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sábado, 13 de março de 2010

13* Universo deselegante

Porto Alegre Ano 4 # 1318

Esta é a primeira blogada sabatina pós Escandinávia. Nos três sábados brancos (um em Ålborg, o segundo em Copenhagen e o terceiro em Estocolmo) quebrou-se aqui uma tradição que está quase fazendo um ano. Preciso explicar aos novos leitores que se juntaram mais recentemente – e tenho que agradecer, pois nos últimos dias alegra-me registrar um aumento significativo de leitores – que aos sábados é usual aqui uma dica de leitura.

Nas primeiras sabatinas de 2010 trouxe algumas sumarentas leituras feitas no recesso natalino e em janeiro e no começo de fevereiro. Assim janeiro começou com a tríade de Maximo Górki, que muito me emocionou dia 2, Infância e no dia 9, Ganhando Meu Pão e 16, Minhas Universidades. No dia 23 foi Indignação de Philip Roth; janeiro encerrou com Cenas da vida na Aldeia de Amós Oz. A propósito quando estive no domingo passado no Museu do Prêmio Nobel, no imponente edifício da Academia Sueca de Ciências em Estocolmo deveria ter dito o que registrei aqui no dia 30 de janeiro: tanto Oz como Roth têm estado sempre em listas de cotado para o Nobel de literatura. Se eu fosse eleitor, Amós Oz teria meu voto com louvor e com muita precedência a Roth. Nos dois primeiros sábados de fevereiro as dicas foram Manual da Paixão Solitária de Moacyr Scliar e Uma Breve História do Mundo do professor Geoffrey Blainey. Assim está prestada uma homenagem aos meus queridos neo-leitores trazendo a eles uma recuperação das resenhas de 2010, com a indicação do que foi assuntado em cada um dos sete primeiros sábados.

Se estas sete resenhas foram das leituras semanais, hoje, mesmo que tenha no domingo e segunda-feira passados acumulado 28 horas de viagens com muito tempo de leitura não tenho ‘o livro da semana’ para comentar. Também não vou sacar de meu fundo de resenhas que publiquei no extinto Leia Livro. Trago como sugestão um livro que será lançado dia 18. O autor já teve mais de um livro resenhados aqui e vários de seus artigos comentados ou transcritos aqui.

A Folha de S. Paulo de ontem tem chamada no alto da primeira página: “Novo livro de Gleiser vê ‘monoteísmo’ na Ciência. Em ‘A criação imperfeita’, colunista da Folha afirma que a Física foi iludida pela estética da simetria”.

Além desta chamada de capa o principal jornal brasileiro dedica a capa da Ilustrada e mais uma página inteira deste mesmo caderno ao novo livro.

Eis a notícia que certamente causará um frison entre os físicos:

A tentativa da física de explicar toda a natureza com um único conjunto de regras é a encarnação científica do monoteísmo. Essa é a tese que o físico Marcelo Gleiser – professor do Dartmouth College, de New Hampshire (EUA), e colunista da Folha – defende agora.
Em seu novo livro, "A Criação Imperfeita" (Ed. Record), ele explica por que acredita que fenômenos físicos em desequilíbrio revelam mais coisas sobre a origem do Universo do que as leis simétricas que sábios constroem para descrever o mundo desde a Grécia Antiga. Invertendo a máxima do poeta Vinicius de Moraes, Gleiser diz que "beleza não é fundamental" e que a elegante matemática que vem sendo usada para unificar a física não consegue ser mais do que metafísica.
O físico Marcelo Gleiser apoia as mãos em um painel no planetário do Rio
.

