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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

18.- Ecos que sabem a um sábado especial

Porto Alegre Ano 5 # 1536

Esta blogada inaugura, aqui, mais uma Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. A edição de 2010 ocorrerá entre 18 e 24 de outubro em todo Brasil e neste ano terá como tema principal: “Ciência para o Desenvolvimento Sustentável”. O objetivo do evento é promover diversas atividades de divulgação científica, estimulando a difusão dos conhecimentos e o debate sobre as estratégias e maneiras de se utilizar os recursos naturais brasileiros, a rica biodiversidade com sustentabilidade, sempre de forma conjugada com a melhoria das condições sócio-econômicas de sua população.

No Centro Universitário Metodista do IPA ocorre uma extensa programação. Participo com um minicurso acerca de História e Filosofia da Ciência, hoje e amanhã, na Sala B 106, no Campus Central; exibição comentada do filme Ágora, na quarta-feira na sala D 404 - Americano. As três atividades são de livre acesso, sempre das 17h às 19h. Nesta segunda-feira tenho, ainda, aula na Universidade do Adulto Maior e duas sessões de orientação a mestrandos.

Um registro muito especial do domingo: recebi a visita de meu querido sobrinho Daniel Cardoso, sociólogo e professor universitário em Curitiba. Tínhamos muito a conversar. Ao lado dos temas profissionais e familiares dois fôramos assuntos que marcaram nossos papos. Um o filme “Nosso Lar” e assuntos correlatos com espiritismo e budismo e as eleições presidenciais, onde nos detivemos nas ‘quase inexplicáveis’ pesquisas eleitorais segmentados em extratos religiosos, em intenção de votos 47% para Dilma e 41% Serra (dados do DataFolha):

Religião

% Dilma

% Serra

Católica

51

38

Evangélica Pentecostal

39

48

Evangélica não-Pentecostal

36

50

Espírita Kardecista

36

53

Não tem religião

45

40


Ter estas miradas traduz o nível medievalização das eleições neste segundo turno, marcado na fé (religiosa) dos candidatos. Não foi sem razão que nesta sexta-feira, em São Paulo, onde o tucano faz campanha, santinhos que destacam o tema estão sendo distribuídos: "Jesus é a verdade e a justiça" com o rosto de Serra e o número 45 logo abaixo. Será que o agora tão religioso Serra não sabe de um mandamento diz algo como: “Não tomar o santo nome em vão!”

Assim tivemos bons temas para regar nosso almoço nesta presença dominical. À noite tive a querida visita do Bernardo e da Carla. A pauta das conversações não foi muito diferente daquela com o Daniel.

Acenei ontem que voltei no sábado encharcado pelas emoções da estada em Veranópolis na celebração do 15º aniversário do Instituto de Educação Josué de Castro/IEJC, mantido pelo Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária (ITerra). Vencido os 180 km, grande parte dos quais em meio a densa neblina, especialmente na região do vale do Rio das Antas, já na chegada da chamada ‘capital da longevidade, acompanhamos grande movimentação na direção ao centro municipal de cultura. Foi muito bom reencontrar muitos velhos conhecido.

As atividades começaram com o canto pelo auditório do hino do MST e uma significativa mística – algo sempre presente nas atividades do MST. O ofertório de frutos da terra e utensílios de trabalho ocorreu com marchas com bandeiras do MST e da Vila Campesina. O mote dos cantos era: “De agora em diante temeremos mais a miséria que a morte!


A mesa de trabalhos, presidida pelo Evori, que foi aluno da Gelsa e meu em Braga há quase 20 anos, houve duas falas muito profundas em conteúdos. Um público muito atento de militantes e de convidados eram os ouvintes privilegiados.

A primeira de João Pedro Stedile, um dos lideres maiores do MST, que ao chegar ao evento com muito alegria, nos apresentou sua mãe, destacou, dentro uma análise do mundo capitalista, a proposta de expansão do conceito de ‘segurança alimentar’ para o de ‘a soberania alimentar’ que é ‘cada comunidade tenha condições de produzir os seus alimentos, respeitando o meio ambiente.’

