Porto Alegre Ano 4 # 1325
Meu usual almoço das sextas-feiras com meu trio ABC teve uma edição atípica. Como o Bernardo e Clarissa estavam (um chegando e outro partindo) em São Paulo, o
almoço foi com o André e o Pedro. Este, que na outra segunda-feira fará nove meses, muito apreciou a polenta e o caldo da feijoada do Manifesto.
A palestra “A Ciência é Masculina? É, sim senhora!” na Fundação da CEEE foi muito boa. Tive um auditório de cerca de meia centena de pessoas que me ouviu de maneira muito atenta e participativa. A melhor tradução de como tudo fluiu normalmente é que só olhei para relógio na saída (e vi que falara 1,5 hora). O presente que o André me deu na manhã de terça-feira: um apontador com raio laser que tem um dispositivo que se liga a uma porta USB do computador para passar os slides, funcionou muito bem. Ao final foi bom autografar vários exemplares do livro homônimo e ser sondado para voltar a outra atividade mensal do ‘Programa de Qualidade de Vida,’ da instituição. Numa das fotos estou com a Daniele, autora do apreciado cartaz que anunciou a edição de hoje.
Encerrava a blogada de ontem com o convite para uma sabatina onde se fala de livros e autores. Aqui aos sábados, há um ano por sugestão do mais assíduo comentarista deste blogue – Marcos Vinicius Pacheco Bastos – se comenta leituras. Usualmente trago comentários de livros que li, de preferência, aqueles que recém me fizeram companhia.
Hoje, faço algo diferente. Assim como no sábado passado que ainda não lera (cometei livro do físico Marcelo Gleiser "A Criação Imperfeita" (Ed. Record), lançado essa semana) hohe falo de promessas de leituras ou mais: promessa de dicas futuras.
Comecei assim uma fala em Ålborg: Firstly, it is unnecessary to mention my poor English. Therefore, it would have been unimaginable to intend to speak in Kierkegaard’s language. Se falar no meu pobre inglês era um desafio, imaginem em dinamarquês. Mas, paracer honesto, devo dizer que Kierkegaard estava nesse texto mais o menos como Pilatos no credo. Sabia muito pouco sobre o maior escritor dinamarquês.
Quando no último dia 3, a Gelsa e eu fomos a Skørping, acolhedora cidadezinha a 30 km de Ålborg, onde vivem Ole Skovsmose e e seu filho Nikolai, dei-me conta que estava perdendo algo precioso por ignorância. Ole mostrou em sua biblioteca mais de uma dezena de livros de Kierkegaard e falou entusiasmado sobre o autor. Então fiz propósito de recuperar, em parte, essas perdas. Hoje trago aqui algo nessa direção, contando quais dos livros do autor já encomendei.
O Ole contou como obra de Kierkegaard é de difícil interpretação, uma vez que ele escreveu a maioria de seus livros sob vários pseudônimos, e muitas vezes esses pseudo-autores comentam os trabalhos de pseudo-autores anteriores.
Isso tem como conseqüência que Kierkegaard torna-se um dos raros autores cuja vida e seus livros exercem profunda influência no desenvolvimento de sua própria obra. As inquietações e angústias que o acompanharam estão expressas em seus textos, incluindo a relação de angústia e sofrimento que ele manteve com o cristianismo – herança de um pai extremamente religioso, que cultivava de maneira exacerbada os rígidos princípios do protestantismo dinamarquês, religião de Estado.
Mas antes de anunciar algo minhas escolhas, ajudado pela Wikipédia, do autor. Søren Aabye Kierkegaard (Copenhague, 5 de maio de 1813 — Copenhague, 11 de novembro de 1855) foi um teólogo e filósofo dinamarquês do século XIX, que é conhecido por ser o "pai do existencialismo".
Sétimo filho de um casamento que já durava muitos anos – nasceu em 1813, quando
o pai, rico comerciante de Copenhague, tinha 56 e a mãe 44, chamava a si mesmo de "filho da velhice" e teria seguido a carreira de pastor caso não houvesse se revelado um estudante indisciplinado. Trocou a Universidade de Copenhague, onde entrara em 1830 para estudar filosofia e teologia, pelos cafés da cidade, os teatros e a vida social. Foi só em 1837, com a morte do pai e o relacionamento com Regine Olsen (de quem se tornaria noivo em 1840), que sua vida mudou. O noivado, em particular, exerceria uma influência decisiva em sua obra, dentre outras influências. A partir daí seus textos tornaram-se mais profundos e seu pensamento, mais voltado às questões religiosas. Também em 1840 ele conclui o curso de teologia, e um ano depois apresentava "Sobre o Conceito de Ironia", sua tese de doutorado.
