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domingo, 26 de setembro de 2010

26- Dia Mundial da Prevenção da Gravidez na Adolescência.

Porto Alegre Ano 5 # 1515

Uma ainda nublada manhã do primeiro domingo de primavera. Encantava-me com a expansão das minhas quatro videiras. O sol se anuncia ainda brinca de esconde-esconde.

Um domingo que abre uma das semanas mais tensas no cenário político, na qual jornalistas do tucanato chalrarão (tive que pesquisar para saber a voz do tucano: chalrar ou chalrear) ainda mais desesperado ousando até o golpismo. Talvez até crocitarão (que é voz do corvo). Hoje sigo a proposta das blogadas dominicais: curtas. Falta a de agora a segunda marca: light. A pílula de hoje é amarga. Mas antes desta um ‘errei’.

Primeiro uma retificação à blogada desta sexta-feira, dia 24: escrevi errado o nome de uma muito querida ex-aluna Ruth Pavan. Ela – e não Rute Pavan, como escrevi –, é professora do Programa de Pós Graduação em Educação da UCDB. Ela, junto com o José Licínio Backes e vários outros colegas, nos cumulou de carinhos quando da estada da Gelsa e minha em Campo Grande por quatro dias. Faço esta retificação, pois sei o quanto o nosso nome seja, talvez, a palavra que mais nos agrada ver escrito com correção. Desagrada-me – mais, ainda,me incomoda – ver meu vocativo escrito como: Ático, Athico. Atticco, Aticco. Assim, querida Ruth, releva minha desatenção.

Hoje, pelo quarto ano consecutivo, dezenas de países da Europa, da Ásia e da América Latina participam do Dia Mundial da Prevenção da Gravidez na Adolescência. Atividades serão desenvolvidas para que as pessoas tomem consciência daquilo que se configura cada vez mais como um grave problema pessoal e de saúde pública. É algo que inclusive está reconfigurando salas de aula neste novo milênio.

Quando falamos de gravidez na adolescência, diz Moacyr Scliar, em sua coluna no Caderno Vida, da Zero Hora de ontem, estamos nos referindo ao período da vida entre 10 e 19 anos. Uma faixa etária que, com a expressiva diminuição da mortalidade infantil, tem crescido; no Brasil, corresponde a 20,8% da população geral. É muita gente. E é um problema muito sério, que está aumentando, inclusive em países desenvolvidos como os Estados Unidos. A América Latina registra anualmente 54 mil nascimentos com mães menores de 15 anos e 2 milhões com idade entre 15 e 19 anos. No Brasil, calcula-se que a incidência da gravidez nesta faixa etária esteja entre 14 e 22%.

É ainda o medico gaúcho e membro da Academia Brasileira de Letras que me socorre neste blogar: A gravidez na adolescência envolve riscos: maior incidência de anemia materna, pressão alta, parto complicado, infecção urinária, prematuridade do bebê, infecções pós-parto, dificuldade para amamentar. Além disso, a gravidez tumultua a vida da adolescente: apenas metade delas completa o Ensino Médio, enquanto que, entre as adolescentes que não engravidam, a cifra é de 95%. No Brasil, apenas 30% de adolescentes que tinham engravidado voltaram e concluíram os estudos.

A prevenção deve levar em consideração os fatores predisponentes da gravidez na adolescência: baixa autoestima, dificuldade escolar, abuso de álcool e drogas, comunicação familiar escassa, pai ausente ou hostil, pais separados, amigas que engravidaram na adolescência. Os pais das adolescentes que não engravidam têm melhor nível de educação, o que mostra a importância desse fator. Outro dado importante: 60% das adolescentes consideram que falar com o parceiro sobre contracepção seja um tema “difícil”. Na América Latina, 56% dos jovens admitem terem tido relações com um novo parceiro sem o uso de anticonceptivos.

Conclusão: estamos diante de um problema que é claramente social e psicológico e que não será resolvido com castigos ou ameaças, mas sim com a aplicação da antiga frase: conversando a gente se entende. Os jovens e os pais têm de falar sobre gravidez na adolescência. E este domingo é um bom dia para começar.

Desejo que este domingo no qual certamente muito estamos pensando no próximo seja muito agradável. E mais, que está semana pré-pleito seja menos tensa que estes últimos dias eleitorais. Anuncio para manhã um texto muito especial: Por que Dilma, e já no primeiro turno? Pois, posicionar-se, é preciso.

8 comentários:

  1. Bom dia, Professor!
    Um problema tão divulgado e ainda assim não solucionado...
    Posso por isso toooodos os anos com uma enorme quantidade de alunas...e não adianta dizermos que é falta de informação, pois muitas delas são muito mais bem informadas que nós!
    O problema, na minha opinião, é realmente esse 'poço quântico' que tem separado filhos e pais dentro de uma mesma casa...sem contar que muitos já acham que tudo é normal hoje em dia...
    Aaaaiii!Isso irrita!
    Peço forças e sabedoria para nunca ser uma mãe dessas, alienada e alheia à vida de meus filhos!
    .
    Desejo um domingo de muita paz, Mestre!
    .
    Qto à política...ainda temos uma semana e, desde ontem aqui em Goiânia já virou "um trem de doido"!Tanta carreata em tanto lugar que está qse impossível dirigir pela cidade sem passar raiva...
    .
    =/
    .

