10* Inaugurado um ano significativo

Porto Alegre Ano 4 # 1314

E houve mais uma estreia. E nesta houve nervosismo e também sucesso. Mesmo que neste 2010 eu já houvesse dado aulas no Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão (estas foram ainda relativas a 2009/2), feito palestras e vivido a desafiadora experiência como Professor Visitante na Ålborg Universitet, foi na noite de ontem que dei as primeiras aulas do primeiro semestre de 2010.

Vivi expectativa semelhante a daquele 13 de março de 1961. Então dei aula de Matemática – minha histórica primeira aula – para um grupo de seis alunos do 3º científico (era a primeira turma do Colégio Jacob Renner, em Montenegro).

Já contei aqui, em mais de uma oportunidade: concluído em dezembro de 1960 o 3º científico, faço vestibular para o curso de Engenharia e sou reprovado em desenho. Volto à Montenegro para a casa de meus pais, busco em vão emprego, quando minha mãe (E mãe acredita sempre na potencialidade do filho!) sugere procurar o colégio da Igreja Episcopal. Isso antes do Concílio Vaticano II, quando ecumenismo era algo raro. Trago detalhes de toda essa ‘grande largada’ em dos capítulos do livro que estou escrevendo que sonho ver lançado em março do ano que vem.

Mas na noite de ontem as emoções não foram menores. E havia pelo menos duas razões para tal. A primeira: com essas aulas marcava o início do 50º ano letivo e isso tem uma densidade emocional muito grande. Outra: o temor de repetir-se o ocorrido na turma de Filosofia do semestre passado. Aqui uma recuperação histórica: esse é o meu 6º semestre no Centro Universitário Metodista - IPA. Já lecionei nesse período nos cursos de Biologia, História, Letras, Educação Física, Música e Filosofia. Esse é o meu 4º semestre no curso de Filosofa. Lecionei por dois semestres, disciplinas diferentes, para a turma que se graduou nesse janeiro; tive com esse grupo envolvimentos muito significativo. No semestre passado tive uma turma que parece que ficou estigmatizada pela gripe suína depois de um inicio de semestre atípico; foi com ela que vivi o maior insucesso como professor. Temia assim pela estreia de ontem.

Todavia, ontem não poderia ter sido melhor. O grupo é pequeno. São cinco estudante que estavam todos presentes (algo que nunca ocorreu no semestre passado) e muito entusiasmados, aderindo integralmente a proposta que levei. A

Gabriela, a Ioná, a Lizandra, o Roberto e o Rommel, que são alunos de segundo ano, me entusiasmaram muito. Vou trabalhar com eles Prática Pedagógica em Filosofia II. A ementa é: Fundamenta o ensino da Filosofia nos anos finais do Ensino Fundamental e ao longo do Ensino Médio, desenvolvendo atividades práticas voltadas para o ensino da filosofia, abrangendo conteúdos filosóficos e sua transversalidade e interdisciplinaridade no currículo da educação básica.

A proposta é responder objetivos como:
1. Construir conhecimentos sobre as condições em que se encontra a disciplina de Filosofia em escolas de Ensino Fundamental e Médio.
2. Conhecer como se dá a problemática acerca de questões sobre o significado e a utilidade da Filosofia em escolas de Ensino Fundamental e Médio.
3. Analisar como se verificam diferentes construções de planos de ensino de Filosofia para o Ensino Fundamental e Médio.
4. Problematizar a questão da coerência entre procedimentos de ensino em aulas de Filosofia e os objetivos dessa disciplina no Ensino Fundamental e Médio.
5. Examinar a condição de recursos didáticos utilizados em aulas de Filosofia no Ensino Fundamental e Médio.
6. Problematizar acerca da questão da avaliação em Filosofia no Ensino Fundamental e Médio.

Para conseguir isso foi montada estratégias que, ao lado de aulas formais, ocorram em 2 x 5 encontros do total de 18, atividades onde se responda a pesquisas acerca de Relato de Recursos para o ensino de Filosofia, Relatos da situação da Filosofia em Sala de Aula e Relato de grandes questões como “O que é mesmo Filosofia?” e “Para que serve a Filosofia?” “O que se ensina em Filosofia?” e “O que se aprende em Filosofia?” Para cada um desses três relatos há um tópico específico, que foi definido por sorteio, para cada um dos cinco alunos. Ao final cada um deverá dar uma micro-aula de 20 minutos. Cada uma das cinco micro-aulas envolve preparação prévia e posterior discussão pelo grupo.

Penso que tenho razões sobradas para estar entusiasmado. Há a expectativa do quinteto e a minha em fazer de cada das noites de terças-feiras momentos de construção de conhecimento significativos. E foi dada a partida para o ano jubilar.

Mas a terça-feira marcada por tentativas de acertar o fuso (ainda desperto pelo horário de Ålborg) vão sendo construídas. Ontem voltei à Academia. Não posso dizer que caminhar qual pinguim pela neve não fez um pouco enferrujado. O almoço com a Liba, que teve também a querida presença de minha sobrinha Marta, foi também

um encontro com uma leitora diária deste blogue e por tal havia poucas novidades da viagem a contar. Na tarde chuviscosa de ontem recebi também uma visitinha do André com o Pedro. Na foto pode-se ver um menino em sua casa com ‘brinquedo’ que seu pai – autor do clique – não conheceu quando nenê.

Recebi ontem a primeira produção acadêmica para o Lattes deste ano. O número 53 (fevereiro/abril de 2010) da Pátio Revista Pedagógica. É um número temático “Educação 2010: do que o Brasil precisa?”; Estou contente de estar em chamada de capa, entre outros, com Celso Antunes, César Coll, Lino de Macedo, Sérgio Haddad. Mattrw Smith, Peter McLaren... com o meu texto ”Mudanças na escola”. Ontem também dei retoques finais em um dos dois textos iniciados em Ålborg onde apresento um livro produzido por duas professoras catarinenses. Vou assuntá-lo aqui em outro momento.

Agora ainda votos de uma boa quarta-feira a cada uma e cada um e desejar que amanhã possamos nos encontrar uma vez mais. Até então.