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terça-feira, 7 de setembro de 2010

07- Um dia da Pátria com celebrações atípicas


Porto Alegre Ano 5 # 1496 * 1822 *188 anos * 2010

Um dia feriado. Ou melhor, o mais importante feriado pátrio. O dia da Independência. Não farei loas à data, mas vou curti-la. Minhas celebrações serão atípicas.

Vivo uma situação parecida como aquela da candidata à Presidência da República, no momento presumível vencedora, a dar crédito às pesquisas dos diferentes institutos. Perdoem-me se pareço presunçoso, mas Dilma Roussef suspendeu sua agenda política, para acompanhar o nascimento do Gabriel, seu neto, aqui em Porto Alegre. Pois minha agenda de amanhã tem um ponto alto: estar às 7h30min, em Estrela. Então, deverá estar nascendo o Felipe, filho de minha filha Ana Lúcia e do Eduardo. Ele vem fazer companhia ao Guilherme, que em 8 de abril fez 6 anos.

Há que fazer os melhores presságios: a Ana Lúcia nasceu no dia do professor e o Felipe nasce no dia internacional da alfabetização.

Para estar no momento que me farei hexa-avô em Estrela, a Gelsa e eu faremos deste feriado um dia de passeio. Esta manhã, sairemos para inicialmente visitar alguns municípios da chamada Via Láctea (Como é conhecida a RS-128 – devido às indústrias de laticínios da região): Colinas, Teotônia, Imigrante, Westfália, Roca Sales...

Mas nesta data queria trazer breves comentários do quadro mais celebre que evoca a data nacional.


INDEPENDÊNCIA OU MORTE" ou "O Grito do Ipiranga" de Pedro Américo (óleo sobre tela, 1888). A tela mede 7,60 x 4,15 m, tratando-se de uma tela retangular que representa a cena de Dom Pedro I proclamando a independência do Brasil.

A pintura foi feita em Florença (Itália), entre 1886 e 1888, ou seja, mais de 60 anos depois do grito, a partir de documentos históricos e de visitas do pintor a São Paulo. Atualmente no salão nobre do Museu Paulista da USP, é a principal obra do museu e a mais divulgada de Pedro Américo

Na tela também aparecem: à direita e à frente do grupo principal, em semicírculo, estão os cavaleiros da comitiva; à esquerda, e em oposição aos cavaleiros, está um longo carro de boi guiado por um homem do campo que olha a cena curiosamente. A composição é circular, ou seja, o olhar se movimenta pela tela para perceber todos os elementos.

Seu autor: Pedro Américo de Figueiredo e Melo (Areia, 29 de abril de 1843 - Florença, 7 de outubro de 1905) foi um pintor, romancista e poeta brasileiro.

Essa obra foi encomendada pelo governo imperial e pela comissão de construção do monumento do Ipiranga, antes que o Museu do Ipiranga existisse, e foi completado em Florença em 1888. O artista se preocupava em estudar todos os detalhes de seus quadros, como roupas, armas e os tipos físicos das pessoas. Para a produção deste quadro, ele se dirigia freqüentemente ao bairro do Ipiranga para conhecer-lhe a luz, a topografia e outros aspectos. O quadro foi pintado durante o Romantismo, que tem como uma de suas características a exaltação de um herói nacional, no caso, d. Pedro 1º. A pintura é comemorativa e foi encomendada pelo governo para engrandecer a monarquia.

O grito da independência do Brasil como está no quadro?

Por mais inspiradora que seja a cena representada, ela tem pouco de realidade. No livro "O Brado do Ipiranga", a historiadora Cecília Helena de Salles Oliveira, faz uma análise detalhada da pintura, evidenciando toda a fantasia que seu autor projetou nela. Aliás, o próprio Pedro Américo, já havia escrito sobre o assunto um livreto, chamado "Algumas Palavras acerca do Fato Histórico e do Quadro que o Comemora". Nele, o artista afirma que "a realidade inspira, e não escraviza o pintor", justificando sua imaginação criadora.

Jogo dos sete erros: Antes de mais nada é interessante apontar, para quem não sabe, as diversas inverdades estampadas na tela. Para começar, vale dizer que os fogosos corcéis montados por dom Pedro 1o e seu cortejo, na realidade, eram simplesmente mulas - um tipo de cavalgadura menos heróico, mas muito mais adequado ao duro percurso que os viajantes faziam. Eles tinham acabado de subir a serra do Mar, vindo de Santos.

