ANO
7
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AGENDA em
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EDIÇÃO
2508
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Abro
mais uma blogada extra — quinta-feira é
o dia da edição hebdômada — no bojo do mês de aniversário deste blogue.
Faço a tessitura da edição de hoje com excertos do texto Colombo ficou a ver navios que Sylvia Colombo escreveu na Ilustríssima da Folha de S. Paulo deste domingo, dia 21.
A
sua leitura antecipo uma questão: E se o exemplo frutificar. Eis a
matéria:
Cristina Kirchner saca o genovês do pedestal Depois de
quase um mês de novela, o governo da presidente Cristina Kirchner venceu. Numa
manhã do fim de junho, as TVs transmitiram ao vivo o capítulo derradeiro: a
remoção da estátua do navegante genovês Cristóvão Colombo (1451-1506) do alto
do monumento doado a Buenos Aires pela colônia italiana, em 1910 (na foto).
Cristina
começou a travar uma guerra contra o navegante italiano quando propôs que sua
imagem, segundo ela a de um conquistador vil, fosse substituída pela de Juana
Azurduy (1780-1862), heroína boliviana da Independência argentina — um presente
de Evo Morales.
O país
acompanhou a disputa pelos ícones como se fosse um folhetim. De um lado, a
presidente e seu discurso anti-imperialista. De outro, o prefeito de Buenos
Aires e a comunidade italiana, inconformados, defendendo a monumental estátua
de pedra. Por ora, ganhou Cristina, e o marinheiro permanecerá alijado do
pedestal, à espera de restauração e traslado para um porto mais discreto.
Ilustro
esta edição com o Monumento a Colombo (foto maior) que tive o privilégio de conhecer entre uma das mais
famosas estátuas da cidade de Barcelona, na Espanha. Está erguida na praça do
Portal da Paz (em catalão Portal de la Pau), em frente ao Porto de Barcelona.
O
monumento foi construído para a Exposição Universal de Barcelona de 1888.
A
estátua de Colombo (no detalhe),
de sete metros de altura, está situada no alto de uma coluna de ferro.
A estátua
faz parte de conjunto mede uma total de 60 metros de altura (a partir da base em outro detalhe).
Volto
à questão E se o exemplo frutificar. Gostaria que cada uma e cada um de
meus leitores a respondesse em termos de seu lócus vivendi. Aqui em Porto
Alegre, de onde se edita este blogue, uma das mais importantes e extensas
avenidas — a Cristóvão Colombo — teria que mudar de nome.
A
esta pergunta deve se aditar outra: é
salutar se restaurar uma inquisição cinco séculos depois e fazer julgamentos?
Ou realmente devemos retificar a História? Confesso: tenho dúvidas acerca
das respostas. Quem opina?
Aqui em nosso Rio de Janeiro seria uma verdadeira tragédia se alguém aventasse a hipótese de substituir o Redentor, além do feito exigir uma engenharia excepcional. O mais triste nesses embates é que são todos motivados por correntes políticas, as quais ignoram a tradição, a história e a identidade dos povos.
ResponderExcluirAbraços
Antonio Jorge
Meu caro Antônio Jorge.
ResponderExcluirHá um detalhe a mais: se quiséssemos homenagear os primeiros habitantes desta terra não lhes sabemos o nome. Dá-te conta que não sabemos o nome de uma mulher ou de um homem que viveu aqui antes de 21 de abril de 1500.
Não tenho sugestão para um novo nome par a Avenida Cristóvão Colombo: talvez: Avenida Sepé Tiaraju.
Aproveita o sol que voltou ao Rio de Janeiro e vai acompanhar o papa superstar. (brincadeira!)
Obrigado por tua estada neste blogue,
attico chassot
Limerique
ResponderExcluirVida repleta de erros e porquês
"Descobrir" terras foi o que ele fez
Mas num mundo revisado
Seu feito é questionado
Então cai do pedestal esse genovês.
Pois é, quase não se comenta, mas o Genovês fez quatro viagens ao Caribe. Na primeira, desembarcou na ilha Hispaniola com 120 homens para fazer exploração, crente que estava no oriente. O tainos que ali viviam cultivavam milho, batata-doce, pimenta, mandioca, algodão e tabaco, e eram pacíficos como cordeirinhos. Eles se adornavam de fragmentos de ouro em suas vestimentas e cabelos; não negociavam o precioso metal e não conheciam o ferro. Eram gentis, curiosos e amáveis; outras tribos que viviam em ilhas próximas costumavam guerrear, eles não. Os tainos receberam Colombo e, a pedido dele, o encaminharam aos locais onde existia ouro. Ao se retirar para a Espanha, Colombo deixou na ilha 40 homens para consolidar a ocupação, estes estupraram, brigaram, assassinaram e roubaram. O tainos, ainda que em legítima defesa, mataram todos.
ResponderExcluirNa viagem seguinte o número de homens que Colombo levou foi multiplicado por dez, eram 1200 homens, além de bovinos, porcos, cabras e cavalos. A idéia era montar uma colônia permanente. Mais uma vez o comportamento brutal dos espanhóis: estupros, roubos de comida e de ouro causou uma comoção tal que levou os tainos à guerra. Após um ano de combates, durante os quais os espanhóis mataram dezenas de milhares de uma população calculada em 250.000 almas, os sobreviventes foram obrigados a pagar tributos em ouro, alimentos e algodão tecido a título de indenização aos invasores. Parece que Hitler sabia dessa história ao obrigar os judeus a pagarem os prejuízos depois da “noites dos cristais” em 1938. Vale lembrar que não havia grandes depósitos de ouro na ilha, o que lá existia tinha sido acumulado durante séculos de coleta em terra, mas os invasores não quiseram saber, quem não conseguia pagar o tributo tinha as mãos decepadas depois era morto. Os animais trazidos pelos ibéricos dizimaram as plantações de alimentos dos tainos causando fome, doenças e morte.
