21.- Salvados de um domingo

Porto Alegre Ano 4 # 1418

Um dia para dar as boas-vindas ao inverno.

Ele terá inicio nesse dia 21 de junho, exatamente às 08h28min e se prolongará até o dia 23 de setembro. Assim a cada uma e cada um de meus leitores do Hemisfério Sul votos de um feliz inverno. Aos do Hemisfério Norte, um feliz verão. Aquelas e aqueles que vivem próximos a linha do Equador – como aprendi há dois anos, com uma leitora equatoriana – que tenham ventos frescos para suavizar as tórridas temperaturas a que são submetidos quase de maneira continuada.

Hoje em Porto Alegre temos temperaturas que variam, em diferentes micro-climas de 2º a 9ºC. As fotos são da amoreira da Morada dos Afagos vestida outonalmente e do Cactus de Maio, esta manhã que floriu atrasado este ano.

Epigrafei essa blogada como “salvados de um domingo”. Salvados, uma palavra que em português é usual só no plural e significa “restos de mercadorias ou quaisquer outras coisas que escaparam de naufrágio, catástrofe ou incêndio”. Quanto pensava o que escrever hoje, pensei contar de alguns salvados de leituras de jornais, nesse fim de semana.

Uma notícia que me incomodou: “Conflito matou 2.000, diz Quirguistão. Cálculo é da presidente interina, que visitou cidade onde começaram confrontos entre quirguizes e uzbeques”. Dei-me conta o quanto a tão propagada globalização é também falaciosa. A quantos de nós essa notícia atinge? Nem sabemos onde estão essas etnias que se matam e muito menos porque fazem isso. E isso nos interessa? Ou eles são os outros?

Aliás, na notícia seguinte fui reprovado uma vez mais em geografia. O Brasil só em junho criou sete novas representações diplomáticas entre outras na República de Nauru e na República de Palau. Então a Wikipédia me ensina que:

A República de Nauru (em nauruano, Naoero; em inglês, Republic of Nauru) é um dos menores países do mundo, sendo a menor república, resumindo-se a uma pequena ilha da Micronésia, relativamente isolada, anteriormente conhecida como Pleasant Island ("ilha aprazível"). Os territórios mais próximos são Kiribati, a leste, as Ilhas Marshall, a nordeste, as Ilhas Salomão, a sudoeste, a Papua-Nova Guiné, a sudoeste, e os Estados Federados da Micronésia, a noroeste. Nauru é o terceiro menor estado do mundo, os dois menores sendo Vaticano e Mônaco. Nauru é o menor país insular do mundo, cobrindo somente 21 km², a menor república independente e o único país do mundo que não tem oficialmente uma capital; Yaren é a maior cidade e onde se encontra a administração do país.

A República de Palau é um pequeno país insular da Micronésia, no Oceano Pacífico, entre os mares das Filipinas a oeste, Indonésia e Papua-Nova Guiné a sul e Estados Federados da Micronésia a leste. Capital: Melequeoque. Uma nova capital está sendo projetada para ser construída na ilha de Babeldaob, maior ilha do país e segunda maior da Micronésia, onde está situado o aeroporto. Os habitantes de Palau distinguem-se por serem bons construtores de canoas. Destacam-se na arte do tecido, onde utilizam elementos naturais, e na escultura. Artesanato local encontrará nas lojas e nos objetos da vida cotidiana do país. A dança é uma das expressões típicas tradicionais, aliás, quanto à música, ela conta com um menor número de instrumentos musicais. Destacam-se a flauta e o búzio marinho. Lembre-se que as manifestações culturais em Palau são mais "singelas", talvez pelo pequeno território ou pelo fato de constituir uma encruzilhada de caminhos. Embora sua simplicidade não deixa de ser interessante para o turista.

As outras cinco Embaixada são também em países insulares, que estão envolvidos em problemas de correntes do aumento do teor de gás carbônico e o Brasil busca parcerias no disciplinamento de políticas de ‘créditos de carbono.’

Outra matéria estarrecedora é acerca do quanto tomate, feijão, moranguinho e outros alimentos chegam à mesa dos brasileiros com agrotóxicos que já estão banidos de outros países e na agricultura local continuam sendo usados. Dentro de assuntos que impactam está ver a riqueza de BP – a mega poluidora – que tem 18,3 bilhões de barris de reservas de petróleo (o Brasil tem 12,8 bilhões). Só ela que está em 30 países e tem 16 refinarias tem 1,5 vezes o petróleo do Brasil e resiste a indenizar os danos causados.