Numa viagem como essa, por sinal, ninguém estaria usando os luxuosos uniformes apresentados. Com toda certeza, estariam usando trajes mais simples e mais práticos, provavelmente sujos do pó e da lama do caminho. Para piorar, o próprio dom Pedro não poderia estar tão exaltado e bem disposto assim como o artista o representa. Afinal, ele havia parado naquele local em função de uma diarréia que o atormentava, devido aos seus excessos alimentares em Santos, na véspera.

Mas há mais: para que o Ipiranga e suas célebres margens integrassem a paisagem, o pintor "desviou" o curso do riacho. A rigor, ele estaria passando por trás de quem observasse a cena naquele local. Finalmente, quanto à casa de pau-à-pique entrevista no fundo da tela, ela pode ou não ser a que lá existe até hoje e que é conhecida como a Casa do Grito. Embora tenha sido tombada pelo Condephaat e fique aberta à visitação no Parque da Independência, o documento mais antigo que menciona a casa atual data de 1884 - 62 anos depois do grito da Independência.

E mais um detalhe pouco referido: O quadro Independência ou Morte, de Pedro Américo, é apontado como ‘uma inspiração’ de outra obra famosa, Napoleão em Friedland, do francês Jean Louis Meissonier Lyon, 21 Fev 1815 – Paris, 31 Jan 1891, hoje exposta no Metropolitan Museum de Nova York.


Depois desta mirada imaginário dos brasileiros, pois tão célebre quanto o grito de dom Pedro às margens do rio Ipiranga é o quadro pintado por Pedro Américo para representar aquele momento decisivo, em que Brasil se separava de Portugal oficialmente, desejo a cada uma e cada um de meus leitores do Brasil, bom feriado. Àquelas e àqueles de outras geografias uma muito saborosa terça-feira.

Agora, há uma alternativa: Comentar como ANÔNIMO. Neste caso, se pede para assinar e colocar o endereço eletrônico.


6 comentários:

  1. Ola Mestre Chassot! Gostei muito de tua referencia ao Sete de Setembro, principalmente pelo aspecto historico que ensejas na blogada de hoje. O quadro de Pedro Americo realmente contem algumas inverdades se fosse levado o evento ao pé da letra. Inclusive o próprio autor do quadro está entre os integrantes retratados na tela. Bom Feriado e os parabéns desde já a Ana Lucia e ao Eduardo. JB

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  2. Muito querido Jairo,
    obrigado com retribuição pelo teus votos para o feriado. Muito obrigado pelos votos à Ana Lúcia.
    Realmente o quadro de Pedro Américo se presta a muitas análises. O assunto é tema de capa do Segundo Caderno de Zero Hora de hoje. Afianço-te que preparar esta blogada ontem à tarde. Não me acusem de plágio, pelo menos nisso. Não sabia desta informação que aditas: que o autor figura no quadro. Nem nisto Pedro Américo foi original.
    Mais uma vez obrigado por teus sempre pertinentes comentários.
    attico chassot

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  3. Professor, professor....
    Como sempre, cada blogada sua é uma bomba de conhecimento e muitas informações.
    A inspiração do quadro tem um cheiro de pequeno plágio....
    Como foi de viagem?? Tudo certo? Tudo pronto para o próximo neto?
    Uma próxima vez quero fazer uma visita para um chimarrão (a cuca eu levo, aliás, hoje eu comprei uma cuca de chocolate que estava SENSACIONAL), só para jogar conversa fora, a saber, conversar com o senhor, nunca é jogar conversa fora... É uma aula
    Bom resto de semana....

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  4. Attico e Gelsa,neste finalzinho de noite,aproveito o blog para registrar meus votos de um bom nascimento ao Felipe. E reforçar meu carinho por vcs que cuidam de todos com tanto amor. Obrigada por cuidarem de todos nós na medida certa. Bem vindo Felipe! Estamos te esperando. Bjs Carla

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  5. Muito querida Carla,
    agradeço tua carinhosa mensagem desde a maternidade do Hospital de Estrela. A Ana Lúcia já entrou na sala de parto.
    Aos teus votos junta-se a torcida de todos nós, jubilosos com o natal do Felipe.
    Um afago especial a ti que á mais de 11 anos me introduziste aos dulçores do avonado.
    attico chassot

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  6. Muito estimado colega Edmar,
    desde Estrela onde aguardamos a chegada do Felipe agradeço teu atencioso comentário;
    Prelibo com alegria a possibilidade de um chimarrão com cuca para falar de tudo e de nada.
    A Gelsa alegrou-se com teu comentário.
    Um afago da Maternidade do Hospital de Estrela

    attico chassot

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