ANO
8 |
Frederico
Westphalen
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EDIÇÃO
2712
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Uma sexta-feira que
quase completa a dita primeira semana(!)
do ano. Vivo-a em Frederico Westphalen em três momentos bastante distintos.
Pela manhã a defesa
de dissertação da Camila Guindini Camargo, se faz em tema central e manchete desta
edição. Terei também o privilégio de almoçar com família da nova mestra.
À tarde vou a
Palmitinho, onde faço palestras a professores da rede municipal desta cidade e
ainda das redes dos municípios Taquaruçu do Sul e de Vista Alegre. Esta
atividade para os três municípios, coordenada pelas mestrandas Sílvia Daiane Parussolo Boniati e Quielen Rosa Souza Albarello, é uma promoção de minhas orientandas em
favor de suas comunidades.
À noite assisto à
aula Inaugural do Mestrado em
Educação: "Agenda Nacional de
Educação Básica e Superior: principais aspectos", ministrada pelo
Prof. Dr. Jaime Giolo, Reitor da UFFS.
O convite registra um momento muito significativo para mim, que desde novembro de 2011
estou vinculado a URI, câmpus de Frederico Westphalen, quando a minha primeira
orientanda da instituição defende sua dissertação, mesmo quando a Camila seja o
27º mestre que levo à defesa. Alio a essa emoção os muito prováveis diálogos
acadêmicos que deverão ocorrer com dois colegas muito especiais: o Professor
Leonel, que tem expertise em estudos indígena e a Professora Neusa que se fará
presente desde a Universidade de Lisboa, onde faz pós-doutorado.
A Camila é uma
historiadora que, com muita garra optou por estudar a presença de indígenas na
universidade, algo razoavelmente recente na educação superior
brasileira. Isto reflete propostas e perspectivas voltadas a necessidade de uma
educação que prime pela valorização do outro, envolvendo sentidos de pertença
de indígenas na academia, que incorporam um espaço de domínio cultural e
cientifico não indígena.
Destaco
um capítulo, As intempéries do tempo: a
emblemática espera e os desafios da pesquisa, incluído na dissertação após
as demoradas esperas da pesquisa, configurada nos impasses burocráticos
estabelecidos pelos Comitês de Éticas, bem como os sentidos temporais presente
na universidade que são evidenciados na diversidade cultural. Este capítulo
traz reflexões acerca do tempo Chronos e do tempo Kairós, observando as
mudanças e apropriações do tempo em culturas distintas, bem como um remontar
das mudanças do tempo na História e a formação da autonomia dos povos
indígenas, que apresentam outros contextos que vão ao encontro da legitimação
da identidade, por um novo tempo e espaço,
A
Camila procurou observar de que maneira indígenas se percebem inseridos no
Ensino Superior, bem como analisar a temática indígena em espaços escolares no
contexto do currículo, a partir da sua obrigatoriedade, definida com a Lei
11.645/08, incorporada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB, verificando
também como está sendo contemplada em Cursos de Licenciatura a partir dos
Projetos Pedagógicos de diferentes cursos.
A
metodologia que guiou os caminhos da dissertação foi qualitativa, tendo como
cenário a URI – Câmpus de Frederico Westphalen, por estar inserida em uma
região com comunidades indígenas, das quais
alguns membros chegam até a instituição redesenhando panoramas na educação
acadêmica. Neste contexto, foram analisados os Projetos Pedagógicos dos
Cursos de Filosofia, Letras, Pedagogia e Matemática, no sentido de verificar
como a temática indígena, sob a forma da lei em questão, está sendo incorporada
nesses documentos. Também, foram ouvida vozes de dez acadêmicos indígenas da
universidade, no sentido de saber como estes se sentem e percebem a
universidade a fim fomentar a formação intercultural, na possibilidade de
construir pontes de saberes por interações e integrações permeadas pelo
diálogo, no reconhecimento e respeito aos povos indígenas.
O mestre na lapidação de uma nova mestra.
ResponderExcluirMeus cumprimentos a ambos pelo brilhantismo do fascínio por tão importante tema na contribuição da formação intercultural.
Sempre uma imensa satisfação revê-lo.
Grande abraço.
Essa é uma problemática antiga tambem cercada de muita hipocrisia. Educar o povo indÍgena sÓ faz sentido se respeitarmos a cultura ali existente, o que geralmente nao e feito.
ResponderExcluirQuerido mestre! Ainda não consigo expressar a emoção do tempo vivenciado na defesa da dissertação. Como já escrevi desejo que os nossos tempos sejam sempre tempos de conhecimentos e entre eles, (re)encontros. Obrigado pelas sabedorias compartilhadas! Com carinho, Camila.
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