TRADUÇAO / TRANSLATE / TRADUCCIÓN

terça-feira, 6 de setembro de 2011

06.- Salários: agente de discriminação

Ano 6

PORTO ALEGRE

Edição 1860

Na nova edição de A Ciência é masculina? É, sim senhora! Dou destaque a pelo menos, duas mazelas no Brasil em que as mulheres são extensamente discriminadas: violência doméstica e salários. A violência doméstica contra mulher é tão significativa no Brasil (e nisso não somos exceção) que há uma legislação especial. Conhecida como Lei Maria da Penha, que foi objeto da blogada da última sexta-feira.

Se os três DNAs (nossas origens grega, judaica e cristã) que examino no livro podem explicar o machismo, é difícil aceita-los como explicação quanto à violência, mesmo que possamos admitir alinhados na tradição judaico-cristã que a ato da criação narrado na Bíblia é, também, um ato de violência doméstica. Adão e Eva são expulsos do paraíso por desobedecerem a Lei de Deus; não houve, por parte do Criador, nenhum perdão. Além do mais, tanto Adão quanto Eva tiveram que provar o mal para conhecer o bem. Quanto às diferenças de salários, no mundo capitalista competitivo, o que se pode fazer para desqualificar diferenças é sempre válido – e então as teses acerca do machismo parecem aflorar ainda mais.

Quanto a segunda das mazelas, não parece crível, que no século 21, ocorra ainda com

tantas discriminações contra mulheres, estas tenham na remuneração da força de trabalho significativos contrastes. Alguns parecem ser paradoxais: Diferença salarial entre homens e mulheres aumenta com o grau de instrução.

Dados de análise de conjuntura de mercado de trabalho apontam que o salário médio de admissão dos homens é de R$ 856,88 e o das mulheres é de R$ 753,23; sendo que Sergipe é o único estado brasileiro onde os salários médios de admissão das mulheres superam os dos homens, R$ 737,07 e R$ 693,97, respectivamente.

O mais surpreendente é que quanto maior o grau de instrução, maior é a diferença salarial entre homens e mulheres, segundo dados divulgados pelo MTE (Ministério do Trabalho e Emprego). Em 2010, o salário médio de admissão de homens analfabetos está em R$ 615,49, enquanto que o das mulheres na mesma situação está em R$ 565,51, uma diferença de R$ 49,98. Já homens com educação superior recebem, aproximadamente, R$ 2.709,82 e as mulheres com mesmo grau de instrução, R$ 1.659,05, o que representa R$ 1.050,77 a menos.

Nos cargos operacionais, as mulheres ganham menos que 50,7% do que os homens. Mesmo com pós-graduação, mulheres ganham até 51% menos que homens.

As mulheres continuam ganhando menos do que os homens em todos os níveis hierárquicos, apesar de alcançarem mais a pós-graduação do que eles, revelou uma pesquisa realizada por empresa do mercado de agenciamento de empregados. De acordo com os dados, elas chegam a ganhar 51,6% menos do que eles, como acontece nos cargos de gerência. Neste caso, a média salarial delas é de R$ 5.089,40 e a deles, de R$ 7.717,70.

“Mesmo as mulheres se preparando tão bem para o mercado de trabalho, elas ainda possuem salários menores. Observamos grandes diferenças salariais tanto para cargos operacionais como gerenciais, ou seja, as diferenças ainda ocorrem de forma expressiva em vários níveis hierárquicos”, diz a gerente da Pesquisa Salarial de empresa especializada. Enquanto 19,5% das mulheres são pós-graduadas, a proporção entre os homens é de 17,3%. Um total de 44,2% delas têm graduação, ante 38% deles.

Outra discriminação ainda mais dolorosa: Negras ganham 45% menos do que mulheres brancas. Pesquisa do Departamento Intersindical de Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) mostra que o desemprego é maior para as negras do que para as brancas e as asiáticas, bem como os salários são em média, 44,9% mais baixos. Em São Paulo, o salário médio pago para negras é de R$ 494, contra R$ 896 das não-negras e R$ 756 dos negros.

Sonhando com dias que estas violências contra as mulheres desapareçam, desejo a melhor terça-feira em uma curtida espera do feriado de amanhã.