Colombo voltou à Hispaniola mais duas vezes sempre acreditando que estava em ilha na costa da Ásia, sempre procurando ouro, pedras preciosas e especiarias para justificar as viagens. Era um ótimo navegador, mas um péssimo administrador, até para os padrões espanhóis, como diz De Las Casas. Em novembro de 1504, aos 53 anos, retornou definitivamente para a Espanha em semidesgraça, falecendo sete meses depois na miséria e esquecimento. Encerou sua desastrada vida de aventureiro com fome e doente como havia deixado os tainos em Hispaniola. Se existisse justiça divina, seria correto dizer que ela, neste caso, foi exemplarmente aplicada. JAIR, Floripa, 23/03/11.
Muito estimado Jair,
ExcluirMeu desconhecimentos acerca dos tainos era quase total. Muito obrigado pela maneira como oportuna como adensaste esta blogada. Realmente foram escravizados e massacrados pelos colonizadores — ou melhor, conquistadores — europeus. Quando se Bartolomeu Las Casas temos que nos envergonhar de nosso DNA cristão.
Sabia um pouco de Colombo. A postura anti-columbina da senhora Kirchner parece mais que justificada. Ele foi um genocida perverso e não há como justificar o contexto histórico.
Apenas não entendo afirmares que Colombo era um navegador, se repetiu nas viagens subsequentes a de 1492 a crença que estava no Oriente.
Uma vez mais, obrigado.
attico chassot
Permita-me Chassot e Jair aditar comentário à esta excepcional reflexão. Por alguns anos tive contato com as escritas do Frei dominicano Bartolomé de Las Casas, principalmente sua obra O PARAISO DESTRUIDO, e fiquei impressionado com o relato. Acredito inclusive que foi minha primeira leitura da ciencia histórica fora dos livros normais da educação básica. É de impressionar o que o mesmo conta a respeito das ações que trucidaram indígenas nesta América Central. Quem sabe Cristina Kirchner não tenha razões suficientes para tomar esta atitude, assim como, aqui já se fez em relação à nossa Avenida Castelo Branco, que há pouco tempo se cogitou mudar de nome. Abraços do JB
ExcluirMeu caro Jairo,
Excluirnem os mais cruentos romances de horror são tão doloroso como o que relata las Casas acerca de que os espanhóis trucidaram nas Américas.
Apoio a senhora Cristina
attico chassot
Caro Chassot,
ResponderExcluirsei pensas assim também, mas é impossível voltar ao contexto no qual um monumento foi erguido. Mesmo que isso fosse possível, querer retirar ou sepultar marcas de um tempo é contestável. Aquilo que foi, o foi porque foi naquele momento. Embora muitos dessas marcas tenham sido eventos políticos caudilhescos, mesmo assim refletiu aquilo que se pensava ou se omitia de pensar. Por trás de um herói histórico ergue-se um mito e por detrás de ambos, existiu um ser humano suscetível às diferentes pressões do seu tempo. O que fez, ou que se diz que fez, o fez o disseram que fez porque assim era naquele fazer.
Um Abraço, com "A" maiúsculo.
Garin
Muito estimado Garin,
Excluirdepois que li estarrecido o comentário do Jair, confesso que talvez devêssemos mudar o nome de nossa importante Avenida Cristóvão Colombo para avenida dos Tainos.
Então poderíamos falar de um povo que foi massacrado pelos conquistadores.
Está lançada uma sugestão.
Retribuo agradecido o Abraço
attico chassot
Caro Chassot,
ResponderExcluirNavegador, no sentido em que era compreendido à época, define o homem capaz de ler com segurança uma carta naútica e seguir a bússola ou a estrelas para deslocar-se do ponta "A" para o pontp "B". Não significa que ele sabe o que vai encontrar adiante, porque as cartas eram muito precárias e o desconhecido estava logo ali depois do horizonte. Mal comparando, é como hoje um espaçonauta ir até Marte, por exemplo. Ele sabe como chegar lá, mas desconhece quase totalmente o que vai encontrar. Abraços, JAIR.
Apenas para ilustrar a tão educativa blogada de hoje os "grandes" homens nem sempre são lembrados por todos os seus feitos. Flavius Valerius Constantinus, mas conhecido como Constantino I (o qual inclusive deu o nome da cidade de Constantinopla), ou Constantino Magno, ou ainda Augusto por seus soldados, é hoje lembrado como o primeiro imperador dito Cristão sendo responsável pela expansão do cristianismo pelo mundo. Não é lembrado por ter mandado matar o seu filho Crispus, sufocado sua esposa Fausta, mandado estrangular seu cunhado e chicotear o seu sobrinho até a morte. Sujeito bonzinho né?
ResponderExcluirAbraços
Limerique
ResponderExcluirRetirem homenagem sem alarde
Cristóvão Colombo grande covarde
Massacrou povos nativos
Sem quaisquer motivos
Fazê-lo lixo da história já vai tarde.
Retificar a história? Isso é possível? A história não é apenas história? Como é possível apagar o q já passou? Seria os argentinos, como os conhecemos sem o conquistador? Não são descendentes de europeus? Devemos aqui retirar os monumentos históricos pq hj não os queremos mais? A história mudará e todos aqueles q não são índios evaporarao? Pq não valoramos hj os povos e as culturas indígenas em vez de joga-los a marginalidade? Como se faz no BR e na argentina. Pq não se valora os conquistados hj, em vez de cair na eterna retórica barata de "retificar" a história, q por fundamento é impossível.
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