Porto Alegre Ano 4 # 1410 |
O domingo ainda é de previsão meteorológica incerta. Que não me leiam os ‘doutores do tempo’, mas as nuvens cinzas que deixam perceber extensões de céu azul não permitem uma avaliação para esse segundo domingo junino. Ele se faz imerso na expectativa nacional, que parece querer que hoje já fosse a tão esperada estreia. Nesses dias conhecemos mais sobre Coreia de Norte [pela primeira sem acento em meus teclares], especialmente sobre os biótipos de nossos ‘adversários’ da próxima terça-feira do que em todas as aulas de Geografia da Ásia. E vejo-me falando de Copa do Mundo, mesmo que me propusera silenciar acerca do mais badalado tema da imprensa brasileira.
Vou a outro tema. Sei que corro o risco de corroborar uma muito explícita crítica que esse blogue recebe. Contesto, especialmente com o tema que trago hoje. Ele é menos hagiográfico e mais folclórico (m sua dupla acepção). Sei que a justificativa não me livra da pecha de igrejeiro.
Abrimos hoje o ciclo dos santos juninos. O ‘santo do dia’ que recebo a cada dia, hoje é dispensável. Não há que não saiba que nesse 13 de junho é dia de Santo Antônio de Lisboa, Confessor e Doutor da Igreja. Não é sem razão que, no Brasil, ainda se resiste a uma colonização do Hemisfério Norte. Não celebramos São Valentim como o casamenteiro. Ontem foi o dia dos namorados, por ser vigília de Santo Antônio.
É muito provavelmente o santo mais popular no Brasil (talvez de toda a cristandade) e sua explicação é óbvia já na sua nominação: de Lisboa. Se há algo em que não negamos a Pátria colonizadora é a religiosidade santeira. Claro que não só: na língua, mesmo que a tenhamos mudado muito, que às vezes filmes portugueses precisam ser dublados. Também é muito portuguesa a nossa maneira cartorial de amealhar títulos.
Mas Santo Antônio de Lisboa (que também é de Pádua – por ter vivido nessa cidade italiana –, numa disputa histórica entre duas das mais católicas nações que não vou aqui aderir) é também o patrono de uma legião de municípios brasileiros e de acidentes geográficos que vão de becos de favelas a caudalosos rios. Antônio (ou Antonio) também provavelmente o nome de batismo – ou para ser mais adequado aos tempos atuais: de certidão de nascimento – milhares de brasileiros, mesmo que depois possam se converter em Tom, Tonico, Nico... O Google fornece 12,4 milhões de resultados para Antônio. ¿Quem conhece um nome que fornece mais?
Acredito que se fizesse uma pesquisa, a grande maioria não localiza a época em viveu esse taumaturgo. Pois ele nasceu em Lisboa na virada do Século 12 para o 13 e faleceu em 1231, com apenas 36 anos de idade. Depois de ser algum tempo agostiniano ingressou na então nascente ordem franciscana, da qual foi um dos maiores expoentes. Pregou na Itália e no sul da França, conseguindo milhares de conversões. Combateu arduamente a heresia dos cátaros e patarinos, dominante no seu tempo, pelo que o chamavam de "incansável martelo dos hereges". Não apenas os combatia no púlpito, pela pregação, mas também por meio de milagres espantosos. Sabia de cor quase todas as Escrituras e tinha um dom especial para explicar e aplicar as mais difíceis passagens. Se diz que, sua língua, que tanto pregara a palavra divina, foi preservada da corrupção e até hoje é venerada num relicário, em Pádua.
Depois de tudo isso me cabe a classificação de igrejeiro, pois nem contei que as moças casadouras mergulha(va)m a estátua do santo, enforcado de cabeça para baixo para conseguir casamento, principalmente quanto as mesmas tinham/têm um pretendente que não as pretende.
Mas domingo é dia de blogadas curtas. Desejo a cada uma e cada um de meus leitores, particularmente aos Antônio e também às Antônia o melhor domingo. O meu deverá fazer uma extensão de ontem: atualizar-me nas leituras de jornais e revistas (entre essas tem uma grande novidade: Hola Brasileira) que se acumularam nesses dias de périplo pela chamada zona da Mata Mineira que ainda me empolga. Há já uma preparação para nessa semana ir a Itumbiara em Goiás. Anuncio a promessa de nos lermos amanhã. Espero com algo, mais substancioso.
Muy querido Profesor Chassot,
ResponderExcluir¿Sabe que tuve la curiosidad de ver qué otros nombres tienen más resultados en Google? Se sorprenderá: María tiene 514.000.000 y José 445.000.000.
Por otra parte, muy interesantes sus viajes, cada vez conozco más de su inmenso país.
Que tenga una linda semana,
Mestre Chassot, neste domingo antonino, arrisco-me a dizer que, no Brasil pelo menos, São Jorge é mais popular que Santo Antônio e, colocando este na terceira colocação, Nossa Senhora Aparecida vem logo depois do nobre cavaleiro matador de dragões.
ResponderExcluirQue este agradável domingo seja o modelo de clima dos próximos dias.
Ótimo dia.
Buenas, profesor.
ResponderExcluirAprendo bastante sobre os Santos, visitando o seu blog. Mesmo não sendo Católico, admiro e gosto de conhecer um pouco mais sobre essas questões teológicas.
Um domingo iluminado.
Abraço
Muy apreciada Matilde,
ResponderExcluirgracias por las informaciones acerca de la más vasta popularidad de los nombre de ‘María’ y de ‘José’ frente a ‘Antonio’. Todavía pienso que mismo en Ecuador Antonio debe ser un nombre muy popular. iNo!
Me quedo encantado que viajes un poco conmigo por el Brasil. En esa semana levaré muchos brasileños incluso a una no muy conocida Itumbiara.
Que la nueva semana junina séale fructuosa,
attico chassot
Meu caro Marcos Vinicius,
ResponderExcluirnossas pesquisas empíricas acerca da popularidade de santos não têm coincidências. Tu e eu usamos o achômetro, todavia acredito que teu ranqueamento seja mais consistente.
Mas, ficam as bênçãos de Santo Antônio para a semana que se avizinha.
attico chassot
Meu muito estimado colega Luis,
ResponderExcluirfico muito contente com tua apreciação a minhas reflexões religiosas. Anuncio para amanhã um excelente texto em prol da não dicotomia entre Religião e Ciência em uma mesma direção que tenho usado em minhas falas.
Parabéns pelo http://caminhanteaprendente.wordpress.com e uma boa semana junina para nós.
attico chassot
Muito querida colega Maria Lucia,
ResponderExcluirassisti aos vídeos que sugeriste em http://www.youtube.com/watch?v=rBb2-R9ygrI
Concordo com tua proposta e farei deles assuntos de blogada ainda nesse junho, especialmente depois que via neopata de Juiz de Fora ter seu 15º com talvez 16 anos de idade.
Uma boa nova semana junina
attico chassot