04* Ariquemes, na aurora da Educação Superior

Ariquemes Ano 4 # 1401

Hoje a postagem do blogue é desde Ariquemes. A cidade está localizada a 200 quilômetros de Porto Velho, acessada pela movimenta BR-364, quando se vai para o

sul em direção à Cuiabá. Sua população é cerca de 90 mil habitantes. O nome Ariquemes é uma homenagem a tribo indígena Arikemes, habitantes primevos dessa região; estes índios falavam o txapakura, dentro do grupo linguístico Tupi. A tribo foi extinta, mas legou seu nome na história de Ariquemes. Esta hoje pujante cidade só adquire sua emancipação política com a instalação do município no dia 21 de novembro 1977.

A blogada destes dias rondonienses, uma vez mais, se resume a relatos de minhas andanças por aqui. Assim hoje conto um pouco de minha quinta-feira. Praticamente não percebi ser dia santo/feriado. Houve nas imediações do hotel aqui uma grande concentração de evangélicos, que apenas perturbaram um pouco uma tentativa de descanso, na parte da tarde, quando testavam o som. Parecia que era no quarto ao lado, pois as paredes pareciam vibrar. A propósito uma informação significativa: Se diz ser Rondônia o Estado de mais evangélicos do Brasil; tanto que no dia 18 de junho é feriado estadual aqui em comemoração ao ‘Dia do Evangélico’. Essa informação foi um bom alerta para amainar alguns comentários que usualmente ocorrem na palestra A Ciência é Masculina? É, sim senhora! Hoje à noite estarei mais atento quando de minha crítica aos fundamentalistas.

Na manhã de ontem o Professor Renato André Zan, um gaúcho com mestrado em Química pela UFSM, meu anfitrião aqui em Ariquemes, foi buscar-me em Porto Velho. Antes com ele e com a Ana Carolina e o Wagner, professor de Filosofia da UNIR, visitamos o mirante sobre o rio Madeira, onde o Wagner, um rondoniense – algo raro entre os professores universitários locais, pois a maioria é alienígena – ofertou-me excelentes explicações históricas do período áureo da borracha.

Antes das 10 horas com o Renato, e com o Prof. Ricardo Rodrigues de França Bento, da UFMT convidado do curso de Física (como eu sou do curso de Química) e o

Gustavo, professor de Física da FAEMA iniciamos a viagem pela BR-364. Cerca do meio dia ficamos por mais de meia hora, sob sol equatorial a pino, retidos em um quilométrico engarrafamento. Depois vimos a causa: uma imensa carreta que transportava soja, terminou passando por cima de um veículo menor, cuja demolição na permitia identificar. Havia mortos.

Ao chegarmos a Ariquemes almoçamos e depois vim para o hotel. Às 18 horas, antecedendo a abertura da I Semana Acadêmica Integrada de Física e Química da FAEMA – foi oferecido uma gostosa tigela de açaí com banana e creme de leite.

A Faculdade de Educação e Meio Ambiente - FAEMA de Ariquemes, instituição que

com a Universidade Federal de Rondônia, divide minhas viagem e estadia aqui em Rondônia, foi fundada em 2008. Oferece, além dos dois cursos para cuja semana estou aqui, cursos de Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia e Psicologia. Sendo que não ainda formatura em nenhum dos cursos. A Educação só recentemente se inicia aqui.

Na abertura da Semana estavam presentes autoridades da FAEMA e da Comunidade. Cada um dos cerca de 150 inscritos recebeu um exemplar de A Ciência é Masculina? Assim, antes e depois dos atos inaugurais, onde minha palestra estava incluída, autografei mais de uma centena de exemplares, com pedidos de fotos e direito a uma dedicatória personalizada. Foi muito bom, ao final ser aplaudido de pé, pelos presentes que lotavam o auditório do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Rondônia.

Após as atividades fui com um grupo de professores saborear uma costela de tambaqui assada acompanhada de pirão. Já era quase meia-noite (hora local) quando cheguei ao hotel. Eu estava encantado com os muitos depoimentos que ouvi de estudantes. Muitos destes, talvez pela primeira vez participavam de evento acadêmico fora de sala de aula e/ou tinham um livro com uma dedicatória em seu nome. Para mim é significativo ver Educação superior ainda é tenuemente emergente.

Para esta manhã recebi o convite para visitar uma mina de cassiterita, mas terminei por declinar, pois implicaria só em viagem de ida e volta cerca de 3 horas. A alternativa mais adequada em termos de deslocamento será uma visita a uma usina de beneficiamento de cassiterita na periferia da cidade.

Das 14h às 18h ministro o mini-curso ‘História e Filosofia da Ciência catalisando ações transdisciplinares’ e a partir das 19h faço a palestra ‘Das disciplinas à indisciplina: um caminho ao avesso.

Desejo uma boa sexta-feira para cada uma e cada um. Adito escusas por resumir essas últimas blogada a relatos de viageiro. Lêmo-nos amanhã, ainda de Ariquemes.