Ano 6 | PORTO ALEGRE | Edição 1872 |
Mais uma vez de Porto Alegre. Não parece que foram apenas três edições fora. O desejo de volta ao lar faz parecer que foram vários dias e isso que, ainda, tive em dois dias a companhia da Gelsa e que graças a compreensão dos colegas que nos convidaram, conseguimos antecipar o retorno em 24 horas. Vou sintetizar com o senso comum: é muito bom viajar, mas voltar para casa é ainda melhor. Na alegria de curtir estar aqui neste domingo entre viagens, desejo que hoje seja dia de uma curtida espera da primavera.
Diferente dos domingos anteriores, hoje não se faz um rescaldo da semana. A manhã de ontem no Encontro Nacional de Pesquisadoras e Pesquisadores em Educação e Culturas Populares ENPECPOP foi muito emocionante. Assim cabe aqui e agora um registro.
As atividades começaram com a apresentação de um grupo folclórico ‘Balaio de Chita’ – Grupo de Pesquisa, Prática e Criação em Danças Brasileira – que encantaram os participantes cujas inscrições superaram a 400. Foi um espetáculo emocionante que valeu ser apreciado.
Depois, houve uma mesa que marcou a abertura formal do evento. Das diferentes falas deste momento, destaco a do Vice-reitor Darizon Alves de Andrade que entre outras colocações destacou o quanto, nos dias atuais, à universidade federal é disponibilizado recursos fartos, desde que se apresente bons projetos. Vale referir também a fala do Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação, professor Carlos Henrique de Carvalho acerca das concepções de Universidade.
A mesa-redonda ‘Culturas populares e Etnociências’, coordenada pelo Prof. Dr. Benerval Pinheiro Santos, teve duas participações: no primeiro segmento, a Gelsa apresentou uma fala com uma densa teorização acerca da trajetória que a faz hoje um dos nomes de maior projeção internacional da área da Etnomatemática. Ofereceu exemplos que elucidaram, de maneira significativa, suas formulações teóricas, com as quais se envolve quase há um quarto de século. No outro, capturei o auditório com o narrar de uma prática que desenvolvo na disciplina Conhecimento, Linguagem e Ação Comunicativa onde se busca saberes primevos em risco de extinção para fazê-los saberes escolares. Foi muito significativo para mim a Gelsa ter dito, ainda no aeroporto de Uberlândia, o quanto nossas duas falas foram convergentes.
A emoção maior foi a leitura de carta escrita por Beatriz, 12 anos, filha dos professores Clarisse Carolina e Benerval. A Bia assistira na noite de quinta-feira a minha fala A Ciência é masculina? É, sim senhora! A carta, que transcrevo, foi lida por sua mãe, emocionando a mim e a muitos do auditório.
Uberlândia, 17 de setembro de 2011 – o ano internacional da química.
Caríssimo professor Attico,
Gostaria de agradecer-lhe por sua tão esperada visita à nossa cidade. Tenha em mente que esperávamos o senhor e sua maravilhosa esposa havia dias, num misto de ansiedade e nervosismo. Estávamos preocupados em deixar tudo perfeito. Mas afinal, não é assim que todos se sentem quando aguardam alguém querido?
Gostei muito de saber que o senhor visitou a nossa casa, mesmo que eu não estivesse lá para recebê-lo. Espero que tenha gostado dos livros que temos e que estão espalhados, oferecendo-se a qualquer um, em todos os cômodos do casa. Eu, particularmente, os adoro. Todos eles, sem exceção.
Sinto-me também na obrigação de anunciar que sua palestra foi realmente maravilhosa. Sempre me interessei pelos direitos iguais entre os homens e mulheres, e sua apresentação realmente ajudou-me, pois esclareceu pontos que há tempos eu já havia desistido de entender. É terrível ver quantas desigualdades existiram – e existem ainda – neste mundo, mas ao menos podemos ter esperança de que estamos caminhando em direção a um futuro melhor.
A propósito, logo no dia seguinte à sua apresentação, comecei a ler seu livro: A Ciência é masculina? É, sim senhora!. Estou atualmente na página 40, e admito que estou gostando muito, além de grifar todas as páginas. Tanta é a minha exaltação em contar seu conteúdo para minhas pessoas mais próximas, que três delas já me pediram o livro emprestado para melhor avaliação: minha melhor amiga, também chamada Beatriz; minha professora de matemática, Silaine; e minha avó, que o senhor inclusive conhece, Elisabeth. Todas elas no mesmo dia!
