Porto Alegre Ano 5 # 1526 |
Esta manhã, viajo a Curitiba onde hoje e a amanhã cumpro três compromissos acadêmicos. Torço que se repita o extenso fechamento de ontem do aeroporto. A chuva que cai, talvez facilite a possibilidade de decolagem.
Hoje à tarde dou um mini-curso acerca de História e Filosofia da Ciência para participantes do Programa de Iniciação à Docência – PIBID do Departamento de Química da UFPR, liderados pela profa. dra. Joanez Aparecida Aires. À noite o CEEJBA Paulo Freire, uma Escola de Educação de Jovens e Adultos a convite da Professora Maria Lucia Lopes. Esta atividade é catalisada por relações que se teceram neste blogue. Ainda prevejo encontros familiares, como fruição lateral à tríplice jornada acadêmica em Curitiba. Na sexta-feira, volto ao Departamento de Química da UFPR, regressando à noite a Porto Alegre.
Na manhã de ontem foi anunciado os ganhadores do Prêmio Nobel de Química 2010. O pesquisador estadunidense Richard Heck e os japoneses Ei-ichi Negishi y Akira Suzuki foram galardoados por seus trabalhos acerca das reações de moléculas de carbono. Esta premiação sucede aos anúncios da segunda-feira do Nobel de Medicina ao britânico Robert Edwards o pai da fecundação ‘in vitro’ e na terça-feira a outorga do Nobel de Física, ao holandês André Geim e ao russo naturalizado britânico Konstantin Novoselov por suas pesquisas sobre o grafeno.
Hoje e amanhã deverão se conhecer os premiados com Nobel de Literatura e da Paz respectivamente. Estes dois são, usualmente os mais esperados.
Viver a temporada destes anúncios sempre enseja muitos comentários. O meu primeiro é o quanto vejo ratificada a tese que trago no meu livro A Ciência é masculina? Acerca da predominância masculina nos detentores dos Nobel. É claro que discuto a validade deste indicador (Prêmio Nobel) e um possível descrédito a mesma foi aumentado, quando no ano passado Barack Obama recebeu o Nobel da Paz. Este ano dos seis premiados com os de Ciência são homens. Vale ver, agora, o novo placar geral, onde o assinalamento# significa que a premiada teve a láurea dividida com homens ou homem. O asterisco indica que a mesma mulher recebeu as duas premiações.
Em Física agora são 187 premiados, com duas mulheres em 1903*# e 1963#
Em Química há 157 sendo quatro mulheres 1911*, 1935#, 1964 e 2009#.
Em Medicina ou Fisiologia há 195 sendo dez mulheres: 1947#, 1977#, 1983, 1986#, 1988#, 1995#, 2004#, 2008# e 2009# (1 homem e 2 mulheres)
Assim, nos três prêmios de Ciências, desde 1901 até 2010, houve 539 laureados dentre os quais dezesseis são mulheres. Mas não só a Ciência que é masculina, Basta que se observe os outros três prêmios:
Literatura foram premiadas onze mulheres entre 100 laureados.
Paz foram concedidos a doze mulheres entre 95 pessoas e 30 organizações.
Economia: em 2009, pela primeira vez foi premiada uma mulher (Elinor Ostrom, nascida em 1933 nos Estados Unidos) junto com um homem. Fontes: nobelprize.org & A Ciência é masculina?
Quando redijo esta blogada não há como não retorne a março deste ano, quando estive, pela primeira vez em Estocolmo e em meio a caminhadas pela cidade com densas camadas de neve. No primeiro sábado, depois de assistirmos uma cerimônia na frente do Palácio Real a Gelsa alertou-me que estávamos na frente da Fundação Nobel. Aqui está uma recordação de então.
Agora, depois de ter, mais uma vez, resposta a tese que defendo em A Ciência é masculina? adito comentários sobre as três premiações de Ciência de 2010. Ao lado do prêmio de cerca de 2,5 milhões de reais para cada categoria, os premiados recebem medalhas relativas a conquista.
O britânico Robert Edwards conquistou o Prêmio Nobel de Medicina 2010 na segunda-feira pelo desenvolvimento de fertilização in-vitro, uma descoberta que ajudou milhões de casais inférteis em todo o mundo a terem filhos.
