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sexta-feira, 5 de março de 2010

05* Adeus à Dinamarca

Ålborg

Ano 4

# 1310



Hoje esta edição tem duas bandeiras nórdicas. Estamos nos despedindo da Dinamarca rumo a Suécia. Deixaremos em breve Ålborg – que tem temperatura de 12 graus negativos – para viajar a Copenhagen e da capital dinamarquesa vamos a Estocolmo, para o fim de semana de despedida. Por percalços na compra de passagens faremos hoje os dois trechos em separados. Para mim há uma dupla despedida. Encerro três semanas fabulosas na Escandinávia e me despeço da Gelsa que retorna ainda por uma semana à Ålborg e depois fica uma semana em atividades acadêmicas em Paris e outra em Berlin.

Da quinta-feira teria extensos relatos a fazer a cerca das homenagens s a Paola Valero. Mas a eminência de uma viagem ainda nesta madrugada me impede. Resumo três momentos do dia que AAU tributou merecida homenagem a sua mais jovem Professor.

A aula magna para um auditório pleno e atento, onde destaco algo quase trivial aqui. Os horários marcados para início e fim (14h e 15h) foram rigorosamente cumpridos. Nas reflexões trazidas pela nova Professor ela definiu trajetória, levantou interrogações e acenou para pesquisas que a envolvem. A fala foi saudade com efusivos aplausos. O segundo momento foi uma recepção oferecida pelo Department of Education, Learning and Philosophy onde houve a fala inicial da Chefe do Departamento destacando a carreira da Paola e o brinde com espumantes; seguiram-se diferentes manifestações de ex-professores , ex-alunos e de pesquisadores da área da Educação Matemática, entre elas a da Gelsa. O terceiro movimento da celebração foi uma jantar especial, para cerca de 20 pessoas – a maioria das quais convivemos nestas três semanas – na casa da homenageada onde houve a fala da Paola dirigindo-se com muito carinho a cada uma e cada um dos presentes. Já passava das 22 h quando chegávamos à residência para minha última noite em Ålborg.

As duas bandeiras que estão encimando essa postagem me ensejam a homenagear dois nomes da História da Ciência de cada um dos dois países. Claro que aa escolhas de apenas dois nomes foi exigente.

Em duas oportunidades, desde que estou na Dinamarca, citei Tycho Brahe. Isso não foi sem razão por tratar-se, talvez, do primeiro nome nórdico – e por muitos séculos o único –da História ocidental. Tycho Brahe (14 de dezembro de 1546, castelo Knutstorp, Skåne - 24 de outubro de 1601, Praga) foi um astrônomo dinamarquês. Teve um observatório chamado Uranienborg na ilha de Ven, no Öresund, entre a Dinamarca e a Suécia. Esse estreito á aquele que referi ontem contado de minha viagem entre Copenhagen – Malmö – Copenhagen. Logo ele não chegou a conhecer a Torre Redonda, que referi aqui no domingo, pois está é de 1642, mas é nela homenageado não apenas com um busto a direita da porta de entrada, mas também com amostras de objetos que ele usou.

Tycho morreu em 24 de outubro de 1601, onze dias depois de ficar muito doente durante um banquete. Ele permaneceu doente por onze dias e consta que teria dito a Kepler: "Ne frustra vixisse videar!", "Não me deixe parecer ter vivido em vão". Por centenas de anos, a crença geral foi que ele teria morrido de um problema na bexiga. Foi dito que ele teria evitado de sair do banquete antes do fim, por boas maneiras, e que teria estressado sua bexiga ao limite, desenvolvendo uma infecção que o matou. Esta teoria foi apoiada pelo relato de Kepler.

Investigações recentes sugerem que Tycho morreu não de problemas urinários, mas de envenenamento por mercúrio: níveis extremamente tóxicos foram encontrados em seus cabelos e na raiz dos cabelos. Tycho pode ter se envenenado tomando medicamentos contendo impurezas não-intencionais de cloreto de mercúrio, ou pode ter sido envenenado. De acordo com um livro de 2005 de Joshua Gilder e Anne-Lee Gilder, há evidências substanciais de que Kepler assassinou Brahe; eles argumentam que Kepler tinha os meios, motivos, e oportunidade, e roubou os dados de Tycho com sua morte. De acordo com os Gilders, seria improvável que Tycho tivesse se envenenado, uma vez que ele era um alquimista conhecido por ser familiarizado com a toxidade dos diferentes compostos de mercúrio.

