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quarta-feira, 3 de julho de 2013

03.- UMA ILHA DA FANTASIA...QUE JÁ ERA

ANO
7
Livraria virtual em
WWW.PROFESSORCHASSOT.PRO.BR
EDIÇÃO
2490

Venho de uma avaliação para alunos de Teorias do Desenvolvimento Humano que não atingiram aprovação (uma quase mágica média sete) nos exercícios regulares. Comparece o Rafael. Muito bom aluno. Nos seis trabalhos do semestre, obtivera como media duas notas 8. A terceira nota fora convencionada seria uma auto-avaliação no 19º encontro, no dia 25 de junho.
Rafael não viera, então. Assim só tinha os 16 pontos dos trabalhos semestrais. Veio nesta terça-feira. Fez, em recuperação, o exercício final. Foi aprovado. Perguntei-lhe porque não comparecera no dia 25.
“Era fim do mês, professor! Junho foi um mês muito difícil para minha mãe, que é autônoma. Não havia dinheiro para passagem! Eu moro para lá do Cristal!”
“Por que não avisaste?” “Este mês a internet foi cortada porque não pode ser paga!”
Quando se brada que as manifestações não são por vinte centavos, não é bem assim. Elas também são por 20 centavos.
Hoje Universidades supõem que todos estudantes tenham internet. Parece natural que resultados de avaliações, faltas e até entrega de trabalhos sejam feitos pela rede. Isso é uma ilusão.
Quantas vezes, neste semestre, disse: “Para próxima aula façam uma resenha crítica de tal texto que está na página do aluno em www.ilhadafantasia.edu.if!”
Nestes dias que vivemos este alucinante acordar é salutar que leiamos excelentes análises de conjunturas para entender o que acontece em nosso país. É importante. Não basta.
Mas talvez mais importante que densas análises históricas é fundamental que leiamos realidades que estão, por exemplo, em nossas salas de aula.
Talvez nem precisemos tirar o mofo de alguns anarquistas clássicos — Mikhail Bakunin, Ivan Illich, Pierre-Joseph Proudhon ou Liev Tolstói — que lemos há muito. Eles merecem voltar a estar na moda.
Mas, uma vez mais, o velho Marx é sempre atual ao nos lembrar: “Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, ao contrário, é o seu ser social que determina a sua consciência.” Talvez voltemos a conviver no Brasil de verdade. Isto implica em ‘deixarmos a zona de conforto’ para aderir a uma expressão que se faz modismo.

4 comentários:

  1. Limerique

    Então, por vinte centavos, é isto?
    Por tal valor minha vida invisto?
    Acabou-se o problema
    O governo tem esquema
    Aprovar o voto distrital misto.

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  2. “Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, ao contrário, é o seu ser social que determina a sua consciência.”
    Sair da nossa 'zona de conforto' não é algo muito fácil e, como o próprio nome diz, nenhum pouco confortável!
    Engraçado como comentava isso há pouco ontem com uma Professora-Amiga, em visita ao Campus aqui da UFG: para quem está acostumado ser, agir diferente dos demais, é extremamente 'normal', mas os que nos rodeiam é que se sentem incomodados!
    E queremos mudar a relidade do país!...não conseguimos sequer mudar a realidade das escolas que trabalhamos...os mesmos que saem nas ruas pedindo justiça, são os que não conseguem se deslocar de sua zona de conforto, de sua mesmice em sala de aula e pelos corredores da escola..
    "Que país é esse?!"
    .
    Abraços Professor!!
    .

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    Respostas
    1. Muito querida colega e amiga Thaiza,
      parece que sinto sabores de um julho um mês um pouco menos atarefado que enseja teu retorno a este blogue.
      Obrigado por tua presença aqui.
      A admiração do

      attico chassot

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