Aliás, professor, eu fiquei muitíssimo surpresa ao ver a diferença salarial entre homens e mulheres, principalmente aqueles com maior grau de instrução. O mesmo aconteceu quando li as escrituras em relação às negras. É realmente triste ver (e ler) o quanto o preconceito pode afetar a vida de muitas pessoas.
Bem, acho que minha pequena carta acaba por aqui. Foi muito bom tê-lo em nossa companhia, professor. Tenha certeza que o senhor deixou saudade, e afetou a vida de muitos nesta cidade – para melhor!
Um abraço saudoso,
Beatriz Ortiz C. A. Lopes
Caro Mestre Chassot
ResponderExcluirViajar é ótimo, e o contato com tanta diversidade nos proporciona um festival de troca de óculos, aquelas lentes que são necessárias para entender novos simbolos e sinais. Penso que a etnomtematica seja um novo par de lentes, nem tão novo porque é um movimento que existe a mais ou menos 40 anos, entendo pelo pouco que sei, que é um movimento importantissimo, é uma maneira adequadissima para o ensino de matematica, disciplina que assuta a maioria dos estudantes, e olha, não vivemos sem matematica, até o passo que vou dar precisa de calculo para que seja o passo certo.
Abraço ao Mestre e a Sra. Gelsa.
Caro Chassot,
ResponderExcluireu também me emocionei com a carta da Beatriz. Além da excelente redação (para quem apenas tem 12 anos), o seu conteúdo nos faz pensar na recompensa grandiosa da tarefa da educação. Essa carta nos renova a esperança nas novas gerações, capazes de compreender a importância de uma luta secular pelas igualdades, notadamente, entre mulheres e homens com relação aos seus direitos.
Um abraço,
Garin
Professor Chassot, sou André Sabino, amigo de Clarice e Benerval. Eu e Clarice somos colegas de trabalho na Escola de Educação Básica da UFU. Viajei de São Paulo, de volta para Uberlândia, ano passado, por ter passado no concurso e ter vindo ministrar aulas na escola. Uma viagem difícil, o retorno para as Minas...
ResponderExcluirMas o futuro nos reserva boas e gratas surpresas... Conheci Clarice, depois Benerval, depois Bia... Que, no caminho que fazem, caminhando, me possibilitaram ouvir ao Sr. e a Profª Gelsa. Meu Deus, como sou grato a estes momentos, como temos o que aprender...
A carta da Bia, me emocionou, mas, mostrou, que ser educador ainda vale a pena.
Obrigado ao Sr. e a Gelsa por alimentar de conhecimento e possibilidades a prática de um educador.
Até a próxima.
Meu muito querido Adão Rogerio,
ResponderExcluircomovi-me com as referências a etnomatemática e senti isso uma homenagem para Gelsa.
Uma boa semana para ti e para os teus com um bom feriado que me encontrará em Manaus
attico chassot
Muito querido colega Garin,
ResponderExcluirusualmente meus filhos se surpreendem que não ganho remuneração em dinheiro com estas palestras.
Manifestações como a da Beatriz são mais que R$ / US$ / €
Obrigado pela continuada parceria,
attico chassot
Muito estimado colega André
ResponderExcluir~~dirijo a mensagem ao Benerval pois não tenho teu endereço ~~
Acabo de ler teu comentário para a Gelsa. Nós dois somos gratos por valorizares nossas falas.
Realmente a carta da Bia é paga maravilhosa por estas andanças que fazemos, buscando transmitir nossa alegria de ser professor.
Com muita estima a admiração do
attico chassot
Attico,
ResponderExcluirMaria Antonia e eu, acabamos de ler a carta de Beatriz, linda redacao e muita significante a reflexao que ela trouxe. Parabens Beatriz por ser tao interessada no mundo em que vive! Attico parabens por teu esforco incansavel em defesa da educacao. Boa semana! beijos
Carla querida,
ResponderExcluirobrigado pelo teu entusiasmado pelo meu fazer Educação e pela carta da Beatriz que muito evoca a agudeza de nossa Maria Antônia.
Estas referida no blogue de hoje.
Com muito carinho para ti e para a Maria Antônia
Uma boa semana
attico chassot
Não consigo parar de chorar, tamanha admiração e orgulho que tenho por esta sobrinha tão querida e talentosa. Quero agradecer ao sr. Professor Attico, pelo incentivo a essa preciosidade que temos a sorte de ter em nossa família! Ela é uma pérola, tem um dom incrível para a escrita e ainda terei a oportunidade de ver seus livros em todas as prateleiras das livrarias. Ah!!! E o seu, professor, já estou na fila, para devorá-lo também!!! rrrssss.