Quanto ao nome sueco trago uma referência especial. Há um livro “O oxigênio” editado no Brasil, depois de já ser sucesso em mais de uma dezena de idiomas, de autoria de dois cientistas de renome internacional: Roald Hoffman – prêmio Nobel de Química por suas descobertas sobre cinética das reações químicas e Carl Djerassi – detentor de duas medalhas estadunidense de Ciência e Tecnologia pela descoberta da pílula anticoncepcional. Oxigênio é uma peça de teatro que alterna situações ambientadas em 1777 e 2001 acerca de quem seria o real descobridor do Oxigênio: o químico francês Lavoisier ou o farmacêutico sueco Scheele ou o pastor inglês Priestley. A edição brasileira da Editora Vieira & Lent tem uma primorosa tradução de Juergen Maar.

Pois é deste sueco, um dos nomes maiores quando a Química se faz Ciência que quero trazer algo, que estará sendo lido pela minha meia grosa de leitores, quando talvez já esteja na Suécia. Assim agora algo Carl Wilhelm Scheele.

Carl Wilhelm Scheele (Stralsund, 9 de dezembro de 1742 — Köping, 21 de maio de 1786) foi um químico farmacêutico de origem sueca.

Nasceu em Stralsund, na Pomerânia, (hoje Alemanha, na época uma província sueca). Foi o descobridor de muitas substâncias químicas, tendo descoberto o oxigênio antes de Joseph Priestley.

Scheele trabalhou como farmacêutico em Estocolmo, de 1770 até 1775 em Uppsala, posteriormente em Köping, também na Suécia. Seus estudos levaram-no à descoberta do oxigênio e nitrogênio entre 1772-1773, cujo trabalho publicou no seu livro "Chemische Abhandlung von der Luft und dem Feuer" ( "Tratado Químico sobre Ar e Fogo" ) em 1777, perdendo parte da fama para Joseph Priestley, que descobriu independentemente o oxigênio em 1774.

Scheele descobriu também outros elementos químicos, tais como bário (1774), cloro (1774), manganês (1774), molibdênio (1778) e o tungstênio (1781), assim como diversos compostos químicos, incluindo o ácido nítrico, o glicerol e o cianeto de hidrogênio (também conhecido como ácido prússico). Além disso, descobriu um processo semelhante à pasteurização.

Como muitos químicos da sua época, Scheele frequentemente trabalhou sob condições difíceis e perigosas, que explica a sua morte prematura. Que, curiosamente, foi devida a queda de um vidro contendo solução de ácido cianídrico (HCN), substância que ele mesmo descobriu e que ainda hoje é usada para casos de pena de morte nos Estados Unidos.

Com a expectativa de que a sexta-feira seja muito boa, aceno com a expectativa de amanhã nos lermos de Estocolmo. E partimos agora para o frio.

2 comentários:

  1. Mestre Chassot, seu blogue sempre serve para nos ensinar alguma coisa. Hoje, aprendi algo sobre Scheele e suas descobertas elementais.

    Que o retorno ao Brasil seja agradável, mesmo nos cada vez mais desconfortáveis vôos internacionais. Desejo sucesso e boa sorte a Gelsa, em sua continuada empreitada dinamarquesa e nas futuras investidas francesas e alemãs.

    Ótimo dia.

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  2. Meu caro Marcos,
    primeiro obrigado por teus sempre continuados e oportunos comentários. Scheele foi um químico excepcional. Li na madrugada sabatina teus votos â Gelsa. Agora vou preparar a blogada de hoje, que como nos sábados anteriores não terá dica de leitura, mas referira as emoções propostas por Descartes aqui.
    Um bom sábado
    attico chassot

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