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sábado, 18 de setembro de 2010

18- Tabu da virgindade feminina veio com a agricultura

Porto Alegre Ano 5 # 1507

Uma das frases que muito ouvi em minha infância, numa censura em oposição ao madrugador era: “... e ele começou o trabalho a sol alto!’. Não sei que especulação algum de meus leitores possa fazer para esta postagem tardia. Dos sabidos madrugadores aqui – afortunadamente estes são em menor número – a Elzira de Maravilha e o Carneiro de Belém já se manifestaram hoje. Não vou buscar justificativas. Talvez seja ressaca da super-sexta de ontem que culminou com a aula cerca do repto a Lorde Kelvin; gostei/gostaram da aula. Constado uma receita ao sucesso: muito preparação. Outra justificativa pode ser uma extensão na cama neste último sábado de inverno que para os gaúchos é imerso no feriadão farroupilha. Alguém poderia atribuir a ausência de postagem a estar eu guardando o Yon Kippur: não, deste só participarei. à noite, na casa da Gelsa do jantar de conclusão do dia em que alguns entre outras práticas guardam o jejum.

Mas mesmo que a sol alto honro a edição sabática com o que já tem tradição aqui: uma dica de leitura. A de hoje, assuntada na manchete desta edição traz um livro que só adquiri nesta quinta-feira e hão de prever não mereceu leitura maior que sumarenta roubadinhas em meio a outros fazeres intensos, O livro foi noticiado em matéria destacada na última edição dominical da Folha de. Paulo. As miradas panorâmicas ao mesmo me entusiasmam aderir entusiasmadamente aos comentários trazidos em diferentes resenhas que encontre alertado pela chamada jornalística referida. Lateralmente devo dizer que realmente estas matérias ‘vedem’ livro e afortunado os autores que têm as benesses da imprensa.

Assim, nesta dica sabatina se fala de sexo usando a História em um ‘livro escrito por Peter N. Stearns, autor consagrado que não se vale de comportamentos exóticos, escatológicos ou simplesmente pitorescos como atrativo para sua obra, como alguns historiadores menores costumam fazer. É claro que ele historia algumas práticas consideradas não convencionais, mas sua preocupação principal é a de lançar luz sobre aspectos da sexualidade ligados à maioria das pessoas.

STEARNS, Peter N. História da Sexualidade.[Sexuality em World History] Tradução de Renato Marques. São Paulo: Contexto. 288 p. Brochura. 2010 978-85-7244-466-8. R$ 47,00.

Peter N. Stearns é professor de história na Universidade George Mason, onde atualmente é reitor, com quase 40 anos de experiência como professor e administrador. Frequentou Harvard College e, mais tarde recebeu seu Ph.D. Universidade de Harvard. Stearns foi presidente do Departamento de História da Carnegie Mellon University e foi também decano da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais. Durante seu mandato na Carnegie Mellon, ele teve um papel fundamental na ascensão da história social e cultural. Além disso, fundou e editou o Journal of Social History. Em Carnegie Mellon, desenvolveu um método pioneiro para ensinar História do Mundo para alunos de graduação, além de orientador de centenas de estudantes de graduação.

Além de sua longa carreira como historiador, ele é destacado participante de associações como a American Historical Society, a Society of French Historical Studies, a Social Science History Association e a International Society for Research on Emotion. Em sua prolífica carreira como escritor e editor, que ele escreveu ou editou mais de 100 obras de literárias. Stearns atualmente atua como presidente da Advanced Placement World History.

Mesmo que Stearns, em sua introdução escrita especialmente para o leitor brasileiro considere que "O público leitor brasileiro não precisa de lembretes acerca da importância da sexualidade" contudo até agora não havia em nossa língua uma única obra abrangente, no tempo e no espaço, como esta História da sexualidade. Obra pioneira de historiador experiente, leitura agradável, envolvente e necessária.

Talvez mais que elaborar uma resenha, para dar a dimensão desta obra, valesse dar voz ao seu autor, que diz, em sua bem posta apresentação à edição brasileira:

Elaborar uma história da sexualidade em termos de história mundial salienta o problema da documentação. Diferentes sociedades geram diferentes tipos e quantidades de registros relevantes. Todas as sociedades possuem valores que se aplicam à sexualidade – o tema é importante demais para não gerar leis e comentários culturais. Assim, podemos apreender as culturas sexuais, desde que haja à disposição algum tipo de material histórico significativo.

Para citar dois exemplos: o primeiro código legal conhecido, o da Babilônia, dedica grande atenção à regulamentação sexual; e a arte primitiva tinha forte conteúdo sexual. Mas os materiais sobre prática sexual são bem mais variados.