O professor de 85 anos da Universidade de Cambridge começou a trabalhar nos procedimentos in-vitro no início da década de 50. Ele desenvolveu a técnica – em que os óvulos são fertilizados fora do corpo e em seguida implantados no útero – juntamente com o cirurgião ginecologista Patrick Steptoe, que morreu em 1988. Em 25 de julho de 1978, nasceu, na Grã-Bretanha, Louise Brown, o primeiro bebê concebido através do processo inovador, marcando uma revolução no tratamento de fertilidade. Louise Brown, 32 anos, atualmente é funcionária dos correios na cidade costeira de Bristol. Em 2007, ela deu à luz seu primeiro filho – um menino chamado Cameron, concebido naturalmente.
Ignacio Carrasco de Paula, presidente da Pontifícia Academia para a Vida do Vaticano criticou a escolha anunciada nesta segunda-feira de que o prêmio Nobel de Medicina será entregue ao biólogo britânico Robert Edwards, criador da fertilização in vitro. Carrasco é porta-voz do Vaticano para assuntos relacionados à bioética, disse que o prêmio ignora as questões éticas levantadas pelo tratamento de fertilidade e que este causou a destruição de muitos embriões humanos. Todavia, Carrasco ressaltou que as declarações seriam opiniões pessoais suas.
Acerca do Prêmio Nobel de Física 2010, sabe-se que com ajuda de um pedaço de fita adesiva, Geim e Novoselov conseguiram obter, a partir de um pedaço de grafite, um floco de carbono com a espessura de apenas um átomo. Foi a origem do grafeno, o material mais fino e forte já conhecido, que os cientistas descreveram em outubro de 2004 na revista Science.
Geim e Novoselov demonstraram que o material tem propriedades excepcionais, originadas do universo da física quântica. O grafeno é formado por uma camada única de carbono, agrupada em uma grade em colmeia e na qual os átomos mantêm entre eles uma distância específica. É o primeiro material cristalino totalmente bidimensional conhecido pela ciência.
Como condutor de eletricidade, o grafeno é tão bom quanto o cobre. Como condutor de calor, ele supera qualquer outro material conhecido. É quase transparente, mas tão denso que nem mesmo o hélio, o menor dos átomos gasosos, é capaz de atravessá-lo.
A capacidade de extrair e estudar o grafeno, possível graças ao trabalho de Geim e Novoselov, viabilizou o desenvolvimento de aplicações práticas como em transistores ou em telas sensíveis ao toque. Ao se misturar com o grafeno, plásticos se tornam condutores de eletricidade e ganham mais resistência mecânica e térmica.
Geim, nascido na Rússia e naturalizado holandês, é um cientista muito bem-humorado que em 2000 ganhou o prêmio Ig Nobel, a sátira ao Nobel concedida anualmente pelo periódico Annals of Improbable Research.
Geim foi escolhido para o Ig Nobel pela descoberta de que substâncias não magnéticas podem ser levitadas em um campo magnético. O pesquisador usou um sapo para demonstrar seu estudo, publicado em 1997. Também levitou um hamster, que “assinou” outro artigo como um de seus autores.
Novoselov, que tem cidadania russa e britânica, foi orientado por Geim em seu pós-doutorado na Radboud University Nijmegen, na Holanda, em 2004. Em seguida, acompanhou Geim na Universidade de Manchester. Os dois dividirão o prêmio de 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 2,5 milhões), que receberão com diplomas e medalhas de ouro em cerimônia no dia 10 de dezembro, aniversário da morte de Alfred Bernhard Nobel (1833-1896), o inventor da dinamite.
O Prêmio Nobel de Química de 2010, anunciado nesta quarta-feira pela Real Academia de Ciências Sueca, recompensou dois cientistas japoneses – Akira Suzuki, de 80 anos e Ei-ichi Negishi, 75 anos – e um estadunidense – Richard Heck, 79 anos – pelas pesquisas sobre a síntese orgânica, utilizada na luta contra o câncer. Os três dividirão o prêmio de 10 milhões de coroas suecas.