No momento seguinte houve fala do prof. Luís Carlos Freitas da Unicamp, que o reencontrar recordamos que já quase 30 anos nos conhecíamos no 2º EDEQ. Na fala o Luís Carlos a Educação na Revolução Russa de 1917 onde, apoiado no livro de Moisey M. Pistrak, ante a colossal tarefa de recriar o seu sistema educacional, marcado pela exclusão e subordinação se transforma em uma Escola marcada pela continuada análise da realidade e traduzida na organização. Luís Carlos fornece uma série de pistas sobre o papel da escola na formação das crianças e jovens e mostra como ela muda sua forma e seu conteúdo quando orientada pelos interesses e objetivos da classe trabalhadora: ou seja, reorganiza sua atuação para formar lutadores e construtores de uma nova sociedade. Isto leva a ‘Pedagogia do Meio’ onde são eliminadas a mistificação, massificação e a dominação. Luís Carlos destacou ainda a contribuição de Bogdan Suchodolski, que descobre na história pedagógica duas tendências fundamentais, uma pedagogia baseada na essência do homem e uma pedagogia baseada na existência do homem.

Após estas duas falas houve alguns depoimentos, entre os quais refiro: o primeiro do Jacques Alfonsin, o intrépido advogado dos oprimidos; da Senira, a emocionada primeira diretora do IEJC; sa Lucia Camini, ex-secretária de Educação do governo Olívio Dutra; a Gelsa e eu, trazendo alguns recortes históricos de nossa participação no MST; representantes do CPERGS. As atividades no centro municipal de cultura foram concluídas com o vibrante entoar do Hino da Internacional Socialista, que reproduzo a primeira estrofe e o estribilho:

De pé, ó vítimas da fome! / De pé, famélicos da terra! / Da ideia a chama já consome /

A crosta bruta que a soterra. / Cortai o mal bem pelo fundo! / De pé, de pé, não mais senhores!
Se nada somos neste mundo, / Sejamos tudo, oh produtores!

Bem unidos façamos, / Nesta luta final,/ Uma terra sem amos / A Internacional.

Para o hino completo: http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Internacional para ouvir com letra em português, por exemplo, http://www.youtube.com/watch?v=ds6hSK8bq4I

Não é difícil inferir as emoções do canto desta marcha que fazia evocar a vibrante e revolucionária Marselhesa. Eu concluía comigo: o ITerra forma líderes.

As comemorações foram encerradas com saboroso almoço para cerca 300 pessoas, onde o mais emocionante foi o gostoso reencontro com dezena de ex-alunos que amealhamos nestes 20 anos. O retorno foi já na meia-tarde. Como na ida tivemos a companhia da Julia e ainda, fomos presenteados com o privilégio de voltar conosco o Edgar José Kolling, um dos dirigentes nacionais do MST. Assim por mais três horas tivemos a continuação da confraternização.

Agora quando encerro essa blogada, junto com os votos de uma muito boa segunda-feira a cada uma e cada um. Adito uma saudação especial aos médicos pelo seu dia.

3 comentários:

  1. Obrigado Paula,
    não tenho o teu endereço para agradecer, mas cheguei ao teu blogue: http://internescio.blogspot.com

    Valeu

    attico chassot

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  2. É impressionante a dissimulaçao de que o candidato do PSDB se utiliza na reta final da Campanha. Me fez rememorar atitudes semelhanes adotadas pelo coronel Roriz na epoca em que votava em Brasilia. Chamava de vermelhos do Inferno os Petistas e se dizia católico fervoroso com Deus no coraçao. Agora tenta levar a esposa ao governo, já que nao tem mais aprovaçao do STE. Abraço do JB.

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  3. Muito estimado Jairo,
    nestes próximos 12 dias viveremos açoitados por uma baixaria inenarrável. Essa polarização entre o deus e o diabo é algo irritante.
    Mas enfim....
    Com agradecimentos
    attico chassot

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