ResponderExcluirGrande abraço, e obrigada pelo carinho devotado aos amores da minha vida, minha família querida!!!
Silvia Ortiz de Camargo, mais conhecida por Silvinha (talvez pela mísera altura de 1,50m, rrsss).
Querido professor Attico,
ResponderExcluirQuerida professora Gelsa...
É com imensa gratidão que lhes escrevemos.
Aprendemos muitas coisas, confirmamos tantas outras, resgatamos sonhos possíveis diante das desigualdades, nos incomodamos novamente com questões que estavam sonolentas...quase adormecidas...
Foi uma grata surpresa reconhecer que não estávamos sozinhos neste “ser afetado” por vocês. Além disso, foi emocionante nos darmos conta de que nossa pequena Beatriz- aquela que faz feliz- já consegue estabelecer encontros fecundos e encontrar respostas para suas inquietações.
É triste e doído quando temos que socializar com nossos filhos e educandos as dores do mundo. Quando reconhecemos diante deles nossas fragilidades de não termos respostas, e quando muitas e muitas vezes, temos que em meio a cacos, resgatar nossas esperanças.
Buscamos o tempo todo dialogar valores, apontar caminhos, mas nunca sabemos ao certo se estamos construindo coisas solidas ou apenas castelos de areia.
Por isso que talvez a carta da Beatriz, para nós, tenha sido espelho... pois ela reflete, entre outras coisas, valores e crenças que buscamos construir cotidianamente em nossas atitudes e porque percebemos que suas inquietações foram transformadas em esperança.
É uma grata sensação de que dias melhores são possíveis...
Sintam-se imensamente abraçados!
Clarice Carolina e Benerval
Prezada Silvinha,
ResponderExcluirtua previsão de ver em um futuro não distante livros de tua sobrinha Beatriz em livrarias deve se fazer realidade.
Obrigado pela tua visitação a este blogue.
Com estima
attico chassot
Estimada Clarice Carolina e estimado Benerval,
ResponderExcluiré muito bom tê-los parceiros ( e escrevo também em nome da Gelsa) em nossas empreitadas de fazer Educação. Agradecemos por nos abrrem esta oportunidade na UFU.
Que tenham na Beatriz continuados momentos de emoções lindas como a da manhã do último sábado.
A admiração e os agradecimentos dp
attico chassot
Acabei de receber por email, o seu link e a grata notícia de que a Bia (como a chamo) foi homenageada. Faz muito tempo que não a vejo, sou muito amiga da sua mãe que também não vejo a algum tempo. Tenho muito orgulho de ver que uma criança que conheci bebê e que se desenvolve a largos passos, em simpatia, responsabilidade e amor pela educação. Assim como sua mãe que é uma excepcional educadora que admiro e amo muito, a Bia tem em meu coração( que neste momento transborda orgulho, um lugar especial e cativo. Obrigada a todos vocês que a chama de amor pela educação nunca apague.
ResponderExcluirFátima Regina Carvalho
Estimada Fátima
ResponderExcluir~~A/c Benerval~~
Uberlândia, nesta a UFU e aí a Bia foram experiências que trouxeram emoções.
Obrigado por as partilhares neste blogue,
attico chassot
Caro Attico Chassot,
ResponderExcluirOlá, sou Beatriz Ferreira, a melhor amiga de Beatriz Ortiz. Ela me indicou seu blog, e ao ler a carta por ela escrita, fiquei também impressionada. Também não posso negar que tudo o que ela relatou é pura verdade, e concordo com ela em todos os pontos.
Também tive a chance de surrupiar o livro das mãos da Bia, e ler algumas páginas... Nelas comprovei que o senhor relata tudo de uma forma extremamente inteligente, e adorei a relação aos fatos históricos das mulheres. Espero ter a honra de poder terminar de ler esta obra, e também as outras mais que criou. É com livros do tipo que nós aprendemos mais sobre o mundo, e como melhorá-lo. Tenho certeza de que "A Ciência é masculia? É, sim senhora!" fez e fará uma larga diferença no modo de pensar de todos nós.
Atenciosamente,
Beatriz F. Avinco
Querida Beatriz
ResponderExcluir[a/c Benerval]
Obrigado por teu comentário. Vejo que a dupla Bia&Bia tem densidade epistolar alimentada na mesma cepa.