Os três químicos foram premiados pelo Comitê Nobel por suas pesquisas sobre "o acoplamento cruzado do paládio catalisado, um dos processos mais sofisticados da química". O júri destacou que esta é uma reação química utilizada em pesquisas e produção farmacêutica e de moléculas utilizadas na indústria eletrônica.
"A humanidade quer novos medicamentos para tratar o câncer ou conter os efeitos devastadores de vírus mortais no corpo humano, a indústria eletrônica busca substâncias emissoras de luz e a indústria agrícola quer substâncias capazes de proteger as colheitas", dizia a nota emitida pelo Comitê do Nobel.
e verdades mestre chassot acho que a ciencia e outras coisas vão demorar sair desse patama,e mais esses premios são faceis de prever que seus ganhadores são sempre masculinos.
ResponderExcluirEstimado Van,
ResponderExcluir(lamento que aqui não tenha teu endereço para enviar esta resposta)
é bom aqui em Curitiba, receber desde Bragança um cometério neste blogue.
Estamos vislumbrando novos tempos.
Com estima
attico chassot
mestre postando meu e-mail, qualquer coisa estamos por aqui nesse mundo de bytes: geusivansoares@gmail.com
ResponderExcluirestou sempre acompanhando suas postagens.
Bom dia Professor!
ResponderExcluirSobre o grafeno, já esperava! hehehe! HAvia visto algumas reportagens há um tempinho atrás, aqui pela internet mesmo, sobre suas características e viabilidade, e realmente fiquei encantada! Prêmio justo, eu acho!
=]
Mas que, definitivamente, são masculinos....aaaaah isso são!
Meio complicado mudar a 'cabeça', a concepção de nossa sociedade...e também, retirar um pouco do 'medo de arriscar' de muitas de nossas mulheres, para tomar frente na ciência.
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Uma ótima sexta ao senhor!
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=]
Querida Geusivan,
ResponderExcluirobrigado pela querida companhia e também por ensejares que com teu endereço possa te agradecer o comentário.
Um afago do
ttico chassot
Muito querida Thaiza,
ResponderExcluirrealmente o mundo do prêmio Nobel se presta a muitas análise e inclusive ratificações e retificações de nossos conhecimentos. Amanha ele volta na dica de leitura.
Que tua sexta-feira seja querida.
Um afago do
attico chassot
Querido Chassot,
ResponderExcluirMeus alunos leram teu livro : A Ciência é masculina? É sim senhora, para depois abrirmos dicussão acerca do assunto. Eles adoraram. Quando saiu o resultado do prêmio Nobel voltamos a discussão iniciada por eles. Foi fantástico. Sabe, com sua ajuda(através dos teus livros e artigos), trabalhar com esta disciplina, não está sendo tão difícil e o melhor, percebo o interesse e a motivação por parte dos discentes.
Obrigada por tudo, mestre!!!!!!
Muito querida Joélia, penso que este blogue, nas suas trazidas de História e Filosofia da Ciência é uma extensão do A Ciência é masculina? E do Ciência através dos tems.
ResponderExcluirQue bom que meus livros e este blogue te ajudam no fazer alfabetização científica
Afagos
attico chassot
ola!
ResponderExcluiroi!
ResponderExcluirEm Física agora são 187 premiados, com duas mulheres em 1903*# e 1963#
ResponderExcluirEm Química há 157 sendo quatro mulheres 1911*, 1935#, 1964 e 2009#.
Em Medicina ou Fisiologia há 195 sendo dez mulheres: 1947#, 1977#, 1983, 1986#, 1988#, 1995#, 2004#, 2008# e 2009# (1 homem e 2 mulheres) Oi professor, gostaria de saber se você tem livro publicado com estes dados ou algo que possa me ajudar, com mais detalhes das desigualdades de gênero nas ciências conforme oa dados acima no que se refere a destaques e premiações. Fico grata, e te desejo muito sussesso. meu end é tl.miranda@uol.com.br
Estimada TL,
Excluirobrigado por visitares o meu blogue e postares em uma edição já distante.
Sou autor de um livro: A Ciência é masculina? É, sim senhora! que está disponível em www.professorchassot.pro.br, na livraria virtual. Posso te enviar, seguindo que está ali descrito.
Com disponibilidade
attico chassot
http://mestrechassot.blogspot.com