08.- Um noite inesquecível e quase inenarrável

Curitiba Ano 5 # 1527

Escrevo de Curitiba da casa de minha irmã Tile e meu cunhado Otelo. Vejo a cidade, que ontem me recebeu com chuva e frio, desde um 21º andar, com um céu azul e plenamente ensolarada.

Vivi, ontem à noite, uma das mais emocionantes experiências enquanto professor. Mas permitam-me um relato cronológico até para que emoções mais fortes não toldem o dia pleno de fazeres.

Antes de deixar Porto Alegre reencontrei, por brevíssimos minutos, com a Júlia, que no dia anterior chegara imprevista e fugazmente de Paris. Amanhã, ao retornar poderei estar ainda com ela já na sua despedida.

Ontem, mesmo chovendo na partida e na chegada, o voo foi pontualíssimo. Em São José dos Pinhais era queridamente aguardado pela Prof. Dra. Orliney Guimarães, do Departamento de Química da UFPR. Fomos diretos ao campus da área tecnológica da UFPR, onde pude dar uma revisadas nas falas programadas para a tarde e noite. No almoço, próximo ao campus reencontrei alguns colegas.

A tarde foi extensamente preenchida por mais de quatro horas comum mini-curso acerca de História e Filosofia da Ciência para participantes do Programa de Iniciação à Docência – PIBID do Departamento de Química da UFPR, alunos e professores do mestrado em Educação em Ciências, professores da rede estadual. Foi muito discutir as revoluções copernicanas, lavoiserana, darwiniana e freudiana e como estas conduziram a disciplinarização.

À noite, com a professora Maria Lucia e com o professor João, que também assistiram o curso, fui o Centro Especial de Educação Básica de Jovens e Adultos Paulo Freire. Fui recebido pela professora Terezinha que apresentou história e as propostas de uma muito significativa escola da capital paranaense. Depois de conhecer um pouco das instalações participai com professoras e professores de um lanche mediado por muitas interrogações acerca de meus livros, particularmente do A Ciência é masculina?

Na atividade seguinte, em um auditório lotado, com participantes em pé, fiz a palestra ‘A Escola não mudou! Ela foi mudada?’ Por mais de duas horas vivi emoções muito fortes e acompanhei a transmutação do auditório, especialmente dos estudantes. Estes muito provavelmente cansados de uma jornada em seus trabalhos, alguns iniciados ainda madrugada, pareciam sonolentos, mas logo se tornaram participantes e vibrantemente interessados. Poucas vezes, mesmo já tendo feito centenas de palestras, me senti tão encantado com uma fala, vendo dezenas de trabalhadoras e trabalhadores tão sequiosos por conhecer a Ciência e manifestarem tanta satisfação – expressas em alguns momentos por sonoros risadas – ao ouvirem meus relatos sobre histórias que para muitos se faziam próximas.

Talvez o depoimento que recebi da Professora Maria Lucia Lopes, que enquanto leitora deste blogue, que enquanto bióloga fez aproximação aqui numa discussão sobre uma variedade planta (azulita) e agora catalisou a visita traduza muito do que vivi ontem a noite e tenha dificuldade de passar aos meus leitores; Eis o que ela escreveu: Olá, mestre, qual foi sua impressão de nossa escola? Espero que tenha gostado, mesmo que tenha sido em um horário não muito adequado, após os trabalhos da tarde. Quanto a sua palestra, foi maravilhosa, nunca vi uma plateia tão atenta, os rostos demonstravam satisfação, entendimento e admiração (eu também). Recebi cumprimentos dos colegas por tê-lo trazido aqui no CEEBJA. O senhor já faz parte não só da minha vida, mas de todos nós, professores e alunos. Teremos sempre a lembranças deste memorável 08-10-2010. Pena que as fotos da minha máquina ficaram fora de foco. Aprendi muito também com a palestra na UFPR, sei que tenho muito o que ler sobre história da ciência. Abraços, Malu.

Para mim a noite deste oito de outubro é memorável, mesmo inenarrável. Foi muito importante tê-la vivido no CEEBJA. Meus agradecimentos são muito especiais para os trabalhadores que me acolheram em seus estudos.

Tanto à tarde na UFPR como à noite tive oportunidade de autografar vários de meus livros e receber a tietagem daquelas e daqueles que queriam registrar em fotos este nosso estar juntos. Essas provas de estima me encantam.

Já era quase 23 h quanto o Prof. João – um geógrafo que me conduziu competente pelo labiríntico transito curitibano – me deixou no Ahu. O Otelo me esperava. Lamentamos que a Tile estivesse em Montenegro. Conversamos bastante. Mais uma vez evocamos nos anos juntos no São Joao Batista, que culminou com nossa formatura no ginásio em 1957.

Esta manhã, me dedico a fala que tenho à tarde no Departamento de Química da UFPR. Ela será antecedida por almoço com a Profa. Joanez que coordena o PIBD. Depois de minha fala devo estar no aeroporto para às 21h partir para Porto Alegre, então começar o shabath que vai se espraiar num feriadão, porque o dia do professor do dia 15 será antecipado para segunda-feira dia 11, aditado ao feriado da padroeira, dia 12. Assim uma muito boa segunda sexta-feira, deste outubro excepcional que tem cinco sexta-feiras, cinco sábados e cinco domingo.