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sábado, 7 de abril de 2012

07.- PARA VENCER PRECONCEITOS



Ano 6*** Porto Alegre ***Edição 2075
Vivemos uma semana muito especial. Mesmo que adjetivada de ‘santa’ nesta semana, neste sábado de aleluia, se cometia [com otimismo usei o tempo verbal no passado] as maiores discriminações e atos de violência. Refiro-me à ‘malhação de judas’.
Esta semana pontificou neste blogue tema que envolveu posições marcadas por fundamentalismos. É de ressaltar a visibilidade e repercussões que tiveram as edições de segunda e terça feiras acerca de ‘Design Inteligente’ (dia 3, os acessos superaram a 200) e os 18 comentários na edição de quarta-feira, onde destaco as densas reflexões de alguns leitores, especialmente aquelas polêmicas e criteriosas de Eunice Gomes.
Está justificada a dica de leitura escolhida para hoje. Já seu título justifica a escolha para um sábado (de aleluia) que já foi marcado por preconceitos, estimulado por uma igreja que nos ofícios de trevas, na sexta-feira santa rezava ‘pela conversão dos pérfidos judeus’.


DREHER, Martin Para entender o fundamentalismo. São Leopoldo: Editora UNISINOS, 2002, 12,5 x 18,5 cm, 90p, Coleção Aldus ISBN: 85-7431-097-2 //São Leopoldo: Editora SINODAL, 200x, 12 x 17 cm, 96p, ISBN 85-233-815-6.
 Uma preliminar: Refiro duas editoras: na Editora Unisinos, este livro foi o livro um da coleção Aldus, a mesma aonde A Ciência é masculina? É, sim senhora! é o 16. Não o encontrei mais no catálogo desta editora. Localizei livro homônimo, e tudo me leva crer que seja o mesmo texto, na Editora Sinodal [www.editorasinodal.com.br], cuja capa reproduzo. Não há referência ao ano de edição.
Martin Norberto Dreher, nascido em Montenegro em 1945, de quem fui colega e amigo por muitos anos, quando éramos professores na Unisinos, assim se apresenta na página da Editora Sinodal:
"Nasci num 10 de novembro. Meu pai conseguiu que eu fosse registrado Martin, além de Norberto. Afinal, argumentou, era esse o nome do reformador, também nascido em 10 de novembro. A data e a escolha marcaram-me. Também estava cercado por nuvem de testemunhas. Um de meus avós fora missionário na Armênia turca; seu sogro, pastor da diáspora luterana de São Paulo e Mato Grosso. A esposa desse criara o primeiro grupo de OASE [Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas] no Brasil; sua irmã tornou-se diaconisa... Quase natural, estudei Teologia... A história familiar me fez perguntar pela história luterana no Brasil...Também estudei a história da imigração na América Latina. Família, pesquisa, ensino e pregação me são importantes..."
No livro Sete escritos sobre Educação e Ciências, entre outras originalidades, há uma sessão chamada Alexandríola – diminutivo carinhoso de Alexandria – é formada por micro resenhas de alguns dos livros citados ao correr dos capítulos, que aparecem com a indicação&. Parece que os livros destacados para a Alexandríola merecem mais que uma simples citação na bibliografia e por isso ganham essa expansão nas informações sobre os mesmos. Esta sessão quer, pretensiosamente atiçar a cada uma e cada um para ampliar leituras. E aqui já um aperitivo: mesmo sendo este um livro de não ficção, na sessão que aqui se preliba, as obras ficcionais também estarão muito presentes, até porque elas são as grandes facilitadoras em nosso processo de construção do conhecimento, especialmente no nosso continuado aprendizado na arte das escrituras.
Entre as mais de três dezenas de livros que estão na Alexandríola, a dica deste sábado especial, está apresentada assim:
Neste livro, o leitor encontrará resposta para as dúvidas que hoje carregamos sobre o chamado fundamentalismo religioso. O Professor e pastor luterano Martin Dreher nos oferece, em linguagem acessível, dados esclarecedores sobre o fundamentalismo ao longo dos tempos. Assim conhecemos os Pietistas e ilustrados do Século das Luzes, as transformações religiosas e a teologia do século 19 e os fundamentalismos do século 20, ainda presentes, alguns, no século 21.
Dreher mostra que "(...) todos somos fundamentalistas, pois todos necessitamos de fundamentais, de fundamentos, de alicerces para a nossa existência, e quem desistir deles estará desistindo de si mesmo." Mostra o quanto o "A temática do fundamentalismo voltou a ser atual após os acontecimentos de 11 de setembro de 2001 (...). Fundamentalistas islâmicos foram acusados de ser os autores do atentado." Por outro lado aprendemos no texto o quanto essa posturas tem antecedentes bastantes distantes em nossas histórias como quando o Professor Dreher nos lembra que "O maniqueísmo, do olho por olho e dente por dente, deixa o mundo cego, sem olhos, e desdentado." Também no sumarento texto somos lembrados que os fundamentalismos não são apenas das religiões ou da Ciência pois "Da Revolução Francesa brotou o fenômeno do nacionalismo. Povos dedicaram-se e devotaram-se a uma luta de vida e morte por suas pátrias: ...ou ficar a pátria livre, ou morrer pelo Brasil." Esse livro parece a cada dia mais necessário pois contribui para que entendamos melhor os tempos que vivemos.