Também li na Folha de S. Paulo deste domingo: A fé busca o poder de Oscar Pilagallo, que descreve dois mil anos de religião e política, mostrando das origens do cristianismo ao fundamentalismo religioso dos nossos dias, três livros examinam a construção do poder político pela igreja. Do imperador romano Constantino ao ceticismo iluminista, o cristianismo buscou expandir seu poder e, recentemente, trazer a fé de volta para o centro da agenda política internacional. Pilagallo mostra como fundamentalismo decorre de uma confusão entre os campos da racionalidade e da mitologia que não existia antes do século 18, quando a ciência passou a dar as respostas mais afiadas às dúvidas do homem.

Alguém poderia perguntar se nestes dias de Copa do Mundo não vai sobrar nada para o futebol. Não vou entrar numa frase polêmica atribuída a Millor Fernandes: “O futebol é o ópio do povo e o narcotráfico da mídia”. Moacyr Scliar nesse domingo, na Zero Hora, contabiliza numerosos de blogues e comunidades internéticas que tem como mote “Odeio o futebol”. Não consegui ver/escutar o jogo do Brasil. Torcia para os ebúrneos. Gostaria de ver uma seleção da África campeã. Aproveito meus conhecimentos de latim e recordo que na ladainha de Nossa Senhora havia uma invocação: “Turris ebúrnea” ou Torre de Marfim. Mas o melhor que vi desta copa do mundo são as fotos de Maradona e seus pupilos. Mereceriam um estudo sociológico e figurar em museu sobre a arte no futebol.

Também vale a pena entender o marketing de risco que algumas empresas estão fazendo. A vedete do marketing na Copa do Mundo de 2010 é a promoção de risco. As empresas abrem mão de parte do faturamento ao oferecer produtos e até o dinheiro de volta, dependendo dos resultados do torneio.

A fabricante holandesa de navegadores GPS TomTom, por exemplo, promete devolver o dinheiro da compra de um modelo de aparelho -R$ 799- caso o Brasil conquiste o hexacampeonato. A primeira "zebra" deste mundial renderá um prejuízo estimado em 10 milhões de francos suíços (mais de R$ 16 milhões) à rede de supermercados Migros, da Suíça. A promoção "Vitória da Suíça, 10% para você" prometia desconto nas compras caso a seleção do país derrotasse um das favoritas ao título, a Espanha. Os suíços ganharam de 1 a 0.

Já a fabricante de eletroeletrônicos Toshiba usou o descrédito dos ingleses na vitória de sua seleção para desafiar: compre uma TV ou um laptop e, se a Inglaterra trouxer a taça para casa, devolvemos seu dinheiro. Isso para mim é a melhor tradução do quanto essas empresas ganham fácil e demais.

Dois brevíssimos comentários acerca de duas postagens do fim de semana. Acerca do assunto de sábado, eis o que leio no La Nación, um reacionário jornal madrilenho: “Só podem chorar por Saramago, aqueles que não o conheceram”. Poderia ter algo mais estúpido. Quanto às bodas, assuntada aqui ontem, revisava minha blogada: foi um circo de alto custo aos suecos. Aliás, todas essas monarquias européias são um deboche. Mas o amor é lindo.

Recebi um convite: Olá, Mestre Chassot e prezados leitores, tomo a liberdade de usar esse espaço para divulgar o meu blog.

divulgarciencia-malu.blogspot.com

Coloquei a primeira postagem hoje. Quem sabe posso abrir com chave de ouro, com um comentário de vocês?

Muito querida Maria Lúcia, obrigado por me trazeres o anúncio de teu blogue. Viva! Maria Lúcia, foi na tua Curitiba, que há dois anos defendi por primeiro a tese: “Blogues: instrumentos pós-modernos para fazer alfabetização científica”. Conhecendo tua história como comentadora aqui tenho um prognóstico: És mais uma audaciosa que se une a outros para disseminar a Ciência. Tu como uma botânica competente sabes fazer isso.

Uma boa segunda feira. Feliz Inverno/Verão e ventos frescos para suavizar tórridas temperaturas.