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terça-feira, 29 de maio de 2012

29.- AGRICULTURA DE PRECISÃO



Ano 6*** www.professorchassot.pro.br ***Edição 2127
Na noite da última quarta-feira, após minha fala na UFSM, como contei aqui, jantava com um grupo de colegas. Em dado instante, alguém referiu que em mesa próxima a nossa, jantavam cientistas de vários países da América do Sul e da Europa que participavam, em Santa Maria, de um evento científico acerca de “Agricultura de precisão”. Surpreso, disse que que desconhecia completamente o assunto. Recebi algumas informações.
Momentos depois, um dos cientistas da UFSM veio a nossa mesa e aditou explicações. E entendeu, por ser um assunto muito restrito, que eu desconhecesse está significativa área de pesquisa.
Embalado pelo pretencioso mote deste blogue ‘fazer alfabetização científica’ trago algo que aprendi então, acrescido de outros conhecimentos disponibilizados pelo prof. Google. A Wikipédia em português tem um elaborado verbete “Agricultura de precisão” que foi coadjuvante na tessitura desta edição. O mesmo assunto está em mais uma dezena de idiomas.
Agricultura de Precisão [Precision farming / precision agriculture] é uma prática agrícola na qual se utiliza tecnologia de informação baseada no princípio da variabilidade do solo e clima. A partir de dados específicos de áreas geograficamente referenciadas, implanta-se o processo de automação agrícola, dosando-se adubos e defensivos.
Livro da Embrapa sobre Agricultura de Precisão tem mais de 4,5 mil acessos. Para um tema que ainda é considerado novo no Brasil, o número de acessos ao livro “Agricultura de Precisão – Um Novo Olhar” surpreendeu os editores, somado ao fato de que a publicação foi lançada oficialmente no final de abril. São mais de 4.500 mil acessos (Dados de 16/05/2012), cerca de 100 por dia. Isso representa quase cinco vezes a tiragem impressa do livro, que foi de mil exemplares.
Agricultura de Precisão ~AP~ é toda prática de interferência a fim de estabelecer condições ideais às espécies cultivadas na agricultura, seja ela química, física ou biológica, utilizando-se da Geoestatística, que é a analise de dados de amostras georreferenciadas.
Esse método parte da premissa de que cada ponto de amostra é único e procura a correlação entre as amostras vizinhas. As estatísticas geradas eliminam o pensamento de blocos ao acaso e o estabelecimento de média, utilizado pela estatística clássica.
A AP tem por objetivo a redução dos custos de produção, a diminuição da contaminação da natureza pelos defensivos utilizados e logicamente o aumento da produtividade.
As ferramentas que possibilitaram o desenvolvimento deste tipo de agricultura foram os microprocessadores e os aparelhos de posicionamento global por satélite GPS, que acoplados a colheitadeiras, semeadoras e outros implementos agrícolas, permitem o levantamento de dados, sua tabulação cumulativa e a aplicação dosada e localizada de insumos.
Outro tipo de ferramenta fundamental para a agricultura de precisão são os softwares de SIG - Sistema de Informação Geográfica. Inicialmente utilizaram-se sistemas SIG genéricos. Nos anos 1990 surgiram softwares SIG especializados no uso agrícola. Hoje existe grande gama de opções, comerciais e acadêmicas, destinadas a diferentes perfis de usuários, com diferentes níveis de funcionalidades e complexidade de uso.
Os primeiros relatos acadêmicos de técnicas que buscavam lidar com a variabilidade espacial de características do solo datam da década de 1920. No Brasil, a Agricultura de Precisão foi introduzida em meados da década de 1990. A indústria de máquinas agrícolas teve uma participação importante nessa fase, com a introdução de conceitos como o mapeamento da produtividade das lavouras de grãos e de aplicações de georreferenciamento na agricultura. A introdução ocorreu com tecnologia totalmente importada, principalmente por empresas multinacionais.
No meio acadêmico, a Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz/USP esteve entre as pioneiras, organizando em 1996 o primeiro Simpósio sobre Agricultura de Precisão. No início dos anos 2000, no Rio Grande do Sul surgiu o Projeto Aquarius, desenvolvido pela UFSM em parceria com empresas privadas. Neste mesmo período, outras instituições de pesquisa como a UFV também tiveram iniciativas pioneiras em outras regiões.
A nova fase AP avançou para além dos equipamentos e das culturas de milho e soja, aplicando-se a todos os sistemas de produção que apresentem variabilidade. Assim, as demandas atuais para a AP tem se voltado para a gestão da variabilidade espaço-temporal, ao entender que ao tratar com respeito os diferentes atributos inclusive espaciais da lavoura aumenta o retorno econômico e minimiza os danos ao meio ambiente. Esse enfoque apresenta grandes desafios às tecnologias e aos conhecimentos disponíveis sobre sistemas de produção anteriormente considerados uniformes, pois as técnicas de manejo até então não consideravam a grande variabilidade da produção e da qualidade hoje detectadas. A Embrapa contribui com o desenvolvimento da Agricultura de Precisão no país organizando uma Rede de Pesquisa com mais de 200 pesquisadores e 19 Unidades de Pesquisa e diversos colaboradores de universidades, institutos de pesquisa e empresas. A Rede Agricultura de Precisão tem 15 áreas experimentais distribuídas no Nordeste, Centro-oeste, Sudeste e Sul do país, cobrindo culturas anuais (milho, soja, trigo, arroz irrigado e algodão) e culturas perenes (eucalipto, uva, pastagem, cana-de-açúcar, laranja, maçã e pêssego).
A disseminação e o avanço da agricultura de precisão fizeram surgir novas técnicas que levam os mesmos conceitos para novas aplicações além das análises de solo com finalidade de aplicação variada de insumos. São exemplos destas novas técnicas a disseminação da medição da compactação do solo, análise de lavouras com uso de equipamentos medidores de (em inglês) NDVI, mapas de clorofila feitos com clorofilômetros, mapas de infestação de pragas e outros.

4 comentários:

  1. Caro Attico,
    o avanço da agricultura de precisão,é de suma importância, na preservação de nossas áreas remanescentes de mata, "ultimamente tão afetadas pela produção alimentícia",pois com maior produtividade
    nos espaços já utilizados ,produziremos mais com menos.
    Sustentabilidade,hoje,amanhã e sempre.

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  2. Caro Chassot,
    já vai longo o tempo em que eu lavrava o solo com arado pica-pau, puxado por uma junta de bois; plantava aipim com esterco de gado diretamente na cova e ficava aguardando que a planta brotasse no devido tempo. Por falar em tempo, esse de agora é bem diferente. Que a Agricultura de Precisão seja sempre empregada para o benefício da humanidade.
    Um abraço,
    Garin

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  3. Caro Chassot,
    Confesso minha total ignorância nesse assunto tão relevante, ainda que, sem nome de Agricultura de Precisão, o programa Globo Rural (o único programa que assisto da TV Globo, o resto é tudo bobagem) apresentou mais de uma vez algo relacionado. Parece que esse é passo importante rumo a um futuro em as terras serão melhores aproveitadas e os resultados produtivos até de pequenos agricultores será melhor. Parabéns por essa abordagem que nos ilustrou um pouco nas melhorias tecnológicas do campo. Abraços ruralistas, JAIR.

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  4. Professor, e depois de mapeada as características e necessidades do solo, o que é feito? A AP prevê a maneira que se dá as correções também?

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