ANO
7
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virtual em
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EDIÇÃO
2490
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Esta
blogada — abertura do segundo semestre de 2013 —tem um titulo poético: assemblage. Aprendi essa palavra em
rótulos de vinhos. No Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha, um enólogo
explicou-me que consiste de vinho formado pela reunião controlada de dois ou
mais varietais em proporções estudadas. Assim, por exemplo, cabernet sauvignon
+ merlot poderiam formar uma assemblage (o substantivo é feminino, numa
evocação à assembleia), ou tanat + pinot noir, outra.
Observaram
como esses varietais (palavra não dicionarizada, usada para indicar tipos de
cepas) têm nomes sonoros? Aqui a palavra cepa (que pode ser usada para designar
cebola, a partir de seu nome genérico) está sendo usada em duas acepções no
ramo das videiras: uma como caule ou tronco da videira, de onde nascem os
sarmentos; outra como estirpe, linhagem ou tronco de família; cepo.
O
Houaiss me diz que assemblage
significa composição artística realizada com retalhos de papel ou tecido,
objetos descartados, pedaços de madeira, pedras etc e diz que a etimologia é da
palavra francesa homônima assemblage (datada de 1493) 'conjunto constituído de
elementos ajustados uns aos outros'. Já que estou brincando com palavras,
transcorreram nesta ouverture duas
palavras que são dissonantes: sarmento e cepo. Sarmento, pode significar ‘vara
que a videira dá a cada ano’. A outra é cepo, que para mim sempre foi ‘pedaço
de tronco cortado transversalmente’ e não um não ramo de videira.
Mas
por que assuntei assamblage nesta
blogada? Inspirado na sonoridade francesa de alguns varietais. Trago quatro
assuntos ligeiros (mas não desimportantes) para produzir com quatro varietais
uma assamblage para a edição de hoje.
Cabernet sauvignon
o
primeiro varietal dos mais saborosos não podia ser outro: celebrar o novo
Brasil que surgiu tão de repente e tão vigoroso neste junho que despedimos ontem.
Mas nesta celebração há indignação. Acompanho Miguel Srougi, pós-graduado em
urologia pela Universidade de Harvard e professor titular da Faculdade de
Medicina da USP na p.A-3 as Folha de S. Paulo de ontem: Como cidadão, fiquei deslumbrado com o clamor que varre a nação. Como
médico, e ligado à saúde, mergulhei em esperanças. Contudo, com a mesma
velocidade que esse sentimento aflorou, fui tomado por uma angústia incontida
ao observar as manifestações oficiais. [...]Perplexo, gostaria de dizer que
essas propostas são tão surrealistas que não podem ter sido idealizadas por
autoridades sérias, mas sim por marqueteiros afeitos à empulhação. Piores do
que os depredadores soltos pelas ruas, já que destroem vidas humanas. [...] Presidente,
termino pedindo desculpas pela minha insolência. Você, que é digna e tem
história, não pode tergiversar perante o clamor de tantos filhos da nação. Faça
ouvidos moucos ao embuste e combata de forma sincera os malfeitos [...].
Merlot evoca-me
Mendoza e me faz saudades. Neste semestre letivo que encerro, faço despedidas
de cinco grupos de alunos, que de maneira muito intensa me afagaram e mexeram
comigo. Farão saudades. Do Programa de Pós Graduação em Educação da URI de Frederico
Westphalen recebi uma linda homenagem com foto com dedicatória das ‘sete
mulheres da escrita em questão’. No Unilasalle os mestrando da oficina ‘A arte
de escrever Ciência com arte’ me acarinharam a emoções. Na noite de sexta-feira
e na manhã de sábado as últimas aulas do Mestrado Profissional de Reabilitação
e Inclusão do Centro Universitário Metodista do IPA tiveram marcas especiais.
Nas duas turmas de graduação (Música e Educação Física + Pedagogia) de Teorias
do Desenvolvimento Humano do IPA amealhei mais de meia centena de
manifestações. Destaco a do Jean Marcel Koetz Pitrez Bernardi: “Professor Attico, gostaria de lhe dizer [...]
que apesar de cursar licenciatura, sempre pensei em trabalhar e me especializar
no ramo mais prático da Educação Física, mas com seu exemplo, pude perceber o
quanto o trabalho mais voltado para Educação pode me levar longe!”
