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segunda-feira, 1 de março de 2010

02* No dia mais significativo destas três semanas escandinavas

Ålborg Ano 4 # 1307

Aqui já é terça-feira, 2 de março, o 17º dos 23 dias desta viagem. A madrugada é fria, com temperatura de vinco graus negativos. Entre os diferentes momentos de participação da vida acadêmica da AAU, este penso ser um dos mais ‘complicados’. Vou falar, esta manhã, para estudantes que pretendem ser professoras e professores do Ensino Fundamental. Isso não é trivial mesmo em português. Ocorre que vou falar em inglês (e o meu é muito pobre) e serei traduzido para o dinamarquês por uma professora que não fala uma palavra em português ou em qualquer língua latina. Uma situação quase surrealista. O único ponto positivo é que tenho a apresentação de Power Point em inglês.

Para excomungar meu natural nervosismo, faço apenas uma blogada ligada a algo do cotidiano. E ela é catalisada por meu amigo escritor José Carneiro, um leitor muito assíduo deste blogue desde Belém do Pará.

Eis excertos de sua mensagem: [...] Depois de três dias ausente de Belém e sem chance de acesso aos blogs, acabei de atualizar a leitura do seu, "puro gelo". Os relatos, como sempre, estão excelentes e nos dão uma perfeita visão do que é (sobre) viver numa terra gelada. [...] Fora o salmão no café, que outra comida merece citação nesse seu périplo gelado? [...] Dou-me conta que falei muito pouco em comidas dinamarquesas. Almoçamos quase sempre no Restaurante Universitário da AAU. Ali há um bufete onde predominam saladas e grãos. Há usualmente pescados e massas. Sendo o salmão usual em restaurante universitário, de preços muito acessíveis (em torno de 40 KKD o quilo (algo como 16,00). Em Copenhagen os bufetes mais simples custavam pelo menos três vezes mais. Há aqui uma preocupação com comida ecológica ou dita saudável.

Quanto ao salmão no café da manhã, isso não é um prato usual. Ocorre que o hotel onde estávamos é muito frequentado por orientais (incluindo tripulações de companhias ) daí porque ele apresenta para o desjejum uma ilha de pratos mais ao gosto destes hóspedes. Explico porque todas as manhãs comi salmão. Mas eis o que respondi para o José Carneiro: [...] Quanto à comida, a minha preferida aqui é hering, preparado em conserva [...]. Quando voltava da Universidade pensei que minha resposta era simplista e não imaginei que ele pudesse associar o hering aos dois peixinhos, que é marca de uma das maiores indústrias têxteis fundadas em Blumenau por dois irmãos de sobrenome Hering.

Em dinamarquês ‘hering’ é ‘sild’ ou seja compramos muitos vidros com ‘sild’ em diferentes molhos. Sild é o que conhecemos por arenque. Hering é o nome em alemão e em inglês. Vou a Wikipédia que me ajuda, uma vez mais.

Arenques são pequenos peixes gordurosos (a gordura está dispersa por toda a carne e pele) do gênero Clupea encontrados nas águas temperadas e rasas do Atlântico Norte, do Mar Báltico, do Pacífico Norte e do Mediterrâneo.

Há 15 espécies de arenque, a mais abundante é a do arenque do Atlântico, Clupea harengus. Os arenques se deslocam em grandes cardumes, chegando na primavera às costas da Europa e da América do Norte onde eles são capturados, salgados e defumados em grandes quantidades. As latas de "sardinhas" vendidas em supermercados podem, na verdade, ser de espécies de arenques pequenos.

Na Holanda, o arenque tem desempenhado um papel importante no desenvolvimento econômico e histórico do país desde antes do século 16.

O arenque é muito rico em ácidos graxos ômega 3, ácido eicosapentaenóico e ácido docosahexanóico. Ele é fonte de vitamina D. Ele tem também baixa taxa de toxinas bifenil policlorados, dioxinas e mercúrio.

O arenque do Báltico excede ligeiramente os limites recomendados em relação à dioxina. Contudo, os benefícios à saúde provenientes dos ácidos graxos são mais importantes que o risco teórico da dioxina.

