Estocolmo Ano 4 # 1312 menos16ºC |
É chegada a última das blogadas do exterior. Ela encerra uma serie iniciada no domingo, 14 de fevereiro ainda de Porto Alegre quando anunciava a viagem Porto Alegre/São Paulo/Paris /Copenhagen/Ålborg e depois de 26 horas de viagem postava no dia 15, segunda-feira a primeira edição com a bandeira dinamarquesa. Agora 21 dias depois, posto esta, um pouco antes de começar um longo retorno Estocolmo/Paris/Rio de Janeiro/Porto Alegre; conto um pouco do nosso último sábado escandinavo. Queiram os deuses, na tarde de amanhã possa contar já da Morada dos Afagos, algo deste domingo que se inicia aqui com uma temperatura de dezesseis graus centigrados.
Quando falo em temperaturas como aquelas que vivemos aqui em Estocolmo sempre negativas há a pergunta: por que não vimos nevar na Suécia, mesmo que todos os cenários fossem marcados pela alva neve.
A neve é produzida a partir do vapor de água existente na atmosfera. As nuvens se formam quando o vapor de água (água em forma de gás) da atmosfera esfria a ponto de se condensar, ou seja, quando a água passa de vapor para a fase líquida ou sólida. As gotículas de uma nuvem são tão leves que o ar atmosférico as mantém suspensas nas alturas. Quando as gotículas ficam pesadas demais, elas caem sob a forma de precipitação. Se estiver frio o bastante este vapor não se condensará em gotículas de água, mas sim como pequeninos cristais de gelo. Na maior parte do Planeta Terra, geralmente a chuva começa a cair na forma de neve, mas vai derretendo à medida que cai através da atmosfera (a temperatura é muito fria próximo às nuvens, até mesmo no verão).
À medida que o cristal de neve move-se pela nuvem, mais partículas de água vão condensando sobre ele e congelando em forma de cristais. O acúmulo de cristais individuais forma o floco de neve. À medida que vai ficando mais pesado, o floco de neve cai em direção à terra. Se a temperatura em todo o percurso até o chão estiver fria o suficiente, o floco ainda estará congelado quando chegar à superfície da terra.
Aqui outro detalhe: Mesmo que não tivéssemos visto nevar em Estocolmo aqui foram os dias mais difíceis – leia-se: mais perigosos – de andar na rua. A neve ao degelar (passar para o estado líquido), quando está muito frio (temperaturas abaixo de zero) regela e forma finas placas de gelo vítreo. Este é muito liso e escorregadio, sendo perigoso e causador de quedas. Afortunadamente estamos partindo invictos, mesmo que aqui tenhamos amealhados muitos sustos.
Ontem contei aqui do encontro casual com Descarte. Desde que cheguei estou próximo da Olof Palme gata (Rua Olof Palme). Recordei-me que esse é o local que 1986 emocionou o mundo. Sven Olof Joachim Palme (Estocolmo, 30 de janeiro de 1927 — Estocolmo, 28 de fevereiro de 1986). Membro do SAP (socialdemokratiska arbetareparti) foi primeiro-ministro da Suécia entre 1969 e 1976 e de novo entre 1982 e 1986, ano em que foi assassinado à saída de um cinema em Estocolmo. Ainda hoje é desconhecida a identidade do seu homicida e as razões pelo qual o matou. Tem havido teorias da conspiração para todos os gostos, desde serviços secretos sul-africanos ou americanos até movimentos curdos.
Olof Palme tornou-se conhecido como um dos maiores exemplos da Social-Democracia Escandinava, tendo levado mais longe que qualquer outro político a ideia de conciliar uma economia de mercado com um estado social. Durante o seu governo, a Suécia gozou de uma forte economia e dos níveis de assistência social mais altos no mundo. Ficou ainda conhecido como forte opositor do Apartheid e da Guerra do Vietnam, o que lhe causou graves conflitos com Washington. Foi bom ter feito este emocionado registro aqui.
Nosso sábado, mesmo com muito frio, tivemos na rua temperaturas de entorno de menos catorze graus. E vivemos momentos de grandes fruições desta magnífica Estocolmo. Ante o muito a ver optamos por fazer um city tour de 1,5 hora, a partir das 14 horas. Antes disso fizemos duas visitas significativas: Palácio Real e Academia Sueca de Ciência.
