente, e não por um
processo não-direcionado como a seleção natural".
Assim, o “sobrenatural”
não pode fazer parte de uma explicação cientifica. Não tem lugar no método
cientifico, o qual não começou, como Eberlin afirma, no século XIX, mas na alta
Idade Media, e nada menos que da mão de um monge franciscano. A invocação do
sobrenatural para explicar fenômenos naturais viola o principio na Navalha de
Occam alem de, obviamente, não ser passível de ser testada. Ou seja, o DI não
pode ser visto como Ciência sob qualquer concepção possível da mesma.
Sempre achei admirável que Charles Darwin, em A Origem das Espécies, constantemente apresentava pistas sobre como a hipótese que estava propondo poderia ser refutada. Um nível de honestidade e coragem intelectual difícil de ser encontrado, tanto então como hoje em dia. Não é possível encontrar esse tipo de atitude em qualquer das publicações e propostas do Design Inteligente, possivelmente porque eles sabem bem que não passariam pelo teste. Trata-se de uma crença com fundamentação religiosa, não de ciência.
A admissão de que na ciência nada pode ser provado ou demonstrado (doem meus ouvidos só de lembrar o discurso de Crivela) pode parecer uma fraqueza ou fragilidade aos apressados, desinformados ou mal intencionados. De fato, os proponentes das diversas formas de criacionismo, o DI detre eles, usam esse argumento repetidamente, na absurda pretensão de demonstrar a superioridade da sua própria proposta. Muito pelo contrario, a suposta fragilidade é, na verdade, a própria fortaleza do método, que por sua provisoriedade permite sua constante revisão, correção e permanente aperfeiçoamento. Os “métodos” baseados no sobrenatural não permitem isso. Eles baseiam-se em revelações, ou pressupostos inquestionáveis, imutáveis. Não existe possibilidade de revisão ou discussão, de crescimento. Tudo esta "escrito", mas esta de fato, morto.
Esclareço, enfaticamente, que isto não pretende ser um ataque à religiosidade. Eu não sou religioso hoje, mas já o fui. Católico praticante. Nunca acreditei e ainda não acredito que exista necessariamente conflito entre religiosidade e ciência, menos ainda que um cientista deva ser necessariamente ateu. Eu não sou ateu. Não porque acredite que de fato exista um ser superior, mas apenas porque do mesmo modo que não posso afirmar que tal ser exista, não posso negar a sua existência. Apenas não sei, ponto final. Chamem-me de agnostico, se preferirem. No fundo, para ser ateu é necessária tanta fé como pare ser crente.
Vários cientistas viveram religiosidades ativas. Tal vez o exemplo mais notáveis seja Theodosius Dobzhansky (http://en.wikipedia.org/wiki/Theodosius_Dobzhansky), católico praticante e um dos mais destacados proponentes da chamada Teoria Sintética da Evolução, e quem cunhou a frase celebre “Nothing in Biology makes sense except in the light of Evolution” (Nada em Biologia tem sentido a não ser à luz da evolução).
Mas o que vejo no avanço do criacionismo, o Design Inteligente entre suas muitas formas, é um retrocesso brutal, uma tentativa anacrônica e perigosa de controle sobre a liberdade de pensamento necessária não apenas para a ciência, mas ao espírito humano, que tem o dever de questionar abertamente tudo. É a imposição de um tipo de fundamentalismo que pouco difere, em essência, dos que conhecemos no Oriente próximo. Faz parte de um corpo difuso e muito atuante de ameaças de invasões à laicidade do Estado e a liberdade de pensar.
Um fundamentalismo que nem sempre esta ligado à religião no sentido estrito do termo. É o mesmo tipo de fundamentalismo que ditaduras ideológicas de direita, esquerda o qualquer signo impõem, impedindo o dissenso do qual, normalmente, se utilizaram para aceder ao poder, disfarçando-se de campeões da liberdade, como Khomeini o fez para obter ajuda dos governos ocidentais para tomar o poder no Irã, apenas para fecha-lo depois.
Mas, como, em pleno século XXI, rodeados de todas as evidências de que o processo científico, com todas suas falhas, funciona e quando esses avanços já foram desmascarados até nos tribunais do pais onde se originaram (ver acima), pode isso estar acontecendo?