8 comentários:

  1. Caro Chassot,
    O fundamentalismo, como tantos outros "ismos" que permeiam nossas culturas é uma praga que deve ser combatida com todas as armas sob o risco te vermos fogueiras crepitarem nas praças públicas incinerando corpos e mentes em não conformidade com as correntes dominantes. Aliás, o embate entre Bush (fundamentalista cristão) e Sadam (fundamentalista islâmico) é um bom exemplo de até onde pode chegar a intolerância regrada a ignorância. Vou ler o livro supra citado, pois sempre é melhor sabre que ignorar. Abraços livrescos, JAIR.

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  2. Prezado Chassot
    Sou um admirador dos escritos do Prof. Martin Dreher. Tenho alguns títulos dele que adquiri ainda quando estava cursando o Mestrado na Unisinos. Mas o que mais me marcou com relação ao Professor Dreher foi um curso de extensão que realizei em 2005 sob a coordenaçao dele. Fiz inclusive um comentário que foi publicado no Jornal da Unisinos (http://www.juonline.com.br/index.php/opiniao/22.11.2005/um-passeio-estilo-greco-romano), sobre uma aula ao ar livre que tivemos no encerramento do curso. Algo inesquecivel. Um bom final de semana. Abraços JB.

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  3. Muito querido Jairo,
    fui ler teu texto de 2005 e eis que me levas a Montenegro de minha infância, adolescência e da inauguração de minha vida profissional.
    Viajei contigo ao interior do município. Novas evocações: fiz campanha política para um candidato a deputado estadual. Não se elegeu, mas eu elegi uma namorada, que só não durou, pois para minha mãe era complicado ter um filho namorando uma luterana (ou, uma protestante, como dizíamos).
    Obrigado por neste sábado de aleluia me fazeres retroceder de meio século.
    Foi/é muito gostoso.
    Com votos de alegria pascais

    attico chassot

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  4. Caro Chassot,
    parece que as nossas postagens de hoje foram um tanto coincidentes; o Martin, meu conhecido da EST nos traz a noção de que os fundamentalismos representam a contradição da visão a partir da diversidade. Ter um olhar inclusivo é contrário ao fundamentalismo, uma prática radical e nociva em qualquer época ou circunstância.
    Um abraço,

    Garin

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  5. Caro amigo,
    Mais uma vez, honrada em ser creditada no texto acima. Contudo, tenho que destacar alguns pontos do texto acima. Acredito que muito se fala em fundamentalismo hoje, mas acredito também que a grande parte das vez não falamos realmente de fundamentalismo, e sim de algo muito mais conplexo que pessoas que possuem um só livro sagrado (pode ser alcorão, biblia, teoria das espécies)e de interpretado de forma duvidosa. Quando se fala em islã e terrorismo eu sempre fico um pouco revoltada, pois não observo as coisas como a maioria das pessoas observa. Na realidade, vejo que as religiões são apenas usadas de forma a desculpar e fomentar sentimentos contraditórios nas pessoas, em relação a guerras notoriamente de um conjunto de países contra um norte comercial qualquer. Na prática, tudo que observo sobre "querras religiosas" no mundo de hoje, em absoluto, nada possuem de religiosas, são apenas políticas e em conquista ora de mercado, ora de meios de produção, em voga o petróleo. Podemos ressaltar que a imensa maioria das pessoas são e pensam de acordo com o que a televisão mostra, alguns jornais ordinários, e muita propaganda. Infelizmente, consumimos também ideologias escusórias, e como as pessoas também não se interessam sobre se milhões morrem em outros lugares do mundo, as mesmas são assimiladas até com certo agradecimento.
    De fato, é necessário ter-se desculpas e alguém para odiar, para que não sejam evidenciados os reais personagens e motivos. George Orwell, em 1984, coloca de forma bem simples o que vemos hoje, lá tinhamos o dia e o minuto do ódio, e as pessoas gritavam e odiavam imagens de um certo "traidor". Todos odiavam e vociveravam, sem ao menos saber direito pq. Apenas estava na frente daquele que a propaganda repetidamente dizia que era o mal. Mas será preciso ter aquele elemento que será culpado como o grande mal, ontem judeus e ciganos, na Alemanha Nazista, hoje, os árabes, mais especificamente os islâmicos. Quando se fala em islâmicos, todas as pessoas, em nossos tempos, associam duas palavras: fundamentalista e terrorista. Pronto, existe quem odiar, e existe as "razões" para isso, claro que auxiliado por continuas propaganda sobre quem são esses que "a comunidade internacional" chama de islamicos. Sim, é bom lembrar que, quando falamos "comunidade internacional" estamos nos referindo a um grupo de países, grande maioria ocidentais, pertencentes ao conselho de segurança da ONU.