12 comentários:

  1. Eu não fazia ideia de que a diferença salarial continuava tão gritante dessa maneira... é triste. Obrigada pelos dados e pelas palavras aqui ditas. E concordo com o que você falou: Essas formas de violência contra a mulher precisam desaparecer.

    ResponderExcluir
  2. Muito estimada Andhora,
    primeiro obrigado pelo teu comentário de estreia aqui.
    Como não tenho teu endereço, deixo em teu blogue este registro.
    Agrada-me que a blogada de hoje tenha sido importante para ti. E surpreende-me que a medida que aumenta a escolarização, aumenta a diferença. Tu como cientista da computação és mais discriminada.
    Na alegria deste encontro, um afago do

    attico chassot

    ResponderExcluir
  3. JOSÉ CARNEIRO escreveu:
    Caro amigo prof. Chassot:

    Quando leio em seu blogue o prazer que você sente ao retornar de qualquer viagem para o aconchego da Morada dos Afagos lembro de meu pai, que sempre dizia: "A melhor bebida é água e o melhor lugar é a casa da gente". Ainda não concordei de todo com a ´primeira assertiva mas com a segunda, nenhuma dúvida. E você expende isso com maestria, fazendo crescer esse prazer (sobretudo para quem, como eu, já teve a honra de se hospedar nessa bela Morada dos Afagos).
    Amanhã vou a Castanhal, celebrar os 91 anos da mamãe Nila e no dia 9 faço, lá, palestra sobre a divisão do Pará.
    Grande abraço,

    José Carneiro

    ResponderExcluir
  4. Caro Chassot,
    Estas mazelas podem não ter explicação, mas tem solução. Precisamos entender que a diferença sexual só é boa quando procuramos parceiros(as) para convivência ou companhia, no mais, devemos nos enxergar como iguais. Quando as mulheres fizeram o "movimento feminista" nos anos 70 talvez tenham esquecido que o que realmente interessava não era "igualdade" e sim tratamento igual. Abraços feministas, JAIR.

    ResponderExcluir
  5. Grande amigo José,
    primeiro cumprimentos pelo 91º aniversário de dona Nila. Tenho orgulho de já ter estado em sua casa, sob os abacateiro no Castanhal. Quantos a sabedoria do Carneiro, o Pai, a segunda parte está endossada e ele era um viajor para levar cinema pelo Pará e certamente adorava chegar em casa. Quanto a primeira parte, com este frio prefiro um vinho tinto.
    Sobre sua fala acerca da (não)tripartição do Pará, seu texto continua sendo a blogada que mais recebeu comentários.
    Obrigado pelas parceria
    attico chassot

    ResponderExcluir
  6. Muito caro Jair,
    pode parecer sútil mas parece bem posto: as mulheres merecem tratamento igual e não querem/precisam de igualdade
    Obrigado por enriqueceres este blogue
    attico chassot

    ResponderExcluir
  7. Ave Chassot,

    gostei da blogada. Muito instrutiva.

    Fica a sugestão para um livro: A Terra é masculina?

    Forte abraço!
    Guy

    ResponderExcluir
  8. Meu estimado amigo Guy,
    está na tua sugestão um bom título um bom titulo de livro.
    Todavia meu entusiasmo está, por ora, no assistir uma atividade no 31º EDEQ tarde de 4ª feira no Museu Oceanográfico em Rio Grande tendo como mestre polímata destinatário desta resposta.
    Com expectativa

    attico chassot

    ResponderExcluir
  9. Caro Chassot,

    a ilustração inicial que postaste no teu blog é uma etiologia da discriminação que sempre grassou contra as mulheres. São raros os momentos e culturas nas quais essa discriminação não foi evidenciada, notadamente, no Brasil, contra as mulheres negras.

    Um abraço,

    Garin

    ResponderExcluir
  10. Muito estimado Garin,
    Realmente salários de mulheres e mais particularmente o salário de mulheres negras e objeto de discriminação.
    Com gratidão por seres um comentarista tão presente neste blogue
    attico chassot

    ResponderExcluir
  11. Ave Chassot,

    Tua presença na platéia, por si só, será uma ode.

    Grande abraço!

    ResponderExcluir
  12. Estimado Guy,
    obrigado pelo prestígio que me outorgas

    attico chassot

    ResponderExcluir