O arenque em conserva é um prato muito popular na Europa e foi um alimento básico da culinária judaica. A maioria dos arenques secos utiliza um duplo processo de desidratação em duas etapas. Inicialmente, o arenque é salgado para a retirada da água. A segunda etapa envolve a retirada do sal e a adição de temperos, tipicamente uma solução de vinagre, sal e açúcar além de ingredientes como pimenta-do-reino, folhas de louro e cebola crua.

Na Escandinávia, quando o processo de conserva está terminado e dependendo do tempero que foi utilizado, ele geralmente é consumido com pão preto, torradas, ou batatas. Este prato é típico do Natal e nas Festividades do Verão onde é consumido acompanhado de bebidas destiladas.

Na Idade Média os neerlandeses desenvolveram um tratamento especial do arenque conhecido em inglês como soused herring.

As conservas de arenque são também comuns na culinária asquenaze (judeus da Europa Central e Oriental), talvez mais conhecida pela salada forshmak.

O arenque em conserva pode também ser encontrado na culinária de Hokkaidō no Japão, onde as famílias reservam grandes quantidades para passar o inverno.

A palavra Rollmops, emprestada do alemão, refere-se ao filé enrolado de arenque em conserva (daí o seu nome) em uma forma cilíndrica em torno de um pedaço de pepino ou uma cebola. Na Suécia, o arenque do Báltico é fermentado para se fazer o surströmming.

Um prato típico neerlandês é o arenque cru (Hollandse Nieuwe). Ele é normalmente servido com cebola crua. O Hollandse nieuwe está apenas disponível na primavera, quando é realizada a primeira pesca sazonal do arenque. Isto é comemorado em festivais tais como o Festival do Arenque de Vlaardingen. Os arenques frescos são congelados e adicionados conservantes para durarem o ano todo.

Assim espero ter respondido melhor para meu querido amigo José Carneiro. Se meus leitores estivessem mais perto os convidaria para nessa terça-feira celebrar comigo a passagem dessa fala. Comeríamos hering (que o editor do Word insiste que eu escreve com maiúscula em homenagem à malharia) ou sild ou arenque. Amanhã conto algo da fala de hoje.

6 comentários:

  1. Caro amigo prof. Chassot:
    Acabo de ler, nesta madrugada tropical (nada de gelo, nada de frio) a inserção do meu comentário no blogue, que ensejou a postagem desta terça feira. Fico gratificado. E curioso com as condições de sua palestra, em inglês sem dominio a ser traduzido por quem nada sabe, por exemplo, de português. Espero que haja uma blogada só sobre este evento que, independente da língua (e da tradução), será certamente um sucesso.
    Grande abraço

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  2. Muito querido amigo José Carneiro,
    realmente foste o catalisador da blogada de hoje. Estou chegando do University College Nordjylland. Tudo conspirou a favor: na rua neve e sol como não havia visto antes. Internamente uma equipadíssima Escola como NE em sonhos imaginara. A palestra foi muito bem aceita e acompanhada com interrogações. Só lamento que uma vez houvesse havido semitas que tivesse tentado fazer uma Torre em Babel e Jeová tenha sido tão duro.
    Tua sugestão para o blogue de amanhã está aceita.
    Com agradecimentos
    attico chassot
    NOVO ENDEREÇO

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  3. Querido Chassot,
    Te desejo uma excelente continuada estadia neste lugar muito lindo.
    Aprendi um pouco sobre o arenque.
    Saudades!!!!

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  4. Joelia querida,
    que maravilhoso que desde a gélida Ålborg possam chegar ‘curiosidades’ sobre arenque a cálida Jequié
    Agora a temperatura está zero graus e um sol brilhante torna a neve ainda mais branca.
    Obrigado por teus votos,
    attico chassot

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  5. Mestre Chassot, poucas coisas me seriam menos apetitosas no desjejum do que peixe. Não que eu não aprecie, mas é algo inusual, principalmente para aqueles que, como eu, não são muito adeptos do café da manhã.

    Ótimo dia.

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  6. Meu caro Marcos,
    a violação de hábitos é algo que nos desestabiliza e exige reaprendizados.
    Quando está fora do usual (in)voluntariamente fizemos isso.
    A propósito: escrevo-te no clarear do dia de quarta-feira pensando no aroma de um café passado, algo que nçao é presente no meu cotidiano de ermitão que usa café solúvel.
    Uma boa quarta-feira
    attico chassot

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