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  6. De fato, é esquecido, conforme ressalta Noam Chomsky, que os EUA, através da CIA, com medo da expanção da URSS, formou um grupo de 100 mil homens mercenários, de posturas das mais radicias conhecidas. Além de forma-los, deu o suporte logistico e sim, muito, mas muito armamento para derrubar o governo afegão na década de 80. É exatamente de lá que saiu o Bin Laden e outros. É claro que as coisas fugiram ao controle do planejado inicial. (11 de Setembro, Noam Chomsky, um dos maiores historiadores da atualidade, para que não exista aqueles que digam que é visão parcial e anti anericana, ele é americano e judeu).
    Enfim, o temos de fundamentalismo hoje mesmo? Acredito que fundamentalismos são apenas estratégias que controle de massas, veja no filme "Um taxi para a escuridão", podemos acompanhar o fundamentalisto dos soldados americanos que não conseguem pensar por suas próprias cabeças, e reproduzem de forma trágica o que foi passado ( http://www.youtube.com/view_play_list?p=56BD41FA066156B2 ). Levando a práticas das mais indignas (filme, oscar de documentário em 2008, supreendentemente).
    Visto isso, não, infelizmente discordo que somos todos fundamentalistas. Posso garantir que não sou. Apensar das interpretações que possam ser contrárias. Creio em Deus, em absoluto não tenho problema nenhum em respeitar a escolha de um ateu. Porém, minha inteligencia racional, diz que "darwinismo social", escancarado em Dawkins, não é algo passível de ser introjetado, pelo menos em minha concepção de mundo. Veja, adoro o Stephen Hawking, para mim um verdadeiro cientista teórico, que antes era agnóstico e agora ateu. Seus livros, em contraposição ao do Dawkins, apresentam ciência, com certa abordagem historico científico, são difíceis, mas aproxima o leigo de uma história do universo de forma UNICAMENTE cientifica, a contaposição, é, pelo menos o que eu li, do Dawkins, é o conteúdo ideológico, não ciência, ou a ciencia para justificar um conteúdo ideológico, as 10 primeiras páginas do livro que li, não possuíam conteúdo científico apenas ideológico. E o drama disso é que ideólogo afastará de plano aquilo que não corroborar com a sua ideologia, mesmo que seja algo científico. De fato, vejo hoje duas correntes para justificar o mundo que temos, e podermos viver nele. Primeira, o "fundamentalismo religoso" que só o é para a massa da população que o compra, mas realmente apenas vende que uns são e tem mais direitos que outros, os maus. A segunda, o "darwinismo social" aquele que explica inequidades sociais e a extrema maldade como algo intríseco, provavelmente impossível de lutar contra, e o egosísmo social, que em outros aspectos coloca que uns também são mais merecedores, visto que mais aptos. Não seria um belo livro, o gene egoísta, para justificar, em ultima análise, a idéia de winers e losers?
    Kkkkkkk, querido amigo, um grande abraço, e mais uma vez, muito honrada em poder participar aqui e ser criticada, valorizada, polemizada, enfim, obrigada pelo carinho, atenção, e pelo diálogo.
    Deixo um pensamento, de George Orwell, do 1984:
    "Quem controla o passado, controla o futuro; quem controla o presente, controla o passado."

    Eunice Gomes

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  7. Em tempo, o hino da independência. Acho que seria melhor ter posto a propaganda dos governos militares "Brasil: ame-o, ou deixe-o", sem dúvidas, "fundamentalista, mas apenas como pano de fundo para justificar uma política perversa da ditadura militar. Assim, como a "marcha da família, com Deus, pela liberdade", manifesto de extrema direita contras as reformas de base de Jango, apenas os tolos acreditavam que exista Deus ou liberdade, e até proteção da família. Foi um sucesso, mas apenas um propaganda para justificar ascenssão militar para "libertar o país" da ameaça comunista. Antes era comunismo, né? hoje, terrorismo, mas tudo para justificar políticas, apenas política.
    Bjus
    Eunice

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  8. Desculpe, mais uma vez, querido amigo, mas pensei e entendi o que o autor quis dizer como: somos todos fundamentalistas. No sentido que todos temos fundamentos, argumentação e pensamento sob fundamentos de idéias, nesse sentido poderia concordar. Entretanto, o termo "fundamentalismo" perdeu-se nesse sentido, e é empregado muito mais para dizer que o individuo fundamenta-se em u, em só argumento, o argumento único, não fundamentos distintos correlacionados. Por consequencia, nem eu, nem o senhor podemos ser fundamentalistas, visto que não somos amparados pelo argumento único. nem a fé em Deus, nem o ateísmo, poderiam ser empregados para tanto, uma vez que, tenho certeza que o senhor não ampara todas as idéias de sua mente no ateísmo, nem eu em minha fé. A ampla gama de conhecimentos nos leva, ou a ter fé, ou não, e não a fé que leva ao conhecimento, acredito em nosso caso. É claro, que em muitas outras pessoas não.
    Abraços (viste que já ganhou beijos, abraços e agradecimentos, heheheheh, estamos fechado todo o tipo de reverencias afetivas aqui, e de forma muito merecida)
    Eunice

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