11* Uma escola (quase) ideal

Juiz de Fora Ano 4 # 1408

Uma sexta-feira de voltar para casa começou, quando quase terminava a viagem de 100 km entre Barbacena e Juiz de Fora. Ainda deste trecho da rodovia BR040, deixei de registrar, quando da viagem de ida a passagem por Cabangu, onde está o Museu de Cabangu a 16 quilômetros do centro da cidade de Santos Dumont. É dedicado à memória do Santos Dumont. Ali se conserva ainda no sítio e a casa onde nasceu o menino Alberto Santos Dumont, objetos pessoais, fotos e o museu da aviação

Assim, no começo da sexta-feira retornava emocionado por intensas viveres na densa quinta-feira. Ao chegar ao hotel essa mensagem: “Olá querido! Só vim lhe agradecer pela aula de conhecimento! a melhor palestra que eu já presenciei! Thaynara Torres Mendonça (IFET Barbacena) Santos Dumont- MG.” Não conheço a conterrânea do Pai da Aviação, mas não precisava mais para quem falara extensamente à tarde e à noite.

Detalho um pouco as emoções de ontem. As atividades do segundo dia da Semana “Química em

tempos de sustentabilidade ambiental” foram no campus de Barbacena, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais. Este se constitui da centenária Escola Agrotécnica Federal de Barbacena, onde fomos recepcionados como se pode ver na foto.

As atividades se iniciaram com uma muito doce palestra: O mel – um alimento funcional proferida pela Profª Dra. Regina Lianda, Coordenadora da Licenciatura em Química do IF do Sudeste de Minas, que apresentou com riqueza de informações sua tese de doutoramento. Almoçamos junto com mais centenas de estudantes dos diversos cursos do Campus de Barbacena que pagam R$ 2,00 por refeição a partir de alimentos que os produzem nas suas atividades práticas de diferentes cursos.

Após o almoço fizemos um tour pelo Campus, onde um imponente edifício em estilo normando, define a sede da centenária Escola que se distribui em uma área de 479 hectares dos quais 10% são matas nativas cuidadosamente preservadas. A área era uma antiga fazenda se café, em pleno centro urbano de Barbacena.

Visitamos os dois principais núcleos da Escola: o Agrícola e o Zootécnico. Em e o outro os estudantes provenientes de vários Estados do Brasil realizam atividades experimentais. No NA se pode acompanhar diferentes etapas que vão desde o preparo da terra com maquinário moderno, semeadura, adubação, controle de pragas, colheita e conservação e industrialização. No NZ há diferentes culturas: aves, suínos, caprinos, ovinos, equinos, búfalos, peixes etc. Por exemplo, na área de suinocultura, há a maternidade, a creche, as pocilgas de crescimento e os matadouros para abate e setores de industrialização. Na área de lacticínios há a produção de queijos, iogurtes, doce de leite, como a avicultura tem uma extensa produção de ovos. No setor de piscicultura podemos acompanhar diferentes etapas de produção.

Causou-me profunda impressão o setor da Equoterapia. Esta é um método terapêutico e educacional, que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiências e/ou necessidades especiais. Várias crianças vêm diversas vezes por semana à Escola para fruir esse relacionamento entre humanos e o cavalo. Para isso há inclusive um plantel de pôneis.

Os alunos de diferentes cursos fazem cursos técnicos integrados com o ensino médio usual. Por exemplo, os técnicos em Química em um turno fazem o ensino médio regular e no outro um avançado curso de Química em laboratórios modernos em bem equipados. Isso vale para alguns dos outros cursos técnicos como Administração, Enfermagem,Informática, Meio Ambiente, Nutrição e Dietética, Segurança do Trabalho, Agroindustria, Agropecuária, Hospedagem, Cuidador de Idosos, na modalidade de Jovens e Adultos.

A Escola mantém cursos superiores de tecnologia em Gestão Ambiental, Gestão de Turismo, em Sistema de para Internet e também Licenciatura em Química.

Há mais de uma centena de alunos que moram na escola em modernos e bem equipados alojamentos. Há moradia de alunas foi desativada há um tempo. Há uma frota de ônibus que transportam os alunos para os diferentes setores. Há também funcionários que têm casas individuais no recinto da escola, pagando um aluguel simbólico.

Ao terminar a visita eu disse a colegas que essa é uma escola (quase) ideal na qual gostaria de ser professor visitante por um tempo, morando inclusive dentro da fazenda. Deixo de apresentar fotos das modernas piscinas, dos equipados laboratórios de Informática e de Química.

Das 14h às 16h30min com os Professores Gerson Mól – UNB e Alphonse Germaine Kelecom – UFF, participei de concorrida mesa-redonda: “Química e meio Ambiente”.

Ao final fomos presenteados com uma cesta com diferentes queijos e embutidos da linha indusrial da escola e ainda uma garrafa da tradicional cachaça de Minas, Depois fizemos um lanche com alimentos produzidos pela padaria e pelo setor de laticínios da Escola.

Tive um momento de descanso no gabinete do diretor José Roberto Ribeiro Lima, de onde pude contemplar um lindo pôr-do-sol, que fotografei. A noite das 19h30min às 22h, repeti, agora sem pressão de horário, a fala que fizera no dia anterior em Juiz de Fora: “A Historia da Ciência catalisando atividades transdisciplinares” para um numeroso auditório. Havia muitos alunos e também professores que assistiram duas vezes a fala. Um detalhe prosaico. Não me precavi de que Barbacena está no alto da Serra da Mantiqueira, a mais de 1100 metros de altitude. Tive que ser socorrido por uma manta, tal era o frio.

Agora pela manhã o Gerson Mol e eu repetimos a aqui em Juiz de Fora a mesa-redonda, sem a presença muito competente do professor Alphonse, que precisou antecipar seu retorno à Niterói. Às 14h30min inicio com Gerson o retorno. Vamos juntos ao Rio de Janeiro, onde às 18h tomo um voo para Porto Alegre, com chegada

prevista para 21h30min.

Com votos de uma boa sexta-feira, o convite para uma dica de leitura, amanha, dentro do clima de dia dos namorados. Até à Morada dos Afagos, então.