Esse é o momento da segunda grande mudança em sua vida. Em vez de pastor e pai de família, Kierkegaard escolheu a solidão. Acreditava que não poderia dar a Regina todo amor que ela merecia, esta angústia o acompanhava desde que conheceu Regina Olsen. Rompido o noivado, viajou, ainda em 1841, para a Alemanha. A crise vivida por um homem que, ao optar pelo compromisso radical com a transcendência, descobre a necessidade da solidão e do distanciamento mundano, comprovada em seus diários (obras), sempre escritos com pseudônimos.
Na Alemanha, foi aluno de Schelling e esboça alguns de seus textos mais importantes. Volta a Copenhague em 1842, e em 1843 publica A Alternativa, Temor e Tremor e A Repetição. Em 1844 saem Migalhas Filosóficas e O Conceito de Angústia. Um ano depois, é editado As Etapas no Caminho da Vida e, em 1846, o Post-scriptum a Migalhas Filosóficas. A maior parte desses textos constitui uma tentativa de explicar a Regina, e a ele mesmo, os paradoxos da existência religiosa que o impediram de desposá-la.
Kierkegaard elabora seu pensamento a partir do exame concreto do homem religioso historicamente situado. Assim, a filosofia assume, a um só tempo, o caráter socrático do autoconhecimento e o esclarecimento reflexivo da posição do indivíduo diante da verdade cristã. Polemista por excelência, Kierkegaard criticou a igreja oficial da Dinamarca, com a qual travou um debate acirrado, e foi execrado pelo semanário satírico O Corsário, de Copenhague. Em 1849, publicou Doença Mortal e, em 1850, Escola do Cristianismo, em que analisa a deterioração do sentimento religioso. Com este tipo de crítica, Kierkegaard influenciou o anarquismo cristão.
Em meados de 1855, aprofundou mais ainda suas críticas ao cristianismo e à Igreja Luterana da Dinamarca através de um panfleto intitulado O Instante, em que era o único colaborador. No dia 17 de março do mesmo ano, Regine Olsen vai embora de Copenhague, acompanhando seu marido, Fritz Schlegel, nomeado governador das Índias Ocidentais Dinamarquesas. Em 2 de outubro, cai na rua, e é levado para o hospital. Morre lá um mês depois, dia 11 de novembro, recusando os sacramentos. Seu funeral foi muito concorrido, com estudantes protestando contra a hipocrisia da Igreja em sepultá-lo num campo santo. Nenhum membro do clero estava presente, exceto seu irmão, Peter Christian Kierkegaard, bispo luterano, e o deão Tylde, encarregado do serviço fúnebre. No enterro, seu sobrinho Henrik Lund leu um trecho de O Instante, ao criticar a atitude da Igreja. Foi posteriormente multado por isso.
Søren Kierkegaard repousa no cemitério da Frue Kierk, de Copenhague. Regine Olsen e seu marido Fritz Schlegel estão enterrados lá também, a poucos metros do túmulo de Kierkegaard.
Afortunadamente não só existem muitas obras de Kierkegaard traduzidas para o português como estão disponíveis para compra. Encomendei três: Ponto de Vista Explicativo da Minha Obra de Escritor, Diário de um Sedutor, e É Preciso Duvidar de Tudo. Apenas seduzidos pelos títulos e por lacônicas resenhas. Estavam prometidas para ser entregues ontem; espero que cheguem hoje. Precisaria agora uns dias de férias. Já que fins de semana deveriam ser feriazinhas. Desejo que este fim de semana seja o melhor.
Boa noite, assisti sua palestra hoje na Fundação CEEE e pra mim foi como uma vacina onde foram injetadas verdades inconveniêntes sobre injustiças e erros históricos. E depois de um ligeiro mal estar, uma forte resistência contra essas injustiças foi formada.
ResponderExcluirParabéns
Meu querido companheiro de vida
ResponderExcluirAo iniciar a última etapa desta viagem sem te ter "perto dos olhos", precisava dizer-te de como tua sensivel, densa e "leve" escrita diária neste blog tem me feito te ter muito "perto do coração". Com minha imensa admiração e carinho sem fim, Gelsa.
