Ano 6 | GUARAPUAVA | Edição 1856 |
Estou pela primeira vez em Guarapuava. Cheguei a Curitiba, ou melhor, a São José dos Pinhais (munícipio onde fica o aeroporto da capital paranaense), um pouco depois das 10h em um 737-700, que fez a viagem desde Porto Alegre em cerca de 50 minutos. Por problemas logísticos, como éramos três os destinatários a Guarapuava, de três geografias distintas o senhor Hamilton, motorista da UNICENTRO, ‘que sabe tudo da Universidade e outras coisas mais’ só chegou ao destino, quase 17h, com os professores doutores Flávio (UNIVALE), Dilermano (UFPR e presidente do CRQ-PR/9ª Região) e comigo. Mas, com o Piquet guarapuavano, os três aprendemos muito na longa viagem, por exemplo, que em estrada 'não se anda batendo grade'.
À noite, em nome do curso de Química da UNICENTRO, o prof. Dilermano e eu fomos recepcionados com um lauto jantar pelo Prof. Dr. Carlos Alberto Policiano Almeida. O significativo deste momento foi a presença de cinco estudantes de graduação: Suelen, Ane, Naiara, Gabriel e Daniel (os quatro últimos do PET).
No começo desta tarde profiro a palestra “A ciência como instrumento de leitura para explicar as transformações da natureza” no encerramento do V Simpósio de Química Aplicada SIMQUIA e da VI Jornada de Pós-Graduação em Química promovidos pela Universidade Estadual do Centro-Oeste - UNICENTRO.
A UNICENTRO é uma universidade mantida pelo governo do estado do Paraná, com sede na cidade de Guarapuava, onde possui dois campi e ainda tem campus nas cidades de Irati, Chopinzinho, Laranjeiras do Sul, Pitanga e Prudentópolis. Sua região de abrangência é de 50 municípios totalizando aproximadamente 1 milhão de habitantes. Sua comunidade universitária é formada por quase 10 mil alunos, 800 professores e 400 funcionários. A instituição oferta 53 cursos de graduação em seus campi e extensões. Oferece também cursos de pós-graduação lato sensu e stricto sensu e sequenciais.
Guarapuava – que foi dos primeiros e maiores municípios do Brasil – é o mais
populoso da região centro-sul do Paraná e o nono mais populoso do estado, com cerca de 170 mil habitantes, sendo um polo regional de desenvolvimento com forte influência sobre os municípios vizinhos. A cidade faz parte também de um entroncamento rodo-ferroviário de importância nacional, denominado corredor do Mercosul, entre os municípios de Foz do Iguaçu e Curitiba. Sua localização no terceiro planalto paranaense, a 1120 m de altitude, faz de Guarapuava uma das cidades mais frias do estado, onde o bioma predominante e a floresta subtropical, com vastas áreas de mata de araucárias. A cidade é ainda a maior produtora brasileira de cevada e possui uma das maiores fábrica de malte da América Latina, responsável por 16% da produção nacional.
Depois desta contextualização de onde escrevo, desejo retomar ao assunto que é a chamada de abertura. Ele se conecta com um dos mais dolorosos casos de violência contra mulher que relatei aqui na blogada desta segunda-feira. Trago um excerto da abertura da 5ª edição de A Ciência é masculina? É, sim senhora! que apresentei aqui, também, naquela edição. À esta reflexão, que traz um ‘outro lado’ pouco conhecido, adito meus votos de uma preciosa sexta-feira e adianto que a dica de leitura de amanhã é no mínimo apetitosa.
A violência doméstica contra mulher é tão significativa no Brasil (e nisso não somos exceção) que há uma legislação especial. Conhecida como Lei Maria da Penha, a lei número 11.340 decretada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva em 7 de agosto de 2006. Dentre as várias mudanças promovidas pela lei está o aumento no rigor das punições das agressões contra a mulher quando ocorridas no âmbito doméstico ou familiar. A lei entrou em vigor no dia 22 de setembro de 2006, e já no dia seguinte o primeiro agressor foi preso, no Rio de Janeiro, após tentar estrangular a ex-esposa.
A introdução da lei diz: “Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências”.
Maria da Penha Maia Fernandes é uma biofarmacêutica brasileira que lutou para que seu agressor viesse a ser condenado. Com 60 anos e três filhas, hoje ela é líder de movimentos de defesa dos direitos das mulheres, vítima emblemática da violência doméstica.