No Palácio assistimos a cerimônia de despedida de um grupo de soldados (homens e mulheres) da guarda da Rainha que deixam o Palácio. Vimos também alguns dados desse Palácio que tem mais de 600 quartos e de outros nove palácios que são propriedades do casal real. A monarquia aqui está muito envolvida com o futuro casamento da princesa Vitória – que será a próxima rainha – com Daniel Westlinge, seu antigo personal trainer, em 19 de junho. Nas lojas há souvenires, formados por peças para cama e mesa com monogramas reais. Parte da renda desse material será doada aos noivos. Só a renovação da catedral custará 1.400.000 euros para as bodas.
A Academia Sueca de Ciência está em um dos mais belos edifícios de Estocolmo datado do século 18. Todo o amplo primeiro piso está destinado ao museu Nobel. Aqui se encontram informações acerca dos laureados desde 1901. Há também longo espaço dedicado ao patrono Alfredo Nobel (1833-1896) que foi um cosmopolita que viveu tanto em São Petersburgo, Estocolmo e Paris. Com seus geniais inventos encontrou sempre novas soluções. Com a invenção da dinamite solucionou alguns problemas, mas ao mesmo tempo fez surgir novos, pelo uso bélico da mesma. Foi então que fez um testamento, que descrevo em A Ciência através dos tempos destinando a renda de sua a premiação de feitos na área da Química, Física, Medicina, Literatura e Paz, distribuídos desde 1901. O Banco Central da Suécia em 1968 criou e financia o Prêmio Nobel de Economia.
É muito difícil fazer uma síntese do quanto Estocolmo nos deslumbrou nos 90 minutos de city tour a bordo de um luxuoso ônibus de dois andares, com descrições gravadas em oito idiomas (elegemos o espanhol) circulando pelas 14 ilhas que formam aquela que é a mais visitada cidade da Escandinávia. Aprendemos sobre os principais prédios (palácios, igrejas, pontes, parques). Houve juntada de informações acerca da história e da geografia suecas. Imaginamos ao ver, por exemplos, parques brancos com árvores caducifólias com pessoas aproveitando o solo que deve ser isso quando no verão todas essas árvores se vestem de verde.
Após o tour, onde aprendemos que o metrô, inaugurado em 1960, tem obras de artes em 90 de suas estações, fomos conhecê-los. Compramos apenas tíquetes para uma viagem. A fizemos quase aleatoriamente; desembarcamos e reembarcamos em algumas estações. Admiramos esculturas, paredes decoradas com diferentes matérias em produções de mais de 140 artistas. O Metro de Estocolmo investe por ano cerca de um milhão de euros na produção e guarda de obra de artes. Foi prazeroso atender o convite para fazer uma inusual jornada artística nos subterrâneos da cidade. A propósito vale referir que muitas ruas são museus a céus abertos tantas as obras de artes que se vê nas ruas.
Já era noite fechada quando às 19 h (no verão as horas de sol vão das 4h às 22h30min) chegamos ao hotel. Estávamos cansados, mas encantados com o quase adeus à Estocolmo. Hoje pelas 12 horas já começamos a jornada de volta, Vamos juntos ao aeroporto. A Gelsa retorna a Ålborg, via Copenhagen e eu a Porto Alegre via Paris e Rio de Janeiro. Assim a próxima postagem deste blogue, certamente da Morada dos Afagos deverá ocorrer só na tarde de amanha. Um bom domingo e obrigado pela companhia hoje e nestas três semanas.
Mestre Chassot, a blogada de hoje estava ainda mais prazerosa de se ler. A forma como descreveu Estocolmo e seus atrativos turísticos, somada as fotos que ilustram a blogada, fizeram com que eu tivesse a impressão de estar junto nessa viagem.
ResponderExcluirQue tudo corra bem no retorno à Morada dos Afagos.
Ótimo dia.
Olá Mestre
ResponderExcluirEstou sem achar o que dizer , o que se pode aprender com um blog, isso é construção na interação com o outro. Obrigada por tanta dedicação.. Valeu as leituras, para mim que estava há uma semana sem internet.
Um abraço
Eloí
Meu caro Marcos,
ResponderExcluirque bom que gostastes de minhas impressões sobre Estocolmo.
Voltei muito bem. Recém cheguei a Morada dos Afagos, pois meus filhos me prepararam surpresas que conto na blogada de hoje.
Agora, a vida volta aos desafios locais.
Obrigado pela parceria e sigamos agora do Brasil,
attico chassot
Estimada Eloí,
ResponderExcluirquando retorno à Porto Alegre tomo conhecimento de teu retorno à internet.
Vibro com ambos os retornos e obrigado pelo apoio
attico chassot