Pois bem, em grande parte é nossa culpa, entanto que professores e formadores. O que tem permitido este avanço é, no meu entender, a substituição nos currículos escolares do tempo dedicado às práticas que “ensinam a pensar” por disciplinas que despejam conteúdos, sob a justificativa de que a quantidade de conhecimento é muito grande e é necessário leva-lo aos alunos. Isso vale tanto para a escola básica, fundamental tanto como para a universidade, na graduação e na pós-graduação.
Na universidade fazemos de nossos alunos “pesquisadores mecânicos”, que aprendem a operar instrumentos, a conduzir análises, mas que não realmente entendem o que estão fazendo. Parece que a ciência pode ser feita como "andar de bicicleta", sem pensar muito, enquanto você siga os seus “reflexos” e “treinamento”. É claro que isso é falso! Pensar criticamente é condicio sine qua non, não apenas para fazer ciência, mas para ser um cidadão consciente e participativo.
É necessário trocar um pouco do tempo dedicado ao conteúdo, que por outro lado muda constantemente, a favor de “aprender a pensar”. Isso não se consegue apenas introduzindo disciplinas como filosofia ou epistemologia no currículo, mas com a prática do pensamento crítico, estimulando seu uso em cada aspecto do processo de aprendizado. O que aparentemente pode ser considerado o sacrifício de certos conteúdos, será, a meu ver, um ganho que permitirá o “aprender a pensar”.
Da mais trabalho, é claro. Precisamos nos mesmos, professores, aprender a lidar com o questionamento e com o dissenso dos nossos alunos, que nem sempre será correto e nem justificado, mas mesmo assim parte do seu (e nosso) crescimento. Assim não só contribuiremos com que nossos alunos sejam melhores cientistas, mas, principalmente, melhores pessoas, as que não permitirão que o poder seja usurpado por aqueles que querem apenas seu voto, seu dinheiro e, sobre tudo, sua liberdade.
Sempre achei admirável que Charles Darwin, em A Origem das Espécies, constantemente apresentava pistas sobre como a hipótese que estava propondo poderia ser refutada. Um nível de honestidade e coragem intelectual difícil de ser encontrado, tanto então como hoje em dia. Não é possível encontrar esse tipo de atitude em qualquer das publicações e propostas do Design Inteligente, possivelmente porque eles sabem bem que não passariam pelo teste. Trata-se de uma crença com fundamentação religiosa, não de ciência.
A admissão de que na ciência nada pode ser provado ou demonstrado (doem meus ouvidos só de lembrar o discurso de Crivela) pode parecer uma fraqueza ou fragilidade aos apressados, desinformados ou mal intencionados. De fato, os proponentes das diversas formas de criacionismo, o DI detre eles, usam esse argumento repetidamente, na absurda pretensão de demonstrar a superioridade da sua própria proposta. Muito pelo contrario, a suposta fragilidade é, na verdade, a própria fortaleza do método, que por sua provisoriedade permite sua constante revisão, correção e permanente aperfeiçoamento. Os “métodos” baseados no sobrenatural não permitem isso. Eles baseiam-se em revelações, ou pressupostos inquestionáveis, imutáveis. Não existe possibilidade de revisão ou discussão, de crescimento. Tudo esta "escrito", mas esta de fato, morto.
Esclareço, enfaticamente, que isto não pretende ser um ataque à religiosidade. Eu não sou religioso hoje, mas já o fui. Católico praticante. Nunca acreditei e ainda não acredito que exista necessariamente conflito entre religiosidade e ciência, menos ainda que um cientista deva ser necessariamente ateu. Eu não sou ateu. Não porque acredite que de fato exista um ser superior, mas apenas porque do mesmo modo que não posso afirmar que tal ser exista, não posso negar a sua existência. Apenas não sei, ponto final. Chamem-me de agnostico, se preferirem. No fundo, para ser ateu é necessária tanta fé como pare ser crente.
Vários cientistas viveram religiosidades ativas. Tal vez o exemplo mais notáveis seja Theodosius Dobzhansky (http://en.wikipedia.org/wiki/Theodosius_Dobzhansky), católico praticante e um dos mais destacados proponentes da chamada Teoria Sintética da Evolução, e quem cunhou a frase celebre “Nothing in Biology makes sense except in the light of Evolution” (Nada em Biologia tem sentido a não ser à luz da evolução).