Amada companheira,
ResponderExcluirrecebo uma mensagem que diz: “ [...] a surpresa que curti te fazer nesta manhã, antes de sair, foi completamente frustrada, pois não consegui, depois de MUITAS tentativas, te mandar um comentário no blog [...]”. Todavia, não precisava ter havido frustrações: houve aviso de SETE (um deles está aí) envios de teu comentário em nome de Júlia, talvez por usares na partida co computador dela. Assim, não precisei atender o teu doce “PS: Se puderes por no blog o texto, eu adoraria..”
Obrigado por teu comentário e feliz que já me lerás na Alemanha tua última etapa de viagem.
Saudades muitas
attico
Meu caro Carlos,
ResponderExcluirprimeiro lamento que não tenha teu correio eletrônico para te enviar esse aditamento que faço ao teu comentário
Obrigado não pela tua primeira visitação a esse blogue mas pela maneira que descreves as sensações que viveste na tarde de ontem com A Ciência é Masculina? É, sim senhora! na Fundação CEEE. É muito bom resistirmos às injustiças como relatas. É com bradar contra elas. Um pouco tu e eu fizemos ontem.
Com estima e admiração.
Mestre! Minha torcida sempre contigo, pois observa-se o sucesso alcançado na CEEE. Certamente, os presentes puderam se deleitar com essa tua criaçao anti-machista de abordagem da invençao cientifica. Um grande abraço e um otimo final de semana. JB
ResponderExcluirMeu caro Jairo,
ResponderExcluirtu sabes que essas torcidas ajudam, Para ontem valeu muito
Obrigado por teu comentário e adito meus votos de um ditoso outono, que se diz ser, aqui no nosso Rio Grande, a melhor estação,
Com estima e admiração
attico chassot
Bom dia, Professor!
ResponderExcluir=]
Que felicidade em saber que tudo correu maravilhosamente bem na CEEE!
Desejos de um sábado de muita luz!!
Abraços!
Obrigado pelos comentarios sobre o Kierkegaard! A premissa dele influenciona até hoje a teologia das igrejas. Vou adorar seus futuros pensamentos sobre essas obras deles que tu encomendaste. Abs, Jonathan
ResponderExcluirMuito querida colega Thaiza,
ResponderExcluirobrigado por tua vibração com a palestra de ontem. Gostei-me.
Desejo um gostoso outono – não sei se par os goianos as estações passam de evocações de calendário – pleno de fazer marcados por tua garra devotada (também) à Ciência.
attico chassot
Meu muito estimado Professor Jonathan,
ResponderExcluircomo escreves em português (no DEZ) me eximes de fazê-lo em inglês. Fiquei muito impressionado com a influência da Igreja Luterana na Dinamarca e Suécia. Sabes que até recentemente todas as crianças na Suécia nasciam luteranas. Só agora que os pais (ou depois os filhos) podem optar por receberem o batismo. Vi, como escrevi hoje, que preciso ler um pouco de Kierkegaard. Depois conto ‘trocar figurinhas’ contigo.
Um abençoado outono para ti e para tua comunidade,
Com admiração
attico chassot
Mestte Chassot, se ontem fui o único comentarista, agora fecho metade da dúzia daqueles que quiseram expor-se e comentar algo.
ResponderExcluirJá ouvi falar sobre as obras de Kierkegaard, por influência de amigos de outros cursos de Ensino Superior, mas desconhecia muito sobre a vida dele e a influência que teve ao elaborar sua obra. Como sempre, seu blogue alfabetiza cientificamente, também, aqueles que se consideram alfabetizados.
Ótimo dia.
Meu caro Marcos,
ResponderExcluiré singular a presença (ou não) de comentaristas aqui. A propósito de teu comentário, sonho terminar esse fim se semana um capítulo se um livro. que já me envolve desde o início de 2010, onde apresentado sob forma de um diálogo internético entre uma jovem aluna, que cursa a segunda metade do curso de licenciatura em Química e um professor que há muito se envolve com a formação de docentes para a área das Ciências da Natureza. O ponto de partida são interrogações que Maria Clara faz para o professor Giordano. Ao final ocorre aquilo que trazes hoje: Como sempre, se alfabetiza cientificamente, mesmo, aqueles que se consideram alfabetizados. Com nosso conhecimento acerca dede Kierkegaard ocorre muito isso.
Obrigado pela sintonia e bom outono.
attico chassot