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segunda-feira, 10 de março de 2014

10.— ALGUMAS ANOTAÇÕES PARA AS AULAS DE HOJE

ANO
 8
www.professorchassot.pro.br

EDIÇÃO
 2708

Nesta segunda-feira, na qual segundo alguns, se vive o dito ‘legítimo início do ano de 2014’ — senso comum que tem minha visceral discordância — reencontro, pela manhã e à noite, meus alunos da Licenciatura em Música, para as aulas de Teorias do Desenvolvimento Humano. Estas sofreram uma vacuidade momesca após o primeiro encontro.
Na edição do último dia, 25 com a chamada Assestando óculos para olhar o mundo apresentei a primeira aula, onde se dizia que há pelo menos seis óculos com os quais podemos nos servir para olhar o mundo natural: os óculos do senso comum, do pensamento mágico, dos saberes primevos, dos mitos, da religião e da ciência. Arrumamos, então, nossa caixa de ferramentas ao examinarmos cada um destes seis óculos. Encerrávamos encontro dizendo que urgia uma comparação entre religião e ciência.
É isto que vamos fazer nas aulas de hoje e quero repartir, aqui e agora, com meus leitores. Agradeço a parceria nesta discussão.
Talvez, valesse antes afirmar, que dentre os seis óculos (= perspectivas) não afirmamos qual desses mentefatos culturais1 é o melhor. Tampouco, se veta a alternativa de que haja possibilidade de nos valermos de maneira eventual, de mais de um deles ao mesmo tempo. Duas observações decorrentes desta afirmação: a primeira: parece natural, que por estar em um curso universitário, privilegiemos a Ciência; a outra: sabemos que se usamos mais de um óculo, simultaneamente, corremos o risco de vermos embaralhado.
Há pelo menos três razões para entre os seis óculos, compararmos Ciência e Religiões. Quanto precisarmos as leituras da Ciência já justifiquei quando referi o lócus de nossas ações. Quanto as religiões merece que se considere por: 1) o repetido argumento de que religiosos ou não a religião onipresente em nossas vidas. 2) um cada vez maior recrudescimento dos fundamentalismos. 3) a maior tolerância exige que consideremos aqueles que têm suas leituras de mundos marcadas pela ateologia.
Assim, consideremos:
As RELIGIÕES afirmam a existência de uma verdade global, imanente, eterna, completa, que trata tanto da natureza como do homem. Esta verdade tem uma exigência fulcral para crê-la: a FÉ.
A CIÊNCIA não tem a verdade, mas aceita algumas verdades transitórias, provisórias em um cenário parcial onde os humanos não são o centro da natureza, mas elementos da mesma. O entendimento destas verdades – e portanto a não crença nas mesmas –, tem uma exigência:  a R A Z Ã O.
Assim há assuntos que cremos por que temos FÉ e outros que entendemos, pois usamos a RAZÃO.
Concluo com uma utopia: pois, não se prognostica um choque entre o racionalismo científico e a autoridade da fé. Ao contrário: à Ciência estaria reservado o papel de explicar e transformar o mundo; e às religiões estaria destinado garantir que essas transformações sejam para melhor. 

1Adiro aos que fazem uma distinção entre artefato e mentefato. O ser humano age em função de sua capacidade sensorial, que responde ao material [artefatos], e de sua imaginação, muitas vezes chamada criatividade, que responde ao abstrato [mentefatos]. A realidade percebida por cada indivíduo da espécie humana é a realidade natural, acrescida da totalidade de artefatos e de mentefatos [experiências e pensares], acumulados por ele e pela espécie [cultura].

4 comentários:

  1. Professor, nesses momentos imagino como seria o senhor lecionando em nossa universidade. Em uma aula como essa, os debates iriam longe!
    AbraÇos

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Professor Chassot,
    muito obrigado por compartilhar conosco, seus alunos remotos, estas aulas que são saborosas.
    A admiração
    Laurus

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  4. Uma preciosidade de aula.
    Entendo que FÉ e RAZÃO é como Crer sem saber e Saber sem, necessariamente, crer!
    Boa semana.

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