Ano 6 | UBERLÂNDIA | Edição 1871 |
Esta blogada sabatina já é despedida de Uberlândia. Esta manhã, a Gelsa e eu temos nossas falas como convidados no Encontro Nacional de Pesquisadoras e Pesquisadores em Educação e Culturas Populares ENPECPOP. Às 15 h, voamos a Belo Horizonte e daí vamos a Porto Alegre, aonde chegaremos no começo da noite.
Minha intervenção desta manhã será um relato de pesquisa da atividade que desenvolvo em diferentes licenciaturas do Centro Universitário Metodista, do IPA: a busca saberes primevos em risco de extinção para fazê-los saberes escolares.
Ontem, participamos de “Rodas de Conversas” um rico espaço de diálogo fomentado por questões e intervenções feitas pelos participantes do ENPECPOP. Trata-se de um convite à expressão de cada participante da Roda de Conversa sobre o tema: Educação e Culturas Populares na Atualidade; local de discussão e registro das falas dos sujeitos, por meio da linguagem escrita, animado por duas ou mais pessoas.
Os inscritos no ENPECPOP, no ato do credenciamento, recebem uma fita colorida. Estas fitas indicam os locais onde acontecem as Rodas de Conversa. Cada participante dirige-se a uma das dez salas correspondente à cor que recebeu. Eu participei da Sala Amarela e a Gelsa, da vermelha. Uma e outro vivemos uma manhã muito rica. E tivemos momentos de intensa participação.
Inserido como participante de um evento, onde em mais de um momento me senti um alienígena, tal a densidade das ações dos demais participantes, pensei muito no que seria a dica sabática. Na ‘Roda de conversa’ que participei, algo aflorou forte foi a ética ambiental. Lembrei-me, então, de Ética ambiental no qual J. R Junges mostra que a solução dos problemas ambientais transcende a soluções técnicas, pois se exigem posturas éticas que implicam em mudanças de paradigmas na vida social e na produção de bens de consumo. Recorri às resenhas que publiquei, quando era resenhista do Leia Livro da Secretaria de Cultura do estado de São Paulo.
Com votos de um excelente sábado a cada uma e cada um ofereço esta resenha a meu leitores, numa homenagem de reconhecida admiração ao ENPECPOP
JUNGES, José Roque. Ética ambiental. São Leopoldo: Editora UNISINOS, 2004, 120p. ISBN 85-7431-228-2.
Padre José Roque Junges, SJ, de quem tive o privilégio de ser colega na Unisinos é o autor da dica de leitura de hoje. Ele possui graduação em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, mestrado em Teologia pela Pontificia Universidad Catolica de Chile e doutorado em Teologia Moral pela Pontificia Università Gregoriana de Roma, Itália. Tem experiência na área de Teologia, Filosofia e Ética, com
ênfase em Bioética. Entre seus livros publicados citamos Bioética: perspectivas e desafios (São Leopoldo: Unisinos, 1999); Ecologia e Criação: resposta cristã à crise ambiental (São Paulo: Loyola 2001); Ética ambiental (São Leopoldo: Unisinos, 2004); Bioética: Hermenêutica e Casuística (São Paulo: Loyola, 2006).
Há uma realidade de nosso cotidiano que é dolorosamente incontestável: o planeta se degrada. Situações tão díspares como a intensificação da chuva ácida, a dizimação de população masculina jovem por acidentes de moto, as drogas assumindo comandos na sociedade civil, a extinção diárias de dezenas de espécies vivas, a desertificação de terras férteis, o aumento de buracos na camada de ozônio, homens e mulheres vivendo como excrementos de um mundo capitalista fazem com que os humanos aumentem e diversifiquem a consciência ecológica.
Mas para José Roque Junges a assim chamada consciência ecológica tem outras exigências: precisamos definir ferramentas eficazes e estratégias adequadas para transformar os sentimentos humanos de compaixão em ações efetivas com mudanças na vida pessoal, na convivência social e na produção de bens de consumo. Só assim novos paradigmas definirão soluções para problemas ambientais com a construção de uma sociedade mais justa.
Em Ética ambiental somos levados a refletir o quanto vivermos uma tão acentuada crise ecológica não significa apenas o surgimento de novos problemas ambientais quase a cada dia, mas a exigência de novas formas de transformar - e transformar para melhor - o mundo, especialmente a natureza.
Do conjunto dos sete breves, mas sumarentos capítulos, destaco o sexto, onde o autor faz uma releitura cosmogonia judaico-cristã marcada pela frase discutível “dominai a Terra e submetei os animais” mostrando o quanto os humanos são convidados a ter uma relação mais harmônica com o mundo animal. É nesta nova dimensão de uma alfabetização ecológica que se inserem as mudanças de nossa maneira de estar na Terra
O livro contém ainda um selecionado glossário com mais de duas dezenas de termos relacionados com ecologia e uma muito rica bibliografia. Assim recomendo Ética ambiental a cada uma e cada um que deseja ser parceiro na construção de uma Terra cada vez mais habitável.