Pelo menos igualmente importante, para nossos propósitos, é o fato de que os historiadores estudaram a sexualidade de algumas sociedades de maneira bem mais abrangente do que a de outras, o que significa que nem todas as comparações que talvez desejássemos empreender são possíveis. Na verdade, existem oportunidades concretas para o desenvolvimento de futuros trabalhos sobre a história da sexualidade vista como tópico comparativo e global, com forte potencial para avanços importantes e efetivos no conhecimento histórico (do mesmo tipo que já se mostrou relevante e bem sucedido na pesquisa sobre diversas sociedades).

Assim já prelibando uma leitura mais dedicada ao livro, apraz-me já dedicar-lhe está dica sabatina. Vale apena saboreá-la.

Ainda falando em livros. Recebi ontem o livro Condições da Democracia. Ele me foi anunciado pelo meu colega e amigo José Fernando Cánovas de Moura que me escreveu: “... estou enviando o livro de autoria de meu pai, José Fernando Ehlers de Moura, fruto de seu mestrado concluído em 2006”. Independente do denso texto jurídico do qual apenas li a entusiasmada apresentação do orientador da dissertação, Prof. Dr. Eugenio Facchini Neto, fiquei imerso no valor simbólico que deve ter para um filho enviar a dissertação de seu pai, que se fez mestre depois del. Obrigado querido amigo José por mais este apresente que se adita aquela maravilhosa companhia na nossa viagem a Osório no memorável dia 8 deste mês.

Repito meu alerta. Vamos tentar fazer da próxima quarta-feira, um dia diferente: um dia sem carro. Aliás, os fabricantes de automóveis deveriam repensar o modelo proposto. Ele é essencialmente o mesmo que o físico neozelandês Ernest Rutherford (1871 - 1937) conheceu em uma exposição em Londres há um pouco mais de 100 anos e escreveu para sua mãe na Nova Zelândia: “Vi hoje uma carruagem que desenvolve a fantástica velocidade de 20 km/h e não precisa cavalos”. Aquele que em 1911 viria propor um modelo de átomo nuclear conhecia o invento do industrial estadunidense Henry Ford (1863 - 1947): o Modelo T, movido por um motor de quatro cilindros, datado de 1908. Desde então o protótipo da carruagem, burramente, continua sendo seguido.

6 comentários:

  1. Quer dizer que foi escrita uma introdução diferente à edição Brasileira? Curioso. Isso pela nossa imagem de povo "aberto a diferentes práticas", menos conservador??
    E o tabu da virgindade me lembra o que me contam sobre as práticas dos meus avós, comum nas familias de colonos, o casal aproveitava o tempo de trabalho na lavoura para seus divertimentos, longe dos olhos dos muitos filhos e salvos da moral cristã.

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  2. Querida Marília,
    no sítio da Editora contexto se chamares por este livro, podes encontrar um .pdf com algumas páginas para a edição brasileira.
    Sobre as praticas na lavoura era não eram apenas dos casais, mas também lócus de iniciação entre os adolescentes, muitas vezes entre primos.
    Uma sugestão: entrevistares teus avós para amealhares estes registros.
    Um muito bom domingo nas bandas fumageiras.
    Afagos do
    attico chassot

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  3. "Diferentes sociedades geram diferentes tipos e quantidades de registros relevantes."
    E assim surge um pouco de nossa cultura!
    =]
    Bom dia, Professor!
    Caramba, não sabia dessa questão das lavouras, não mesmo!
    hehehe!
    Um ótimo domingo ao senhor!

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  4. Muito querida Thaiza,
    teu comentário me chega quando fazia a postagem em lindo domingo. Imaginei que te irias encantar com a foro do Felipe, quando contemplou uma semana.
    Tens toda razão acerca dos diferentes registros relevantes. Que bom que aprendemos a aceitar o multiculturalismo.
    Penso que a Marília – que recebe cópia deste comentário– poderia nos brindar aqui com entrevistas feitas acerca destes registros pícaros que ela tem do meio rural
    Um muito abençoado domingo, na curtição do advento de tua princesa.
    Um afago com saudades
    attico chassot

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  5. Bom, como criança perguntadeira e atenta que fui, o que sei advém de rápidas respostas às minhas curiosidades e ao ouvido sempre atento aos pequeníssimos comentários... Vou "puxar da memória" outras lembranças e tentar conversar sobre com tios, tias e vizinhos, embora já antecipe respostas: "que tu quer saber disso agora?" ; "dizem que era assim, eu nem lembro mais".
    No caso dos meus avós, 15 filhos, posso dizer : eita lavoura fértil,esta! :D

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  6. Marília querida,
    obrigado por prometeres saciar a curiosidade de leitores como a Thaiza e a minha.
    Desta lavoura fértil há de vir histórias pícaras.
    Um bom feriado farroupilha,
    attico chassot

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