ANO
8 |
www.professorchassot.pro.br
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EDIÇÃO
2703
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Haverá leitor — pela
manchete que dei a esta blogada — que, mais uma vez, me ‘brindará’ com título
de igrejeiro. Este me desprestigia. Parece-me
injusta esta catalogação que me fazem alguns leitores. Obrigo-me a justificar as
razões pelas quais, de vez em vez, visito temas correlacionados com religiões.
Tenho defendido uma
tese: religiosos ou não, vivemos em um
mundo religiosos. E, por tal, assuntos que encharcam nosso cotidiano
merecem considerações críticas. Em favor de minha tese, poderia amealhar muitos
exemplos, a começar pela guarda de um sétimo dia de descanso, até as razões
pelas quais a maior festa pagã, celebrada nestes dias, determina (ou, é
determinada) pela data mais significativa do cristianismo: a Páscoa.
Há um segundo
argumento para a trazida de temas religiosos. Dentre os seis óculos que tenho
discutido como possíveis para nos servir para olhar o mundo natural: os óculos do
senso comum, do pensamento mágico, dos saberes
primevos, dos mitos, da religião e da ciência são certamente os dois últimos os mais usados, e talvez,
aqueles que mais confortáveis parecem.
Há, ainda, uma
postura muito crítica (na minha avaliação) assumida aqui, que parece não se coaduna
com o epiteto igrejeiro. Trago um
exemplo. Nesta segunda-feira, quando se comentava aqui o filme Philomena, escrevi (antes do resultado
do Oscar): “filme para rir e chorar alternadamente e para se exorcizar a igreja
católica do começo ao fim.” Em seguida descrevi as ações dolorosas e mercantis de
freiras católicas irlandesas contra mães solteiras. Na manhã de domingo, quando
era conhecido que o excelente Philomena
não levara nenhuma das quatro indicações para o Oscar, escrevia, em resposta a
um comentário: “levanto como hipótese (para a não premiação), que um lobby
católico protecionista possa ter se envolvido na busca de não dar maior visibilidade
a um filme com tão candentes denúncias que incriminam dolorosa e criminalmente a
igreja católica.
Este extenso e
defensivo preâmbulo define, que o assunto que pretendia trazer, deva ser
resumido. A Páscoa (e por consequência a Quarta-feira de cinzas, o Carnaval...),
diferente do Natal, é uma festividade com data móvel, pois foi definida
seguindo o calendário judeu, que por sua vez era baseado nas fases da lua.
A escolha da data se
deu em razão das comemorações pagãs, pela chegada da primavera, época de
fartura devido às colheitas, com o renascimento da terra, que se tornaria
fértil de novo. Os povos da Idade Média faziam homenagens à Ostera, deusa da
fertilidade que presidia período
primaveril. A ilustração da deusa Ostara é do ilustrador alemão Johannes Gehrts
(1855-1921).
Através do primeiro
concílio de Niceia, no ano de 325 d.C, foi estabelecida uma data para a páscoa:
o primeiro domingo após o aparecimento da da primeira lua cheia, na primavera
do hemisfério norte (no hemisfério sul, outono). Isso determina cisão na
igreja, pois a escolha da data torna-se alvo de polêmica. Outra decisão deste
Concílio consistiu na transferência do dia santo e de descanso semanal, de
Sábado para Domingo.
É curiosa a forma
como esse período de transição, que significa passagem, aparece escrito em
várias línguas, sendo no hebreu “pessachad”, no latim “pache”, em grego
“paskha”, no alemão “ostern” e em inglês “easter”, sendo que nestas duas
últimas línguas se vê a presença da deusa Ostera, que celebraremos, este ano em
20 de abril.
Ouvi de uma senhora que, inclusive, já manifestou deixar parte dos bens à Igreja católica pela ausência de herdeiros: "A Igreja parece uma empresa multinacional ".
ResponderExcluirQueria crer fossem as ideias que movessem o mundo (em parte são). No entanto, o Poder, Interesses...estes são fortes. E vamos labutar. Um forte abraço às mulheres e homens sensatos. Aos autênticos. Aos verdadeiramente humanos.
Prezado Chassot:
ResponderExcluirNão tenho jeito para comentar blogadas, mas não pude me conter em relação ao filme Philomena. Faço duas observações sobre o que disseste. Acho que "exorcizar a igreja católica do início ao fim" é exagero. Claro que não se trata de apoiar o que foi ali exposto. As cenas das mães só podendo ficar alguns minutos com seus rebentos e de vê-los indo embora atrás do portão de ferro é cortante. Mas veja que, apesar de tudo, no fim há o perdão da protagonista. Quem não perdoou foi quem não viveu a história, no caso, o jornalista. Eu também não perdoaria. Mas a situação é mais complexa do que isso. A segunda observação é quando mencionas a possibilidade de um "lobby católico" para não levar o filme à premiação.
Acho que aí erraste de lobby. Lembremos Mel Gibson, o bom moço e dedicado galã , mimado dos produtores. Foi produzir um filme em que Jesus apanha do início ao fim, e ainda por cima, de seu povo. Hoje é escória. Um grande abraço, Carlos Venhofen Flores
Meu querido colega e amigo Carlos,
Excluirdizeres que não tens jeito para comentar blogada é de maneira liminar retificado no teu texto. Foste fulcral.
Dentre as tuas duas trazidas discordo da primeira e concordo com a segunda. Vejamos uma e outra postura.
O filme é um libelo continuado contra a igreja católica romana. Isto de Philomena perdoar não minimiza em nada. Ela só perdoa pela fidelidade que mantem à igreja. É algo impressionante como ela não perde a sua fé. Não sei quanto isso é verdadeiro. O jornalista não perdoa pelas razões que tu e eu não perdoamos.
Quanto ao lobby da igreja para o filme não ganhar nenhuma das quatro estatuetas foi, talvez, um exagero meu. Acredito que Holywood não se deixaria comprar. Concordo contigo.
É muito bom matar saudades ao tê-lo como leitor aqui,
achassot
Mestre Chassot, se verdade ou mentira, o fato é que temos diversas obras onde o outro lado da igreja católica nos é denunciado, citaria por exemplo o Poderoso Chefão de Mario Puzo, ou ainda o seriado Os Borgias, são obras que me vieram a lembrança de imediato, porem muitas outras são bem conhecidas. Todas as religiões, já que são entidades dogmáticas, tem um poder significativo e métodos e posturas nem sempre éticas. O poder deturpa e corrompe os homens.
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