O principal ataque do brasileiro é contra as teorias que tentam unir a relatividade de Einstein com a física quântica. Essa empreitada, considerada hoje o Santo Graal da ciência, uniria todas as forças da natureza (gravidade, eletromagnetismo e as forças nucleares) numa única explicação. O esforço para tal reúne desde físicos de partículas até cosmólogos.
Contudo, a chamada teoria das supercordas – a principal candidata ao cálice sagrado – existe há décadas sem conseguir propor um experimento que possa testá-la. No livro, Gleiser explica por que acha que os físicos estão apostando fichas demais numa linha de pesquisa ao assumir de antemão que há uma essência única subjacente a toda a realidade.
A criatividade na ciência, é claro, depende de uma certa liberdade de especulação, mas Gleiser nega estar tolhendo isso. Seu argumento é mais uma espécie de reverência à criatividade da natureza. Com seu talento narrativo, ele conta como gregos, renascentistas e físicos quânticos foram driblados pela realidade, uma vez após outra, sempre que acreditavam estar perto da "teoria final" capaz de explicar a essência de tudo.

Não é preciso fazer grandes especulações. Teremos em ‘A criação imperfeita’ bons assuntos para próximas blogadas. Foi bom ter trazido esse livro que está aflorando para essa sabatina. Penso que temos na notícia um excelente acepipe, – dicionarizado como tipo delicado de alimento, em pequenas porções servidas como aperitivo. Ou como diz um dicionário de português não brasileiro: simplesmente como guloseima ou pitéu. Aguardemos no livro o prato principal.

Já que estou gastronômico apenso como sobremesa um convite que está na minha agenda para esta tarde. Leitores de Porto Alegre e vizinhanças são convidados. Um muito bom sábado, que seja fruído na gostosa expectativa do domingo.

8 comentários:

  1. Muy querido Profesor Chassot,
    Recuerdo que durante la semana comentó que el 13 de Marzo de 1961 fue el día que se estrenó como profesor. Por tanto, si mis cuentas no son erradas, hoy es día de entrada al jubileo de sus 50 años como maestro. ¡Felicidades!!!!! y que tenga un lindo fin de semana. Matilde

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  2. Estimada lectora Matilde,
    no solamente es buena en las matemáticas y tienes una memoria que evoca as cosas escritas aquí, mas te haces muy gentil en traer cumplimento ese maestro de escuela que realmente hoy empieza un año jubilar rumo a la celebración de 50 años como profesor en 13 de marzo de 2011.
    Deseo que para ti en tú Ecuador tan lejano tengas también un muy fruido fin de semana con tus familiares.
    Un afago reconocido do
    attico chassot

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  3. Já fiquei curiosa com o livro!
    =]
    É um assunto que sempre me desperta a atenção!
    Um calmo e abençoado final de semana ao senhor e sua família!

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  4. E aaahh!!!Me esqueci...gostaria de pedir um favor ao senhor...na verdade uma opinião, ok?!
    Está tudo aqui:
    http://quimilokos.blogspot.com/2010/03/quimilokos-agora-tambem-e-site.html
    Desde já agradeço.
    []'s

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  5. Muito querida colega Thaiza,
    é muito bom visitar teu blogue, que já em julho de 2008 – no Encontro Nacional de Ensino de Química na UFPR, em Curitiba – orgulhosamente referi como um dos mais reconhecidos artefatos culturais para fazer alfabetização científica no Brasil. Fiquei surpreso com número de visitantes (inclusive com o número de países) especialmente se comparo com o meu. Mas o que mais me encantou são as tessituras com teus alunos e alunas. Parabéns,
    Com continuada admiração
    attico chassot

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  6. Estimada colega Thaiza,
    estamos com muitas interrogações acerca deste livro. Como disse há de causar frison nessa Ciência que se quer sempre tão comportada.
    Agradeço e retribuo teus votos de um fruído domingo.
    Um afago com carinho
    attico chassot

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  7. Mestre Chassot, primeiramente desejo-lhe os parabéns, já que hoje completam-se cinquenta anos desde sua primeira aula. São bodas douradas de um casamento com a educação, e devem ser comemoradas.

    Quanto ao livro de Gleiser, acredito que será algo envolvente, pois trata da história da ciência, que é algo que em muito nos agrada.

    Ótimo dia.

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  8. Meu caro Marcos,
    obrigado pelos votos por esse 13 de março.
    Só uma retificação. Vivo o 50º ano de magistério. A data jubilar será dentro de um ano em 13MAR2011.
    Realmente o livro do Marcelo Gleiser gera expectativas.
    Um excelente domingo para ti
    attico chassot

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