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sábado, 2 de outubro de 2010

02.- Sonhando numa vigília eleitoral

Porto Alegre Ano 5 # 1521

Um sábado ressacado e nervoso. Se não houvesse me tornado um cético, talvez estivesse mais confortado, pois é o dia consagrado pela Igreja ao culto dos Santos Anjos da Guarda.

Não há como não evocar a primeira oração que aprendi na minha infância e que ainda hoje ressoa em mim num recitar uníssono com minha mãe. "Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, já que a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, guarda, governa e ilumina. Amém". Recordo que há pouco fiquei emocionado em ler esta reza no berço de meu neto Felipe.

Se, quando menino, ouvia ‘fizeste teu anjo da guarda chorar’ ante a menor desobediência, agora certamente ele já foi embora, mesmo que tenha aprendido que ‘Deus, em sua misericórdia, atribuiu a cada homem um Anjo, que o acompanha em todos os passos da vida, reza por ele, protege-o contra os perigos do corpo e da alma’. Infelizmente, o meu já tenha sido realocado à outra pessoa.

Mas volto ao sábado ressacado e nervoso. Poderia acrescentar nervoso, e evidenciado que a anunciada frente fria vai chegar mesmo.

Ressacado, porque depois de uma semana que foi extensa, parece haver desejoso mesmo de descanso, mas há agendas a cumprir. Viagens como a desta semana, que são quase constantes nas semanas de setembro e outubro, desorganizam rotinas. Esta manhã quase não havia mais erva para o chimarrão. Na madrugada, quando a Gelsa disse que estava com sede, eu sonolento, marcado por estar na quinta noite consecutiva em cama diferente, disse: ‘Acho que neste quarto (de hotel) não tem frigobar!’ Preciso mesmo um fim de semana para me reorganizar.

Nervoso, pois amanhã tem uma eleição muito importante, que temos seis votos a dar. Ontem, ao despedir-me de D. Salete, que duas vezes por semana trabalha em minha casa, disse-lhe ‘vote bem!’. Uma e outro nos reservamos, no inicio a não abrir nossos votos. Passado uns minutos ao falarmos em nossos votos ao senado eram para ‘Paim e Abigail’ achamos identidades. Dei-me conta o quanto me apaguei nesta campanha. Outras vezes tinha casa embandeirada, botons na roupa, carro com adesivos. Agora estou apagado. Pergunto-me o porquê. Para manhã, ao lado de meu desejo que vejamos a continuação da migração para a classes mais elevadas de contingentes de brasileiros que estão ainda na miséria, sonho que Dilma e Tarso vençam no primeiro turno.

Cumpro a rotina de agenda aqui. Dica de leitura. Ela é trazida da primeira resenha que fiz para o Leia livros. Já há 6 anos. Faço assim reaproveitamento, creditado por uma esterilicade intelectual.

CHIZIANE, Paulina. Niketche: uma historia de poligamia, São Paulo: Companhia das Letras, 2004, 337 p, ISBN 85-359-0471-9.

Aventuro-me a convidar os (e)leitores para encantar-se com Niketche: uma historia de poligamia. A obra é um vibrante romance de uma escritora moçambicana, Paulina CHIZIANE - uma negra de origem humilde, nascida em 1955.

Niketche, quarto livro da primeira mulher de seu país a publicar um romance, retrata com uma realidade tragicômica a situação da mulher em Moçambique e as conseqüências do silenciamento imposto pelas igrejas cristãs européias e brancas às culturas africanas, especialmente aquelas de educação sexual das mulheres. A autora nos faz mergulhar numa realidade de multicultural que nos é muito distante. O texto é escrito em um português moçambicano que faz leitura muito agradável, resgatando dimensões de um feminismo que a colonização européia apagou.

Em Niketche há a recuperação, com uma linguagem de exuberante lirismo, de histórias mantidas por uma tradição oral de diferentes regiões de Moçambique, país com dez grupos étnicos principais, detentores de culturas diferenciadas que têm nas relações entre homens e mulheres marcas de tradições muito fortes, nas quais a poligamia é um costume arraigado.

Meus votos de um bom sábado e uma eleição muito boa para o Brasil e saboreie um texto muito especial:

O Rio Grande que eu quero tem o tamanho de nossas maiores virtudes. Tem a coragem de vencer desafios, tem a força para acreditar nos sonhos, tem a sinceridade de falar e de ouvir, tem a generosidade para construir uma vida melhor.

O Rio Grande que queremos é o Estado que olhe para as crianças, que respeite os mais velhos, que valorize a dignidade.

Onde cada gaúcha e cada gaúcho se orgulhe do lugar onde vive, do trabalho que faz e da semente que planta, da igualdade e da paz.

No Rio Grande que queremos, nossa identidade tem a força do pampa e do mar, do planalto e da serra.

Nossas fronteiras não são o que nos separa, mas o que nos une. Somos o Brasil do Sul. E o Sul do mundo.

O que nos move é a força dos sonhos.

A capacidade de transformar.

E o futuro que vamos fazer.

Quero assumir esse compromisso do fundo do meu coração. Pelos sonhos da nossa gente, pela vontade do nosso povo, pelo novo caminho que vamos construir com as melhores virtudes de cada um de nós.

A todos os gaúchos e gaúchas que encontrei nessa jornada, meu maior abraço e meu maior agradecimento por terem me feito amar ainda mais o nosso Rio Grande.

Tarso Genro

4 comentários:

  1. Ola Meu Caro! Meu voto para o Senado tambem se torna identico ao teu e de D. Salete, confesso. Todavia, nos outros talvez nao nos assemelhamos, pois em dois deles vou prestigiar o PSOL (governador e dep. federal), e ainda, para presidente acompanho a Onda Verde que toma conta de muitas paetes do país. Agora, o que entristece é ver o TRE do DF permitir a substituição do "corrupto" coronel Roriz pela esposa Weslian. Desde quando morador do DF, já percebíamos a possibilidade de um Tribunal Regional comprometido com o coronelismo candango. Tá na hora de renovar as insttuições com candidatos estreantes. Abraço do JB e torçamos para acertar..., porque são muitos numeros a decorar...

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  2. Meu caro Jairo,
    vejo que temos pelo menos um terço de afinidades: Paim e Abigail. Além de Tarso e Dilma, voto em Raul Pont e Henrique Fontana.
    Acredito que Marina surpreenderá. Não pela onda verde, mas pelos evangélicos.
    Quanto a Brasília é algo nojento.
    Uma boa eleição. Tomara que nosso terço vença;

    attico chassot

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  3. Estimado Chassot, o cenário de corrupção no nosso país tem se alastrado amplamente; lamentavelmente aqui meu estado, candidato respondendo a mais de 150 processos administrativos lidera pesquisas para concorrer uma vaga no senado e com grandes chances de ser eleito. Para assumir o governo de meu estado a situação não é diferente em relação aos candidatos! mesmo sabendo que meu canditado do PT talvez nem vá ao segundo turno, terei minha consciência limpa porque não votei em canditado corrrupto; só me resta torcer para que não haja um segundo turno para a presidência. boa votação,mestre!
    Elaine sueli

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  4. Muito estimada Elaine Sueli,
    posso inferir quanto deve ser crítica a corrupção em Rondônia como de resto no Brasil. Tenho o desejo, que pelo para Presidente da Republica, a eleição finalize amanhã.
    Na torcida que amanhã teremos a vitorias daqueles que assegurem um Brasil melhor.
    Um afago e vibro com tuas visitas e comentários
    attico chassot

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