Caro Chassot,
ResponderExcluirnestes últimos meses tenho me debruçado sobre o tema e a descoberta que se consolida a cada dia é que juntamente com as grandes campanhas é fundamental a atenção às pequenas coisas do dia a dia. Fundamentalmente, a mudança de cultura, especialmente a ocidental, poderá trazer grandes ganhos ao ambiente de forma geral. O cuidado com os plásticos, o respeito aos recursos naturais que estão ao nosso alcance, as pequenas coisas é que fazem a diferença.
Vou dar uma boa espiada nessa obra! Obrigado.
Um abraço,
Garin
Meu caro Garin,
ResponderExcluirrealmente nossos cuidados com a saúde do Planeta estão encharcados de uma dimensão ética que não raro é alvidada. O livro mostra sugerido hoje, mostra muito isto.
Um bom sábado
attico chassot
Meu caro mestre Chassot. Vibro com tuas andanças nas terras das Gerais, onde muitos rastros da história brasileira dão significado importante a esta região. Gostei tambem da dica de leitura, pois certamente se não refletirmos sobre nosso comportamento consumista poderemos ser considerados como disse Lutzenberger como a geração que deixou uma herança maldita para nossos sucessores. Nesta mesma linha tambem aprecio a obra de Leonardo Boff, Ecologia: Grito da Terra, Grito dos Pobres. Votos de um Bom Findi. JB
ResponderExcluirCaro Chassot,
ResponderExcluirAqui transcrevo trecho de texto que publiquei sobre esse assunto tão momentoso: "Se não somos loucos – e, naturalmente, achamos que não somos – porque então essa corrida amoque para a autodestruição? Talvez a raça humana seja apenas um terrível erro evolutivo, uma espécie de beco sem saída que não terá futuro; uma espécie que não deu certo e desaparecerá em pouco tempo da face deste planetinha azul. Há provas incontestáveis que na história da Terra já houve quatro ou cinco ocasiões em que os seres vivos foram exterminados na sua quase totalidade, forças desconhecidas por nós atuaram de forma que em poucos milhares de anos, a flora e fauna sofreram revezes brutais e quase desapareceram. Nenhuma dessas extinções aconteceu depois que o homem surgiu no Planeta, a última foi há 65 milhões de anos e acabou com os dinossauros que haviam dominado a Terra por mais de 150 milhões de anos. Os bichos não tinham jogo de cintura, não conseguiram se adaptar às condições modificadas por um asteróide que se chocou com a região onde hoje se encontra o golfo do México.
Na sequência, não se pode descartar a possibilidade de outra extinção em algum ponto do futuro, mas como se dará ela? Não sabemos e talvez jamais venhamos a saber, mas como a estultice não uma das nossas mais sólidas vocações, temos a obrigação de perceber que estamos contribuindo tenazmente para a próxima aniquilação. Aquela que destruirá o que chamamos de civilização e fará os poucos sobreviventes voltarem ao paleolítico onde, provavelmente, terão que adquirir novamente a habilidade de fazer artefatos de pedra como aqueles dos nossos ancestrais.
Então, considerando a inteligência e o discernimento humanos, torna-se obrigatória a conscientização de nossos atos e a aceitação das consequências, ou seja, cabe a nós, e apenas a nós mesmos, aceitar que somos os responsáveis pelo futuro da humanidade e tornar ele possível através de nossas atitudes. O resto é fogo fátuo".
Oi querido Attico, muito interessante este assunto. Vejo a necessidade de ampliarmos o debate sobre a ética ambiental; seja nas pesquisas científicas, muitas vezes com suas metodologias equivocadas, seja no dia a dia. Falar de qualidade ambiental, conservação das espécies, educação ambiental, biodiversidade,.... sem refletir a ética ambiental é fazer mídia apelativa com o meio ambiente, com outros interesses que não a da qualidade de vida das espécies (sejam elas quais forem). Bjs Isabel Gravato
ResponderExcluirMeu caro Jairo,
ResponderExcluirobrigado pelos votos e pelas vibrações. Bem lembrado o livro do Boff.
Recomendo leres uma carta que está no blogue de hoje.
Com estima
attico chassot
Meu caro Jair,
ResponderExcluiradiro a tua proposta: torna-se obrigatória a conscientização de nossos atos e a aceitação das consequências, ou seja, cabe a nós, e apenas a nós mesmos, aceitar que somos os responsáveis pelo futuro da humanidade e tornar ele possível através de nossas atitudes.
Se não fizermos isto, nossos descendentes desconhecerão aquele que carinhosamente chamas de Planetinha.
Com estima
attico chassot
Olá prof. Aticco,
ResponderExcluirFoi pra mim uma grata surpresa a sua participação no nosso evento.
Um grande abraço.
Prof. Izaudir
Muito estimado colega Izaudir,
ResponderExcluirobrigado pela referência a minha estada no encontro de Educação Popular na UFU.
Com estima
attico chassot
Muito querida Isabel,
ResponderExcluircomo bióloga tem muito presente a necessidade de ações como se propõe aqui.
Obrigado pela parceria
attico chassot