Mas o que vejo no avanço do criacionismo, o Design Inteligente entre suas muitas formas, é um retrocesso brutal, uma tentativa anacrônica e perigosa de controle sobre a liberdade de pensamento necessária não apenas para a ciência, mas ao espírito humano, que tem o dever de questionar abertamente tudo. É a imposição de um tipo de fundamentalismo que pouco difere, em essência, dos que conhecemos no Oriente próximo. Faz parte de um corpo difuso e muito atuante de ameaças de invasões à laicidade do Estado e a liberdade de pensar.
Um fundamentalismo que nem sempre esta ligado à religião no sentido estrito do termo. É o mesmo tipo de fundamentalismo que ditaduras ideológicas de direita, esquerda o qualquer signo impõem, impedindo o dissenso do qual, normalmente, se utilizaram para aceder ao poder, disfarçando-se de campeões da liberdade, como Khomeini o fez para obter ajuda dos governos ocidentais para tomar o poder no Irã, apenas para fecha-lo depois.
Mas, como, em pleno século XXI, rodeados de todas as evidências de que o processo científico, com todas suas falhas, funciona e quando esses avanços já foram desmascarados até nos tribunais do pais onde se originaram (ver acima), pode isso estar acontecendo?
Pois bem, em grande parte é nossa culpa, entanto que professores e formadores. O que tem permitido este avanço é, no meu entender, a substituição nos currículos escolares do tempo dedicado às práticas que “ensinam a pensar” por disciplinas que despejam conteúdos, sob a justificativa de que a quantidade de conhecimento é muito grande e é necessário leva-lo aos alunos. Isso vale tanto para a escola básica, fundamental tanto como para a universidade, na graduação e na pós-graduação.
Na universidade fazemos de nossos alunos “pesquisadores mecânicos”, que aprendem a operar instrumentos, a conduzir análises, mas que não realmente entendem o que estão fazendo. Parece que a ciência pode ser feita como "andar de bicicleta", sem pensar muito, enquanto você siga os seus “reflexos” e “treinamento”. É claro que isso é falso! Pensar criticamente é condicio sine qua non, não apenas para fazer ciência, mas para ser um cidadão consciente e participativo.
É necessário trocar um pouco do tempo dedicado ao conteúdo, que por outro lado muda constantemente, a favor de “aprender a pensar”. Isso não se consegue apenas introduzindo disciplinas como filosofia ou epistemologia no currículo, mas com a prática do pensamento crítico, estimulando seu uso em cada aspecto do processo de aprendizado. O que aparentemente pode ser considerado o sacrifício de certos conteúdos, será, a meu ver, um ganho que permitirá o “aprender a pensar”.
Da mais trabalho, é claro. Precisamos nos mesmos, professores, aprender a lidar com o questionamento e com o dissenso dos nossos alunos, que nem sempre será correto e nem justificado, mas mesmo assim parte do seu (e nosso) crescimento. Assim não só contribuiremos com que nossos alunos sejam melhores cientistas, mas, principalmente, melhores pessoas, as que não permitirão que o poder seja usurpado por aqueles que querem apenas seu voto, seu dinheiro e, sobre tudo, sua liberdade.
Salve Chassot,
ResponderExcluirantes de mais nada parabéns ao Dr. Cozzuol pelo excelente texto.
Concordo que o Design inteligente nada mais é do que uma maneira mais "científica" de vestir o Criacionismo. O ensino de Biologia e Ciências afins deve ser livre de influências extra-científicas, sempre baseando-se no conhecimento construído sobre evidências.
Acrescente-se que na Evolução as transformações ocorrem no sentido simples => complexo. Ademais, pressupor que algo ou alguém moldou as formas dos seres vivos deixa em aberto uma questão: quem forjou o designer? Certa vez, um grande amigo, católico e entendedor de Biologia, disse-me: "Qual é o conflito? Deus só deu o start, e depois a Evolução fez um "takeover"..." Me parece bastante lúcida esta opção. Ou, melhor ainda, por que não deixar a Biologia com suas verdades e as religiões com as suas? Por que esta "querência" de supremacia uma sobre as outras? Muito cansativo isso....
