ANO
8 |
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EDIÇÃO
2704
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Nesta quinta-feira
proponho-me a convidar leitoras e leitores a olhar alguns dados. Todos tem um
mesmo foco.
Começo com esta informação: A população de Jerusalém continua a
aumentar devido à elevada taxa de natalidade, especialmente na população árabe
e nas comunidades judaicas Haredi (judeus ultra-ortodoxo). A taxa total de
fecundidade em Jerusalém (4,02) é superior da de Tel Avive (1,98) e bem acima
da média nacional israelense de 2,90. Quando nestas férias estive nas duas
cidades, brinquei que Jerusalém deveria ser um excelente negócio ‘por a venda
de carrinhos de bebês’, algo muito visível por toda a parte.
Agora, uma segunda mirada: O papa Francisco, já quase completando
um ano de pontificado, em pronunciamento alertou os casais com um filho único
que deveriam ser mais “generosos”, ou pródigos. Eles, segundo o papa, estariam
agindo assim por “conforto” e “para viajar de férias”. A propósito vale lembrar
que a encíclica Humanae Vitae, de
Paulo VI de 1968, continua em vigor: “Aos casais católicos só são possíveis os
métodos naturais de contracepção”.
Afortunadamente a
maioria dos católicos decide que o planejamento familiar deve ser algo inerente
ao casal e não decidido pelo papa ou pela igreja, pois sabe dos desafios que
demanda gerar e criar um filho na atualidade. Parece que são vencidos os tempos
em que o catecismos católico doutrinava que “a Sagrada Escritura e a prática
tradicional da Igreja veem nas famílias numerosas um sinal da bênção divina e
da generosidade dos pais”.
Uma terceira olhada: tabela abaixo, produzida com informações
extraídas do artigo Sociologia do ateísmo
de Luiz Felipe Pondé, publicado na p. C8, da Folha de S. Paulo, de
segunda-feira, 03MAR14, mostra dados do decréscimo dos ateus assumidos em quatro
países europeus nórdicos (por coincidência aqueles que mais decididamente assumiram
o luteranismo no século 16) estatisticamente apontados como possuidores de alta
percentagem de ateus orgânicos:
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2000
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2003*
|
2004
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Dinamarca
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80
|
43
|
48
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Finlândia
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60
|
41*2001
|
28
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Noruega
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72
|
48
|
31
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Suécia
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85
|
69*2001
|
64
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Segundo o
articulista, é “importante reconhecer que a sociologia do ateísmo pode nos
fazer crer, em alguma medida, que há uma relação entre alta formação cultural,
boa educação universitária e ‘ateísmo orgânico’, aquele tipo de ateísmo a que
você chega por meio da escolha livre — e não porque algum regime totalitário
(como o de Cuba) ou pais autoritários proíbem você de crer em Deus ou similar”.
Mesmo os ateus seculares
que aderem à teoria da seleção natural de Darwin como visão de mundo, adotam-na
apenas na teoria, porque na prática não o fazem: seleção natural, no limite, é
reprodução; quem não reproduz desaparece. E as mulheres seculares (não
religiosas) são pouco reprodutoras por conta dos valores individualistas que
carregam.
Um quarto relato, tomado do artigo de Pondé: O caso dos
luteranos laestadianos finlandeses (comunidade luterana fundamentalista na vila
de Larsmö) é de chamar a atenção.
A relação entre a
fertilidade de suas mulheres e a das finlandesas seculares é a seguinte,
respectivamente: 1940, dois bebês contra um; 1960, três bebês contra um; 1980,
quatro bebês contra um. Em 1985, a taxa de fertilidade de cada grupo era 5,47
para as fundamentalistas e 1,45 para as seculares.
Uma síntese das quatro olhadas: a população de Jerusalém aumenta, devido
a fertilidade de islâmicos e de judeus ultra-ortodoxos; o papa pede aos seus
fiéis a generosidade para ter mais filhos, pois o número de católicos já é
menor que os seguidores do Profeta Maomé; há um decréscimo muito significativo
no número de ateus, pois estes ‘com responsabilidade’ geram menos filhos; e, religiosos
fundamentalistas, como o exemplo de um grupo luterano finlandês, seguem o
preceito do ‘crescei e multiplicai-vos’. Uma vez mais corroborada a tese que as
religiões tão fortemente presente no nosso Planeta.
Acredito que o fator mais importante nesse quadro é a formação, pois mesmo uma pessoa adepta de qualquer religião, se tiver um mínimo básico de entendimento, verá que com mais filhos a qualidade de vida dos mesmos cairá. A própria fé é subjetiva, sendo assim cada um de nós estabelece limites em acreditar ou não. A religião preenche lacunas, lacunas essas que tornam a vida uma incógnita. A religião também nos traz uma força extra em determinados momentos onde a razão humana tende para o desespero. Enfim é saudável acreditar em algo.
ResponderExcluirMuito atento Mestre Chassot,
ResponderExcluirmuito significativa a blogada de hoje.
A tabela que registra o decréscimo de ateus orgânicos (encantou-me a classificação!) é impressionante. Custa aceitar a explicação de que este tão grande declínio possa se creditar a que estes, ao conscientemente limitarem a natalidade, determinem tal baixa. Só espero que este declínio não seja por reconversão.
Obrigado pelas oportunas reflexões.
A admiração da Michaela
Limerique
ResponderExcluirAh esse estranho mundo que vivo
Superpopulação não é um atrativo
Mas algumas religiões
Contornam os senões
Impõem crescimento vegetativo.