Parabéns e encantado com tua passagem neste blogue
attico chassot
Caro professor Chassot,
ResponderExcluirAdmito que fiquei muito feliz, e até mesmo um pouco lisonjeada, com os tantos comentários que recebi em relação à minha pequena carta. Tanto neste blogue, quanto na minha própria escola, já recebi muitos "parabéns" e "você foi ótima!" vindos de minhas coordenadoras, professores e de alguns funcionários. Inclusive - veja só! - já até recebi um convite para escrever um texto sobre sua palestra, de modo que este fique publicado no site escolar.
Em relação à minha leitura de "A Ciência é masculina? É, sim senhora!", a cada página nova que leio minha curiosidade intensifica-se ainda mais. Tenho que dizer que concordo totalmente com sua fala, na página 44, quando o senhor diz o quanto, em pleno século XXI, nós ainda delimitamos o espaço masculino e o feminino. O quanto as atividades ainda são questionavelmente divisíveis, e o quanto os cursos de Pedagogia ainda têm como predominância alunas femininas, enquanto na Geologia, os homens vencem em maioria. Temos realmente que mudar este comportamento. E rápido.
Bem, acho que meu comentário termina aqui.
Esperando que o senhor e sua esposa estejam bem,
Beatriz Ortiz de Camargo Aleixo Lopes - a Bia
Muito estimada Beatriz,
ResponderExcluirem Brasília, rumo a Manaus, recebo teu comentário na edição do blogue onde foste estrela. Quando te leio neste comentário dou-me conta que a aquela linda cara não foi uma produção acidental e mais não te fazes distinguida apenas pela cuidadosa forma literária, mas pelo valor de tuas ideias.
Meu blogue está aberto se quiseres enviar colaborações.
A Gelsa recebe cópia desta resposta para que conheça teus votos.
Com continuada admiração
attico chassot
Prezado Professor,
ResponderExcluircomo pode um avô "do paraguai" postar algum comentário sobre uma neta simplesmente fantástica?!?! Eu sempre provoquei a Bia a me corrigir em muitas coisas corriqueiras e ela sempre correspondeu acima das expectativas. Realmente essa tal de Beatriz é uma luz no fim do túnel nas próximas gerações; e vejam que quem está escrevendo é um semi analfabeto que teve o previlégio de estar com a Bia desde o seu nascimento até hoje! Professor o sr. é fantástico! com pessoas como o sr. esse mundo seria muito diferente! grande abraço e fique com Deus ..
Estimado senhor Abel,
ResponderExcluir(a/c Benerval), o senhor tem porquê se orgulhar de sua neta Beatriz. Escrevi-lhe que aquela linda carta (por transtorno de aeroporto saiu cara) não foi uma produção acidental e mais não te fazes distinguida apenas pela cuidadosa forma literária, mas pelo valor de tuas ideias.
Para mim é muito bom dizer isso a um avô que tem tudo para ser coruja.
Obrigado pelas palavras que me distinguiu.
Na admiração à Beatriz, meu respeito ao avô
attico chassot
Olá Professor Chassot,
ResponderExcluirSou professora da Rede de Ensino Municipal de São Bernardo do Campo, e foi aqui que tive o privilégio de conhecer e trabalhar com Clarice, uma professora e mãe exemplar. A Bia estudava na escola em que trabalhávamos e desde aquela época, há aproximadamente 6 anos, já era visível o potencial dessa menina moça.
É um orgulho para todos nós, educadores de SBC, ter tido a oportunidade de fazer parte da vida de pessoas tão especiais...
Parabéns Clarice e Benerval pela a educação da Beatriz e parabéns a você, Bia, por ser uma menina tão brilhante e talentosa!!!
Obrigada professor Chassot pela oportunidade de conhecer o seu trabalho e pelo rico conteúdo do seu blog!
Um abraço,
Professora Vanessa Gomes Dantas
Muito estimada colega Vanessa,
ResponderExcluir~~a/c Benerval ~~
Realmente deve ser um orgulho para ti e para os educadores de SBC terem participado da gênese educativa da Beatriz. Como tu, muitos de nós ficamos emocionado com a carta que foi postada domingo. Depois vi que ela não é um ponto fora da curva na produção da talentosa menina. E mais não me emociona o estilo literário, mas e principalmente, suas posturas cidadãs.
Obrigado pela referência ao meu blogue. Lateralmente devo de contar que no último sábado de agosto estive pela primeira vez no ABC e uma jornada muito gratificante. Conto isto nas edições de então.
Cumprimentos desde Manaus
attico chassot