Ano
6*** www.professorchassot.pro.br ***Edição 2084
Talvez a
palavra que mais tenha estado presente nos ouvidos/corações brasileiros na semana que
passou foi: anencefalia. Para muitos de nós não é uma palavra do cotidiano.
Vale
recorrer a um dicionário: Anencefalia:
[Teratologia] Malformação que consiste na
ausência de cérebro ou de parte dele. Talvez a área de estudos que se envolve com a
anencefalia não seja de domínio de alguns: Teratologia: Parte da
História Natural ou da Medicina que trata dos monstros, das formas excepcionais
dos seres; estudo das malformações [Priberam].
Reconheço
ser uma dicionarização dolorosa, mas é a dura realidade. O gerado em gravidezes
de anencéfalos (que às vezes levam até meses a mais, que os naturais noves
meses de uma gestação humana) quando levadas a termo são literalmente monstros,
que não ‘sobrevivem’ mais do que algumas horas.
Na quarta
e quinta feiras, podemos acompanhar voto a voto o julgamento no STF (Supremo
Tribunal Federal). 8 X 2 foi um resultado que para muitos de nós foi motivo de
vibração pois vimos se fazer uma merecida justiça: autorizar a mãe, que
sabidamente está gerando uma feto sem cérebro, o direito de suspender a
gestação. A foto é de
Brasília, durante o julgamento.
Não sou
médico nem teólogo, mas a decisão do STF foi em defesa da vida da mãe e da saúde
mental desta e de toda a sua família. Não é justo violentar uma mulher e obrigá-la
a submeter a completarem-se os dias para expelir (não cabe dizer: dar a luz) um
ser que biologicamente falando não tem chances de viver.
Por tudo
isso, parece que a presidência da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil) ao divulgar na sexta-feira uma nota em que "lamenta
profundamente" a decisão do STF violou o mandamento maior do cristianismo:
que vos ameis uns aos outros. Ela
publicamente pecou por desamor.
"Legalizar
o aborto de fetos com anencefalia, erroneamente diagnosticados como mortos
cerebrais, é descartar um ser humano frágil e indefeso. A ética que proíbe a
eliminação de um ser humano inocente não aceita exceções" diz a CNBB. Isto
é falacioso
Como
também me parece um sofisma existir uma ‘Associação dos juízes católicos’ cujo
presidente estava em programa de rádio criticando o STF. Não parece racional
que a justiça tenha adjetivos que possam maculá-la.
Uma muito
boa semana e que esta inicie com uma segunda-feira venturosa a cada uma e cada um.
Até amanhã.
Caro Chassot,
ResponderExcluirPois é, a CNBB perdeu uma ótima oportunidade de ficar calada. Cada vez mais os religiosos e as religiões querem tirar deste a país a condição de estado laico. Não quero viver num país fundamentalista, os exemplos de estados que adotam essas posições estão aí para vermos. Que a CNBB fique sabendo que o Talibã também é contra aborto no caso de anencefalia. Abraços, laicos, JAIR.
Caro Chassot,
ResponderExcluireu sou teólogo cristão e como tal estou de acordo com o voto do STF. É a mãe quem deve decidir se continua ou não a gestação. Também concordo que juiz não tem cor religiosa: quem pode ter religião, partido, time etc. é o cidadão, circunstancialmente investido na função de juíz.
Um abraço,
Garin
Imagine, se a cada cidadão religiosos fosse oferecido um julgamento próprio!
ResponderExcluirNo domingo de tarde, em deparei com um típica procissão católica, e entre os fiéis, um rapazinho segurava um cartaz: "O ABORTO É A PASSAGEM PARA A CONDENAÇÃO ETERNA". Fiz uma cara de assombro, e pensei alto: "a igreja ainda condenando".
Boa semana!
Ave Chassot,
ResponderExcluirse a mãe for cristã (ou de outra religião que repudie o aborto) e quiser seguir seus princípios tudo bem. Sua opção é soberana.
Da mesma maneira que se esta mãe não quiser gerir em seu ventre um filho que irá, quase indubitavelmente, morrer, sua opção continua soberana.
Nem o estado nem ninguém deve interferir na vida das pessoas. Esta mania de algumas organizações desejarem chancelar e conduzir a vida das pessoas é nefasta e desumana. Quem duvidar que pegue um livro de história.
Abraço,
Prof. Nepenthes