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sexta-feira, 5 de julho de 2013

05.-ABOMINO CAFÉ COLONIAL

ANO
7
Livraria virtual em
WWW.PROFESSORCHASSOT.PRO.BR
EDIÇÃO
2493

Ontem um leitor trouxe comentário: este blogue — ora em periodicidade semanal — se faz de novo (quase) cotidiano. Expliquei que nestes dias de transformações no país é para mim terapêutico escrever. Claro que ter leitores, é ainda melhor. Assim aqui e agora, um relato trivial de uma manhã julina.
Ontem esteirava na academia. Ouvia notícias individualmente. Via imagens de noticiosos na televisão. Entreouvi (ação verbal charmosa esta) um diálogo de meus vizinhos nas esteiras, quando da apresentação na televisão de cenas de um (dito típico) café colonial: “Adoro um café colonial” “Mesmo que me devolva todas as calorias que gasto aqui numa semana!”
Não me contive. Entrei na conversa da dupla: “Eu abomino” Houve surpresas e inquirições: “Como? Por que?” Respondi: “Há pelo menos duas razões: a primeira: há um falso adjetivo: colonial. Os colonos jamais consumiram exageros do tipo ’50 variedades de tortas; 36 tipos de salgados; 27 diferentes schmiers ou geleias; outras tantas variedades de patês’ e não sei que exagerações mais. Assim, há pelo menos um desserviço à história de nossos ancestrais narrando-os como perdulários. A segunda, e mais importante, parece um crime de lesa-pátria, em um país onde tantos ainda passam fome, se cometer esbanjamentos de comida como ocorre nestes ditos cafés coloniais”.
Percebendo a adesão às minhas prédicas, acrescentei: “Esta segunda razão estendo-a aos rodízios de churrascos (ou espeto corrido). Nestes, além de nos fazer regredir a quase trogloditas carniceiros, esbanjamos alimentos que poderiam matar a fome de vários famélicos!”
Quando recebo forasteiros, se acaso manifestem desejo de conhecer estas incivilidades pantagruélicas — espeto corrido e café colonial —, ou os dissuado ou não os acompanho.
Em uma de minhas palestras — “Como formar jardineiros para cuidar do Planeta” — este assunto se faz presente. Um fragmento da mesma é ilustração desta edição.
Para as sobras de restaurantes, seria necessário que houvesse revisão em determinações que impede os restaurantes de destinar a comida limpa (não necessariamente restos, mas sobras) para entidades beneficentes (creches, asilos...). Outro local de desperdício de comida de qualidade são as salas VIPs de aeroportos, especialmente quando têm terceirizados diferentes. Na troca de turno de um para o outro se coloca no lixo alimentos, sem que mesmo os serviçais possam levá-los.
Estuda-se mudar a legislação. Infelizmente, a doação das sobras dos restaurantes é muito dificultada. No Brasil, a responsabilidade pelo alimento doado é de quem oferece. Se a comida estragar e prejudicar a alguém, o restaurante é o único culpado.
Também, em algo tão singelo, mas tão significativo, precisamos mudanças. Vale tentar.

6 comentários:

  1. "Amigo CHASSOT, Fico feliz quando te vejo dinamicamente discutindo com alunos e ouvintes sobre temas diversos - que sempre dominas com propriedade. Mais ainda trespassado (ou transpassado?) por um suspensório para segurar as calças que uma simples cinta já não comporta. Continua com a tua academia, pois certamente te fará bem! E ao interlocutor vizinho avisa que há uma lei pela qual os adeptos da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) lutam para ver aprovada no Congresso Nacional para superar - em parte - o disperdício: É a LEI DO BOM SAMARITANO (Abre a tua Bíblia e verás o que propõe o projeto de lei!)."
    Edni Oscar Schroeder

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    1. eu querido colega e amigo Edni,
      quando escrevi este texto quis ter a adesão daquele que entre nós é autoridade em segurança alimentar. Obrigado pela informação acerca do Projeto da Lei Bom Samaritanos.
      O que podemos fazer para ajuda sua aprovação.
      Com entusiasmada adesão,
      attico chassot
      PS: Os suspensórios são um charme juvenil, próprios para determinados perímetros abdominais.

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  2. Mestre Chassot
    Não tenho duvidas do quanto estes "modismos" devorativos remetem a um comportamento troglodita como dizes. Aliás, em meus escritos tenho constantemente abordado este tema. E o "consumismo" que se tornou uma das facetas da atual sociedade, atinge nao somente objetos como tambem o habito alimentar. Não é a toa que varias doenças de nosso tempo tem preocupado as autoridades sanitarias. Entre elas a maioria como resultado do consumo exagerado: hipertensao arterial, diabetes, obesidade, etc, etc...
    Aliás, fostes testemunha na minha orientação quando do Mestrado em 2006 o tema era o DESPERDÍCIO, incluindo o de alimentos.
    Abraço do JB

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  3. Caríssimo Jairo,
    quando escrevi esta blogada, em mais de uma vez, lembrava tuas propostas ‘contra o desperdicio’ na dissertação de mestrado. Este brado contra os ‘cafés coloniais’ há seis anos já fazias.
    Obrigado pela continuada parceria
    attico chassot

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  4. Limerique

    Que a consciência faça exercício
    Para eliminar esse maldito vício
    De jogar fora comida
    Combustível da vida
    Acabar vamos com desperdício.

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  5. Amigo Mestre Attico, em um país no qual um indivíduo pega um jato da FAB para transportar meia dúzia para um festejo de casamento, tudo é possível. Lembro-me que por ora do plebiscito acerca da adesão ou não a monarquia defendi-a com unhas e dentes. Não que eu valorize o elemento "cianótico" mas pela simples razão que os esbanjos seriam pelo menos afetos a poucos. Olhemos em volta, o país é cercado por obras faraônicas de custo astronômico, criam um quadro horrendo de injustiça muitas vezes lado a lado com a miséria. Nossos dirigentes frequentemente são vistos em faustos banquetes com toda pompa e requinte, tudo custeado com o suor do povo.Algum tempo atrás a pobreza era o que habitava a favela. Hoje evoluímos, um barraco na favela é coisa de luxo, a miséria cresceu, a população de rua aumentou a olhos vistos e os excluídos vadeiam pelas ruas se entregando a todo tipo de narcóticos como alento para existência degradante. E o que faz o ser "humano"? Elabora um plebiscito...

    abraços

    Antonio Jorge

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