Concluo com a frase lapidar do cômico e genial Dawkins:
"O design inteligente é o Criacionismo vestido com um smoking velho".
Caro Chassot,
ResponderExcluirEssas tolices DI e quetais cansam minha beleza, não sei mais o que dizer desses Trivelas da vida. Vou repetir aqui o que já escrevi a respeito da estultice que permeiaa mente dos criacionistas e os criacionistas disfarçados que pregam O DI:
"Os criacionistas, em sua grande maioria, são cristãos fundamentalistas cuja premissa principal é a interpretação literal da Bíblia e a crença na sua infalibilidade. Decorre daí que, a bobajada criacionista, frente às robustas e avassaladoras provas que o evolucionismo apresenta, acabou cindindo-se em várias frentes, algumas menos intransigentes que outras, mas todas dogmáticas, ou seja, é assim, porque assim é, não há necessidade de explicar os fenômenos. Lembrando que dogma é: “Ponto fundamental e incontestável de uma doutrina religiosa, apresentado como certo e indiscutível, cuja verdade se espera que as pessoas aceitem sem questionar”. Os criacionistas mais radicais, aqueles que acreditam na verdade literal da bíblia como George Bush, por exemplo, ainda são maioria, mas há outras “escolas”, por assim dizer".
"os fundamentalismos cristãos e muçulmanos contestam a geologia e a evolução, acreditam no criacionismo e descrêem nas evidências geológicas que provam a origem antiga da vida no Planeta; as religiões místicas habitam uma fronteira entre ciência e superstição; a astrologia desfruta de tanto prestígio que é difícil de entender o porquê. Esses bolsões que se espraiam pela população são um desafio constante para a ciência. Não é impossível que algum deles venha emergir num futuro não discernível, com elementos de verdade, por enquanto inacessíveis à ciência, pois, como sabemos, a ciência é dinâmica, evolui sempre e não se furta em admitir novas ideias e proposições e aceitá-las como fatos depois de provadas. De qualquer forma, esses movimentos anticientíficos representam no presente um obstáculo para a aceitação espontânea da boa ciência. Mas, o crescimento desta desde o século dezoito até o momento, e a aceitação cada vez mais ampla de suas descobertas, permanece como seu maior trunfo com relação às “crenças” infundadas.Não é estultice supor que no futuro, mais e mais a ciência irá se impondo e deixando menos espaço para a superstição e o misticismo que se arvoram em explicadores de fenômenos os quais não compreendem ao invés de se aterem apenas ao seu departamento: a fé"
Caro Chassot,
ResponderExcluiressa discussão é longa e há, como visto no texto e nos comentários, argumentos fortes (e alguns apaixonados) de parte a parte. Entretanto, é mister colocar na discussão o fato de que a cultura (que inclui a religião, as divindades, os mistérios etc.) faz parte da maneira como o ser humano organiza a realidade (e o mundo) em sua mente. A defesa exacerbada de uma posição ou de outra, também está dentro deste caldo de cultura absolutamente dependente do contexto. Criacionistas (ou DIs) e evolucionistas são parte integrante da aventura fantástica que é o existir humano. Qualquer intransigência representa falta de maturidade. Não acredito que isso seja simplismo. Entendo que sempre há construções e demandas que nos ocupam mais ou menos nesta ou naquela época. Mesmo que seja rotulado de fenomenologista, não há como fugir ao fato de que estamos todos tentando organizar o caos em nosso refletir.
Um abraço,
Garin
Para maiores informações de primeira sobre o que é a Teoria do Design Inteligente vide:
ResponderExcluirhttp://www.discovery.org/csc
http://www.intelligentdesign.org
Para saber dos estertores da atual teoria da evolução - Síntese Evolutiva Moderna - no contexto de justificação teórica, e que virá uma nova teoria geral da evolução - Síntese Evolutiva Ampliada - que devido à montanha de evidências negativas contra os principais fundamentos teóricos evolucionistas, não será selecionista e deverá incorporar aspectos lamarckistas, vide blog http://pos-darwinista.blogspot.com
Esta nova teoria da evolução deverá ser anunciada em 2020. A ciência abomina o vazio epistemológico. Sob qual referencial epistêmico está sendo feita a ciência normal???
