ANO
8 |
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EDIÇÃO
2728
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Depois da carta de amor de Freud para sua noiva
trazida ontem, neste domingo, a resposta de Martha Bernays Freud (Hamburgo, 26
de julho de 1861 – Londres, 2 de novembro de 1951) foi a segunda filha de
Emmeline e Berman Bernays. Seu avô paterno foi Isaac Bernays, rabino chefe de
Hamburgo. Sigmund e Marta se conheceram em abril de 1882. Após quatro anos de
noivado (1882-1886), eles se casaram em 14 de Setembro de 1886. As cartas de
amor trocadas durante seu noivado, de acordo com o biógrafo oficial de Freud,
Ernest Jones, que leu todas as cartas, "poderiam ter sido uma grande
contribuição para a boa literatura romântica mundial". uito provavelmente
leitoras e leitores deste blogue hão de concordar. Martha Bernays Freud
(Hamburgo, 26 de julho de 1861 – Londres, 2 de novembro de 1951) foi a esposa
do psicanalista austríaco Sigmund Freud.
Martha foi a segunda filha de Emmeline e Berman
Bernays. Seu avô paterno foi Isaac Bernays, rabino chefe de Hamburgo.
Sigmund Freud e Marta se conheceram em abril de
1882. Após quatro anos de noivado (1882-1886), eles se casaram em 14 de
Setembro de 1886.
As cartas de amor trocadas entre Freud e Martha
durante seu noivado, de acordo com o biógrafo oficial de Freud, Ernest Jones,
que leu todas as cartas, "poderiam ter sido uma grande contribuição para a
boa literatura romântica mundial". Vejam a carta a seguir.
30.8.1882 10h45min
da noite
Amado e querido,
as
profundezas da minha alma percorre, como silenciosa prece noturna, um doce
pensar em ti.
Você
certamente conhece os encantadores e tristonhos Schilflieder (Cânticos dos
Juncos) de Lenau, meu amado? Imagine que estou sozinha (só John está sentado à
minha frente, desenhando). Os outros foram, todos, a mais um casamento, para o
qual eu também tinha sido insistentemente convidada. Mas resisti bravamente e
fiquei em casa.
Aquele
que teria sido meu anfitrião é um senhor de boa índole, muito bem-humorado que
certamente está indignado com o fato de eu ter declinado do convite. Creio que
possa bem imaginar quem era, se fizer um pouco de esforço, certo, meu amado?
Pode
rir-se de sua menina tão cheia de si. Eu estou contente por não ter ido e de
não ter sido forçada a participar, mais uma vez, de toda aquela confusão, como
no outro dia — e por poder, agora, pensar em você sem ser perturbada, e poder
escrever para você, meu doce amigo.
À
tarde tive a companhia de minha prima Anna, que veio me ver por estar com pena
de mim, e que ficou até agora há pouco, e depois trabalhei no pequeno volume de
cartas que prometi a você.
Seu
doce nome está ali, assim como a data “conhecida”, para que não seja esquecida
— ah!, meu amado, trata-se de uma oferenda humilde se comparada a todos os
presentes preciosos que já ganhei de você, mas sei que você não faz contas
comigo, e, assim que eu puder dispor de um pouquinho mais de sossego para mim
mesma, você receberá um trabalho bem-feito, um verdadeiro “amor encarnado” de
mim, sim, você está satisfeito com isso e conseguirá ter paciência suficiente?
Sim,
agora John também já foi se deitar, agora eu estou totalmente sozinha. Faz-se
um grande silêncio, a chuva murmura fora, monótona e melancólica, e dentro de
casa nada se move.
Agora,
meu amado — agora quero beijar você com o meu coração e sussurraria tantas
coisas em seu ouvido que pareceriam tão tolas e loucas no papel — ninguém nos
ouvia e ninguém nos via, e nem mesmo um esquilo curioso e envergonhado nos
perturbava — , mas não quero sobrecarregar meu coração com pensamentos de como
tudo poderia ser ainda mais bonito — eu amo você também de longe e me alegro
como uma criança com suas doces cartinhas “pacíficas”- sim, isso também há de
passar logo.
Há
seis ou oito dias que me vejo obrigada a dirigir meus cânticos de alegria ou de
lamento a um “mudo” — graças aos céus só “mudo”, mas não surdo, eu quase diria,
não, e tampouco a um cego, pois você é capaz de ler o que eu escrevo, e então
eu tenho total “liberdade de fala”, você nem mesmo tem a chance de brigar,
quando você não está satisfeito, quando eu digo algo que não lhe agrada, que
maravilha!
E,
se por acaso ocorrer a você duelar comigo depois, isso também não será
possível, e sua boca será fechada — você já sabe com o quê.
Ah,
meu amado, meu único, nós vamos continuar a nos entender bem quando não houver
150 milhas a nos separar, não é verdade? (…)
E
agora o novo endereço para as suas cartas, não consigo me acostumar a fazer seu
nome ceder o primeiro lugar a um título. Sob qual ou junto a qual professor
você se encontra agora, meu amado? E continua no departamento de cirurgia? E
você está esperando se acostumar ao trabalho aos poucos, não é, meu amado, em
vez de se atirar com todas as forças, outra vez, nessa nova atividade?
Me
desculpe pela intromissão, mas fico tão feliz em saber que você está recuperado
e saudável! Vamos permanecer assim, enquanto pudermos.
E
agora boa noite. Acho que há muito já se passou a hora dos espíritos, e vejo
que estou bem cansada. E me ocorre que já não vou receber a resposta a esta
carta. Terrível!
Fique
bem, meu amado, fique feliz e alegre como
sua Martha.
sua Martha.
Tradução
de Luis Krausz / Fonte Revista Cult
Uma das coisas em que as novas formas de comunicação altamente tecnológicas e rápidas nos tirou foi o prazer da escrita/leitura de cartas escritas à mão. Que bela nostalgia!!!
ResponderExcluirO que me inebria e ao mesmo tempo me entristece ao ler esses escritos é constatar como tínhamos cuidado com a língua culta, e o que os tempos cibernéticos a transformaram. Hoje talvez essa carta resumiria-se mais ou menos assim: amo vc tb tmj bjs vejo vc fds#s2
ResponderExcluirCartas são como ostras, só quem as abre deverá come-las.
ResponderExcluirLembremos que bisbilhotar cartas
Nos coloca no reino dos abelhudos
Porquanto a curiosidade nos farta
Por causa disso queremos saber tudo.
Carta, veículo que leva intimidade
A qual em certa hora abrimos mão
Poderá abarcar alguma verdade
Sobre o íntimo de nosso coração.
Carta não deve ser lida por xereta
Tampouco vagar livre pelo Planeta
Ela tem endereço conhecido, certo
E não será anunciada por trombeta
Ou marcada com crachá ou plaqueta
E ter conteúdo livre, a céu aberto.
Cartas de domínio publico?
ResponderExcluirQuando se manda um carta a alguém
O que se espera é que seja confidencial
Independe do conteúdo que ela tem
Nunca é como um documento trivial
Para isso existe a tal carta circular
A qual sem um único destinatário
Circula livre e solta pra todo lugar
Mesmo interceptada por corsário.
Fiquemos com a confidencialidade
Das carta que costumamos enviar
As quais contém alguma intimidade.
Que confissão seja só ao nosso par
Ele nos escutará e sentirá saudade,
Sem que sua mente precise vagar.