Ano
6*** Porto Alegre ***Edição
2100
Inicio
esta edição com convite: acompanhar-me, até sábado, em uma viagem inédita para
mim: às Missões no Paraguai. Esta manhã, vou a Frederico Westphalen, em uma
situação inusual para quem desde novembro já fez mais de dez vezes esta viagem:
viajo de dia.
À noite, me
junto com professores e mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Educação da
URI e vamos em ônibus especial até Encarnación, no Paraguai, para participar da
XIV Jornadas Trasandinas de Aprendizaje, dias 3, 4 e 5 de maio. Assim está
justificado o convite.
Houve um
tempo que “Missões Jesuíticas’ foi assunto de meu interesse, enquanto deleite
intelectual, pois nunca estudei (e muito menos, lecionei) formalmente o
assunto. Em minha biblioteca tenho algumas obras sobre tema, inclusive uma rica
edição produzida pela Unisinos, há época que era professor na instituição. Com
esta produção, fiz presente a mais de um colega no exterior.
Um dos
primeiros livros que li acerca do tema: “A
República ‘comunista’ cristã dos Guaranis: 1610/1778” do belga Clóvis
Lugon, editado pela Paz e Terra em 1976, numa tradução de obra homônima em
francês. Ter retomado este livro, do nicho “missões” de minha biblioteca,
trouxe-me evocações e me excitou intelectualmente para esta viagem que inicio
hoje.
Recordo as
várias vezes que estive nas ruínas missioneiras no Rio Grande do Sul e
especialmente das duas ou três vezes que assisti o emocionante espetáculo de luz
e som em São Miguel, junto ao que sobrou em pé: a estrutura da igreja
principal, que mesmo em ruínas é de uma grandiosidade e beleza arquitetônica
impressionantes (FOTO).
Estive no Museu das Missões no sítio arqueológico (projetado por Lúcio Costa -
o criador da planta urbanística de Brasília) e abrigo de peças de arte sacra
produzidas pelos habitantes das antigas reduções jesuítico-guaranis. Mais
recentemente visitei as obras de restauro da catedral Angelopolitana — réplica
da igreja de São Miguel Arcanjo — em Santo Ângelo(FOTO).
Em um
texto presente em dezenas de sítios internéticos, agora certamente já de
autoria coletiva pode-se ler: “Numa região entrecortada pelos rios Paraná e
Uruguai, que inclui territórios do Rio Grande do Sul, Argentina e Paraguai e
Uruguai, escondem-se os vestígios de um dos mais importantes – e desconhecidos
– capítulos da história da América Latina. Um capítulo que começou em 1603,
quando os padres jesuítas, a serviço de um amplo projeto de conversão
espiritual dos povos indígenas da Bacia do Prata, fundaram a primeira redução-jesuítico
guarani da região. Lá viveram milhares de índios guaranis catequizados, num
sistema de cooperação social que combinava a fraternidade e a reciprocidade da
cultura guarani às inovações técnicas trazidas da Europa (como a escrita, a
imprensa e a metalurgia)”.
“O
desenvolvimento e a expansão do projeto levaram à formação de 30 povoados do
gênero na região. Durante 150 anos, eles formaram uma sociedade interligada que
chegou a abrigar mais de 100 mil pessoas, entre guaranis e jesuítas, e que
desenvolveu uma arquitetura, um planejamento urbano e um modo de vida
considerados únicos em toda a história da humanidade. Disputas pelo controle
desse território, envolvendo as coroas portuguesa e espanhola, determinaram a
decadência e a gradual dissolução das Missões jesuítico-guarani. Nos locais
onde elas floresceram restam hoje apenas as ruínas de uma sociedade dizimada
através da força colonialista e do derramamento de sangue indígena”.
Assim,
estar, agora, viajando para Paraguai — país que de forma mais visível guarda,
entre seus habitantes, a herança do povo e da cultura guarani, não somente pela
língua que falam, mas também pelas próprias feições indígenas presentes na
esmagadora maioria da população. — faz destes próximos dias algo muito
especial.
Assim,
mais uma vez este blogue pelos próximos dias se transmuta em diário de viagem.
E, é muito bom ter a companhia de cada uma e cada um de meus leitores.
Caro Chassot,
ResponderExcluirEsses eventos poucos conhecidos de nossa história, se tivessem um desfecho diferente, poderiam ter mudado até a língua pátria, não é mesmo? Poderíamos hoje, pelo menos no sul, estar falando o idioma guarani como nossos vizinhos. Abraços e boa viagem. Abraços nativos, JAIR.
Estes sao lugares que eu gostaria de conhecer... boa viagem e nos brinde com algumas fotos...
ResponderExcluirCaro Chassot,
ResponderExcluirsem dúvida, a civilização ocidental tem uma dívida impagável com os guaranis organizados pelos jesuítas. A forma de organização social, o desenvolvimento cultural e a produção das ditas 'reduções' é impressionante e fica apagado, sobre algumas páginas perdidas dos livros de história ou então em algum filme esquecido como "A Missão".
Um abraço,
Garin
Gostaria de compartilhar um trabalho musical sobre Missoes Jesuticas!! necesito enendereço grato!!
ResponderExcluirEstimado Lenin,
ResponderExcluirtomara que voltes aqui para ler meu endereço, pois tu não eixaste teu Correio
Rua Mariante, 322/701
Porto Alegre
90430-180
Com expectativa
attico chassot