Ano
6*** Porto Alegre ***Edição 2069
Um domingo
para inaugurar abril. Estamos começando o segundo trimestre de um ano que há 91
dias era celebrado como ‘o ano novo’. Dele passou já a quarta parte. Não vou
repetir aqui a assertiva já tão citada: “Tempus
fugit!” e nos parece que a contagem comandada por Cairós está cada vez mais
acelerada do que aquela controlada pelo intolerante Cronos.
Nos três últimas
domingueiras fruíram-se floradas: em 11 de março, uma efêmera floração de
cactos; no dia 18, vimos perenes strelitzias floridas; e no último domingo as
flores foram metafóricas: os netos trazendo dulçores ao avonar. Hoje, o momento
é botânico, uma vez mais.
Sendo hoje
domingo de Ramos, talvez algum leitor imaginasse que o assunto fosse Cicas, que nesta data são levadas às
igrejas católicas para serem benzidas. Recordo de minha infância: bastava
trovejar e se invocava Santa Bárbara e queimava-se palma benta. Não tivesse com
a pauta que segue, Cicas seriam um
bom assunto, até porque tenho um irmão e um sobrinho — Pedro Paulo e Emerson —
que são produtores de Cicas e Palmeiras
em Porto Alegre, como pode ser visto em www.cycasepalmeiras.com.br Já fica
uma promessa para uma futura domingueira.
Mas o tema
de hoje é mais exótico. Fui presenteado com uma nepentes.
Provavelmente — e vou apelar para uma afirmação do senso comum que usualmente
crítico —: 90% dos meus leitores não sabem o que é meu presente. Pois, é uma
planta; mas, até acolhê-la na Morada dos Afagos a desconhecia totalmente. Os
dicionários o não a referem ou são parcimoniosos,
Nepentes
ou Nepenthes é da família das
nepentáceas, que reúne 82 espécies arbustivas. Nepentáceas é uma
família de plantas carnívoras. O grupo é monotípico e conta apenas com um
gênero: Nepenthes, que ocorre nos trópicos do Velho Mundo, também no sul da
China, Indonésia e Filipinas, Malásia, Madagascar, Ilhas Seychelles, Austrália,
Nova Caledónia, Índia e Sri Lanka.
Sim, pela
primeira vez tenho uma planta carnívora. Algo que conhecia só de ilustrações. Confesso
que me fiz surpreso ante ao inusitado e já fiz várias descobertas.
Pois a
minha Nepentes corresponde ao que ensina a
Wikipédia: “As plantas desta família possuem na ponta de suas folhas estruturas
semelhantes a jarros, sendo na verdade continuações da própria folha
modificadas, com as bordas do limbo unidas formando uma ânfora. Sobre a
abertura desta ânfora encontra-se uma estrutura semelhante a uma
"tampa", normalmente colorida, servindo de proteção estática para que
a armadilha não se encharque. Isso faz com que apenas uma porção de líquido
encontre-se em seu interior, e é neste líquido que insetos, aranhas, e mesmo
pequenos pássaros ficam presos ao escorregarem para dentro do tubo — atraídos
pelas cores e pelos odores segregados pelas glândulas situadas na base da tampa”.
“Uma
parede cerosa, com pelos no interior da folha voltados para baixo evitam que, a
presa, uma vez dentro, possa sair; ali é
digerida. Esta família possui os maiores espécimes de plantas carnívoras, e tem
a forma de uma trepadeira”.
Uma
curiosidade: Em setembro de 2006, no Jardim Botânico de Lyon, na França, uma Nepenthes truncata foi fotografada com o
cadáver de um rato em decomposição. Este incidente é o primeiro registro de um
mamífero a ser preso em jarros de N. truncata.
Sou muito
grato ao meu colega e amigo Prof. Guy Barros Barcellos que me presenteou uma
Nepentes na celebração de seu mestrado, que narrei aqui no dia 23 de março.
Ainda não posso dizer que vi diminuído os mosquitos, usualmente invasores indesejados.
Para
encerrar um anúncio, que é quase um presente: amanhã, aqui: Design Inteligente: Evolucionismo ou Criacionismo? Permito-me dizer chegar, amanhã a uma ‘Estação leitura’ neste blogue vai valer a
pena. É a primeira vez, em quase seis anos deste blogue faço semelhante
convite.
Adito votos de um bom domingo (que não evoco como DIA DA MENTIRA / aos que creem uma abençoada Semana Santa / um excelente abril!
Adito votos de um bom domingo (que não evoco como DIA DA MENTIRA / aos que creem uma abençoada Semana Santa / um excelente abril!
Caro Chassot,
ResponderExcluirantes de mais nada uma recomendação: fica de longe quando fores 'jardinar' a tua nepentes, por via das dúvidas não se deve correr riscos. A tua postagem de amanhã, se não for uma pegadinha, será muito bem vinda, em tempos nos quais se armam verdadeiros embates nos EUA sobre o tema.
Bom Domingo de Ramos!
Garin
Caro Chassot,
ResponderExcluirMuito bonita a tua Nepentes, a qual não necessariamente carnívora, mas, como tantas outras, é insetívora. Se algum camundongo foi digerida por um indivíduo dessa espécie deve ter sido por acidente. No jardim botânico no Rio de Janeiro existem algumas dessas plantas que são muito interessantes. Abraços e curta tua nepentes neste belo domingo que estou vende de minha janela aqui em Recife, JAIR.
Caro Mestre Chassot...
ResponderExcluirPostagem maravilhosa, precisamos retomar o tempo comandado por Cairós. Aguardo ancioso a postagem de amanhã.
Otimo domingo e um abraço enviado pelo Kayros.
Ave Chassot,
ResponderExcluirque alegria ver teu entusiasmo com a Nepentes. São realmente fascinantes! Pensar quais processos evolutivos moldaram esta maravilha biológica é assombroso. A irmã da tua Nep está sendo cuidada com carinho também, pelos curadores do Museu da Natureza (e seu curador mor)...
Adorei a blogada. By the way, achei formidável a charge do Millôr e Deus de ontem, pegou bem a ironia genial que o homenageado exsudava.
Abraços nepentáceos,
Guy.
Caro Attico,
ResponderExcluirbem vindo ao mundo das plantas carnívoras. Atenção às ânforas que ressecam, o que ocorre algumas vezes.
Abraços,
PAULO MARCELO
Meu caro Paulo Marcelo,
ResponderExcluiralguma recomendação especial com as ânforas secas? Tenho várias.
Uma semana santa
attico chassot
Attico,
ResponderExcluirencontrei este blog interessante: http://nepentheiros.blogspot.com.br/
Ao perceber que com o ressecamento dos ascícios (nome correto das "ânforas") as folhas começavam a ressecar também, fiz a poda das ressecadas. Apesar disso, não sei se foi o melhor procedimento - carece de referências.
Abraços,
PAULO MARCELO
Ascídios*
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