Tanat sabe a saborosos vinhos uruguaios que
são complementos à lareira neste inverno. Foi na tarde fria do último sábado
junino que por convite de meus colegas Claiton Prinzo e José Luis Novaes
compareci a Livraria Nova Roma para falar no ‘Café Filosófico’. Discorri por
mais de 1,5 hora sobre uma utopia: o
dialogo entre religião e ciência. Os cerca de quarenta lugares estavam
todos tomados e talvez uma dezena de atentos ouvintes ouviram a fala em pé. Foi
gratificante estar com um público muito diversificado acompanhando minha fala.
Pinot noir
evoca
a Borgonha e é muito apropriado para neste julho evocar o mês de aniversário
deste blogue que ocorre dia 30. Os sete anos serão celebrados este ano de
maneira diferente, pois, há não muito (13 de maio), fiz uma opção que ainda não
está bem assimilada: não é mais diária a frequência deste blogue como foi por
6,8 anos. Optei, por razões que expliquei então por uma edição semanal às quintas-feiras.
Tenho quebrado esta norma. Em junho houve quatro quintas-feiras e nove edições.
Essas edições extras — como a de hoje e também a de ontem — amenizam a saudades
de meus leitores. Assim, aqui e
agora um bom julho a cada uma e cada um.
Chassot,
ResponderExcluirfizeste-me ébrio com esta gala enofílica.
É uma alegria para as papilas sinápticas sentir os taninos e os buquês de cada barril de sabores que é teu fazer ciência.
Acalenta-me, nesta noite fria, o teor etílico de teu amor pelo que fazes e inspira-me a continuar... Tentando envelhecer em barril de carvalho e chegar no alto da vida como um vinho nobre e caudaloso. Abram-se todas as rolhas das cascatas do conhecimento e do amor pela grande parreira que é o educar. Que este assamblage seja um brinde a ti Chassot, o vigneron de seres humanos.
Viva il vino spumeggiante, in bicchiere scintillante.
Caro Mestre
ResponderExcluirUma grandiosa comparação nesta blogada que empeza a primeira semana julina. Ideia muito bem posta, principalmente porque sao elas que transformam pensamentos e atitudes, como reflete teu pupilo Jean Marcel. Obrigado por fazeres estas leituras cada vez mais inebriantes como os vinhos e seus varietais.
Abraço do JB
Caro Chassot.
ResponderExcluirmuito apropriado a assemblage de hoje; facilmente a gente esquece que celebrar as conquistas e as etapas da trajetória humana não fazem parte da caminhada; muito pelo contrário, são essas coisas que alimentam a nossa espiritualidade que, assim como todo o resto do conjunto de nosso humano ser, necessita ser cuidado.
Bom julho, são os meus votos!
Garin
Saboriei sua blogada,só um mestre inteligente e estudioso seria capaz de fazer uma ligação da vida com as marcas de vinho .
ResponderExcluirAbraços Sentiremos saudades,
Clarinda,
PPGEdu URI FW
Bom dia Porfessor Attíco!
ResponderExcluirEstamos acompanhando as blogadas . Aproveito para desejar uma boa semana e reiterar a admiração pela vossa pessoa,
Um grande abraço
Elmer Link
Unilasalle
PPGEducação
Limerique
ResponderExcluirPara apresentar melhor oferta
Assemblage é mistureba certa
Que constrói um buquê
O qual só assim se vê
No vinho de confecção aberta.
cccCaríssimo Mestre Chassot,
ResponderExcluiruma blogada dionisíaca que nos leva render culta ao inebriante Baco, não sei como optar pelos quatro varietais propostos. Fico comovido com a decisão de Jean Marcel, que realmente teve uma douta inspiração.
Ainda não assimilei bem a aperiodicidade.
Todavia concordo edições diárias eram insustentáveis.
Com continuada admiração
Laurus Lima lima