Em 1983, seu ex-marido, o professor universitário colombiano Marco Antonio Heredia Viveros, tentou matá-la duas vezes. Na primeira vez atirou contra ela, simulando um assalto, e na segunda tentou eletrocutá-la. Por conta das agressões sofridas, Penha ficou paraplégica. Nove anos depois, seu agressor foi condenado a oito anos de prisão. Por meio de recursos jurídicos, ficou preso por dois anos. Solto em 2002, hoje está livre.
Outra suposição é que a maioria dos casos de violência doméstica são classes financeiras mais baixas, a classe média e a alta também tem casos, mas as mulheres denunciam menos por vergonha e medo de se exporem e a sua família. O fenômeno ocorre em todas as classes porém mais visíveis entre os indivíduos com fracos recursos econômicos.
O senso comum considera a violência doméstica como um tipo de crime que só ocorre com as mulheres, mas quase 30% dos homens dizem que foram vítimas deste tipo de abuso, segundo uma pesquisa publicada pela revista “American Journal of Preventive Medicine” publicada em maio de 2008.
“A violência doméstica sofrida pelos homens é pouco estudada e frequentemente está escondida, quase tanto como se escondia a violência contra as mulheres há uma década”, disse o autor principal do estudo Robert Reid, do Centro para Estudos da Saúde Group Health em Seattle (Washington).
Os pesquisadores entrevistaram por telefone mais de 400 homens adultos que eram pacientes do Group Health e descobriram que quase 30% tinham sido vítimas da violência doméstica em algum momento de suas vidas.
A extensão da violência doméstica contra os homens não é um fenômeno exclusivo dos Estados Unidos: a Pesquisa de Crimes do Reino Unido no período 2001-2002 descobriu que quase 20% dos incidentes foram denunciados por vítimas masculinas, e que na metade destes casos o abuso tinha sido cometido por uma mulher.
Para o estudo do Group Health, os pesquisadores incluíram na violência doméstica tapas, golpes, pontapés e o abuso não físico como ameaças, frases continuamente depreciativas ou insultantes, e conduta controladora.
“É provável que na violência doméstica as mulheres sofram mais abuso físico que os homens”, apontou Reid. “Mas o abuso não físico também pode fazer um dano durável”.
“O que nos surpreendeu foi descobrir que a maioria dos homens em situações de abuso também ficam no casamento, apesar de múltiplos episódios durante muitos anos”, acrescentou.
Caro Chassot,
ResponderExcluirtens o DNA de viajante: a primeira e mais rica informação sobre qualquer lugar é tomada com o motorista, particular ou do taxi. Passo por aqui para te desejar um ótima conferência. Sei que, quando se está pela primeira vez em algum lugar sempre bate aquele friozinho no estômago. Torço por ti, com minhas orações.
Um abraço,
Garin
Muito estimado colega Garin,
ResponderExcluirobrigado pela torcida desde uma ensolarada mas fria Guarapuava.
Um muito bom advento do fim de semana e cumprimentos pelo dia do Metodismo, que com propriedade teu blogue nos alerta,
attico chassot
Caro Chassot,
ResponderExcluirNo seu retrato 3 x 4 de Guarapuava só faltou dizer que é a cidade mais gaúcha do Paraná. Lá os costumes gaúchos como andar pilchado e tomar chimarrão todos os dias, são preservados como se no RS estivéssemos. Além disso, a agropecuária é o esteio da economia do município.
Quanto à violência contra a mulher, me parece que além da cultura machista da sociedade judaico-cristã a qual dá ao homem o "direito" de se impor contra o outro sexo, existe um viés de covardia que canaliza as frustrações do indivíduo para a violência ao mais próximo, pelo simples motivo que é mais fácil bater em quem está ali do que sair a procura de um adversário com quem possa brigar. Abraços, JAIR.
Muito estimado Jair,
ResponderExcluirrealmente aditas algo importante. Encontro aqui convites para desfiles e fandangos para a Semana Farroupilha.
Realmente homem que bate em mulher ou em criança o faz muito por covardia, especialmente para se desrecalcar de possíveis surras que levou de outros.
Um abraça desde esta muito ensolarada e fria Guarapuava.
attico chassot
Querido Chassot,
ResponderExcluirDesejo uma excelente passagem por Guarapuava e apreciei bastante o tema da sua palestra. Parece-me que ela foi extraordinária!!! Sucesso!!!!
Querida Joelia,
ResponderExcluiro meu ciclo setembrino de sete viagem a seis Estado abre aqui em Guarapuava e encerra em Salvador na UNEB
Saudades
attico chassot