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  2. Muito querida colega Thaiza,
    realmente esta realidade está na sala de aula. E não apenas nas escolas de periferia. Concordo contigo que ‘elas e eles’ sejam mais bem informados que nós. Todavia a que reconhecer que nossas crianças estão sendo usadas pelo mercado. Na nova edição do Alfabetização científica escrevo, acerca de modificações na Escola: a aceleração cada vez maior da chegada à adolescência (recentemente os jornais ‘saudavam’ o lançamento de preservativos para meninos de 12 anos ou como dizia a notícia ‘camisinhas para os pintinhos’)
    Muito querida colega, um bom domingo e que resistamos aos ataques políticos desta semana
    attico chassot

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  3. Olá mestre, prezados leitores,
    Há uns 15 anos atrás na escola em que eu trabalhava uma aluna de 12 anos da quinta série engravidou. A escola acolheu, fez chá de bebê, no entanto, antes de terminar o ano a menina desistiu de estudar e, sua melhor amiga também acabou desistindo, pois ficou envergonhada por ter também engravidado.
    Esse é só um exemplo de um problema que vivenciei e que vem se avolumando.
    Penso que principalmente a mídia televisiva tem colaborado promomendo a erotização precoce, a supervalorização da beleza e da juventude, o imediatismo do aproveite a vida, faça sexo. Onde estão os programas educativos?
    Só a escola não tem dado conta, e os políticos, que propostas têm para os adolescentes e jovens e para resolver esse e outros problemas?
    Abraços,
    Malu.

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  4. Pode me ajudar me informando em que página se encontra esta citação:

    “o nome que por mais tempo, em todo o mundo, influiu no fazer ciência da humanidade [...]. Entre os muitos escritos aristotélicos está a Physis ( ou Física), composta por quatorze livros, na qual são discutidos os assuntos relativos à matéria, á forma, às leis do universo, o movimento, o tempo e o espaço”

    CHASSOT, Attico. A ciência através dos tempos. São Paulo: ed. Moderna, 1995
    marfonsecas@hotmail.com

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  5. Muito querida Maria Lúcia,
    realmente – mesmo que tragas um caso de há 15 anos – a gravidez na adolescência é algo doloroso. A Escola parece incompetente ate o erotismo passado pela mídia. Como escrevi na resposta ao comentário da Thaiza, se exige decisões de crianças que elas não têm maturidade de tomar.
    A banalização das relações sexuais faz esboroar inclusive as relações amorosas mais genuínas.
    Obrigado por teu comentário e entendo teu longo silêncio.
    attico chassot

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  6. Prezado Marfonsecas,
    é a segunda vez que me fazes este pedido. Na primeira vez não respondi. Pensei ser um trote. Ante a repetição, sugiro que tomes o livro e procure. Para que não percas muito tempo te ofereço uma dica: está no capítulo que trata acerca de como com os gregos aprendemos a pensar.
    Uma boa leitura deste e de outros capítulos,
    attico chassot

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  7. Caro amigo,

    Feliz em estar aqui novamente.
    Gravidez na adolescencia... Sabe que a algum tempo atrás eu fazia, com meus colegas da residência em saúde pública, aulas de educação sexual. Certa vez, depois de mais de uma hora com uma turma de quinta séria de colégio estadual, não por ter preparo um tempo tão longo, mas por que eles pediram mais e mais... Pois bem, na saída fui abordada por uma menina de 14 anos perguntando como se engravidava, na minha ingenuidade comecei a falar de métodos ainticonceptivos. Mas ela me indagou novamente, como ela fazia para ficar gravida já que ela tentava e não conseguia... Fiquei pasma!
    Depois descobri que no meio dela a gravidez era vista como uma passagem de menina para mulher, e também uma libertação de sua família original... Um outro mundo, pensei... Depois, refleti, numa logica de tão poucos horizontes, de abusos faliriares, de falta de visão de futuro... Nada mais justo querer "crescer" e ganhar status social...
    Urge ampliarmos horizontes para esses jovens... Educação é a palavra. (só para constar, assim que terminei com a minha palestra, os alunos foram dispensados por falta de professores no colégio, eram 15hs... Eles ficaram então na rua da vila pobre... recebendo a orientação dos traficantes e desocupados...)
    Desculpe os comentários tão longos, kkkkk, é que eu falo demais também, kkkkkk.
    Abraços
    Eunice (me assumi, kkkkk)

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  8. Muito querida Eunice,
    primeiro obrigado por tão denso comentário. Um comentário pode ser longo quando ele tem conteúdo. Assim são os teus.
    Realmente o assunto da gravidez de adolescentes é algo preocupante. Tu que és da área da saúde, e mais que tens envolvimento com saúde publica certamente já amealhaste histórias, Hoje nos brindaste com uma que é exatamente antípoda do que esperavas,
    Eunice, obrigado também por repartires tuas experiências,
    Um afago reconhecido do
    attico chassot

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