Mas os links do Sr. Enézio só entram em páginas criacionistas! Vi que este Discovery Institute patrocina várias crenças criacionistas da terra nova e antiga, inclusive esta seita do Design Inteligente (D.I.). Imagino que deve financiar também as atividades do Sr. Enézio.
ResponderExcluirSou um mero estudante de Ciências Biológicas, mas pelo que entendo e tenho estudado, a incorporação de aspectos lamarckistas já vem sendo discutida pela Ciência há algum tempo e não é uma questão anti-evolutiva, mas uma possível influência de mecanismos de herança não mendelianos no processo.
A grande diferença com o D.I. é que esta discussão sobre "lamarckismo" não é baseada em sobrenatural... li um material distribuído pelo Sr. Enézio e um químico chamado Dr. Eberlin... nunca vi tanta fé e obscurantismo misturado com o que eles acham equivocadamente que é ciência e Evolução Biológica.
Basta ler o que o Sr Enézio escreve, "montanha de evidências negativas" e esquece as "cordilheiras de evidências claras" para a evolução por seleção natural... mas claro, não há nenhuma evidença científica negativa nem positiva para o D.I., como também não tem para macumba, olho-gordo ... afinal de contas, crença é crença, sobrenatural é sobrenatural, ciência não é nada disso.
Victor S. Santos
(ainda) Não sou religioso. 2
ResponderExcluirPor que em "Deus, um Delírio", Richard Dawkins admite um universo eterno (big bang + big crunch em ciclos sem origem e fim), mas pergunta "quem criou Deus?" (se Ele existe, não teve origem nem fim). Ridiculariza a ideia de um Ser que "controlaria", com enorme esforço, o equilíbrio das estruturas atômicas e não percebe que não faz o menor esforço racional para controlar as reações químicas, elétricas etc., ou mesmo o batimento cardíaco (algo perceptível) em seu próprio corpo. Tive que ouvi-lo dizer que a vida (da Terra) deve (ou pode) ter sido criada (em laboratório) por uma civilização alienígena e disseminada pelo universo (??) - Ficou louco. Ou ao menos demonstra uma fé um tanto quanto esquisita para quem ele se diz (e vende) ser.
Mudando de pau para cavaco: é fácil conjecturar a respeito de como o rio Colorado formou o Gran Cânion (em milhões e milhões de anos), difícil é explicar como ele lapidou o Monument Valley e sumiu com estratos geológicos intermediários do Cânion, equivalentes a "30 milhões" de anos. É no mínimo engraçado que a série “Como Nasceu Nosso Planeta”, do History Channel, atribui apenas 12 mil anos aos Grandes Lagos, no único estudo empírico de toda a série (há 200 anos um gênio colocou um marco para medir o recuo das cataratas do Niágara), enquanto atribui (estimando, com um cronometro que não "zera", não é hermético e nem preciso) milhões de anos a outros fenômenos geológicos. Não deixa de ser fé.
Pensei que ser livre e ter espírito crítico era poder discutir as falhas epistemológicas do darwinismo e, escolher eu mesmo, se entendo TDI como ciência, como algo verossímil ou fictício, e, claro, fora da sala de aula. Dentro dela, devemos manter o espírito defendido por Mario Cozzuol: permitir o debate e parar de afirmar que evolução é um fato enquanto não virmos uma espécie dar origem naturalmente a outra espécie (diferente em fenótipo e genótipo) que subsista independentemente da primeira e não possa reproduzir com ela. Enquanto isso, quero entender como uma teoria que seleciona, dentre vários, apenas UM, pode explicar toda a biodiversidade. Isso é involução e não evolução.
É só retórica, tudo bem, mas ainda não encontrei a cordilheira, gostaria de ajuda.
No mais, por favor, alguém responda "What is Life?" e como seu primeiro exemplar (na Terra ou fora dela) não morreu, respirou, se adaptou ao meio e reproduziu sem informação complexa previamente codificada para tal.
Forte abraço,
fiquem com Deus.
Enézio acho que o vazio se encontra no seu caráter:
ResponderExcluirO vazio de honestidade, para com os outros e consigo mesmo.
No mais o Victor S. Santos já disse tudo