Ano
6*** www.professorchassot.pro.br ***Edição 2113
A edição desta terça-feira presta uma reconhecida e muito merecida homenagem
ao ambientalista José Lutzenberger — falecido há exatos 10 anos.
Lutz, como era carinhosamente tratado, já na década de 70, do século passado, previu
ações e conceitos hoje disseminados — no sentido pleno da palavra: espalhando como
sementes — em defesa do ambiente natural.
O caderno semanal Nosso
Mundo Sustentável encartado às edições das segundas-feiras de Zero Hora,
publicou ontem matérias reverenciando a memória de um homem considerado a
frente de seu tempo. Selecionei um texto assinado por Guilherme Mazui que evoca
um dos brasileiros mais importantes do Século 20.
Há 10 anos a voz do
maior ambientalista brasileiro silenciava. Caminho contrário ao dos seus
pensamentos. Intenso, curioso, muitas vezes agressivo e tachado de fanático,
José Antonio Lutzenberger antecipou a partir dos anos 70 conceitos disseminados
pela sustentabilidade. O legado do gaúcho que girou mundo em defesa da natureza
se perpetua na atualidade do seu discurso.
Por que eu sempre
nado contra a corrente? Porque só assim se chega às nascentes. A frase de Lutz
escancara seu modo de ser, sensível com a vida e avesso ao senso comum.
Progresso contínuo, a qualquer custo? Ele criticou. Lavouras com agrotóxicos?
Abominou. Desmatamento na Amazônia? Combateu. Excesso de carros nas ruas?
Contrariou. Usinas nucleares? Sempre se opôs.
— É difícil
encontrar um tema em que suas ideias não continuem atuais. Ele foi um
visionário, tinha uma visão de que a Terra é um sistema integrado, de que o
homem deveria aprender com a natureza, e não combatê-la – destaca Lilian
Dreyer, autora de Sinfonia Inacabada, biografia do ambientalista.
Porto-alegrense de
origem germânica, Lutz nasceu em 1926. Vítima de problemas pulmonares e
cardíacos, morreu na manhã de 14 de maio de 2002. Dos seus 75 anos, dedicou
mais de 30 ao ativismo ecológico, em uma guinada corajosa.
A figura longilínea com cabelos lisos
e (FOTO) desgrenhados tornou-se ícone do ambientalismo no Brasil e no mundo. Mas até
1970, remetia a um executivo da indústria química. Pela Basf, viveu na
Alemanha, na Venezuela e no Marrocos. Quando a empresa passou a produzir
agrotóxicos, renunciou à segurança do cargo. Aos 44 anos, casado com Annemarie,
e com as filhas Lilly e Lara pequenas, Lutz voltou a Porto Alegre como ecólogo.
Em seguida, aflorou sua veia de ecologista.
Agrônomo,
pós-graduado em química, militou por respeito à Gaia, nome dado pelos gregos à
deusa da Terra. Assim, em abril de 1971 inspirou a criação da Associação Gaúcha
de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), entidade que puxou lutas contra podas
de árvores, agrotóxicos, desmatamento. Em 1973, forçou o fechamento da
Borregaard, indústria de celulose que poluía o Guaíba.
Fluente em cinco
idiomas (português, inglês, alemão, francês e espanhol), leitor voraz, virou um
exímio palestrante. A linha de raciocínio, a intensidade e os argumentos
conquistaram plateias, até em reuniões de cúpula das Nações Unidas.
— Meu pai se
expressava de forma espontânea, sem preocupar-se com o julgamento alheio ou
fixar-se a convenções sociais. Nisso se tornava muitas vezes caricato e assumia
uma figura quixotesca na defesa de suas ideias – recorda a filha Lara.
A entrega à
natureza rendeu a Lutz, em 1988, o prêmio sueco The Right Livelihood Award, o
Nobel Alternativo. De 1990 a 1992, foi secretário do Meio Ambiente do governo
Collor e tentou mudar o conceito de administração do país, mas fracassou. [Na foto em 2002(ano de sua morte)]
Ainda concebeu o
Parque da Guarita, em Torres, fez projetos ecológicos, criou uma empresa de
consultoria ambiental e a Fundação Gaia. Na divisa de Pantano Grande e Rio
Pardo, transformou uma antiga pedreira em seu santuário, o Rincão Gaia. É onde
seu corpo repousa na terra, entre árvores, há uma década.
Caro Chassot,
ResponderExcluiradmiro com orgulho de ser gaúcho,um homem que exponha e lute por seus ideais,que priorizem a sustentabilidade, preservação ambiental e ir de encontro aos interesses privados,é louvável sua luta Lutz.
Sigamos seu exemplo.
Caro Chassot,
ResponderExcluirfoi através do Lutz que minha consciência foi despertada para os problemas ambientais, ainda na década de 1970. Morando em Passo Fundo, fui participar de um Seminário, no Clube Comercial da cidade em 1974, do qual participaram o Luzt, o o Flávio Lewgoy. Era uma cruzada heroica, pois à época, ninguém estava atento para essas preocupações.
Um abraço,
Garin
Olá!!!! Numa manhã fria e cinzenta, o calor deste texto e a lembrança de Lutz, quebram a dormência das sementes que verdadeiramente acreditamos... "só assim se chega às nascentes!"
ResponderExcluir" Pra frente é que se anda!!!!" Muito obrigada pelas contribuições e diferença que faz em nossas vidas!
Meu caro Chassot. Sinto-me bem a vontade para comentar a falta que nos faz Lutzenberger nos dias de hoje. Certamente estaria por aí costumeiramente nos alertando para estas realidades que sao muito presentes, o código florestal em aprovaçao no Congresso, onde o agronegócio busca manter sua predominancia alheio aos cuidados com os recursos naturais, e o incentivo à produçao de automóveis como unica fonte geradora de empregos. A tudo isso Lutz tinha opiniao firme e com bastante estrutura. Pena termos perdido precocemente este ícone do movimento ambientalista. Nos resta tao somente prestar-lhe homenagem nestes dolorosos dez anos de sua perda. JB
ResponderExcluirCaro Chassot,
ResponderExcluirLembro de Lutz e sua luta, realmente, ele era uma espécie de Don Quixote (até na figura) lutando contra moinhos de vento. Homens assim aparecem a cada século apenas, contudo, não devemos deixar a bola cair a luta continua contra os desmandos que querem transformar este planetinha azul numa terra arrasada. Viva Lutz e viva a luta! Abraços ambientalistas, JAIR.